Programa de Pós-Graduação em Pediatria: Atenção à Saúde da Criança e ao Adolescente
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Item Alteplase na trombólise sistêmica em pacientes na unidade de terapia intensiva pediátrica(2022) Santos, Allana Andreolla e; Silveira, Themis Reverbel da ; Erling Júnior, NilonIntrodução: A incidência de tromboembolismo pediátrico tem aumentado nos últimos anos, relacionada ao uso crescente de práticas invasivas e ao aumento da sobrevivência de pacientes graves. A morbimortalidade relacionada a esses eventos é bastante significativa, tanto a curto quanto a longo prazo. A recanalização dos vasos trombosados parece ser uma maneira promissora de reduzir esses efeitos negativos, porém os esquemas terapêuticos ainda são baseados em séries de casos e na extrapolação das diretrizes de adultos. Objetivo: Avaliar o uso do protocolo institucional de trombólise sistêmica com alteplase em pacientes com trombose grave (venosa ou arterial). Método: Estudo retrospectivo, incluindo todos os pacientes que receberam alteplase para trombólise sistêmica entre janeiro de 2018 e agosto de 2020. Foram registrados dados demográficos dos pacientes, informações a respeito do evento trombótico (precipitantes, complicações e desfecho) e do tratamento com alteplase (dose, duração, ocorrência de sangramento e necessidade de transfusão de hemoderivados, exames laboratoriais durante a trombólise), além do desfecho clínico e ecográfico. Resultados: Foram incluídos 73 protocolos em 68 pacientes, com mediana de idade de 2,6 meses, 45% do sexo masculino e 79,5% de cardiopatas. As médias das doses de manutenção variaram de 0,09 a 0,12 mg/kg/h; e a mediana da duração do tratamento trombolítico foi de 21,6 horas [8-45,7]. A taxa de resposta completa foi de 48%, e, a parcial, de 22%. Sangramento maior ocorreu em 38% dos pacientes e, menor, em 20,5%. Os pacientes com resposta completa apresentaram menor mortalidade (23% vs 56% e 59%, p=0,01) e menor ocorrência de sangramento maior (23% vs 50% e 54,5%, p = 0,032), em relação aos que apresentaram resposta parcial e ausência de resposta. Os cardiopatas não evoluíram de forma distinta quanto a sangramento e à resposta trombolítica. Após análise multivariada, RNI aumentado foi preditor independente para sangramento maior (RR 1,25, p < 0,001). Em relação ao risco de óbito, infecção em tratamento (RR 2,71, p = 0,05) e aumento do PIM2 (RR 1,03, p = 0,011) foram associados a risco, enquanto pH menos acidótico (RR 0,84, p = 0,001) e fibrinogênio mínimo mais alto (RR 0,94, p = 0,007) foram protetores. Conclusão: A infusão de alteplase, conforme protocolo institucional, mostrou taxas de sucesso e de complicações aceitáveis, mesmo nessa população predominantemente de cardiopatas jovens, com maior risco de sangramento. Os pacientes que evoluíram com resposta completa após trombólise sistêmica apresentaram menor mortalidade e menor ocorrência de sangramento maior, em relação aos que apresentaram resposta parcial e ausência de resposta.Item Análise Ultrassonográfica da Espessura Muscular no Paciente Crítico Pediátrico(2023-04-27) Oliveira, Jéssica Knisspell de; Lukrafka, Janice Luísa; Schaan, Camila WolghemuthINTRODUÇÃO: a ultrassonografia (US) tem sido utilizada para quantificar e qualificar a morfologia muscular de crianças criticamente enfermas, detectando possíveis alterações na espessura muscular. OBJETIVO: analisar a espessura muscular através de imagens de ultrassonografia de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) de um hospital terciário do sul do Brasil; avaliar a confiabilidade da medição ultrassonográfica da espessura muscular do bíceps braquial/braquial (BB) e quadríceps femoral (QF) em crianças gravemente doentes; avaliar a mudança na espessura muscular durante internação na UTIP; verificar diferenças na espessura muscular ao longo da internação em UTIP entre diferentes condições clínicas. MÉTODOS: primeiramente, foi realizado um estudo observacional na UTIP de um hospital universitário terciário do sul do Brasil. O estudo incluiu pacientes entre 1 mês e 12 anos de idade, recebendo ventilação mecânica invasiva por pelo menos 24 horas. Imagens ultrassonográficas do bíceps braquial/braquial e quadríceps femoral foram obtidas, realizadas por um ultrassonografista experiente e três novatos. A confiabilidade intra e interavaliadores foi calculada usando o coeficiente de correlação intraclasse (ICC) e a análise do gráfico de Bland-Altman. Secundariamente, realizamos um estudo longitudinal prospectivo, no período de dezembro de 2021 a outubro de 2022. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos; de um mês a 12 anos; em ventilação mecânica invasiva por 24h. As medições da US foram realizadas até 24h após internação, 72h após e semanalmente até alta da UTIP. RESULTADOS: inicialmente, a espessura muscular foi medida em 10 crianças, com idade média de 15,5 meses. A espessura média dos músculos avaliados foi de 1,14cm ± 0,27 para o bíceps braquial/braquial e 1,85cm ± 0,61 para o quadríceps femoral. A confiabilidade intra e interavaliadores foi muito boa (ICC > 0,81) para todos os ultrassonografistas. As diferenças foram pequenas e não apresentaram distorção na análise dos gráficos de Bland-Altman e todas as medidas estiveram dentro dos limites de concordância, exceto uma medida de bíceps braquial/braquial e quadríceps femoral. Posteriormente, foram selecionados 73 pacientes. 69 realizaram duas avaliações, 53 três avaliações e 22 quatro avaliações ultrassonográficas. A mediana de idade foi 18 meses, sendo 46 (63%) <1 ano. O diagnóstico mais comum foi doenças respiratórias (68,5%). Houve mudança na espessura do BB no período de 24h-2sem (-0,115 cm p=0,02), 72h-2sem (-0,125 cm p=0,009) e 1sem-2sem (-0,137 cm p=0,002) e no QF de 24h2sem (-0,25 cm p=0,002) e 72h-2sem (-0,21 cm p=0,015). A prevalência de atrofia muscular (diminuição >10% na espessura), foi 34,8% em pelo menos um grupo muscular entre 24h-72h; 35,8% entre 24h-1sem; e 45,5% entre 24h-2sem. CONCLUSÃO: a US pode ser utilizada em crianças criticamente enfermas para avaliar com precisão as alterações na espessura muscular, mesmo por diferentes avaliadores. Além disso, permite avaliação da espessura muscular de diferentes grupos musculares de crianças criticamente doentes, sendo importante no monitoramento muscular durante internação na UTIP.Item Avaliação da Eficácia Analgésica da Dipirona Preemptiva no Pós-Operatório de Adenotonsilectomia em Crianças(2023-01-16) Stangler, Maira Isis dos Santos; Lubianca Neto, José Faibes; Programa de Pós-Graduação em Pediatria: Atenção à Saúde da Criança e ao AdolescenteIntrodução: A tonsilectomia das palatinas é a segunda cirurgia ambulatorial mais comumente realizada em crianças nos Estados Unidos. Sua principal complicação é a dor, que varia em intensidade de moderada a intensa. A dipirona é um dos analgésicos mais utilizados no pós-operatório de crianças. Entretanto, existem somente dois ensaios-clínicos randomizados controlados por placebo avaliando seu efeito em tonsilectomias pediátricas, um na anestesia preemptiva e outro na analgesia pós-operatória. Objetivo: Comparar o desfecho pós-operatório de dor nas adenotonsilectomias em crianças, na sala de recuperação anestésica, após a introdução de dipirona ou placebo ao esquema anestésico padronizado préincisional. Método: Realizou-se um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, em paralelo, controlado por placebo em crianças de 4 a 14 anos, ASA I e II (estado físico conforme American Society of Anesthesiology, submetidos à adenotonsilectomia, no Hospital da Criança Santo Antônio. Foram avaliados 76 participantes, randomizados nos grupos intervenção/dipirona (N=39) e placebo (N=37). Todos receberam ou dipirona ou placebo antes da incisão cirúrgica e ao término da cirurgia. Resultados: A idade média das crianças foi de 6,8 anos, com um peso médio de 32,1 kg. Indivíduos do grupo intervenção apresentaram sinais vitais pós-operatórios dentro dos padrões de normalidade e apenas 7,7% tiveram êmese, contra 8,1% do grupo placebo. A ingesta alimentar foi antecipada em 3,2 horas no grupo dipirona em comparação ao placebo. A dor permaneceu controlada em um percentil mínimo de 77,6% dentro dos momentos avaliados H0, H1, H3 e H6 em ambos os grupos. Contudo, no grupo intervenção, na terceira hora (H3) houve 54,2% de controle na dor contra 45,8% no grupo placebo. Além disso, o grupo dipirona demonstrou com uma tendência à menor necessidade de opioides em H1 e H3 em relação ao placebo (8 e 10% X 16% e 19%, respectivamente). O sono foi graduado como insatisfatório pelos cuidadores em 64,5% no grupo dipirona e em 34,5% no grupo controle, e como regular e péssimo, em 35 (89,74%) e 30 (81,08%) crianças, respectivamente. Conclusão: Embora se tenha evidenciado tendência para um alívio mais satisfatório de dor, para uma ingesta antecipada de dieta e para uma menor necessidade de uso de opioides no grupo que recebeu dipirona preemptivamente, esses resultados não alcançaram significância estatística, por provável erro tipo 2Item Avaliação da performance de uma escala de risco de queda em pediatria(2022) Cardoso, Eva Jaqueline da Silva; Martha, Vanessa FellerAs quedas são apresentadas como um evento de alta incidência no ambiente hospitalar e por vezes minimizados pela equipe assistencial e pais, devido ao estágio de desenvolvimento, deambulação e a exploração do novo. Entretanto, dependendo da gravidade, podem levar a consequências físicas, emocionais e financeiras. O objetivo deste estudo foi avaliar a performance de uma escala de avaliação de risco (AR) já utilizada em um hospital pediátrico de Porto Alegre, chamada AR, e compará-lo com outros dois instrumentos: a escala I’M SAFE e a escala Humpty Dumpty Fall Scale (HDFS). Foi desenvolvido um estudo transversal controlado baseado nas notificações de quedas durante o período de janeiro de 2016 a dezembro 2019. Pacientes pediátricos admitidos nas unidades de internação clínica e cirúrgica com idade igual ou menor que 18 anos foram elencados para o estudo. Cada caso índice (n=106) foi pareado com um paciente controle (n=106), sendo selecionado numa escala de tempo sequencial, o primeiro paciente internado após o caso índice e permanecido em internação por, no mínimo, 24 horas. Foram excluídos os pacientes com informações de prontuário incompleto ou prontuário físico não localizado, assim como pacientes com idade superior a 18 anos. Os resultados mostraram que a escala HDFS apresenta um bom risco atribuível ao desfecho quedas (RP = 1,67 e P = 0,001), enquanto as escalas AR e I’M SAFE apresentaram um baixo risco atribuível ao mesmo desfecho (RP = 1,14 e P = 0438, RP= 1.11 e P = 0,463, respectivamente). A partir disso, foi realizada uma simulação incluindo o fator idade na escala AR Nova sendo observado um aumento de 75,9% para 90,6% de pacientes de alto risco. A adaptação da escala AR Nova levou a uma melhora em seu desempenho quanto a valor discriminatório na quantificação do evento queda (RP = 2,66 e P = 0,031). Na comparação entre as escalas a HDFS e escala AR Nova ambas tem valor discriminatório para quantificar o evento queda. Desta forma, verificamos a necessidade de ajuste na escala atual utilizada pelo hospital (AR) e sua posterior validação. Existe, também, a necessidade de revisão do protocolo de prevenção de quedas com foco na educação para prevenção de quedas na instituição.Item Avaliação de marcadores inflamatórios e estresse oxidativo em sangue de cordão umbilical de recém-nascidos prematuros em relação ao peso e idade gestacional(2023) Almeida, Versiéri Oliveira de; Colvero, Maurício Obal; Amantéa, Sérgio LuisA Organização Mundial da Saúde define o nascimento prematuro como nascimentos vivos antes de 37 semanas completas de gestação. Recém- nascidos prematuros (RNPT) têm risco aumentado de desenvolver uma ampla gama de complicações. O estresse oxidativo e a inflamação são importantes mecanismos na patogênese de doenças neonatais. O objetivo deste estudo foi descrever e analisar o perfil de marcadores inflamatórios e estresses oxidativo no sangue de cordão umbilical em RNPT. Trata-se de um estudo transversal, analítico do tipo descritivo, realizado com RNPT (<37 semanas de idade gestacional) selecionados por um processo de amostragem consecutivo, no qual fora coletado sangue de cordão umbilical para a análise de interleucina-6 (IL-6), interleucina-10 (IL-10) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α); concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa (GSH) e posteriormente, realizadas associações em relação a idade gestacional e o peso ao nascer. Foram analisados 66 RNPT (24 a 36+6 semanas de idade gestacional), 86,4% (n=57) prematuros moderados a tardios e 13,7% (n=9) muito prematuros; 50% (n=33) apresentaram baixo peso ao nascer (<2500g). Houve diferença significativa na distribuição de GSH em relação a idade gestacional (p=0,001), considerando muito prematuros (<32 semanas) e prematuros moderados e tardios (≥ 32 semanas) e entre as categorias de classificação do peso (<2500g ou ≥ 2500g) (p=0,012). Enzimas antioxidantes GSH foram detectadas em menores concentrações nos recém-nascidos muito prematuros (< 32 semanas) e naqueles com baixo peso (< 2500g). Os marcadores CAT, SOD, TBARS, TNF-α, IL-10 e IL-6, tiveram distribuição estatisticamente semelhante. Também foi encontrada uma correlação negativa significativa de IL- 10 em relação ao TNF-α (r=-0,254; p=0,040), ocorrendo a diminuição de IL-10 e aumento de TNF-α. Concluímos que tais achados podem sugerir um potencial risco à ação do estresse oxidativo nesta população mais vulnerável pela prematuridade, pois as concentrações de antioxidantes (GSH) demonstraram ter influência proporcional ao grau de prematuridade e peso ao nascer.Item Avaliação do consumo de alimentos ultraprocessados e seu impacto na pressão arterial de crianças e fatores associados à preferência ao sabor salgado entre adolescentes(2021) Valmórbida, Julia Luzzi; Vítolo, Márcia ReginaObjetivos: Os objetivos gerais desta tese foram 1) avaliar o efeito do consumo de alimentos ultraprocessados aos 3 anos de idade na pressão arterial de crianças aos 6 anos e 2) identificar os fatores associados à preferência ao sabor salgado entre adolescentes de 12 anos de idade. Assim, desenvolveram-se dois artigos científicos em que foram utilizados dados de ensaios de campo randomizados conduzidos pelo Núcleo de Pesquisa em Nutrição da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Metodologia: Os artigos científicos apresentados nesta tese utilizam dados secundários de dois ensaios de campo randomizados, realizados com objetivo de avaliar o impacto da implementação de orientações sobre aleitamento materno e alimentação infantil para crianças menores de dois anos, preconizadas pelo Ministério da Saúde por meio do guia alimentar “10 passos para a alimentação saudável para crianças menores de dois anos” e oferecidas às mães por meio de duas estratégias. A primeira estratégia empregada foi a orientação direta das mães por meio de visitas domiciliares mensais até as crianças completarem 6 meses, depois trimestrais até 1 ano de idade. Os participantes deste estudo foram recrutados na maternidade de um hospital geral do município de São Leopoldo/RS e receberam visitas domiciliares para coleta de dados aos 6 meses, 12 meses, 4 anos, 8 anos e 12 anos de idade. A segunda estratégia foi a de randomizar unidades de saúde de Porto Alegre para atualizar os profissionais de saúde que atuavam na atenção primária para que eles implementassem as orientações do guia alimentar nas consultas de puericultura. As participantes do estudo foram recrutadas nas unidades de saúde, enquanto aguardavam consulta de pré-natal e receberam visitas domiciliares para coleta de dados aos 6 meses, 12 meses, 3 anos e 6 anos de idade das crianças. Em ambos os estudos foram coletados dados sociodemográficos, por meio de questionários estruturados; dados antropométricos, como peso, estatura, circunferência da cintura e dobras cutâneas, seguindo normas da Organização Mundial da Saúde; e dados dietéticos por meio de Inquéritos Recordatórios de 24-horas. Os adolescentes de 12 anos reportaram seu estágio puberal, de acordo com a classificação de Tanner. Para ambos os artigos apresentados nesta Tese, os dados dietéticos foram classificados conforme a classificação NOVA que avalia os alimentos conforme seu grau de processamento. Resultados: Foram produzidos dois artigos científicos, o primeiro denominado “Early consumption of ultra-processed foods is associated with higher blood pressure at 6 years of age” que identificou que o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças aos 3 anos de idade representou mais de 40% das calorias diárias consumidas e que este consumo está associado a níveis mais elevados da pressão arterial diastólica de crianças aos 6 anos (p=0,025). O segundo artigo apresentado é denominado “Sodium intake tracking from infancy to salt preference during adolescence: A randomized trial” em que foi identificado que o consumo excessivo de sódio se mostrou associado a preferência por concentrações mais elevadas de sal (p=0.020) e que adolescentes nos estágios mais iniciais de puberdade apresentaram preferências por maiores concentrações de sódio (p=0,027). Conclusões: Os dados apresentados nesta tese somam ao corpo de evidências de que alterações metabólicas importantes, como a de pressão arterial, têm início ainda na infância e que a alimentação desempenha papel relevante neste processo desde muito cedo. Além disso, a avaliação da preferência pelo sabor salgado reforça que crianças em períodos de crescimento acelerado são particularmente suscetíveis ao consumo excessivo de sódio por terem suas preferências por esse sabor aumentadas nestes períodos. Esses dados em conjunto demonstram a importância de intervenções focadas na qualidade da alimentação infantil e que estas precisam acompanhar o desenvolvimento das crianças para garantir hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida e, consequentemente, melhores condições de saúde a longo-prazo.Item Avaliação do consumo de fibra alimentar e suas fontes em dietas de crianças de baixa condição socioeconômica: análise longitudinal(2020) Rambow, Camila; Vítolo, Márcia ReginaObjetivo: Avaliar longitudinalmente o consumo de fibra, principais fontes alimentares e seu reflexo na ingestão de energia e macronutrientes, em crianças aos 12 meses, 3 anos e 6 anos de idade. Metodologia: Estudo de coorte aninhado a ensaio de campo randomizado, cuja intervenção do estudo principal consistiu em um programa de atualização sobre os “Dez passos para alimentação saudável para crianças menores de dois anos” para os profissionais das unidades de saúde. As coletas de dados foram realizadas por meio de visitas domiciliares com aplicação de questionários dietéticos e socioeconômicos, além de dois recordatórios de 24 horas de dias não consecutivos, nas três faixas etárias. A adequação do consumo de fibra foi avaliada conforme valores de Ingestão adequada (AI), preconizados pela Dietary Reference Intakes (DRI). As fontes alimentares de fibras foram classificadas em três grupos, baseados no sistema de classificação NOVA em: in natura e minimamente processados, processados e ultraprocessados. Para avaliação da ingestão de fibras, energia e macronutrientes foram realizados cálculos no software DietWin Profissional® (Porto Alegre, Brasil), e utilizada a média estimada pelo método Multiple Source Method (MSM). Além disso, os dados dietéticos apresentados no presente estudo foram ajustados para energia (g/1.000kcal). As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 20.0 (Chicago, USA), tendo as variáveis contínuas testadas quanto à normalidade da sua distribuição pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e, apresentadas por média ± desvio padrão ou mediana e percentis 25 e 75. Análises de frequência foram realizadas para descrição das variáveis. Ainda, para avaliar o efeito da associação entre variáveis de consumo alimentar e tercis de consumo de fibras (g/1.000kcal), foi realizada análise de variância (teste Kruskal-Wallis), seguido pelo post hoc teste de Dunn. O nível de significância adotado foi p < 0.05. Resultados: Participaram do estudo 554 crianças aos 12 meses, 476 aos 3 anos e 387 aos 6 anos. Em todas as faixas etárias, mais de 85% das crianças apresentaram consumo abaixo da Ingestão Adequada. Constatou-se que os alimentos in natura ou minimamente processados foram os principais contribuintes de fibras, sendo responsáveis pelo fornecimento de 83,48% da fibra alimentar total aos 12 meses; seguido por 74,88% aos 3 anos e 71,92% aos 6 anos. Em relação às fontes alimentares, identificou-se feijão, frutas, cereais e tubérculos como principais contribuintes de fibras. Dentre elas, em todas as idades foi observado o feijão como o alimento de maior relevância para a ingestão de fibra, sendo responsável pelo fornecimento superior a 30% de fibra total diária na dieta e consumido por mais de 80% da população estudada. Além disso, foi observado que crianças no maior tercil de consumo de fibras apresentaram maior ingestão de fibras provenientes de alimentos in natura ou minimamente processados, e que suas dietas possuíam maior teor de carboidratos e menor de lipídios, nas três faixas etárias (p<0.001). Conclusões: Os resultados deste estudo mostram elevadas prevalências de inadequação de consumo de fibras e ressalta a importância da ingestão de alimentos in natura ou minimamente processados, principalmente o feijão como fonte de fibra na infância. Além de identificar, que dietas com maiores teores de fibras, possuem menor quantidade de lipídeos.Item Avaliação dos fatores que influenciam nos volumes de leite humano coletado em um banco de leite de um hospital em Porto Alegre, RS(2023) Vasconcellos, Patricia do Amaral; Colvero, Maurício Obal; Fiori, Humberto HolmerIntrodução: O leite materno tem papel fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde da criança, desempenhando um papel de fundamental importância no cenário da redução de mortalidade infantil e neonatal. Objetivo Geral: analisar os fatores que influenciam no volume de leite humano coletado no Banco de Leite do Hospital Santa Clara de Porto Alegre. Objetivos específicos: verificar quais os parâmetros que mais interferem no volume de leite coletado. Correlacionar os medicamentos utilizados pelas mães doadoras com os volumes de leite. Descrever a captação, aproveitamento e o perfil das doadoras de leite humano em um banco de leite de um hospital em Porto Alegre, RS. Metodologia: foi desenvolvido um estudo epidemiológico, retrospectivo, de corte transversal, com abordagem quantitativa. O período de estudo foi de primeiro de janeiro de 2014 a 31 de outubro de 2021. Os dados foram coletados por meio de um banco de dados no Banco de Leite Humano (BLH) localizado no Hospital Santa Clara de Porto Alegre, RS. Utilizaram-se dados obtidos nos cadastros das doadoras e dos recém-nascidos relativos à origem do leite, dados dos receptores, destino, quantidade de volume coletado, fatores de risco, filhos anteriores, pré-natal, escolaridade, medicamentos utilizados, doenças pré-existentes e medicamentos utilizados pelas mães durante a gestação. Para as associações com o volume de leite produzido, utilizaram-se os quartis para a classificação em quatro grupos. O primeiro grupo foi composto por volumes de menor produção (<16 ml por retirada) de quartil inferior. Os grupos intermediários foram compostos pela segunda e terceira classificações. A segunda classificação envolveu volumes que ficaram entre o 1º e o 2º quartil (entre 16 ml e 31,9 ml) e a terceira classificação por volumes entre o 2º e o 3º quartil (entre 32 ml a 66 ml). Por fim, o quarto e último grupo incluiu as mães que produziram mais de 66 ml de leite (acima do 3º quartil), representando o grupo com maior produção de leite (quartil superior). Para comparar médias entre os quatro grupos, a Análise de Variância (ANOVA) complementada por Bonferroni foi aplicada. Resultados: a amostra foi composta por 2.130 mães doadoras de leite materno, com média de idade de 28,9 anos. Houve correlação com redução de volume de leite materno retirado, a idade materna avançada (p<0,001), presença de comorbidades como toxoplasmose (p=0,004), sífilis (p=0,006), diabetes (p<0,001), anemia (p<0,001), hipotireoidismo (p=0,010) e hipertensão gestacional (p<0,001). Mães que realizaram o prénatal retiraram volumes de leite maiores (p=0,039), bem como mães eutróficas em relação às obesas (p=0,018). O uso de medicamentos como metildopa (p<0,001), sulfato ferroso (p=0,004) e levotiroxina (p=0,042) também se relacionaram a um menor volume de leite retirado. Por outro lado, o uso da sulpirida promoveu um aumento no volume de leite retirado. Conclusão: as doenças e o uso de medicações foram mais frequentes nas mães com menor retirada de leite. Portanto, comorbidades e uso de medicamentos afetaram a produção de leite materno.Item Complicações de procedimentos endoscópicos realizados em pacientes pediátricos(2024-03-19) Barreto, Maria Helena Miranda; Ferreira, Cristina Helena Targa; Programa de Pós-Graduação em Pediatria: Atenção à Saúde da Criança e ao AdolescenteIntrodução: A endoscopia digestiva alta (EDA) em pediatria é segura, sendo a taxa de eventos adversos baixa. A maioria das complicações é pequena, autolimitada e não necessita intervenção. Existem poucos estudos no Brasil e no mundo. Avaliar as complicações da endoscopia na população pediátrica pode trazer benefícios para o manejo clínico e auxiliar a preveni-las. Objetivos: Avaliar as complicações endoscópicas mais comuns em um centro de referência, avaliando o perfil do paciente e comparando a ocorrência de eventos adversos entre procedimentos diagnósticos e terapêuticos e até 72 horas pós-procedimento. Métodos: Estudo pediátrico, prospectivo, para avaliar complicações endoscópicas imediatas e até 72 horas pós-procedimento, durante um período de 8 meses . Foi aplicado questionário e contato telefônico. As complicações foram divididas em anestésicas e endoscópicas propriamente , maiores, quando necessitassem intervenção ou avaliação médica e menores, quando as queixas não resultassem em busca por atendimento médico. Resultados: Foram realizados 317 exames endoscópicos em 297 pacientes, sendo 278 endoscopias diagnósticas (87,7%) e 39 terapêuticas (12,3%). Dos pacientes que foram submetidos à EDA diagnóstica, 149 eram meninos (50,2%), com média de idade de 8,8 anos (± 4,7); 86,9% de cor branca e 76,8% não apresentavam doenças crônicas. 233(73,5%) exames foram realizados por residente em gastroenterologia pediátrica; 99,1% anestesias por anestesista pediátrico. Com relação às complicações relacionadas à anestesia, a mais encontrada foi dessaturação (9 pacientes). Com relação às complicações endoscópicas, não houve nenhuma complicação maior. Todas as complicações foram menores. Das 278 endoscopias diagnósticas, 75 (27%) tiveram complicações. As complicações mais frequentes foram dor de garganta (16,5%), dor abdominal (5,4%), odinofagia (2,9%), náuseas (2,2%), rouquidão (1,1%), distensão abdominal (1,1%), vômitos (0,7%) e trauma emocional (0,4%). Dos exames terapêuticos, 17 complicaram (43,6%), sendo a complicação mais encontrada dor de garganta (20,5%). Conclusões: Não ocorreram complicações maiores. As complicações relatadas foram todas menores, igual ao que é demonstrado na literatura, sendo dor de garganta e dor abdominal as complicações mais comuns.Item Correlação da ultrassonografia pélvica com o desenvolvimento puberal em meninas(2022) Bertoncello, Francine Zap; Kopacek, Cristiane; Liliane, HerterIntrodução: A puberdade, período de transição da infância para a idade adulta em que se alcança a maturidade sexual, costuma iniciar entre os 8 e 13 anos de idade na menina. Quando há o surgimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos ou a ocorrência de menarca antes dos 9 anos, considera-se Puberdade Precoce. O início das manifestações puberais podem se dar por reativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, isto é, Puberdade Precoce Central (PPC); por produção periférica ou exposição a estrógenos, isto é, Puberdade Precoce Periférica (PPP); ou ainda, pode ser devido a um aumento da sensibilidade do receptor de estrógenos, ocasionando as formas isoladas de puberdade. O diagnóstico é dado por um conjunto de fatores clínicos, laboratoriais e de imagem. Muitas vezes, o quadro clínico é sugestivo de PPC, porém o Hormônio Luteinizante (LH) basal encontra-se em valores pré-puberais. Nesses casos, deve-se lançar mão do exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico: o teste de estímulo com hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) ou com análogo de GnRH. Todavia, o teste com GnRH ou análogo de GnRH apresenta alto custo, é invasivo, doloroso e demanda tempo. Por outro lado, a ultrassonografia pélvica tem se mostrado uma excelente ferramenta na avaliação das patologias pélvicas nas meninas e também no diagnóstico de puberdade precoce. Este estudo tem por objetivo descrever e correlacionar as mudanças puberais (estágios de Tanner mamário) com o desenvolvimento da genitália interna, avaliado por meio da ultrassonografia pélvica. Além disso, objetiva avaliar os parâmetros habituais da ultrassonografia pélvica como testes diagnósticos para início de puberdade e, em especial, avaliar um parâmetro menos estudado: o estudo doppler das artérias uterinas. Métodos: Estudo transversal. Meninas com idade entre 1 ano e 18 anos incompletos e que foram encaminhadas para o serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital da Criança Santo Antônio para realização de ultrassonografia pélvica ou de abdome ou de vias urinárias foram convidadas a participar do estudo durante o período de novembro de 2020 a dezembro de 2021. O desenvolvimento puberal foi classificado de acordo com os estágios de Tanner mamário. A presença de telarca foi o critério utilizado para distinguir meninas púberes de não púberes. Para avaliar a associação entre as variáveis categóricas utilizou-se o teste Qui Quadrado de Pearson. Para a comparação de variáveis contínuas com distribuição normal e sem distribuição normal utilizou-se teste ANOVA e Kruskal-Wallis, respectivamente, com teste post-hoc de Bonferroni para comparações múltiplas. A correlação de Spearman foi utilizada para variáveis quantitativas sem distribuição normal. As variáveis ultrassonográficas foram avaliadas como testes diagnósticos para início de puberdade, sendo utilizada a curva ROC para comparação com área sob a curva com intervalo de confiança de 95% e p-valor. O ponto de corte foi definido por meio do índice de Youden (J) e foi realizado cálculo de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia. O nível de significância adotado foi de 5% (p = 0,05) e as análises foram realizadas no software estatístico SPSS (IBM SPSS Statistics for Windows, Version 25.0. Armonk, NY: IBM Corp.). Resultados: 60 meninas foram incluídas no estudo com idade entre 1 ano e 17 anos e 6 meses, com média de 8,94 anos (±4,42). Por meio do teste de Correlação de Spearman, evidenciou-se que o volume ovariano teve correlação positiva significativa com a idade (p 0,001; r 0,89), com o Tanner da mama (p 0,001; r 0,87) e correlação negativa significativa com o IP médio (p 0,001; r -0,46). A idade teve correlação positiva significativa com o volume uterino (p 0,001; r 0,87), com o Tanner da mama (p 0,001; r 0,89) e correlação negativa com o IP médio (p 0,006; r -0,38). O volume uterino teve correlação positiva significativa com o Tanner da mama (p 0,001; r 0,89) e correlação negativa com o IP médio (p 0,002; r – 0,43). O IP médio teve correlação negativa significativa com o Tanner mamário (p 0,001; r -0,47). As pacientes foram divididas em três grupos: no grupo pré-puberal (M1) com 28 pacientes, 12 no grupo puberdade inicial (M2 e M3) e 20 no grupo de puberdade tardia (M4 e M5). Na comparação entre os grupos, o volume uterino e ovariano demonstraram aumento estatisticamente significativo (p 0,001) conforme a progressão puberal. Não houve diferença significativa entre o IP médio dos três grupos (p 0,23). O IP médio do grupo pré puberal foi de 4,8 (± 1,3), o grupo puberdade inicial foi de 4,1 (± 1,2) e puberdade tardia com média 3,2 (± 1,9). Quando avaliados os estágios de Tanner individualmente em relação ao IP médio, observou-se que houve diferença significativa entre os estágios M1 e M4 (p 0,012). O volume uterino ≥ 2,45mL obteve sensibilidade de 92%, especificidade de 90%, VPP de 90%, VPN de 93% e acurácia de 91% em predizer início de puberdade. O IP médio ≤ 2,75 obteve sensibilidade de 100%, especificidade de 48%, VPP de 62%, VPN 100% e acurácia de 72%. O volume ovariano médio ≥ 1,48mL obteve sensibilidade de 96%, especificidade de 90%, VPP de 90%, VPN 97% e acurácia de 93%. O diâmetro do maior folículo ≥ 0,75cm obteve sensibilidade de 96%, especificidade de 44%, VPP de 65%, VPN de 92% e acurácia de 71%. A presença de endométrio mensurável à ecografia obteve sensibilidade de 100%, especificidade de 70%, VPP 60%, VPN 100% e acurácia de 79%. Conclusão: A progressão do desenvolvimento puberal da genitália interna feminina pode ser acompanhada por meio da ultrassonografia pélvica e é de grande valor no diagnóstico da puberdade precoce feminina. O volume uterino e ovariano demonstraram ser os melhores testes diagnósticos para puberdade precoce. O IP de artérias uterinas, no estudo, apesar de útil na avaliação puberal, não foi superior a outras variáveis ultrassonográficas.Item Disfagia orofaríngea em lactentes sibilantes: uma série de casos(2022) Etges, Camila Lucia; Fischer, Gilberto Bueno; Barbosa, Lisiane de RosaIntrodução: são consideradas lactentes sibilantes crianças menores de dois anos que apresentam quadro de sibilância contínua há pelo menos um mês ou, no mínimo, três episódios de sibilos em um período de dois meses. Os distúrbios de deglutição, na infância, têm evidenciado aumento. Em crianças com histórico de doenças neurológicas, genéticas, malformações craniofaciais ou doenças que afetam a coordenação entre sucção, deglutição e respiração, a disfagia orofaríngea é relatada. No entanto, estudos recentes têm revelado a presença de penetração/aspiração traqueal em crianças sem fatores de risco óbvios para disfagia, mas com quadros de alterações respiratórias recorrentes. Objetivo: relatar uma série de casos de lactentes sibilantes e o processo de investigação em relação à ocorrência de disfagia orofaríngea durante a internação hospitalar. Métodos: estudo observacional descritivo, de caráter prospectivo. A pesquisa foi realizada entre novembro de 2018 e março de 2020, sendo incluídos os sujeitos internados em ambiente hospitalar pelo serviço de pneumologia, com diagnóstico de sibilância, que tiveram três ou mais internações hospitalares decorrentes de alterações do quadro respiratório. Incluíram- se os sujeitos que realizaram os exames de videofluoroscopia da deglutição e fibrobroncoscopia. Inseriram-se os resultados dos exames de radiografia de tórax e pesquisa de vírus (imunofluorescência indireta e RT-PCR). A análise e a apresentação dos dados deste estudo foram feitas através de tabelas e quadros descritivos, média, mediana e desvio padrão. Resultados: selecionaram-se para a pesquisa 12 pacientes, tendo sido excluídos quatro, resultando em oito sujeitos, dos quais a metade era do sexo masculino. A média de idade foi de 8,0 meses. A presença de vírus respiratório foi verificada em três sujeitos e todos evidenciaram alterações em radiografia de tórax. Todas as crianças mostraram alteração de deglutição durante o exame de videofluoroscopia da deglutição, cinco demonstraram penetração laríngea com líquido ralo e três, aspiração traqueal silente com líquido ralo. Alterações de via aérea foram encontradas em cinco sujeitos. Conclusões: a disfagia orofaríngea foi identificada em oito lactentes sibilantes que apresentavam infecções respiratórias recorrentes, sem causa identificada e com falhas frente aos tratamentos propostos.Item Doença Inflamatória Intestinal (DII) em pacientes pediátricos: avaliação das características salivares(2023-07-13) Ferreira, Aline Marques; Puricelli, Edela; Programa de Pós-Graduação em Pediatria: Atenção à Saúde da Criança e ao AdolescenteIntrodução: A doença inflamatória intestinal (DII) envolve o trato gastrointestinal e afeta milhões de adultos e crinças/adolescentes no mundo. Esta doença inflamatória crônica resulta de interações complexas entre genética, fatores ambientais e microbiota. A microbiota qua parece ser fundamental no desenvolvimento do sistema imunológico do hospedeiro e concentra numa relação comensal a maior parte da sua colonização bacteriana no trato gastrointestinal. Enquanto estas prosperam no rico ambente do intestino passam a liberar benefícios de múltiplas funções locais e sistêmicas do hospedeiro. Este equilíbrio homeostático das bactérias permite que o trato gastrointestinal permaneça saudável e livre de supercrescimento de bactérias potencialmente patogênicas. A microbiota oral desempenha um papel essencial na manutenção da integridade das estruturas bucais. Ao contrário do intestino, o ecossistema bacteriano oral é relativamente estável e não está sujeito a mudanças significativas. A saliva desempenha um papel importante no monitoramento da saúde bucal, regulando e mantendo a integridade dos tecidos orais duros e alguns tecidos moles. Objetivo: Avaliar se há alterações das propriedades físicas e químicas do produto salivar de pacientes pediátricos com diagnóstico de doença inflamatória intestinal (DII) Método: Foi realizado um estudo transversal com técnica de amostragem por conveniência, recrutando todos os pacientes em acompanhamento no Ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal do Serviço de Gastroenterologia do HCSA, no período de agosto de 2021 a abril de 2022 e que cumpriram os critérios de inclusão. Foram analisadas 33 amostras. Os participantes do estudo responderam a um questionário estruturado e foram submetidos a um exame intrabucal e coleta salivar. Através da amostra salivar foram realizadas as seguintes avaliações: velocidade de fluxo salivar estimulado, pH salivar, viscosidade salivar clínica e laboratorial (reologia). Resultados: As análises realizadas nas amostras coletadas demonstraram que a totalidade (n=33) apresentou pH da saliva normal (pH=7). A média da viscosidade salivar clínica foi de 3,1mm e da viscosidade salivar laboratorial 1,5cP. A média da velocidade de fluxo salivar foi de 0,9mm, considerado baixo fluxo pelos critérios estabelecidos na literatura. Da amostra total, 60% apresenta velocidade de fluxo salivar abaixo do normal. Conclusão: Apesar do nosso estudo apresentar uma amostra numéricamente reduzida os testes não invasivos aplicados em pacientes pediátricos com DII até o momento sustentam credibilidade nos seus resultados quando comparados com a literatura consultada. Tais possilidades devem ser exploradas no atendimento odontológico visando motivação tanto ao profissional como paciente/familiar para entendimeto das alterações locais/sistêmicos advindo da disbiose oral frente a diferentes patologias em evoluçãoItem Efeitos da epinefrina nebulizada em associação com solução salina hipertônica em crianças com bronquiolite aguda(Wagner Wessfll, 2021) Pereira, Renan Augusto; Amantéa, Sérgio Luis; Zhang, LinjieA bronquiolite aguda é uma doença caracterizada por sibilância torácica e sinais de infecção viral no trato respiratório que ocorre em lactentes. O tratamento da bronquiolite aguda permanece controverso devido à falta de evidências científicas robustas. A epinefrina nebulizada e a solução salina hipertônica são exemplos de intervenções estudadas em crianças com bronquiolite, com resultados conflitantes entre os trabalhos. Esta revisão sistemática e metanálise objetiva avaliar a eficácia no tempo de permanência hospitalar, escores de gravidade clínica, saturação de oxigênio e perfil de segurança da nebulização de epinefrina associada a SSH em crianças com bronquiolite aguda. Os desfechos foram representados por diferença de médias (DM) ou diferença de médias padronizadas (DMP), e foram utilizados intervalos de confiança (IC) 95%. 18 estudos foram sistematicamente selecionados e 16 deles contribuíram para a metanálise (1.756 pacientes). De maneira geral, um impacto discreto, mas significativo, foi observado no tempo de permanência hospitalar no grupo que utilizou a terapia combinada (DM de -0,35 dias, IC 95% -0,62 a -0,08, p = 0,01, I2 = 91%). Estratificação pelo tempo da análise do escore de gravidade clínica revelou resultados positivos a favor da terapia combinada, quando avaliado 48 horas e 72 horas após a admissão (DMP de -0,35, IC 95% -0,62 a -0,09, p = 0.008, I2 = 41% e DMP de -0.27, IC 95% -0.50 a -0.04, p = 0.02, I2 = 0%, respectivamente). Não foi observada diferença na saturação de oxigênio entre os grupos. Dados adicionais mostraram um bom perfil de segurança, com uma baixa taxa de eventos adversos (1%), a maioria destes leves e transitórios. Em conclusão, evidências de baixa qualidade sugerem que a epinefrina nebulizada associada a SSH pode ser considerada uma alternativa segura e potencialmente eficaz para reduzir o tempo de permanência hospitalar e o escore de gravidade clínica na bronquiolite aguda.Item Efetividade a longo prazo do uso da mesalazina em crianças com alopecia areata grave(Wagner Wessfll, 2021) Vivian, Analú; Bau, Ana Elisa KiszewskiHá diversas opções terapêuticas para o tratamento da alopecia areata (AA), porém, a maioria com resultados conflitantes de eficácia. Sendo assim, nenhum medicamento está atualmente aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA). A AA grave costuma a longo prazo afetar significativamente a qualidade de vida, justificando, assim, a intervenção terapêutica. Nesse contexto, surge a necessidade de realização de novos estudos que busquem opções terapêuticas eficazes e seguras para a doença. Este trabalho tem o objetivo de avaliar a eficácia do uso da mesalazina no tratamento de crianças e adolescentes com AA moderada a grave por um período de no mínimo 12 meses de tratamento. Trata-se de um estudo retro e prospectivo, no qual foi avaliada a resposta de 18 pacientes com idades entre 6 e 15 anos, com diagnóstico de AA e escore da severidade da alopecia SALT (Severity of Alopecia Tool)≥40, ou com diagnóstico de AA difusa. Os resultados foram avaliados aos 6 e 12 meses após o início do tratamento, mediante resultado do SALT. Pacientes com AA grave (SALT≥50) obtiveram, com o uso de mesalazina aos 6 meses de tratamento, 36% de redução média na doença. Aos 12 meses, houve um decréscimo de cerca de 66% na AA em decorrência da medicação. Já nos dois pacientes com AA moderada (SALT<50), houve igualmente elevada redução: 46,7% (6 meses) e 73,6% (12 meses). Os quatro pacientes com AA difusa também obtiveram resposta satisfatória de repilação. Nenhum dos pacientes apresentou efeitos adversos significativos durante o uso da medicação. Com este estudo, ressalta-se o provável benefício do uso da mesalazina na melhora e controle da AA, sendo essa uma segura possibilidade de tratamento na população pediátrica.Item Eventos adversos em pós-operatório cardíaco em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica(2023) Wasniewski, Ana Beatriz Ramos; Silveira, Themis Reverbel da; Oliveira, Mariana Gonzales deIntrodução: Crianças submetidas a cirurgia cardíaca possuem alto risco de morbidade e mortalidade. Desse modo, é necessário identificar e quantificar fatores do pós-operatório imediato que possam indicar os desfechos a curto e longo prazo. A ocorrência de eventos adversos (EA) está associada a piores desfechos e aumento de morbidade e mortalidade. A taxa de mortalidade de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas varia entre as instituições, refletindo o potencial de melhorias na qualidade assistencial por meio da identificação e da atenuação de fatores de risco associados a piores desfechos. Objetivo: Analisar a ocorrência de EA e fatores de associação em pós-operatório cardíaco na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital da Criança Santo Antônio. Método: Coorte histórica dos primeiros 7 dias de pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca de abril a dezembro de 2019 por meio de revisão de prontuários hospitalares e que internaram em UTIP. Revisão das características demográficas, clínico-laboratoriais e escores de gravidade dos pacientes e de 9 eventos que foram agrupados em cirúrgicos, não cirúrgicos e relacionados a dispositivos. Resultados: 238 prontuários preencheram os critérios de inclusão do estudo. Em 110 pós-operatórios (46,2 %) ocorreu pelo menos 1 EA e o número total de eventos foi 193 (81%). O EA de maior número foi complicação com cateteres venosos seguido por parada cardíaca, sangramento e reexploração cirúrgica. Idade e peso menores, o índice pediátrico de mortalidade (PIM-2) e escore vasoativo-inotrópico (VIS) mais elevados, escore de risco ajustado para cirurgia cardíaca congênita (RACHS-1) RACHS-1 3 e 4, fechamento tardio do esterno, tempo de circulação extracorpórea (CEC) e clampeamento aórtico maiores foram associados a EA com significância estatística. Na análise univariada, VIS ≥ 20, RACHS-1 ≥ 3, idade ≤ 24 meses, PIM-2 ≥ 5, CEC ≥ 120 min e clampeamento aórtico ≥ 30 min foram estatisticamente significantes com a ocorrência de evento. Na análise multivariável, VIS ≥ 20 (OR 2,90, p 0,004) e RACHS-1 ≥ 3 (OR 2,11, p 0,019) mostram se relevantes e com significância estatística, enquanto idade e esterno aberto possuem apenas tendência a essa associação. Considerando a previsão de ocorrência de eventos adversos a partir dos valores de VIS e de RACHS-1, a área sob a curva mostrou valor de 0,73 (95% IC: 0,66 – 0,79). Conclusão: A ocorrência de EA mostrou-se presente em número expressivo na população estudada. Os eventos relacionados a dispositivos foram os mais frequentes. Os escores VIS e RACHS-1 foram relevantes para predizer a ocorrência de eventos adversos em pós-operatório cardíaco.Item Força e espessura muscular associada a capacidade de exercício em pacientes pediátricos com fibrose cística(2023-01-06) Kasten, Ana Paula da Silva; Tartari, Janice Luisa Lukrafka; Fischer, Gilberto BuenoIntrodução: A fibrose cística (FC) é uma doença genética de herança autossômica recessiva e evolução crônica, que acomete as glândulas exócrinas e se caracteriza como multissistêmica. Entre as principais manifestações clínicas estão a diminuição progressiva da função pulmonar e da capacidade funcional para o exercício. Além disso, sabe-se que a desnutrição e as alterações metabólicas geradas pelo processo inflamatório pulmonar podem levar à redução da massa e do desempenho muscular, causando descondicionamento físico, gerando assim um importante impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Verificar associação da espessura e força muscular do quadríceps com capacidade de exercício, função pulmonar e qualidade de vida em pacientes pediátricos com fibrose cística. Métodos: estudo transversal com crianças e adolescentes com idade entre 6 e 18 anos com diagnóstico de fibrose cística. Para avaliar a espessura muscular, utilizou-se a ultrassonografia do músculo quadríceps femoral; para avaliar a força muscular foi utilizado o Dinamômetro Isocinético; para avaliar a capacidade de exercício foi realizado o Modified Shuttle Walk Test e o TGlittre-P, para a função pulmonar foi realizado espirometria e para avaliar qualidade de vida foi aplicado o Cystic Fibrosis Questionnaire (CFQ). Resultados: Participaram do estudo 26 pacientes, com média de idade de 10,8±3,4 anos. MSWT e TGlittre-P apresentaram redução significativa em relação ao predito (p<0,001). A espessura média do músculo quadríceps correlacionou-se significativamente com o pico de torque (p=0,002) e ambos foram correlacionados com a distância média percorrida no MSWT (p=0,001; p=0,004). O TGlittre-P apresentou correlação negativa com espessura muscular (p=0,034) e pico de torque (p=0,043). A espessura e força muscular também apresentaram correlação com VEF1 (p=0,022; p<0,001) e CVF (p=0,038; p<0,001). No CFQ, houve correlação entre o domínio físico e a espessura muscular em crianças (p=0,006) e adolescentes (p=0,011). Correlações também foram demonstradas em adolescentes entre a força muscular com o domínio respiratório (p=0,037) e negativamente com o domínio tratamento (p=0,024). Conclusão: Crianças e adolescentes com FC apresentam correlação entre espessura e força muscular com a capacidade de exercício, função pulmonar e qualidade de vida.Item Força muscular periférica em crianças e adolescentes com cardiopatia congênita: revisão sistemática e metanálise(Wagner Wessfll, 2021) Niedermeyer, Camila da Cunha; Lukrafka, Janice Luisa; Schaan, Camila WolgenmuthINTRODUÇÃO: Pacientes com cardiopatia congênita (CC) são menos ativos quando comparados com indivíduos saudáveis e apresentam limitação da capacidade funcional, relacionada com a presença de fraqueza e fadiga muscular. Em crianças com CC ou algum déficit de desenvolvimento, a força muscular costuma estar diminuída, afetando as habilidades motoras e funcionais na prática das atividades de vida diária, estando relacionada diretamente com a redução da capacidade de exercício. OBJETIVO: O objetivo do presente estudo foi avaliar a força muscular periférica de crianças e adolescentes com CC por meio de uma revisão sistemática com metanálise. MÉTODOS: A revisão sistemática incluiu estudos observacionais que avaliaram a força muscular periférica em crianças e adolescentes menores de 18 anos com CC, bem como controles saudáveis para comparação. A avaliação quantitativa foi realizada por meio de metanálise, comparando-se a dinamometria isocinética e a dinamometria de preensão palmar das crianças e adolescentes com CC e seus respectivos controles. RESULTADOS: Um total de 5.512 artigos identificados na busca preencheram os critérios de elegibilidade e quatro foram incluídos para metanálise nesta revisão. Três estudos avaliaram a força muscular isocinética (FMI) e encontraram redução significativa de 44.63Nm quando comparados com controles saudáveis (95% CI, –75.03 a –14.23; I2 82%, P para heterogeneidade =0.004). Dois estudos avaliaram a força de preensão palmar (FPP) e mostraram que não houve diferença significativa entre pacientes com CC e controles saudáveis, com o valor de 0,08Nm (IC 95%, –6,39 a –6,55; I2 98%, P para heterogeneidade <0,00001). CONCLUSÃO: Crianças e adolescentes com CC apresentaram diminuição da força muscular de membros inferiores, entretanto na força de preensão palmar esse resultado não foi confirmado e os dois grupos foram semelhantes.Item Impacto da implementação de um protocolo nos níveis séricos de vancomicina em uma unidade de terapia intensiva pediátrica(Wagner Wessfll, 2020) Rezende, Raíssa Queiroz; Dias, Cícero Armídio GomesIntrodução: a vancomicina é um antibiótico amplamente utilizado na terapia intensiva pediátrica, mas suas propriedades farmacológicas dificultam seu uso com resultados eficazes e seguros. São recomendados as concentrações séricas de vale de vancomicina de 15-20 μg/mL como alvo para tratamento de infecções graves causadas por Staphylococcus Aureus resistente à meticilina. Objetivo: avaliar o impacto da implementação de um protocolo nos níveis séricos de vancomicina. Método: estudo retrospectivo, quase experimental, incluiu pacientes de até 18 anos internados na UTI Pediátrica em uso de vancomicina por pelo menos 5 dias. Avaliou se pacientes em dois períodos distintos - pré e pós implementação de um protocolo de uso da vancomicina, o qual constava indicações de doses iniciais, níveis séricos alvos e ajuste de dose conforme níveis. Comparados ambos os grupos entre si quanto às características dos pacientes, capacidade de atingir nível sérico alvo e comportamento dos níveis ao longo do tratamento. Resultados: incluídos 65 pacientes em cada grupo. Ambos os grupos foram comparáveis entre si, com predominância de lactentes, do sexo masculino e com doença cardíaca como principal motivo da internação. Apenas 29,2% dos pacientes tiveram identificação de germes nas culturas pré tratamento, além disso, apenas 2/130 (1,5%) pacientes tiveram Staphylococcus Aureus resistente à meticilina identificados nas culturas. O grupo pré protocolo apresentou 10,8% de primeiro nível sérico no alvo de 15 a 20 μg/mL, enquanto o grupo pós protocolo obteve 21,5% dos níveis iniciais no alvo (p=0,153). A proporção de pacientes que alcançou nível sérico alvo durante os primeiros 5 dias de tratamento teve um aumento estatisticamente significativo de 34/65 (52,3%) no grupo pré protocolo para 48/65 (73,8%) no grupo pós protocolo (p=0,018). Os níveis séricos reagiram de forma similar entre os dois períodos (p=0,561), observando uma estabilidade maior entre as avaliações no ano pós protocolo em relação ao ano pré protocolo, com uma diferença entre o 1º e 5º nível de 8,9 μg/mL (IC 95% -3,1 a 21) no grupo pré protocolo e de 0,4 μg/mL (IC 95% -6,1 a 6,9) no grupo pós protocolo (p=0,175). Conclusão: atingir o alvo adequado de nível sérico de vancomicina em pacientes gravemente doentes é um desafio na pediatria e o uso de diretrizes e protocolos de prática clínica permite um melhor ajuste e controle de doses dentro do alvo almejado.Item Impacto do conhecimento em asma no controle da doença e na qualidade de vida de pais de pacientes pediátricos com asma em um centro especializado(Wagner Wessfll, 2021) Beziazacinai, Bruna de Amorim; Pitrez, Paulo Marcio CondessaIntrodução: a asma é a doença crônica mais comum em Pediatria. O controle da doença tornou-se o objetivo principal do manejo da asma, pois o não controle da doença resulta em impacto negativo na vida dos pacientes, familiares e no sistema de saúde pública do país. Um dos fatores que pode interferir no controle da doença é o nível baixo de conhecimento em asma e crenças em mitos populares, resultando em menor compreensão das orientações médicas e prescrições, com consequente não controle da doença e baixa adesão ao tratamento. Objetivo: avaliar os níveis de conhecimento em asma, técnica inalatória, controle da doença e qualidade de vida dos pais de crianças e adolescentes com asma, em um centro de referência de asma do sistema público de saúde no Brasil. Métodos: Realizado um estudo transversal, em um ambulatório especializado em asma pediátrica no sul do Brasil, entre maio de 2019 e março 2020. Foram selecionados pais de crianças e adolescentes com diagnóstico médico de asma (entre 1 e 17 anos), em acompanhamento no ambulatório. Os questionários aplicados nos pais foram: sociodemográficos; Short Assessment of Health Literacy for Portuguese SpeakingAdults (SAHLPA-18); Conhecimento em Asma Pediátrica (Q-CAP); Pediatric Asthma Parent Quality of Life Questionnaire (PAQLQ); Controle da doença da Global Initiative for Asthma (GINA). Nos pacientes, foram aplicados os questionários Morisky Medicatio nAdherence Scales (MMAS‐8) e o Pediatric Asthma Quality of Life Questionnaire (PAQLQ). Resultados: foram incluídos no estudo um total de 48 pais, com idade média de 37,0±8,6 anos, 15 (31,2%) com ensino médio completo, 28 (58,3%) pertencentes a classe econômica C, sendo que as mães foram maioria durante as consultas (n=40; 83,3%). Em relação aos pacientes, 28 (58,3%) eram do sexo masculino e com idade média de 7,8±4,2 destes, e apenas 12 (40,0%) estavam com a asma totalmente controlada. Em relação à adesão ao tratamento, devido a idade mínima para responder ao questionário de 7 anos, dos 30 (62,5%) pacientes que responderam o questionário (MMAS-8), apenas um (3,3%) se mostrou aderente ao tratamento. Um total de 43 (89,6%) pais apresentaram conhecimento específico inadequado em asma (Q-CAP). A qualidade de vida também foi afetada pelo não controle da asma. Conclusão: os pais de pacientes com asma mostraram níveis de conhecimento em asma insatisfatórios. Os pacientes mostraram elevadas taxas de não controle da doença e adesão ao tratamento. Novas estratégias sobre educação em saúde devem ser desenvolvidas a fim de aumentar índices de adesão ao tratamento, controle da doença e conhecimento sobre asma.Item Ingestão de alimentos ultraprocessados e morbidade respiratória no primeiro ano de vida(2022) Lessa, Samantha Mallmann; Amantéa, Sérgio Luis; Tietzmann, Daniela CardosoIntrodução: A morbidade respiratória engloba uma série de doenças de etiologias infecciosas e alérgicas, capazes de comprometer tanto o trato respiratório superior, quanto inferior. Emergências respiratórias pediátricas estão entre as causas mais frequentes de internação hospitalar e óbitos em crianças menores de 1 ano de idade e alguns fatores tornam as crianças pequenas mais suscetíveis à essas afecções, dentre eles as aglomerações que aumentam os contatos da criança com diferentes agentes infecciosos, o sistema imunológico infantil que está em desenvolvimento em crianças menores de dois anos e o estado nutricional infantil. Objetivo: investigar a relação entre fatores socioeconômicos, nutricionais e morbidade respiratória no primeiro ano de vida. Método: Estudo de caso-controle delineado a partir de dados secundários da pesquisa “Avaliação da efetividade de estratégia para prevenção de consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados no primeiro ano de vida em três Regiões do Brasil: ensaio de campo randomizado”. O estudo foi realizado em três capitais do Brasil (Porto Alegre, Manaus e Salvador), representativas das macro-regiões Sul, Norte e Nordeste. Para cada cidade, pares mãe/neonato foram recrutados nos seguintes hospitais públicos Amigos da Criança: Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Porto Alegre/RS, Maternidade Moura Tapajós, Manaus/AM, Maternidade Climério de Oliveira, Salvador/BA sendo elegíveis mães primíparas ou multíparas, com idade maior ou igual a 18 anos, parto único hospitalar, com recém-nascidos à termo, sem intercorrências clínicas e sem outras patologias que impedissem a amamentação. Para o presente estudo a variável de interesse foi definida como morbidade respiratória diagnosticada por atendimento médico realizado no primeiro ano de vida. Para os casos, foram consideradas todas as crianças diagnosticadas com as seguintes doenças: asma, bronquite, bronquiolite e pneumonia. Para os controles, as crianças foram distribuídas de acordo com a idade categorizada (< 6 meses e > 6 meses) e para cada base foi realizado, por um estatístico independente, um sorteio aleatório (2 controles para cada caso) entre as crianças que não foram diagnosticadas com doenças respiratórias. Assim, o tamanho da amostra totalizou 222 crianças. Foram realizadas análises bivariadas para avaliar associação entre as variáveis e o desfecho, calculando-se as Razões de Chance e respectivos intervalos de confiança, utilizando Regressão Logística, sendo todas as análises executadas no software R, versão 4.1.3, considerando um nível de significância de 5%, ou seja, um p-valor < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: De maneira geral, 52,7% da amostra foi composta por crianças do sexo feminino, com mães predominantemente na faixa etária de até 30 anos (61,5%) sendo que a grande maioria das crianças conviviam com menos de 6 pessoas (72,1%) e a renda familiar (per capita) era de até 3 salários mínimos (76,1%). O Tabagismo materno e o aleitamento materno apresentaram significância estatística quanto ao desfecho, estando as crianças de mães que fumam ou já fumaram com chance 2,12 vezes maior de desenvolver infecção respiratória (p-valor = 0,024). No caso do aleitamento materno, crianças com aleitamento inferior a 6 meses apresentaram 2,05 vezes a chance de doença respiratória do que as crianças com aleitamento igual ou superior a 6 meses (p-valor = 0,036). O centro de coleta também mostrou associação significativa com o desfecho, tendo os centros Nordeste e Norte se mostrado como um fator de proteção para morbidades respiratórias, com as razões de chance de 0,15 [0,06-0,33] e 0,38 [0,18-0,77], respectivamente. Ultraprocessados de maneira geral não apresentaram associação significativa, mas o baixo número de não-consumidores compromete uma análise mais robusta dessa variável. Outros fatores também não estavam associados à ocorrência de doença respiratória. Conclusão: O consumo precoce de alimentos ultraprocessados não esteve associado à morbidade respiratória. Entretanto tal achado deve ser interpretado com cautela, uma vez que o consumo precoce de alimentos ultraprocessados ocorreu em mais de 80% da amostra estudada, fator que limita o poder de comparação da amostra. Constatou-se que o tabagismo materno e a baixa duração do aleitamento materno, foram determinantes para o desfecho de morbidade respiratória em crianças menores de 12 meses. Da mesma forma, crianças que residiam no Centro de estudo da Região Sul foram mais expostas ao desfecho que às residentes nos Centros Norte e Nordeste.