Avaliação do consumo de fibra alimentar e suas fontes em dietas de crianças de baixa condição socioeconômica: análise longitudinal
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Data
2020
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Editora
Editor Literário
Resumo
Objetivo: Avaliar longitudinalmente o consumo de fibra, principais fontes
alimentares e seu reflexo na ingestão de energia e macronutrientes, em crianças aos
12 meses, 3 anos e 6 anos de idade.
Metodologia: Estudo de coorte aninhado a ensaio de campo randomizado, cuja
intervenção do estudo principal consistiu em um programa de atualização sobre os
“Dez passos para alimentação saudável para crianças menores de dois anos” para
os profissionais das unidades de saúde. As coletas de dados foram realizadas por
meio de visitas domiciliares com aplicação de questionários dietéticos e
socioeconômicos, além de dois recordatórios de 24 horas de dias não consecutivos,
nas três faixas etárias. A adequação do consumo de fibra foi avaliada conforme
valores de Ingestão adequada (AI), preconizados pela Dietary Reference Intakes
(DRI). As fontes alimentares de fibras foram classificadas em três grupos, baseados
no sistema de classificação NOVA em: in natura e minimamente processados,
processados e ultraprocessados. Para avaliação da ingestão de fibras, energia e
macronutrientes foram realizados cálculos no software DietWin Profissional® (Porto
Alegre, Brasil), e utilizada a média estimada pelo método Multiple Source Method
(MSM). Além disso, os dados dietéticos apresentados no presente estudo foram
ajustados para energia (g/1.000kcal). As análises estatísticas foram realizadas no
programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 20.0 (Chicago,
USA), tendo as variáveis contínuas testadas quanto à normalidade da sua
distribuição pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e, apresentadas por média ± desvio
padrão ou mediana e percentis 25 e 75. Análises de frequência foram realizadas
para descrição das variáveis. Ainda, para avaliar o efeito da associação entre
variáveis de consumo alimentar e tercis de consumo de fibras (g/1.000kcal), foi
realizada análise de variância (teste Kruskal-Wallis), seguido pelo post hoc teste de
Dunn. O nível de significância adotado foi p < 0.05.
Resultados: Participaram do estudo 554 crianças aos 12 meses, 476 aos 3 anos e
387 aos 6 anos. Em todas as faixas etárias, mais de 85% das crianças
apresentaram consumo abaixo da Ingestão Adequada. Constatou-se que os
alimentos in natura ou minimamente processados foram os principais contribuintes
de fibras, sendo responsáveis pelo fornecimento de 83,48% da fibra alimentar total
aos 12 meses; seguido por 74,88% aos 3 anos e 71,92% aos 6 anos. Em relação às
fontes alimentares, identificou-se feijão, frutas, cereais e tubérculos como principais
contribuintes de fibras. Dentre elas, em todas as idades foi observado o feijão como
o alimento de maior relevância para a ingestão de fibra, sendo responsável pelo
fornecimento superior a 30% de fibra total diária na dieta e consumido por mais de
80% da população estudada. Além disso, foi observado que crianças no maior tercil
de consumo de fibras apresentaram maior ingestão de fibras provenientes de
alimentos in natura ou minimamente processados, e que suas dietas possuíam
maior teor de carboidratos e menor de lipídios, nas três faixas etárias (p<0.001).
Conclusões: Os resultados deste estudo mostram elevadas prevalências de
inadequação de consumo de fibras e ressalta a importância da ingestão de
alimentos in natura ou minimamente processados, principalmente o feijão como
fonte de fibra na infância. Além de identificar, que dietas com maiores teores de
fibras, possuem menor quantidade de lipídeos.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Pediatria, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Fibra Alimentar, Dieta, Criança, Carência Socioeconômica, [en] Dietary Fiber, [en] Diet, [en] Child, [en] Poverty