PPGPSICO - Dissertações

Navegar

Submissões Recentes

Agora exibindo 1 - 20 de 66
  • Item
    Formação de identidade profissional, símbolos e rituais no trabalho de policiais militares do Batalhão de Operações Especiais do Rio Grande do Sul
    (2023-11-10) Somavilla, Rose Andreia; Amazarray, Mayte Raya; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    Essa dissertação apresenta um estudo que investigou a formação de processos identificatórios e o contexto simbólico na construção dos significados e sentidos do trabalho de policiais que atuam como operadores especiais (OE) do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio Grande do Sul, incorporados à tropa nos últimos quatro anos. Essa dissertação apresenta um artigo sobre significados e sentidos do trabalho, transição de identidade, símbolos e rituais para operadores especiais ingressantes no BOPE. Realizou-se um estudo qualitativo, baseado na etnografia, com uso de diário de campo e observação participante, entrevistas individuais semiestruturadas enquanto técnicas de coleta de informações, com 12 policiais incorporados recentemente ao BOPE (2019/2021). Para tratamento de dados, adotou-se análise temática reflexiva, sendo o material empírico compreendido à luz da Psicossociologia do Trabalho. A partir da análise temática, foram produzidos dois temas: “Tornar-se caveira”, com os subtemas tatuagem de caveira; desconstrução do eu-identidade coletiva; e o tema “Sentidos e significados do trabalho dos OE” com os seguintes subtemas: integrar o BOPE; e realização pessoal e profissional, nos quais se evidenciam conteúdos associados à transição para uma nova identidade profissional. Os resultados permitiram entender que, apesar dos momentos de formação em um curso de especialização em operações especiais serem importantes para a profissão de OE, a aprendizagem da função e o processo de construção da identidade coletiva profissional são moldados pela socialização em contexto real de trabalho. Além da experiência que advém da prática profissional no cotidiano do BOPE, contribui decisivamente para o desenvolvimento do compromisso com a profissão, como uma carreira para a vida, e de uma identidade coletiva e atribuindo sentido e significado ao trabalho dos OE. Os estudos com esses grupos especializados têm relevância para os próprios sujeitos, seus gestores e para a sociedade como um todo, que recebe a prestação do serviço público
  • Item
    Concepções de Professores Sobre Comportamento Suicida em Universitários: Avaliação do QPR Gatekeeper Training
    (2023-12-13) Pierozam, Djúlia Cristine; Antoni, Clarissa de; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    O suicídio é um fenômeno humano complexo e universal, considerado um problema grave de saúde pública e uma das principais causas de óbitos mundialmente, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, contemplando, nessa faixa etária, estudantes universitários. Uma estratégia para a prevenção de suicídio neste público é tornar a universidade um ambiente preparado. Assim, o Question, Persuade, Refer (QPR) é o programa mais utilizado para prevenção de suicídio no contexto universitário internacional, com foco em gatekeeper training, o qual compreende três etapas que ensinam como 1) questionar se alguém está pensando em suicídio, 2) como aconselhar alguém a buscar ajuda especializada e 3) fornecer orientações adequadas para a realização de encaminhamento à pessoa em potencial crise suicida para locais apropriados, de maneira em que pode ser utilizado como uma eficaz ferramenta na identificação do comportamento suicida desses estudantes no ambiente acadêmico. Trata-se de estudo qualitativo, transversal, exploratório e descritivo. Tem como objetivo conhecer quais são as concepções sobre comportamento suicida em discentes para os professores de uma universidade pública, após receberem informações e orientações sobre comportamento suicida por meio do treinamento QPR. Participaram deste estudo 10 professoras de uma universidade federal do estado do Rio Grande do Sul, das áreas da saúde (enfermagem, fisioterapia, psicologia, farmácia e nutrição), e da educação (letras, matemática, física e pedagogia), as quais realizaram o treinamento fornecido na universidade. Foi realizada aplicação de um questionário de caracterização e uma entrevista semiestruturada com 26 perguntas semiabertas, divididos em cinco blocos (introdução; conhecimento sobre o tema suicídio; vivência de uma situação de comportamento suicida ou suicídio por um discente; sobre o treinamento QPR e fechamento). Para a análise dos dados foram realizadas as transcrições na íntegra e analisadas por dois juízes, submetendo à análise temática. Foram extraídos três grandes temas e seus subtemas (1. Universidade não fornece suporte - 1.1 Despreparo do docente; 1.2 Necessidades de ações contínuas; 1.3 Adoecimento da comunidade acadêmica. 2. Concepção sobre comportamento suicida - 2.1 Anteriores ao QPR; 2.2 Despertadas após o QPR. 3. QPR como nova possibilidade de ajuda na prevenção de suicídio - 3.1 Habilidade/conhecimento desenvolvido no docente; 3.2 Facilidades do QPR; 3.3 Atualização Gatekeeper; 3.4 Melhorias QPR). Conclui-se que o treinamento QPR é eficaz para instrumentalizar docentes, além disso, aumentou a autoconfiança e autoeficácia dos professores para novos manejos em relação ao comportamento suicida. Entretanto, os docentes revelam que as ações existentes na universidade não são suficientes para lidar com esse fenômeno, e que veem o sofrimento emocional dos alunos relacionado às altas exigências acadêmicas e a autoexigência, evidenciando a necessidade de ações continuadas sobre a temática do suicídio.
  • Item
    Há algo de diferente nesse amor? Investigando relações amorosas de pessoas com deficiência física e múltipla
    (2023-11-22) Barth, Marina Camargo; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    O conceito de deficiência é complexo e tem sido compreendido a partir de perspectivas distintas. O Modelo Social da Deficiência destaca os aspectos sociais que envolvem essa vivência, incluindo o preconceito em diferentes esferas da vida de pessoas com deficiência (PCD), principalmente a amorosa. O amor é um fenômeno subjetivo e individual, embora as relações amorosas sejam atravessadas por características do contexto social, histórico e cultural. A Teoria Triangular do Amor de Sternberg postula diferentes elementos do amor, além de possibilitar a sua mensuração. O desenvolvimento desses elementos pode ser influenciado pela forma como a pessoa avalia subjetivamente o relacionamento, ou seja, pela satisfação amorosa. Neste trabalho buscou-se investigar os elementos do amor e a satisfação com o relacionamento amoroso de PCD física ou sensorial de diferentes regiões do Brasil, bem como averiguar diferenças em relação a essas variáveis entre pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, sensorial ou múltipla) e características sociodemográficas. Neste estudo quantitativo, transversal e correlacional participaram 135 PCD maiores de 18 anos que mantinham um relacionamento amoroso. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos contendo o índice do Impacto da Deficiência, a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) e a versão brasileira e revisada da Escala do Nível de Satisfação com o Relacionamento Amoroso (ENSRA-R). Análises estatísticas descritivas e correlacionais foram realizadas para caracterizar a amostra e verificar associações entre dados sociodemográficos, elementos do amor e satisfação amorosa, bem como realizar comparações entre grupos conforme o tipo de deficiência. Os resultados mostraram a ausência de diferença nos escores dos componentes do amor para PCD de diferentes tipos. Ou seja, independentemente do tipo de deficiência, os elementos da Teoria Triangular do Amor de Sternberg encontram-se presentes nas relações amorosas em escores elevados, indicando uma boa vivência dos mesmos. A amostra também apresentou níveis elevados de satisfação com o relacionamento amoroso e PCD múltipla mostraram-se mais satisfeitas com as suas relações amorosas em comparação aos demais grupos, contrariando a literatura. Além disso, os homens apresentaram maior satisfação com a relação amorosa, assim como participantes com menor escolaridade, corroborando achados da literatura entre pessoas sem deficiência. Por fim, a vivência amorosa e a satisfação com a relação de PCD física e sensorial não se mostraram associadas à orientação sexual, duração do relacionamento, quantidade de filhos e idade de início da vida sexual, mostrando independência do desenvolvimento amoroso frente a esses marcadores sociais. Sendo assim, conclui-se que as PCD investigadas nesse estudo apresentaram um panorama positivo em relação ao amor e à satisfação com a relação amorosa estabelecida, contrariando as representações sociais sobre essas vivências. Salientase a importância de estudos com esse público para ampliar a reflexão sobre o tema do amor entre PCD, devido à importância em suas vidas, e auxiliar na redução das barreiras atitudinais e estigmas que ainda o cercam
  • Item
    Parto Traumático em Situações de Perda Perinatal: Repercussões no Processo de Luto e na Saúde Mental Materna
    (2023-10-27) Bard, Bárbara Albasini; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    O conceito de ‘Parto traumático' é complexo e vem sendo utilizado para descrever experiências de parto que geram consequências físicas e psicológicas negativas para a parturiente e sua família. Uma das situações que podem acarretar uma experiência traumática de parto envolve as perdas perinatais. Neste trabalho compreende-se como perda perinatal a morte do bebê ocorrida a partir da 22ª semana gestacional, no momento do parto ou até sete dias após o parto. No Brasil e na literatura internacional, embora este foco de pesquisa venha se ampliando, ainda pouco se conhece sobre a vivência do parto nessas situações e o quanto essas experiências podem ser traumáticas. Menos ainda tem sido investigado sobre as repercussões dessas experiências de perda e de parto traumático no processo de luto materno, apesar da relevância do tema em termos clínicos e sociais. Diante disso, o objetivo geral desta Dissertação foi compreender o parto traumático em situações de perda perinatal e as suas repercussões na saúde mental materna e no processo de luto. A presente Dissertação está composta por três artigos: um de revisão sistemática da literatura, que teve por objetivo identificar a produção científica recente sobre parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões para as mulheres; um quantitativo, que buscou analisar a saúde mental de mulheres brasileiras que vivenciaram ou não uma experiência de parto traumático associado a uma perda perinatal, especialmente eventuais associações entre a experiência traumática e um diagnóstico de TEPT, Transtorno de Ansiedade e/ou Depressão e Satisfação com o parto; e um qualitativo, no qual foi analisado e comparado o processo de luto de mulheres que sofreram uma perda perinatal e perceberam ou não o parto como traumático. A revisão da literatura indicou a escassez de estudos nacionais e internacionais que abordaram conjuntamente a experiência de parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões no processo de luto. De modo geral, os estudos associaram a experiência de parto nestes casos com a presença de um diagnóstico de TEPT e, apontaram o quanto o atendimento prestado nas maternidades pode ser um fator de risco/proteção em termos de saúde mental para as famílias enlutadas. Já o estudo quantitativo identificou que mulheres que vivenciaram uma perda perinatal e que compreenderam o parto como traumático tenderam a apresentar diagnóstico de TEPT, depressão e/ou ansiedade. Da mesma forma, aquelas que consideraram o atendimento recebido da equipe de saúde na maternidade como violento também tinham mais frequentemente a percepção do parto como traumático e a presença de um diagnóstico de saúde mental. Com relação as análises qualitativas, as mulheres expostas a situações de negligência profissional e que perceberam o parto como traumático tiveram maior dificuldade na vivência do processo de luto, manifesta pela menor facilidade para retomar alguns aspectos de sua vida, maior afastamento da rede de apoio, maior dificuldade para estabelecer um significado para a perda e manter um vínculo contínuo (simbolicamente) com o bebê, assim como referiram mais frequentemente a perda de sentido na vida após a morte do bebê. Entende-se que o maior conhecimento sobre as repercussões da vivência traumática no parto no processo de luto e na saúde mental materna em função de uma perda perinatal, para além de preencher lacunas da literatura científica, promove a desmistificação desses temas, diminuindo a incidência de não reconhecimento do sofrimento parental associado a essas experiências e contribuindo para uma maior qualidade de vida para as mulheres enlutadas.
  • Item
    A relação terapêutica em atendimento psicoterápico de pacientes no fim da vida
    (2023-11-03) Nunes, Jéssica de Matos; Stenzel, Lucia Marques; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    A morte é um evento do ciclo básico da vida que carrega consigo o paradoxo de se fazer tão presente quanto busca ser afastada do cotidiano. O processo de conscientização sobre a finitude, dessa forma, torna-se momento delicado que pode ser melhor elaborado com acompanhamento psicoterápico. A relação terapêutica estabelecida entre psicólogo e paciente vem sendo apontada como um dos principais fatores relacionados à eficácia do processo estabelecido e envolve, naturalmente, aspectos relacionados ao paciente e ao psicólogo. Considerando a interseção entre o tema da finitude e o processo psicoterápico, o objetivo desse trabalho foi conhecer como se dá a relação terapêutica no contexto do atendimento psicoterápico de paciente em situação de finitude. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura brasileira e uma pesquisa empírica. A revisão da literatura investigou como a relação terapêutica é abordada no atendimento psicológico de pacientes em situação de terminalidade, no Brasil. Os resultados indicaram que o atendimento psicológico de pacientes próximos de sua morte é realizado majoritariamente em ambiente hospitalar e vinculado aos serviços de cuidados paliativos. Nesses trabalhos, a relação terapêutica foi apontada como principal fator responsável pela garantia do atendimento e esteve, principalmente, relacionada às características técnicas e pessoais do psicólogo, apontando para uma compreensão monológica da relação na qual esta é conduzida como responsabilidade do profissional. A pesquisa empírica, por sua vez, realizada com entrevistas a dez psicólogas e analisada por um método empírico-fenomenológico, trouxe informações importantes acerca da experiência da relação terapêutica no atendimento psicoterápico individual de pacientes em processo de finitude. Nesse estudo, as participantes relataram que a relação terapêutica foi vivida como uma experiência peculiar, intensa e dolorosa, além de extremamente afetiva e transformadora em termos pessoais e profissionais. A relação terapêutica foi, também, identificada como o principal recurso do qual as profissionais lançaram mão para acolhimento e apaziguamento dos pacientes, assim como para sua própria elaboração sobre a situação que vivenciavam. A percepção das entrevistadas sobre a experiência relatada concorda com uma concepção dialógica e intersubjetiva da relação, na qual paciente e terapeuta, juntos, constroem o processo psicoterápico e os resultados dele advindos. A ampliação sobre as informações acerca da relação terapêutica levantadas pela pesquisa empírica corroboram a importância desse tipo de dado para uma compreensão atualizada e implicada da psicologia e de seu papel junto ao sujeito e sociedade.
  • Item
    Maternidade e COVID-19: experiência do processo de internação e parto em Centro de Terapia Intensiva (CTI)
    (2023-05-19) Rosa, Paula Cristina Silva da; Grzybowski, Luciana Suárez; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    Em dezembro de 2019, surgiram as primeiras pessoas infectadas pela COVID-19 no mundo, e posteriormente, foi decretada uma pandemia, que trouxe impacto na vida pessoal, familiar e social, a partir de restrições, receios, agravos de saúde e perdas. O número de infectados e de óbitos causados pelo vírus cresceu exponencialmente e afetou diferentes grupos populacionais, dentre esses as mulheres grávidas, modificando o ciclo gravídico-puerperal. Este estudo qualitativo, transversal e de caráter retrospectivo teve como principal objetivo pesquisar sobre a experiência da maternidade de gestantes infectadas pela COVID-19, que necessitaram de internação em CTI e que tiveram o nascimento prematuro do seu bebê neste contexto. A coleta de dados ocorreu de forma remota, a partir do preenchimento de uma ficha de dados sociodemográficos e de saúde e da realização de uma entrevista semi-estruturada. A análise temática realizada evidenciou que houve mudanças bruscas nas expectativas relativas à gestação e parto. Emergiram seis temas: infecção por COVID-19 e ruptura do ciclo gestacional esperado; experiência do processo de internação; construção da parentalidade: o vínculo mãe-bebê do hospital aos dias de hoje; a vida que ficou lá fora; estratégias para lidar com o sofrimento; e sequelas pós-COVID e transformações de vida. Os impactos na vida das participantes são diversos e se diferenciam pelo nível de contato emocional com a experiência vivida, o tempo de internação e as sequelas da doença. Evidenciou a importância de uma rede de apoio articulada e presente para dar suporte às demandas decorrentes das mudanças impostas pelo adoecimento e ausência materna temporária. Percebe-se que as participantes buscaram ressignificar essa vivência traumática inicial após a alta hospitalar pela (re)construção do vínculo com o bebê e da rotina familiar e social. A compreensão do impacto da COVID-19 na experiência de gestantes poderá trazer novas estratégias que humanizem e auxiliem a construção do vínculo mãe-bebê em situações de adversidade extrema, bem como, no auxílio da instrumentalização dos profissionais de saúde no atendimento desse público
  • Item
    Síndrome de Burnout em profissionais da Atenção Primária em Saúde na 29a Região de Saúde do Rio Grande do Sul durante a Pandemia da COVID-19
    (2023) Sant’ Ana, Álvaro Camargo; Câmara, Sheila Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
    O surgimento da pandemia pela COVID-19 em 2019 ocasionou uma série de mudanças na vida cotidiana ao redor do mundo, incidindo nas mais diversas áreas da atividade humana. O cenário global que foi se configurando teve importantes impactos sociais e econômicos. Um enorme contingente de profissionais e trabalhadores de saúde estiveram envolvidos no combate à COVID-19, especialmente os que atuam na linha de frente. Esses foram submetidos +, o que pôde desencadear, entre outros agravos, a Síndrome de Burnout (SB). Porém, os fatores protetivos, como recursos pessoais e do trabalho, amenizam o surgimento e/ou o agravamento da síndrome. A SB é conceituada como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho que apresenta características como exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional, sendo um fenômeno psicossocial. A pesquisa objetivou estudar a síndrome de Burnout e a relação com as demandas do trabalho e os recursos pessoais e laborais entre trabalhadores da atenção básica em saúde da 29a Região de Saúde do Rio Grande do Sul durante o período pandêmico. A coleta de dados foi online, pela plataforma Google Forms, com tempo estimado de 40 minutos para as respostas. A pesquisa seguiu as conformidades das resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, que visam assegurar os direitos e deveres aos sujeitos da pesquisa. Participaram desta pesquisa de delineamento observacional, analítico, de corte transversal, 290 trabalhadores, de 25 municípios, o que representou uma perda de 2,3 %. Destes, a maioria (85,2 %) era do sexo feminino, com idade média de 37,8 (DP=9,17) anos. Foram avaliados dados sociodemográficos; dados sobre o trabalho; alterações no trabalho durante a pandemia da COVID-19; Questionário Psicossocial de Copenhague I (COPSOQ I); Escala de Autoeficácia Geral Percebida; Questionário de Saúde Geral (QSG-12) e Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT). Os dados foram avaliados mediante análises de regressão linear múltipla. Os resultados apontaram como preditores das dimensões de Burnout tanto fatores de risco como de proteção. As variáveis mais importantes em cada dimensão foram: autoeficácia no trabalho para desilusão, falta de vitalidade no trabalho para desgaste psíquico, sintomas depressivos para indolência e sentido do trabalho para culpa. O impacto da pandemia de COVID só se constituiu em preditor da dimensão de desilusão. É fundamental pensar a atuação em emergências e desastres, bem como a importância da criação de protocolos para o desenvolvimento e atuação de cada profissional, não somente na atenção primária, mas também na atenção secundária e terciária da saúde. Identificou-se a presença de SB em 11,7% dos profissionais da atenção básica em saúde na 29a região de saúde do Rio Grande do Sul.
  • Item
    Automutilação da adolescência: preditores sociodemográficos, contextuais e socioemocionais
    (2023-10-02) Marx, Vivian; Câmara, Sheila Gonçalves
    A adolescência é permeada por intensas vivências, algumas saudáveis e outras potencialmente prejudiciais à saúde. Nesta etapa do desenvolvimento, tornam-se frequentes que os adolescentes se envolvam em alguns comportamentos de risco, dentre estes, encontram-se os comportamentos de automutilação. O desenvolvimento de comportamentos de risco em adolescentes pode ser influenciado por diferentes fatores, tais como, clima familiar, estilos parentais, características comunitárias, habilidades sociais,desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. Todos estes contextos, devem ser avaliados e relacionados para que se possa melhor compreender o surgimento de comportamentos de automutilação na adolescência. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa foi identificar os preditores de comportamentos de automutilação entre adolescentes escolares do Sul do Brasil em termos de clima familiar, recursos desenvolvimentais da comunidade, assertividade, sentimentos relativos ao período de isolamento social pela pandemia COVID-19, desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. O estudo, de base escolar, foi realizado com 303 adolescentes, de 10 a 19 anos, alunos de turmas do 6º, 7º, 8º, 9º e turmas de Avança, de escolas municipais dos municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS. Os instrumentos utilizados foram divididos em quatro blocos: Automutilação, Dados sociodemográficos, Variáveis de contextos de vida e Aspectos socioemocionais. A pesquisa ocorreu mediante anuência das três Secretarias Municipais de Educação dos Municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA. A coleta de dados foi realizada em grupos, nas dependências das escolas, com autorização dos responsáveis por cada escola, mediante assentimento dos participantes e assinatura pelos responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas análises bivariadas entre a variável dependente (automutilação) e as variáveis em estudo, e análises de regressão linear. Os resultados mostraram que 188 adolescentes apresentaram pelo menos um dos comportamentos de automutilação. Os resultados apontaram como fatores de proteção para a automutilação: apego a comunidade, em termos do desenvolvimento positivo, maior conexão e confiança. Adolescentes do sexo feminino e homossexuais estão mais sujeitos à automutilação
  • Item
    Inserção social na cidade, percepção de qualidade do bairro e senso de comunidade como preditores de bem-estar pessoal entre adolescentes escolares de Porto Alegre, RS
    (2018) Hanke, Elisa Souza; Câmara, Sheila Gonçalves
    Esta dissertação está organizada em duas partes. A primeira introduz o referencial sobre bem-estar pessoal na adolescência, bem como os construtos de senso de comunidade, inserção social à cidade e percepção de qualidade do bairro entre nessa população. Trata-se de uma introdução e uma revisão de literatura sobre as temáticas em estudo. A segunda parte consiste na apresentação do artigo empírico escrito a partir dos dados coletados. O objetivo do estudo empírico foi avaliar a inserção social na cidade, a percepção de qualidade do bairro de residência e o senso de comunidade entre adolescentes escolares e sua contribuição para o bem-estar pessoal dessa população. Consiste em um estudo de base escolar, observacional, analítico, com corte transversal, no município de Porto Alegre/RS. A amostra constituiu-se de 119 adolescentes escolares do oitavo ano do ensino fundamental, matriculados na rede pública estadual de Porto Alegre/RS, em 2017. Desses, 58,8% eram do sexo masculino. A idade variou de 12 a 17 anos (M=14,15; DP=1,03) e 50,9% se autodeclararam como brancos. Quanto ao nível de ensino dos pais a média foi de ensino médio incompleto tanto para as mães (M=4,18; DP=1,50) quanto para os pais (M=3,99; DP=1,58). Em termos da classificação econômica, 44% pertenciam à classe B, 40,5% à classe C e 15,5% à classe A. Como instrumentos foram utilizados: Inquérito de dados sociodemográficos; Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB); Escala de Inserção Social à Cidade para Adolescentes (ISCA); Índice de Senso de Comunidade (SCI); Escala de Percepção de Qualidade do Bairro (PQBA) e dimensão de Bem-estar pessoal positivo da Escala Eudemon de Bem-Estar Pessoal (EBP). Os dados foram analisados mediante análise descritiva para caracterização da amostra e das médias dos participantes nos instrumentos em estudo; análise bivariada (correlação de Pearson) para avaliar a relação entre as variáveis em estudo; e análise multivariada (regressão linear múltipla - ARLM), método stepwise, para identificar os preditores de bem-estar pessoal positivo. Foram conduzidas duas ARLM. Na primeira foram considerados como preditores os índices gerais das escalas ISCA, SCI e PQBA. Na segunda, os preditores avaliados foram as dimensões das três escalas que obtiveram p≤0,20 na análise de correlação (SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-Acesso, ISCA-Cordialidade PQBA- Esporte e lazer, PQBA-Locomoção e PQBA-Segurança). A magnitude do efeito de ambos os modelos foi média (variação de R2 =0,227 a R2 =0,261). O primeiro modelo identificado demonstrou a contribuição dos três construtos avaliados, sendo que o senso de comunidade (ß=0,241) foi a variável de maior peso, em termos de importância relativa estandartizada. Os resultados indicaram que quanto mais positivo o senso de comunidade e a percepção de qualidade do bairro, bem como a maior inserção social à cidade, maior o bem-estar pessoal positivo dos adolescentes. O segundo modelo ficou composto pelas variáveis SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-acesso e PQBA-segurança, com maior peso da variável SCI-vínculo positivo com a comunidade (ß=0,316). Verificou-se que quanto mais positivo o vínculo com a comunidade, maior o acesso cidade e mais positiva a percepção de segurança no bairro de residência, maior o bem-estar pessoal positivo. Os dados do estudo demonstram que a cidade, o bairro e o senso de comunidade contribuem para o bem-estar pessoal na adolescência. Além disso, indicam que a participação social dos adolescentes pode contribuir para um presente mais saudável, da mesma forma que um futuro mais promissor para a população brasileira. Sugerem-se outros estudos quantitativos, com amostras maiores, por conglomerados em termos de bairros e cidades, para verificar a estabilidade dos modelos identificados. Da mesma forma, são importantes estudos qualitativos que permitam um maior aprofundamento acerca dos fatores socioambientais e sua repercussão no bem-estar pessoal de adolescentes.
  • Item
    Trabalho Temporário, Desenvolvimento de Carreira e Bem-estar
    (2023-06-19) Paz, Gabriel Machado; Vazquez, Ana Claudia Souza; Oliveira, Manoela Ziebell de
    No mundo do trabalho contemporâneo acompanhamos mudanças nas composições de trabalho, tendo modificações geralmente associadas a marcos/eventos econômicos e mudanças trabalhistas que buscam promover estratégias com fins político-sociais de redução de custos de contratação e de flexibilidade trabalhista. O trabalho temporário é um modelo de trabalho globalmente difundido e que teve sua aplicação e função alterada desde seu surgimento (Anos 40) até o momento, principalmente a partir da crise de 2008. É uma modalidade que destaca-se pelas características dinâmicas, em constante mudança de ambientes e com contratos por tempo determinado. A população trabalhadora que encontra-se sob esse modelo de trabalho tem tido crescimento e há preocupação, em vista dos prejuízos ao bem-estar identificados, quando comparados a trabalhadores permanentes ou com condições mais estáveis de trabalho. Em duas produções diferentes, um artigo e um capítulo de livro, revisamos a literatura e dissertamos sobre aspectos psicológicos e relacionados ao bem-estar da população de temporários, com foco em discutir principalmente o desenvolvimento de carreira e seu papel nesse âmbito. Na literatura, aponta-se que alguns fatores envolvidos nessa condição ainda são razão de dúvidas em alguns pontos, mas já apresenta-se dados consistentes sobre seguridades sociais, aspectos psicológicos do indivíduo e dados relacionados às condições de trabalho como fatores importantes para a satisfação e condição diversa da curva de menor bem-estar. Utilizamos a abordagem Life Design e do modelo de recursos e demandas de trabalho para nossas análises e falamos mais sobre a aplicação dessas perspectivas no trabalho temporário, destacando o efeito mediador das competências de carreira nos processos de motivação dos trabalhadores. Englobamos mais alguns dados qualitativos sobre carreira nessa população e por fim destacamos o pouco estudo do tema, ainda que já haja indícios de sua conexão com a realização e bem-estar subjetivo dos trabalhadores. A literatura no recorte mostra uma ênfase das pesquisas focando principalmente em aspectos relacionados à adaptação dos trabalhadores (empregabilidade percebida e controle de carreira) a condições de trabalho adversas e têm abordado de forma mais qualitativa aspectos da identidade e desejo dos trabalhadores quanto às suas trajetórias profissionais. Aponta-se a importância de uma articulação entre abordagens e metodologias de pesquisa com essa população, indicando que o desenvolvimento de carreira tem efeitos benéficos na motivação, mas ainda há um grande campo para entender o impacto disso nos processos estressores. É necessário entender mais sobre o poder já identificado das condições de trabalho na promoção de saúde dos trabalhadores temporários e até desenvolver estudos focados em desenvolver teorias e modelos específicos para a compreensão dessa população. Dados coletados em regiões que possuíam condições de trabalho dos temporários semelhantes ou equivalentes às de permanentes, os dados de bem-estar não apresentaram diferença expressiva entre populações. Concluímos apontando algumas corroborações teóricas e achados para essa linha de pesquisa, frisando por fim a emergência de estudos no Brasil e América Latina e que abordem esse recorte de pesquisa, conseguindo aproveitar da literatura já escrita para a elaboração e desenvolvimento metodológico disso.
  • Item
    Processo de Luto Antecipatório Parental Diante de Cuidados Paliativos: um Estudo Qualitativo
    (2023-06-23) Rosa, Jade Silveira da; Levandowski, Daniela Centenaro
    A incidência de doenças crônicas infantis é mundialmente crescente. Essa experiência é especialmente traumática para os cuidadores devido à constante ameaça à vida encontrada nos casos complexos. Diante dessa realidade, os cuidados paliativos pediátricos tornam-se essenciais para a criança e sua família. O adoecimento implica uma reorganização familiar e pode acarretar um processo de luto parental desde o recebimento do diagnóstico, nomeado de luto antecipatório. A compreensão desse processo parental de luto ainda é carente de investigações no Brasil. Assim, objetivou-se compreender as experiências de luto antecipatório de mães de crianças portadoras de uma doença crônica que ameaça ou limita a vida e que se encontram em cuidados paliativos. Esta Dissertação está composta por uma seção de fundamentação teórica sobre os temas que embasaram o projeto (tais como adoecimento crônico infantil, luto antecipatório e cuidados paliativos pediátricos); um artigo empírico sobre o processo de luto antecipatório materno com base no Modelo do Processo Dual do Luto (STROEBE; SCHUT, 1999, 2010); e um material informativo intitulado “Processos de perdas e restaurações: Cartilha para famílias de crianças em adoecimento crônico”, elaborado a partir de materiais e estudos já publicados sobre o tema, com foco no autocuidado, na validação das emoções e no acolhimento ao sofrimento decorrente da condição da criança. A cartilha, depois de elaborada pela equipe do projeto, foi avaliada por cinco psicólogos experts na área de diferentes regiões do Brasil. O artigo apresenta um estudo qualitativo transversal, de caráter exploratório-descritivo, no qual participaram 10 mães de pacientes infantis (7 meses a 09 anos), cujo diagnóstico estava estabelecido há, pelo menos, seis meses antes da coleta de dados. Os dados foram coletados a partir de uma ficha de dados sociodemográficos e de dados clínicos, dois inventários psicológicos (DASS-21 - Short Form e Pediatric Inventory for Parents) e entrevista semiestruturada. As entrevistas sofreram análise temática reflexiva e as informações dos demais instrumentos foram apresentadas descritivamente, para caracterizar as participantes. Os dados coletados demonstraram movimentos dinâmicos, não lineares e oscilatórios do processo de luto antecipatório materno. Foram identificados comportamentos, pensamentos e sentimentos maternos que flutuaram em termos de orientação para a perda e para a restauração, configurando um movimento entre o traumático e o possível, na medida em que aspectos intensos vinculados às perdas em vida da criança alternaram-se com possibilidades de ajustamento em direção à ressignificação e reconstrução diante dessa nova realidade. Reações de medo e ressignificação da própria morte, de adaptação frente às perdas e reconstruções da maternidade, de incerteza e medo quanto à partida do filho e de certeza do amor e do desejo de proteção e cuidado para com ele foram evidenciados. Ao longo dessa trajetória, foram identificados aspectos internos e externos que auxiliaram ou dificultaram a regulação emocional e a acomodação às perdas por parte das mães. Já a cartilha, em sua versão final, aborda a vivência de luto antecipatório dos familiares diante do contexto de doença crônica infantil, de forma a contemplar variações subjetivas. Os achados do estudo, analisados à luz do Modelo do Processo Dual do Luto, constituem-se enquanto uma contribuição original para a área de adoecimento pediátrico crônico complexo. Acredita-se que esse estudo possa contribuir para intervenções psicológicas mais assertivas, identificando dificuldades na oscilação dos comportamentos, sentimentos e pensamentos maternos entre estes polos, o que poderá auxiliar para um processo de luto antecipatório e, inclusive, de luto propriamente dito, mais adaptativo.
  • Item
    Características Psicológicas de Policiais Militares que Perderam o Porte de Arma
    (2023) Conceição, Denise Bischoff Portella; Serafini, Adriana Jung; Schneider , Andreia Mello de Almeida
    A segurança pública é um setor de suma importância para a sociedade devido ao seu compromisso de garantir o cumprimento da lei e que a ordem social seja mantida com o mínimo possível de conflitos, protegendo os indivíduos, o patrimônio público e privado de sofrer qualquer espécie de atentado à integridade física ou estrutural. Para isso, as instituições de segurança pública devem contar com um efetivo preparado para exercer seu papel perante a sociedade, o que cria elevadas expectativas sobre esses profissionais. Nesse sentido, observa-se a importância de entender quais são as características psicológicas associadas a aspectos de vulnerabilidade a atuações não adaptativas de agentes da segurança pública. Assim, o presente estudo objetivou conhecer as características psicológicas de um grupo de policiais militares que apresentaram condutas mal-adaptativas e perderam o porte de arma. A pesquisa foi desenvolvida a partir de um estudo retrospectivo documental, realizado através dos dados de prontuários de 10 policiais militares que foram encaminhados pela Junta de Saúde, de um hospital militar no Rio Grande do Sul, para serem avaliados pelo serviço de psicologia.O estudo tomou como base a análise dos dados sociodemográficos e os resultados dos testes psicológicos que avaliaram a personalidade, a capacidade de atenção concentrada, a memória imediata, a percepção, o planejamento e a execução. Os instrumentos selecionados faziam parte da bateria de testes psicológicos utilizados nas avaliações psicológicas desses sujeitos, sendo eles a Bateria de Provas de Atenção (BPA), o Teste de Figuras Complexas de Rey (FCR) e o Rorschach – Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS). Os dados obtidos através desses instrumentos foram submetidos a tratamento estatístico por meio do programa SPSS versão 22.0. Embora não seja possível generalizar os resultados ao universo dos policiais militares, ou mesmo de todos aqueles que perderam o porte de arma, observaram-se aspectos em comum entre os participantes da pesquisa. Os resultados denotam, sobretudo, prejuízos cognitivos, perturbações do pensamento, problemas com a percepção da realidade, impulsividade e dificuldade de relacionamento interpessoal. Tais aspectos parecem estar diretamente relacionados à manifestação de condutas mal-adaptativas e consequentemente com a perda do porte de arma no grupo avaliado.
  • Item
    Habilidades socioafetivas infantis e relações familiares: Características de usuários da Política Pública Primeira Infância Melhor (PIM/RS)
    (2023) Padilha, Luiza de Oliveira; Grzybowski, Luciana Suárez
    O desenvolvimento na primeira infância refere-se a um processo dinâmico, dependente de interações positivas com as variáveis do contexto – sendo estas relacionadas à segurança social, econômica e afetiva. Na busca por garantir o desenvolvimento infantil de forma saudável para toda a população brasileira, faz-se necessária a implementação e a manutenção de políticas públicas, tais como o Primeira Infância Melhor (PIM) – desenvolvido com referência teórico-metodológica no programa cubano Educa tu Hijo, cujo objetivo principal é a orientação às famílias a partir de suas culturas e experiências, a fim de que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças, da gestação até os seis anos de idade. Busca-se garantir, assim, por meio da intervenção no contexto de socialização primária, a promoção de um ambiente estimulante e afetivo na infância. O presente estudo, então, pretende analisar as relações entre as variáveis sociodemográficas, os perfis de desenvolvimento socioafetivo infantil e as características familiares de usuários inseridos no PIM, considerando as famílias cadastradas durante o período de 2017 a 2019, em Porto Alegre/RS. Trata-se de uma pesquisa de cunho retrospectivo e quantitativo, de caráter transversal analítico, realizada com a utilização de dados de formulários cadastrais. Os resultados evidenciaram (a) que há associação entre o desempenho socioafetivo satisfatório e a contação de histórias pelos pais; (b) que há associação entre o desempenho socioafetivo e a forma com que os pais lidam com condutas negativas da criança (achando graça ou não achando graça); e (c) que crianças de 3 a 8 meses de vida têm melhores resultados de desempenho socioafetivo quando comparadas a crianças de 9 a 11 meses. A partir de tais associações, foram construídos três perfis de desempenho socioafetivo, os quais descrevem as características de cada família relacionadas aos níveis de desempenho da criança: satisfatório, mediano e insatisfatório. Constatou-se que 83% das crianças demonstraram desempenho satisfatório, enquanto apenas 17% apresentaram níveis de desempenho mediano ou insatisfatório, sendo possível considerar prováveis efeitos protetivos das variáveis afetivas frente às condições socioeconômicas precárias nas quais as famílias poderiam se encontrar. Nesse contexto, investir na implementação de políticas públicas focadas na primeira infância como estratégia de redução da desigualdade social e da pobreza extrema nos países de baixa e média renda representa um esforço em direção à garantia da qualidade de vida dessas populações, sendo estas ações potencialmente geradoras de retornos econômicos para a sociedade. Por fim, observa-se que o estímulo a relações familiares afetivas nos lares também atua na promoção de fatores protetivos para o desenvolvimento infantil de forma global.
  • Item
    Dimensões psicossociais do aborto no Brasil: análise das representações médicas e do estigma em nível comunitário
    (2023) Bento, Marília Netz; Stenzel, Lucia Marques; Câmara, Sheila Gonçalves
    Esta dissertação apresenta dois estudos relacionados ao tema do aborto a partir de suas dimensões psicossociais. O primeiro estudo analisa como o aborto é representado nos registros públicos dos últimos 20 anos do Conselho Federal de Medicina (CFM), identificando quatro categorias: Aborto Legal, Bioética, Epidemiologia/Assistência e Criminalização/Descriminalização do Aborto. Os resultados indicam tensões entre discursos favoráveis e contrários à descriminalização do aborto, com predomínio de apoio à segurança legal do médico em detrimento dos direitos sexuais e reprodutivos femininos. É recomendada maior conscientização da categoria médica na comunicação de informações sobre o aborto, considerando sua responsabilidade com um atendimento integral e humanizado à mulher. O segundo estudo trata do estigma relacionado ao aborto. Em países com legislações mais restritivas, como o Brasil, a falta de legalização é uma das principais causas do estigma social em relação às mulheres que abortam. A pesquisa teve como objetivos traduzir e adaptar a Community-Level Abortion Stigma Scale (CLASS) ao contexto brasileiro e avaliar suas evidências de validade e confiabilidade. Participaram 256 sujeitos, entre 18 e 73 anos, que responderam a um questionário online entre abril e novembro de 2022. A Análise Fatorial Confirmatória resultou em um modelo composto por 18 itens e quatro fatores: Segredo, Discriminação/Estereotipagem, Autonomia e Religião, com propriedades psicométricas adequadas para o estudo do estigma relacionado ao aborto no Brasil. Ambos os estudos abordaram diferentes aspectos psicossociais da temática do aborto, evidenciando sua complexidade e destacando a importância de considerar fatores sociais, culturais e políticos no atendimento em saúde às mulheres em situação de abortamento, visando minimizar os impactos negativos das representações estigmatizantes.
  • Item
    Saúde e mobilização subjetiva no trabalho de policiais militares efetivos e em formação do Batalhão de Operações Especiais do Rio Grande do Sul
    (2023) Schönardie, Clara Faes; Amazarray, Mayte Raya
    Essa dissertação apresenta dois artigos provenientes de estudo sobre a relação entre saúde e mobilização subjetiva associadas ao contexto de trabalho de policiais militares vinculados às operações especiais de um estado do Sul do país. Na primeira etapa do estudo (objeto do artigo 1, quantitativo de natureza correlacional), 124 participantes responderam a nove instrumentos [questionário sociodemográfico elaborado pelas autoras, três testes psicológicos (Inventário Fatorial de Personalidade II, Bateria Fatorial de Personalidade e Escala de Avaliação da Impulsividade), cinco questionários padronizados autoaplicáveis (questionário de saúde geral, escala de percepção do estresse, World Health Organization Quality of Life – bref para avaliação da qualidade de vida, COPE para avaliação das estratégias de coping, e Copenhagen Psychosocial Questionnaire II versão média para avaliação dos fatores psicossociais do trabalho)]. Neste, são apresentados os resultados das avaliações de personalidade, impulsividade, saúde geral, estresse, qualidade de vida, coping e fatores psicossociais do trabalho, bem como dois modelos preditivos do bem-estar psíquico deste grupo ocupacional. Identificaram-se variáveis de risco que impactam diretamente no bem-estar psíquico e seu peso preditor, tais como: conflito trabalho-família, menor percepção de possibilidade de desenvolvimento, falta de concentração e persistência, coping evitativo, e depressão. Como protetivas ao bem-estar psíquico: boa saúde geral, domínio psicológico da qualidade de vida e coping focado no problema. Na segunda etapa do estudo (objeto do artigo 2, estudo qualitativo de natureza exploratória), foram realizados três grupos focais dos quais participaram 19 policiais vinculados de forma efetiva ao BOPE, com o intuito de conhecer vivências e percepções no que diz respeito às relações entre seu contexto laboral e mobilização subjetiva. O conjunto dos dados traz o foco para as vivências dos processos de saúde-adoecimento e seus determinantes para essa categoria profissional. Discutiu-se sobre a identidade subjetiva atravessada pelas vivências de trabalho e aspectos grupais, como amizade e sentimentos de sobre humanidade. Os achados dos artigos descrevem um grupo coeso com senso de pertencimento, que tem bons índices de saúde. Propõem-se a contribuir com tais subsídios para a visibilidade de processos de saúde-adoecimento no trabalho, evidenciando a forma como o trabalho de sujeitos que atuam na segurança pública é vivenciada, que é de relevância para toda a sociedade, bem como a discussão sobre o bem-estar no trabalho e a elaboração de políticas públicas nessa direção.
  • Item
    Efeitos da responsividade e da autorrevelação analisados a partir do modelo de conexão social: um estudo experimental
    (2021) Souza, Yasmin Moreira Silva de; Pacheco, Janaína Thaís Barbosa
    A literatura científica vem demonstrando que o baixo senso de conexão social se relaciona à piora na qualidade de vida e ao aumento do risco de mortalidade da população, sendo a conexão social um construto multifatorial relacionado a aspectos fundamentais das interações humanas. Dentre estes aspectos, envolve a presença de um ou mais vínculos íntimos, de uma rede de suporte social satisfatória para momentos de necessidade, e de um senso de pertencimento social a um grupo ou comunidade. O objetivo dessa dissertação foi investigar o efeito da responsividade e da autorrevelação sobre o desenvolvimento de intimidade e de conexão social, bem como a manutenção das alterações ocorridas após duas semanas da intervenção. A dissertação é composta por uma revisão de literatura, com achados empíricos e definições sobre conexão social, intimidade, responsividade, autorrevelação e Psicoterapia Analítica Funcional (FAP); um capítulo que descreve os protocolos de treinamentos desenvolvidos e estudo piloto realizado; e o artigo principal que discute o estudo experimental realizado. O estudo empírico contou com duas condições experimentais: Evocar e Reforçar (ER), Evocar e Autorrevelar (AR), e uma condição controle: Apenas Evocar (AE). Foram incluídas medidas pré e pós-intervenção e follow-up de duas semanas. As interações foram gravadas e posteriormente analisadas, sob o objetivo de avaliar o impacto do comportamento dos Pesquisadores Assistentes (PAs) sobre o comportamento dos participantes de se autorrevelar de maneira mais vulnerável e íntima, ao longo da interação. Devido ao cenário de isolamento social, decorrente da Pandemia de Covid-19, o experimento foi inteiramente adaptado para ser conduzido na modalidade online por vídeo-chamada. Os instrumentos respondidos pelos participantes foram: um questionário sociodemográfico, Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS-21), Social Connectedness Scale Revised (SCS-R), Self-Disclosure Index (SDI), Connectedness Scale-RA-6 itens (CS-RA6) e o Inclusion of Other in the Self Scale (IOS). Os dados das escalas foram coletados de forma online através da plataforma Formulários Google. Para avaliar as gravações das interações foi utilizada a Escala de autorrevelação do participante (EAR). Os resultados indicaram que os participantes designados para as condições experimentais apresentaram aumentos significativos no nível de intimidade e conexão social com os PAs, enquanto os que passaram pelo grupo controle não obtiveram alterações significativas. Na condição AR, este aumento manteve-se significativamente alto mesmo após duas semanas do término do experimento. Deste modo, foi possível dizer que ambas as condições experimentais afetaram o aumento da conexão social do participante com o PA, porém a condição AR demonstrou um impacto mais duradouro sobre a experiência de conexão. Estes achados demonstram a validade de considerar processos testados neste estudo para o desenvolvimento de intervenções que atendam as demandas de conexão social. De forma geral, conclui-se que essa dissertação de mestrado forneceu dados importantes para pesquisas de processo-componente voltadas para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes e contribui para a investigação dos mecanismos de mudança pressupostos pela FAP, bem como para a literatura científica, no que diz respeito ao desenvolvimento de intimidade e conexão social.
  • Item
    Vivências de mulheres com histórico de doença trofoblástica gestacional (DTG)
    (2022) Müller, Karine Paiva; Grzybowski, Luciana Suárez
    A maternidade faz parte do projeto de vida de muitas mulheres. Entretanto, algumas situações podem ocorrer durante a gravidez adiando ou interrompendo esse propósito, como a descoberta da doença trofoblástica gestacional (DTG). Esta doença decorre de uma condição genética anormal e rara da gestação, que pode acometer mulheres de todas as idades em período reprodutivo, sem que haja explicações claras até os dias atuais. Tal situação leva à interrupção da gravidez, trazendo diversas consequências na vida das mulheres. A literatura refere alterações psicológicas decorrentes da perda gestacional, medo da doença e de sua recidiva, angústias em relação ao tratamento e incertezas quanto a uma gravidez futura. No entanto, há uma prevalência de estudos na área referentes ao cuidado biomédico nesta situação, restringindo a compreensão de outros aspectos envolvidos no processo de acompanhamento e eventual tratamento da doença. Frente a este cenário, observa-se uma lacuna que remete à necessidade de realizar estudos com ênfase na dimensão psicossocial desta experiência, com o intuito de compreender o impacto emocional e o enfrentamento desta situação, buscando oferecer uma assistência mais integrativa às pacientes. Assim, este estudo, de caráter qualitativo, descritivo-exploratório e transversal, objetivou conhecer as vivências de mulheres acometidas pela DTG. Realizou-se um estudo com oito mulheres que estão ou estiveram em acompanhamento ou tratamento em um Centro de Referência em DTG de Porto Alegre/RS. As participantes possuíam idade média de 36,1 anos, escolaridade mínima de técnico completo, eram casadas, com perfil social e do estágio da doença heterogêneos. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e de saúde para caracterização das participantes e realizou-se uma entrevista semi-estruturada que abordava questões relativas ao conhecimento sobre a doença, as mudanças percebidas após o diagnóstico, a perda gestacional, o tratamento ou acompanhamento da DTG, os recursos de enfrentamento deste percurso e os aspectos facilitadores e dificultadores desta trajetória, bem como expectativas e planos futuros. A análise temática realizada do material coletado possibilitou a formulação de quatro temas principais, quais sejam: 1) A constelação da maternidade, 2) O percurso da doença, 3) Os impactos emocionais, e 4) Repercussões nos relacionamentos. Foi possível perceber que a DTG gera intenso sofrimento emocional diante dos percalços do plano de gestar, interferindo nas relações interpessoais e profissionais, além de ocasionar mudanças na rotina e nos planos reprodutivos. Observou-se, entre as participantes, a manutenção do desejo da maternidade apesar do transcurso da doença, que tem a marca do desconhecido e do luto pela perda, repercutindo nos relacionamentos conjugais, parentais, sociais e profissionais. A partir do estudo, evidenciou-se a necessidade de qualificar o atendimento multiprofissional da DTG, a partir de uma maior difusão do conhecimento sobre esta doença, bem como das consequências e impactos sobre a gestante e sua família, a fim de fornecer uma assistência integral às pacientes.
  • Item
    Prevalência e fatores associados à automutilação não suicida entre adolescentes da rede pública municipal de Montenegro/RS
    (2019) Mühlen, Mara Cristiane von; Câmara, Sheila Gonçalves
    O surgimento e a crescente prevalência conhecida da automutilação não suicida, seja em contextos clínicos ou não clínicos - é, em parte, um fenômeno de desenvolvimento. Aspectos do comportamento (por exemplo, redução imediata do estresse), o indivíduo (por exemplo , dificuldades que regulam a emoção e o enfrentamento do estresse) e o ambiente (por exemplo, reforço social) durante esse período de desenvolvimento resultaram em sua disseminação. Vários estudos constataram a co-ocorrência entre lesões de automutilação e outras variáveis de interesse, como abusos na infância, relacionamento familiar não satisfatório, estratégias de coping mal-adaptativas e estresse interpessoal. A automutilação não suicida tem atingido altas prevalências em diversos países do mundo, associadas a diversos fatores psicossociais, tornando-a um tema de importância para a saúde pública em âmbito mundial. Esta dissertação aborda o tema mediante dois estudos: (1) busca sistemática da literatura internacional que apresenta uma visão ampla sobre prevalências e fatores associados à automutilação não suicida entre adolescentes de amostras comunitárias, conduzida no mês de abril de 2019, na Web of Science, PsycInfo, Academic Research Complete, Medline Complete e Pubmed, utilizando-se a combinação “nonsuicidal self-injury and adolescents”. Artigos em inglês publicados entre março de 2009 e março de 2019 foram analisados com base em critérios de inclusão/exclusão definidos a priori. Foram selecionados 20 estudos transversais (prevalências de 6,13 a 31,3%) e 20 estudos longitudinais (prevalências de 5,16 a 41,6%, em T1; e, de 5,13 a 46,6%, em T final), sendo os fatores associados classificados em sociodemográficos, individuais e de manejo de problemas e de emoções, psicossociais relacionais e, disposicionais. E, (2) pesquisa empírica, de base escolar, no município de Montenegro, RS, que investigou prevalência de automutilação não suicida e a contribuição de variáveis sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor, escolaridade dos pais, religião, prática da religião e classificação econômica); variáveis individuais e de manejo emoções e de problemas (estratégias de coping e de regulação emocional; variáveis psicossociais relacionais (comunicação com pessoas de referência, estresse interpessoal, maus-tratos e habilidades sociais interpessoais); e variáveis disposicionais (Transtornos mentais comuns e afetos positivos e negativos). A pesquisa foi realizada com adolescentes escolares do quinto ao nono ano do ensino fundamental, matriculados na rede pública municipal (n=878). Foram utilizados: Inquérito sociodemográfico; Critério de Classificação Econômica Brasil; Escala de automutilação não suicida; Questões sobre ideação, planejamento e tentativa de suicídio; General Health Questionnaire – 12 itens; Escala Brasileira de Coping para Adolescentes (versão revisada); Escala de Afetos Positivos e Negativos; Trait meta- mood scale-24; Facilidade de comunicação com as pessoas; Escala de estresse interpessoal; Questionário sobre Traumas na Infância ; e, Escala de habilidades sociais interpessoais. A análise de regressão logística hierárquica demonstrou que apresentam mais chances de automutilação não suicida adolescentes de 13 a 17 anos, de classificação econômica A e B, com ausência de prática religiosa, pouca clareza e pouca reparação emocional, com maior dificuldade na comunicação com pessoas de referência, maior estresse interpessoal, presença de Transtornos mentais comuns e maior experiência de afetos negativos. O estudo visa a subsidiar futuras ações de prevenção e promoção da saúde nessa população.
  • Item
    Experiência interventiva em Grupo Psicoeducativo com Homens Autores de Violência contra a Mulher (GPHAV)
    (2022) Goulart, Anderson Duarte; Boeckel, Mariana Gonçalves
    A violência por parceiro íntimo (VPI) causa danos devastadores à sociedade por meio de uma combinação de fatores: individuais, diádicos, transgeracionais e sobretudo socioculturais. A estrutura patriarcal reforça a desigualdade de gênero e cerceia a liberdade de homens e mulheres violentando-as das mais distintas formas. Devido às amplas proporções do fenômeno é imprescindível que ações interventivas com a população afetada sejam pesquisadas e implementadas por meio de políticas públicas. Dentre elas, destacam-se os grupos reflexivos e psicoeducativos para homens autores de violência. Mediante a complexidade do fenômeno, considera-se fundamental a inclusão dos homens no combate a VPI. Para isso, a presente dissertação objetiva apresentar o protocolo GPHAV-Piloto e descrever sua aplicação em um grupo de homens acusados de violência contra a mulher; assim como analisar a construção transgeracional do uso da violência e da expressão da raiva nessa população. Utiliza-se uma metodologia qualitativa para alcançar ambos objetivos, associada a ferramenta de análise temática reflexiva. Conclui-se que a intervenção proposta no protocolo GPHAV-Piloto demonstrou ser apropriada para a população, promovendo ações que visam a tomada de responsabilidade e reflexão acerca de suas concepções de masculinidade. Também foram identificados quatro temas fundamentais para a discussão do processo de transgeracionalidade da violência: experiência da violência intrafamiliar na família de origem; impactos deletérios transgeracionais da violência; resistência ao uso da violência no dia a dia e reflexões acerca da masculinidade. Esses resultados reforçam a urgência de políticas que contemplem a multifatorialidade do fenômeno a nível social.
  • Item
    Violência/assédio nas relações de trabalho: construção de estratégias de intervenção organizacional
    (2022) Marques, Carolina de Corrêa; Amazarray, Mayte Raya
    A proposição de intervenções relacionadas às situações de violência/assédio em instituições públicas é um desafio. Além da invisibilidade do tema, ainda são poucos os estudos e práticas voltadas para a identificação dos casos e para o tratamento das suas consequências. Esta dissertação é composta por dois artigos e apresenta uma pesquisa-ação realizada em uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) no sul do Brasil. A pesquisa usou como principal instrumento um grupo de discussão para a produção de dados, realizado em sete sessões gravadas em plataforma de vídeo conferência. O primeiro artigo descreve o caminho metodológico percorrido no desenvolvimento da pesquisa-ação, suas etapas, desde a identificação da demanda e a preparação para a entrada no campo da pesquisa até a execução dos encontros e a construção de uma proposta de intervenção como resultado da reflexão-ação do coletivo de trabalhadores. O segundo artigo apresenta os resultados da análise temática do estudo, que teve como objetivo mapear práticas de gestão relacionadas à violência/assédio nas relações de trabalho e propor aos gestores e profissionais da área de gestão de pessoas estratégias de sensibilização para a construção de intervenções organizacionais preventivas e de enfrentamento das situações vivenciadas. As abordagens teórico-metodológicas que fundamentaram esta pesquisa-ação advêm do escopo das Clínicas do Trabalho, nas perspectivas da Psicossociologia e da Psicodinâmica do Trabalho (PDT). Os resultados indicaram que o grupo de discussão foi capaz de promover reflexões críticas coletivamente acerca de suas atividades e da organização do trabalho. A análise coletiva propiciou a emergência de ideias de uma nova configuração para as atividades de trabalho. A experiência compartilhada no estudo também promoveu uma aproximação entre os trabalhadores/setores que desenvolveram estratégias de comunicação e passaram a encontrar referências para suas ações interrelacionadas aos casos de violência/assédio na instituição estudada. Para além dos papeis destes servidores/setores, faz-se necessário o apoio da gestão administrativa nas instituições, de modo a implementar novas formas de organizar o trabalho, para que as ações preventivas e os caminhos para o atendimento dos casos sejam visibilizados e tornados acessíveis para quem busca orientação. Ainda assim, a experiência desenvolvida demonstrou-se “fértil” para que movimentos mais horizontais, ou de iniciativa das equipes, aconteçam. Sugere-se que outros estudos sobre a cultura e as propostas interventivas relacionadas às consequências do assédio moral organizacional possam sinalizar caminhos possíveis, assim como analisar os impactos das intervenções organizacionais propostas.