PPGPSICO - Dissertações
URI Permanente para esta coleção
Navegar
Submissões Recentes
Item Explorando o papel mediador do Mindful Parenting na relação entre ansiedade depressão e estresse parental com problemas de internalização em adolescentes(2023-11-13) Thomas, Carla Gabrielle Oliveira; Pacheco, Janaína Thaís Barbosa; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA parentalidade implica em grandes desafios e o adoecimento emocional pode ser uma consequência. As psicopatologias, como ansiedade e depressão, aumentam as chances de estratégias parentais ineficazes. De uma perspectiva contextual, a flexibilidade psicológica, estratégias de mindfulness e desregulação emocional podem desempenhar um papel importante nesse processo. O presente estudo teve como objetivo investigar se o mindful parenting, a flexibilidade psicológica e a desregulação emocional podem mediar a relação entre os sintomas emocionais e os problemas de internalização em adolescentes. Desse modo, os objetivos específicos foram: Descrever a amostra de pais com relação às variáveis sintomas de depressão, ansiedade e estresse, habilidades de mindfulness, inflexibilidade psicológica e desregulação emocional; Verificar a relação entre sintomas emocionais dos pais e os níveis de comportamentos internalizantes dos filhos; Investigar a associação entre sintomas emocionais dos pais, desregulação emocional, inflexibilidade psicológica parental e comportamentos internalizantes dos filhos. Com isso, avaliou-se a pertinência de um modelo de mediação, apoiado teoricamente nos princípios da Terapia de Aceitação e Compromisso, tendo como hipóteses: 1. A relação entre depressão, ansiedade, estresse parental e os problemas de internalização dos adolescentes é mediada pela inflexibilidade psicológica, desregulação emocional e parentalidade mindful dos pais; 2. Quanto maior a depressão, ansiedade e estresse parental, maiores serão os níveis de comportamentos internalizantes dos filhos; 3. Quanto maiores os níveis de depressão, ansiedade e estresse dos pais, maiores serão as dificuldades de regulação emocional e inflexibilidade parental e, por sua vez, serão maiores os níveis de comportamento internalizantes dos filhos. O estudo utilizou o delineamento observacional com um recorte transversal, examinando nos integrantes da amostra a presença ou ausência dos fatos, participando 231 mães/madrastas ou pais/padrastos de adolescentes, maiores de 18 anos, residentes com adolescentes de 12 a 18 anos. Os pesquisados responderam a um survey on-line contendo um questionário sociodemográfico e as escalas de Interpersonal Mindfulness in Parenting Scale (IMP), Depression, Anxiety and Stress Scale-21 (DASS-21), Acceptance and Action Questionnaire-II (AAQ-II), Difficulties in Emotion Regulation Scale (DERS) e Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). Os resultados demonstraram uma relação direta entre os sintomas de depressão, ansiedade e estresse dos pais com os comportamentos internalizantes dos filhos. O Mindful parenting mediou a relação entre depressão, ansiedade e estresse dos pais com os sintomas internalizantes dos filhos, por outro lado, a inflexibilidade psicológica e desregulação emocional dos pais não atuaram como mediadores nessa relação. No entanto, houve uma correlação positiva entre os comportamentos internalizantes dos filhos e os processos de desregulação emocional e inflexibilidade psicológica dos pais, bem como o mindful parenting foi negativamente correlacionado às demais variáveis. Assim, esses resultados contribuem para a compreensão de como essas variáveis se articulam, bem como para o avanço dos estudos de intervenções com mães e pais de adolescentes, ampliando o conhecimento e as possibilidades da área. Esta dissertação, alinha-se aos trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos em Avaliação Psicológica e Intervenções Comportamentais (NaPsic - UFCSPA) e a Linha de Pesquisa de Fatores de risco e de proteção ao desenvolvimento de psicopatologias em adolescentes e adultos.Item Significados e sentidos do trabalho para lideranças de enfermagem em um hospital de grande porte(2023-12-15) Gieseler, Adriana; Amazarray, Mayte Raya; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA gestão das equipes assistenciais no contexto hospitalar representa um grande desafio, tanto para os trabalhadores quanto para os responsáveis pela direção das instituições hospitalares. O ambiente laboral hospitalar, complexo devido às suas especificidades, caracteriza-se por ser um espaço repleto de sentimentos ambivalentes, tais como ansiedade, frustração, culpa e gratidão. O funcionamento diuturno pelo regime de plantões, a sobrecarga de trabalho, a exposição a riscos ocupacionais, o trabalho fragmentado, a hegemonia da área médica e a hierarquia rígida e vertical também estão presentes e impactam na complexidade do trabalho nas instituições hospitalares. Inseridos neste cenário, estão os trabalhadores da enfermagem, responsáveis por prestar o cuidado integral ao ser humano, desempenhando um papel essencial na promoção da saúde e da vida. Os trabalhadores de enfermagem se reportam às suas lideranças, que no hospital em estudo, são as Chefias de Unidade, responsáveis pela coordenação do trabalho das equipes de enfermagem. Estas chefias são enfermeiras(os) assistenciais, comumente sem experiência anterior em gestão. Assim, ao depararem-se com a posição de liderança, encontram um cenário desafiador, até então não vivenciado. Portanto, esta atividade de trabalho, nova e transformada, possivelmente vem acompanhada de novos significados e sentidos. Diante deste contexto, estruturou-se a presente dissertação, composta por um artigo científico que estudou as atribuições de significados e sentidos do trabalho para lideranças de enfermagem em um hospital público, geral e de grande porte de Porto Alegre/RS. Adotou-se a Psicossociologia e a Psicodinâmica do Trabalho (PDT) como referenciais teóricometodológicos. O instrumento da pesquisa utilizado foi a realização de grupos reflexivos, visando discussão para a produção de dados, que foram tratados a partir da Análise Temática Reflexiva. Os resultados deste estudo destacaram a complexidade das percepções e significados atribuídos ao trabalho pelas lideranças de enfermagem no contexto hospitalar. Essa complexidade é influenciada por diversos fatores, tanto objetivos quanto subjetivos, que têm efeitos na compreensão das atividades profissionais e impactam as esferas laboral e pessoal das lideranças. Aspectos como fragmentação do trabalho, sobrecarga laboral, ritmo acelerado, característicos do ambiente laboral hospitalar, contribuem significativamente na construção dos sentidos e significados do trabalho para as lideranças de enfermagem, gerando sentimentos de ansiedade, frustração, solidão e tensão. Outras questões, como dificuldades nas relações interpessoais, também influenciam na construção de significados e sentidos do trabalho para as Chefias de Unidade. Sentimentos como gratificação e realização foram mais evidenciados naquelas(es) enfermeiras(os) que tinham como planejamento de carreira atuar em cargos de gestão. O aprendizado destacouse como um crescimento nos âmbitos pessoal e profissional, impactando significados e sentidos do trabalho ligados ao prazer e à realização. Os resultados indicaram que os grupos reflexivos (19 enfermeiras(os) líderes participaram de 06 encontros presenciais), promoveram reflexões críticas coletivas acerca das atribuições, da organização do trabalho e dos papéis dessas(es) trabalhadoras(es). Assim, ressalta-se a importância de espaços de fala e discussão grupal cooperativa acerca do trabalho, para que seja possível a construção de um ambiente laboral mais saudável e que promova o encontro de novos significados e sentidos para o trabalho.Item Análise da Conversa em Psicoterapia: investigação microanalítica da construção da intersubjetividade em processos clínicos(2023-12-11) Krüger, Willian Maciel; Stenzel, Lucia Marques; Almeida, Alexandre do Nascimento; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA partir do desenvolvimento das teorias interacionistas aplicadas à Psicologia, a intersubjetividade emerge como categoria analítica útil para qualificação da psicoterapia como evento de constituição social, nos quais os status sociais dos interagentes (incluindo o do terapeuta) e as práticas sociais adotadas emicamente importam para a manutenção da relação institucional e da própria efetividade das intervenções. No intuito de explorarmos as raízes acionais do conceito, este estudo analisou a intersubjetividade estabelecida em cenários psicoterapêuticos focados na população da diversidade sexual e de gênero, ocorridos em uma instituição de formação e ensino de psicoterapia na cidade de Porto Alegre. Inspirados por estudos em âmbito internacional entre Análise da Conversa e Psicoterapia, adotamos a Análise da Conversa (AC) como arcabouço teórico-metodológico. Pelo caráter microetnográfico do modelo investigativo, foi possibilitada a análise êmica dos contextos reais de atendimento. Nossos resultados demonstram que tanto a relação entre os atores da clínica, quanto sua categorização de pertencimento (centradas fundamentalmente no trabalho de faces e na categorização êmica dos selves), modelaram as atuações dos terapeutas como ações promotoras de saúde ou, contrariamente, como meios de reificação de discursos retóricos, por vezes normalizadores. Com este estudo, esperamos ter contribuído para a melhor compreensão êmica e técnica do processo psicoterápico, fortalecendo modelos de pesquisa e de prática profissional embasados em evidências naturalísticas.Item Saúde mental e bem-estar de policiais militares em contexto de treinamento para atuação em operações especiais(2023) Santos, Estefânia Lina dos; Amazarray, Mayte Raya; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeEsta dissertação origina-se de um projeto maior de pesquisa que tem por objetivo estudar o cotidiano laboral, dimensão psicossocial do trabalho, saúde mental e qualidade de vida de policiais militares em formação e efetivos do Batalhão de Operações Especiais do Rio Grande do Sul, sendo de delineamento longitudinal e com método misto (técnicas quantitativas e qualitativas de coleta e análise de dados). No recorte da presente dissertação, objetivou-se estudar a saúde mental e o bemestar de policiais militares que se encontravam realizando o curso de especialização em operações policiais especiais. Trata-se de um estudo no campo no qual atuam profissionais constantemente expostos a situações recorrentes de riscos à integridade, tanto físicos quanto psicológicos. Por atuarem ou estarem em treinamento para atuar em uma unidade de operações especiais, faz-se necessário maior preparo e desenvolvimento de competências específicas. A pesquisa teve como objetivo compreender características psicológicas e psicossociais associadas ao exercício dessa função. Esta dissertação originou dois artigos empíricos. No artigo 1, avaliou-se o efeito da interação de fatores psicológicos e psicossociais ao longo do tempo (pré e pós curso de especialização em operações especiais), entre concluintes e não concluintes. Participaram 74 policiais militares ingressantes no curso. Foram aplicados questionários, instrumentos autoaplicáveis e testes psicológicos padronizados referentes a personalidade, estresse, coping, qualidade de vida e fatores psicossociais.Os resultados mostraram mudanças nas variáveis ao longo do tempo e entre os grupos, principalmente em relação aos fatores psicossociais. A estratégia de enfrentamento predominante foi foco no problema. Os concluintes tiveram melhores escores no domínio psicológico referente a qualidade de vida. Conclui-se que os fatores ambientais, físicos e emocionais se mostraram importantes fatores associados ao término do curso. No artigo 2, objetivou-se identificar características psicológicas de policiais militares vinculados às operações especiais e aqueles em treinamento para essa função. Realizou-se um estudo correlacional, do qual participaram 124 policiais, sendo 50 efetivos do batalhão de operações especiais e 74 em formação para tal. Aplicaram-se os instrumentos: questionário sociodemográfico e laboral, escala de estresse percebido, Coping Orientation to Problems Experienced Inventory (COPE), Escala de Avaliação da Impulsividade e Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Nos resultados constataram-se diferenças significativas entre grupos em 7 itens do BFP. Tais resultados são compreendidos à 9 luz da natureza do trabalho exercido pelo BOPE e, possivelmente, são indicadores psicológicos relevantes acerca da função especializada de operadores especiais no contexto da segurança pública no país. Os resultados podem trazer contribuições significativas acerca do perfil psicológico destes operadores especializados, tal como pode contribuir na ampliação de conhecimento laboral sobre as demandas técnicas e psicológicas que a segurança pública necessita nas atribuições de suas tarefas.Item A Relação Terapêutica em Logoterapia na Modalidade Online: uma Pesquisa EmpíricoFenomenológica(2023) Soriano, Luiz Guedes; Stenzel, Lucia Marques; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA psicoterapia é um método de tratamento psicológico, suportada por um modelo teórico e prático e visa auxiliar os que a buscam a lidar com suas dificuldades, sofrimentos e entendimento sobre si e o mundo. O processo também busca compreender o ser humano e as relações intersubjetivas, sendo tais interações um ponto essencial para a construção humana. A relação terapêutica é apontada como fator comum primordial para o sucesso da psicoterapia. Apesar da importância da relação terapêutica dentro de psicoterapia, pesquisas empíricas específicas dentro do tema são escassas, principalmente se tratando de psicoterapia online, sendo de grande necessidade um aprofundamento na compreensão dos fenômenos que levam a sua construção e manutenção de forma sólida, tendo como foco os processos dentro da Logoterapia. Este estudo investiga a relação terapêutica em processos psicoterápicos online na abordagem da Logoterapia e Análise Existencial. Para tanto, duas duplas terapêuticas foram acompanhadas no período de nove meses por meio de uma investigação empírico-fenomenológica visando a compreensão dos participantes a respeito do processo psicoterápico mediado pelas novas tecnologias de informação. Para geração de dados foi utilizado o instrumento Versão de Sentido, aplicado de forma longitudinal em três momentos, com intervalo de três meses e entrevistas não dirigidas com cada um dos participantes da pesquisa, logoterapeutas e seus pacientes. Os resultados demonstram que a relação terapêutica é ponto primordial para que o processo terapêutico se desenvolva e tenha êxito, não sendo possível o despertar de valores vivenciais sem tal componente. Ao mesmo tempo foi possível identificar que os participantes não notam diferenças negativas entre a psicoterapia offline e online, enquanto identificam a praticidade e rompimento de limites geográficos como pontos positivos que permitem o acesso mais democratizado ao tratamento.Item De quem estamos falando? Descrição dos homens acusados de violência contra a mulher em capital do sul do Brasil(2024) Aires, Andrey da Silva; Boeckel, Mariana Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeHá poucas informações relativas à caracterização no que tange a dados sociodemográficos, de crenças acerca da mulher, sobre o uso da violência como estratégia de resolução de conflitos e de agressividade ligados a homens acusados de Violência por Parceiro Íntimo (VPI) no sul do Brasil. O objetivo deste estudo é caracterizar e associar características destes homens com intuito de conhecer e descrever a população de homens acusados pela Lei Maria da Penha em um Foro Central de uma capital no sul do Brasil. Esta pesquisa conta com 68 participantes e utiliza dados provenientes de um questionário sócio demográfico e escalas para verificação de agressividade, pensamentos distorcidos sobre a mulher e o uso da violência na resolução de conflitos e sobre a atribuição de responsabilidade acerca de seus atos de VPI. Os resultados demonstraram haver associações dos dados sociodemográficos com todas os três construtos observados que afetam o fenômeno da VPI nos participantes, mas destacam-se as associações entre agressividade e faixa etária, agressividade e escolaridade, agressividade e ser religioso, agressividade e número de processos da Lei Maria da Penha com outras mulheres, responsabilidade acerca de suas ações de VPI e número de processos da Lei Maria da Penha com a vítima, responsabilidade acerca de suas ações e escolaridade e pensamentos distorcidos sobre a mulher e uso da violência e tempo de relação com a vítima. Ressalta-se a necessidade de mais estudos para uma descrição mais apurada da população estudada.Item Estudos Psicométricos da Escala de Autoeficácia Geral e da Escala de Autoestima de Rosenberg para Adultos Brasileiros(2023) Cesa, Marcela Lahiguera; Reppold, Caroline Tozzi; Noronha, Ana Paula Porto; Almeida, Leandro da Silva Almeida; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA autoeficácia é entendida como crença do sujeito sobre sua capacidade de produzir efeitos desejados por meio de suas próprias ações. A Escala de Autoeficácia Geral apresenta estrutura unidimensional e consistência interna adequada, se correlacionando positivamente à autoestima, ao otimismo, ao bem-estar e à satisfação com a vida. A autoestima representa um aspecto avaliativo do autoconceito, que faz com que os sujeitos se vejam no mundo como sendo respeitados e valorizados. A Escala de Autoestima de Rosenberg também apresenta estrutura unidimensional e consistência interna adequada, se correlacionado positivamente à satisfação com a vida e à autoeficácia e negativamente à depressão. O presente trabalho tem como objetivo trazer novas evidências das propriedades psicométricas destas duas escalas na população adulta brasileira, apresentando evidências de validade baseadas na estrutura interna e na estimativa de precisão do instrumento e evidências de validade baseadas em variáveis externas. A partir de uma amostra constituída de 4.373 participantes (67,6% do sexo feminino, idade média de 28,85 anos), para o instrumento referente à autoeficácia obteve-se convergência no modelo da análise fatorial confirmatória com 35 iterações, caracterizando um ótimo ajuste ao modelo. Foi observado um coeficiente alfa de Cronbach igual a 0,94, índice que não apresentou melhora com a exclusão de itens. A partir do parâmetro de discriminação dos itens foi possível verificar bom poder de discriminar sujeitos com magnitudes próximas do traço latente da autoeficácia. Já para o instrumento referente à autoestima, com a mesma amostra, obteve-se convergência no modelo da análise fatorial confirmatória com 26 iterações, caracterizando um ótimo ajuste ao modelo. Foi observado um coeficiente alfa de Cronbach igual a 0,92, índice que não apresentou melhora com a exclusão de itens. A partir do parâmetro de discriminação dos itens foi possível verificar que correlacionar os erros dos itens 9 e 10 melhoraria o ajuste do modelo, mas não acarretaria mudança significativa no arranjo do instrumento. Na análise de validade convergente, verificada utilizando os instrumentos Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos, Escala de Orientação da Vida, Escala de Satisfação de Vida, Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse, além das duas escalas citadas anteriormente, a correlação r de Pearson demonstrou correlações estatisticamente significativas da maioria das variáveis externas com a Escala de Autoeficácia Geral e de todas as variáveis com a Escala de Autoestima de Rosenberg. Os resultados encontrados foram coerentes com o que está evidenciado na literatura e ambos os instrumentos demonstraram ser válidos nos aspectos avaliadosItem Concepções sobre violências: Intervenção com homens acusados de violência conjugal(2023-11-24) Goulart, Luana Dos Santos; Boeckel, Mariana Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeOs altos índices de Violência por Parceiro Íntimo (VPI) apontam que se faz necessária a intervenção efetiva para o combate da violência de gênero. A Lei Maria Da Penha tipifica cinco violências: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. O objetivo deste estudo é conhecer e analisar qualitativamente as concepções dos homens acusados de violência contra a mulher, participantes do Grupo Psicoeducativo com Homens Acusados De Violência (GPHAV- versão on-line) de uma capital do Sul do Brasil, acerca da temática violências, pré-intervenção e após. Esta pesquisa conta com 18 participantes, todos homens acusados pela Lei Maria da Penha e utiliza dados provenientes do grupo focal que ocorre pré e pós intervenção. Os resultados demonstram haver uma variação entre os dados coletados entre os dois grupos focais, indicando que após GPHAV, há uma maior compreensão das violências que permeiam as relações, para além da agressão física. Estes resultados indicam que após a aplicação do protocolo, os participantes têm maior conscientização sobre desregulação emocional, reconhecimento da própria dor e empatia com a dor do outro. Ressalta-se a importância de mais estudos para intervenções mais contundentes com homens acusados de violência contra a mulherItem Evidências Iniciais de Efetividade do Grupo Psicoeducativo Online com Homens Autores de Violência contra a Mulher: Um Estudo Qualitativo(2023-01-23) Gomes, Juliana Motta; Boeckel, Mariana Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeProcessos culturais e de socialização possuem um impacto direto na identidade e expressão de gêneros, influenciando percepções e comportamentos de homens e mulheres, de maneiras distintas. Reconhecer esses impactos no trabalho com Homens Autores de Violência (HAV) é extremamente importante para se pensar novas masculinidades e alternativas à violência, que é tão presente e enraizada em nossa cultura e sociedade. O presente estudo objetivou avaliar evidências iniciais de efetividade da versão on-line denominado Grupo Psicoeducativo com Homens Autores de Violência contra a Mulher (GPHAV). Foram realizadas aplicações do GPHAV em 3 grupos distintos e, em cada um, realizou-se grupos focais antes e após a aplicação. No total, participaram do estudo 29 homens. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, exploratório e transversal, que utilizou a Análise Temática como método para avaliar os encontros. Como resultados, obteve-se quatro temas principais: Amor Romântico como referência, Machismo e feminismo, Hierarquias de gênero e O que e como o homem sente?. Percebeu-se, nos encontros pós-intervenção, elementos e concepções diferentes nas falas dos participantes em comparação com os encontros pré-intervenção, que apontam uma maior reflexão e responsabilização sobre tópicos importantes. Destaca-se a relevância deste estudo para as reflexões acerca da temática, reforçando a necessidade da avaliação de intervenções com HAV para que, cada vez mais, novos estudos e intervenções contemplem e compreendam as limitações e potencialidades desta prática.Item Vivências profissionais de auxiliares e técnicos de enfermagem durante o auge da crise pandêmica da COVID-19: interfaces trabalho, relações interpessoais e apoio social(2023-11-28) Santos, Adriana Meneses dos; Amazarray, Mayte Raya; Grzybowski, Luciana Suárez; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA pandemia da COVID-19 impôs uma situação de calamidade global, destacando o papel crucial dos profissionais de enfermagem na linha de frente do combate ao vírus e da assistência à população. Pensando na atuação desses profissionais, esta pesquisa explorou os impactos da pandemia na sua saúde mental, motivada pela necessidade de compreender as consequências psicológicas e sociais ocasionados após o auge da pandemia. Tendo como problema de pesquisa: De que forma os profissionais da área da enfermagem atuantes no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS, perceberam e avaliaram o apoio social e as relações interpessoais no ambiente de trabalho durante e após o auge da pandemia? O objetivo geral consistiu em identificar as vivências socioprofissionais de profissionais de enfermagem que atuam em um pronto atendimento de saúde pública na cidade de Porto Alegre/RS, durante o auge da crise pandêmica, com ênfase no apoio social. Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, com a participação de 10 profissionais da saúde (auxiliares e técnicos de enfermagem) do PACS. Foram aplicados os questionários sociodemográfico, a Escala de Qualidade de Suporte Social (QSG-12), a Escala de Percepção de Suporte Universal (EPSUS) e o World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-bref). Os grupos reflexivos foram realizados em 4 encontros de forma presencial e tiveram duração entre uma hora a uma hora e meia de duração, em horários e dias combinados com a equipe gestora do serviço de saúde. Uma análise temática qualitativa foi utilizada para explorar a profundidade das experiências dos profissionais, revelando três temáticas centrais: vivências da pandemia, precarização do serviço e vulnerabilidade social. Os resultados indicaram um cenário de bem-estar psicológico moderado, com destaque para altos níveis de estresse traumático entre os profissionais de enfermagem. O apoio social percebido emergiu como uma variável significativa na mitigação do impacto do estresse, e as condições de trabalho, como sobrecarga e falta de recursos adequados, também tiveram impactos significativos na saúde desses profissionais. Como conclusão, destaca-se a necessidade de oferecer suporte e cuidado a esses profissionais que enfrentaram desafios significativos na linha de frente da pandemia. A sobrecarga de trabalho, o medo constante e a ausência de apoio social impactaram profundamente a saúde física e mental desses profissionais.Item Formação de identidade profissional, símbolos e rituais no trabalho de policiais militares do Batalhão de Operações Especiais do Rio Grande do Sul(2023-11-10) Somavilla, Rose Andreia; Amazarray, Mayte Raya; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeEssa dissertação apresenta um estudo que investigou a formação de processos identificatórios e o contexto simbólico na construção dos significados e sentidos do trabalho de policiais que atuam como operadores especiais (OE) do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio Grande do Sul, incorporados à tropa nos últimos quatro anos. Essa dissertação apresenta um artigo sobre significados e sentidos do trabalho, transição de identidade, símbolos e rituais para operadores especiais ingressantes no BOPE. Realizou-se um estudo qualitativo, baseado na etnografia, com uso de diário de campo e observação participante, entrevistas individuais semiestruturadas enquanto técnicas de coleta de informações, com 12 policiais incorporados recentemente ao BOPE (2019/2021). Para tratamento de dados, adotou-se análise temática reflexiva, sendo o material empírico compreendido à luz da Psicossociologia do Trabalho. A partir da análise temática, foram produzidos dois temas: “Tornar-se caveira”, com os subtemas tatuagem de caveira; desconstrução do eu-identidade coletiva; e o tema “Sentidos e significados do trabalho dos OE” com os seguintes subtemas: integrar o BOPE; e realização pessoal e profissional, nos quais se evidenciam conteúdos associados à transição para uma nova identidade profissional. Os resultados permitiram entender que, apesar dos momentos de formação em um curso de especialização em operações especiais serem importantes para a profissão de OE, a aprendizagem da função e o processo de construção da identidade coletiva profissional são moldados pela socialização em contexto real de trabalho. Além da experiência que advém da prática profissional no cotidiano do BOPE, contribui decisivamente para o desenvolvimento do compromisso com a profissão, como uma carreira para a vida, e de uma identidade coletiva e atribuindo sentido e significado ao trabalho dos OE. Os estudos com esses grupos especializados têm relevância para os próprios sujeitos, seus gestores e para a sociedade como um todo, que recebe a prestação do serviço públicoItem Concepções de Professores Sobre Comportamento Suicida em Universitários: Avaliação do QPR Gatekeeper Training(2023-12-13) Pierozam, Djúlia Cristine; Antoni, Clarissa de; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO suicídio é um fenômeno humano complexo e universal, considerado um problema grave de saúde pública e uma das principais causas de óbitos mundialmente, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, contemplando, nessa faixa etária, estudantes universitários. Uma estratégia para a prevenção de suicídio neste público é tornar a universidade um ambiente preparado. Assim, o Question, Persuade, Refer (QPR) é o programa mais utilizado para prevenção de suicídio no contexto universitário internacional, com foco em gatekeeper training, o qual compreende três etapas que ensinam como 1) questionar se alguém está pensando em suicídio, 2) como aconselhar alguém a buscar ajuda especializada e 3) fornecer orientações adequadas para a realização de encaminhamento à pessoa em potencial crise suicida para locais apropriados, de maneira em que pode ser utilizado como uma eficaz ferramenta na identificação do comportamento suicida desses estudantes no ambiente acadêmico. Trata-se de estudo qualitativo, transversal, exploratório e descritivo. Tem como objetivo conhecer quais são as concepções sobre comportamento suicida em discentes para os professores de uma universidade pública, após receberem informações e orientações sobre comportamento suicida por meio do treinamento QPR. Participaram deste estudo 10 professoras de uma universidade federal do estado do Rio Grande do Sul, das áreas da saúde (enfermagem, fisioterapia, psicologia, farmácia e nutrição), e da educação (letras, matemática, física e pedagogia), as quais realizaram o treinamento fornecido na universidade. Foi realizada aplicação de um questionário de caracterização e uma entrevista semiestruturada com 26 perguntas semiabertas, divididos em cinco blocos (introdução; conhecimento sobre o tema suicídio; vivência de uma situação de comportamento suicida ou suicídio por um discente; sobre o treinamento QPR e fechamento). Para a análise dos dados foram realizadas as transcrições na íntegra e analisadas por dois juízes, submetendo à análise temática. Foram extraídos três grandes temas e seus subtemas (1. Universidade não fornece suporte - 1.1 Despreparo do docente; 1.2 Necessidades de ações contínuas; 1.3 Adoecimento da comunidade acadêmica. 2. Concepção sobre comportamento suicida - 2.1 Anteriores ao QPR; 2.2 Despertadas após o QPR. 3. QPR como nova possibilidade de ajuda na prevenção de suicídio - 3.1 Habilidade/conhecimento desenvolvido no docente; 3.2 Facilidades do QPR; 3.3 Atualização Gatekeeper; 3.4 Melhorias QPR). Conclui-se que o treinamento QPR é eficaz para instrumentalizar docentes, além disso, aumentou a autoconfiança e autoeficácia dos professores para novos manejos em relação ao comportamento suicida. Entretanto, os docentes revelam que as ações existentes na universidade não são suficientes para lidar com esse fenômeno, e que veem o sofrimento emocional dos alunos relacionado às altas exigências acadêmicas e a autoexigência, evidenciando a necessidade de ações continuadas sobre a temática do suicídio.Item Há algo de diferente nesse amor? Investigando relações amorosas de pessoas com deficiência física e múltipla(2023-11-22) Barth, Marina Camargo; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de deficiência é complexo e tem sido compreendido a partir de perspectivas distintas. O Modelo Social da Deficiência destaca os aspectos sociais que envolvem essa vivência, incluindo o preconceito em diferentes esferas da vida de pessoas com deficiência (PCD), principalmente a amorosa. O amor é um fenômeno subjetivo e individual, embora as relações amorosas sejam atravessadas por características do contexto social, histórico e cultural. A Teoria Triangular do Amor de Sternberg postula diferentes elementos do amor, além de possibilitar a sua mensuração. O desenvolvimento desses elementos pode ser influenciado pela forma como a pessoa avalia subjetivamente o relacionamento, ou seja, pela satisfação amorosa. Neste trabalho buscou-se investigar os elementos do amor e a satisfação com o relacionamento amoroso de PCD física ou sensorial de diferentes regiões do Brasil, bem como averiguar diferenças em relação a essas variáveis entre pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, sensorial ou múltipla) e características sociodemográficas. Neste estudo quantitativo, transversal e correlacional participaram 135 PCD maiores de 18 anos que mantinham um relacionamento amoroso. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos contendo o índice do Impacto da Deficiência, a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) e a versão brasileira e revisada da Escala do Nível de Satisfação com o Relacionamento Amoroso (ENSRA-R). Análises estatísticas descritivas e correlacionais foram realizadas para caracterizar a amostra e verificar associações entre dados sociodemográficos, elementos do amor e satisfação amorosa, bem como realizar comparações entre grupos conforme o tipo de deficiência. Os resultados mostraram a ausência de diferença nos escores dos componentes do amor para PCD de diferentes tipos. Ou seja, independentemente do tipo de deficiência, os elementos da Teoria Triangular do Amor de Sternberg encontram-se presentes nas relações amorosas em escores elevados, indicando uma boa vivência dos mesmos. A amostra também apresentou níveis elevados de satisfação com o relacionamento amoroso e PCD múltipla mostraram-se mais satisfeitas com as suas relações amorosas em comparação aos demais grupos, contrariando a literatura. Além disso, os homens apresentaram maior satisfação com a relação amorosa, assim como participantes com menor escolaridade, corroborando achados da literatura entre pessoas sem deficiência. Por fim, a vivência amorosa e a satisfação com a relação de PCD física e sensorial não se mostraram associadas à orientação sexual, duração do relacionamento, quantidade de filhos e idade de início da vida sexual, mostrando independência do desenvolvimento amoroso frente a esses marcadores sociais. Sendo assim, conclui-se que as PCD investigadas nesse estudo apresentaram um panorama positivo em relação ao amor e à satisfação com a relação amorosa estabelecida, contrariando as representações sociais sobre essas vivências. Salientase a importância de estudos com esse público para ampliar a reflexão sobre o tema do amor entre PCD, devido à importância em suas vidas, e auxiliar na redução das barreiras atitudinais e estigmas que ainda o cercamItem Parto Traumático em Situações de Perda Perinatal: Repercussões no Processo de Luto e na Saúde Mental Materna(2023-10-27) Bard, Bárbara Albasini; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de ‘Parto traumático' é complexo e vem sendo utilizado para descrever experiências de parto que geram consequências físicas e psicológicas negativas para a parturiente e sua família. Uma das situações que podem acarretar uma experiência traumática de parto envolve as perdas perinatais. Neste trabalho compreende-se como perda perinatal a morte do bebê ocorrida a partir da 22ª semana gestacional, no momento do parto ou até sete dias após o parto. No Brasil e na literatura internacional, embora este foco de pesquisa venha se ampliando, ainda pouco se conhece sobre a vivência do parto nessas situações e o quanto essas experiências podem ser traumáticas. Menos ainda tem sido investigado sobre as repercussões dessas experiências de perda e de parto traumático no processo de luto materno, apesar da relevância do tema em termos clínicos e sociais. Diante disso, o objetivo geral desta Dissertação foi compreender o parto traumático em situações de perda perinatal e as suas repercussões na saúde mental materna e no processo de luto. A presente Dissertação está composta por três artigos: um de revisão sistemática da literatura, que teve por objetivo identificar a produção científica recente sobre parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões para as mulheres; um quantitativo, que buscou analisar a saúde mental de mulheres brasileiras que vivenciaram ou não uma experiência de parto traumático associado a uma perda perinatal, especialmente eventuais associações entre a experiência traumática e um diagnóstico de TEPT, Transtorno de Ansiedade e/ou Depressão e Satisfação com o parto; e um qualitativo, no qual foi analisado e comparado o processo de luto de mulheres que sofreram uma perda perinatal e perceberam ou não o parto como traumático. A revisão da literatura indicou a escassez de estudos nacionais e internacionais que abordaram conjuntamente a experiência de parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões no processo de luto. De modo geral, os estudos associaram a experiência de parto nestes casos com a presença de um diagnóstico de TEPT e, apontaram o quanto o atendimento prestado nas maternidades pode ser um fator de risco/proteção em termos de saúde mental para as famílias enlutadas. Já o estudo quantitativo identificou que mulheres que vivenciaram uma perda perinatal e que compreenderam o parto como traumático tenderam a apresentar diagnóstico de TEPT, depressão e/ou ansiedade. Da mesma forma, aquelas que consideraram o atendimento recebido da equipe de saúde na maternidade como violento também tinham mais frequentemente a percepção do parto como traumático e a presença de um diagnóstico de saúde mental. Com relação as análises qualitativas, as mulheres expostas a situações de negligência profissional e que perceberam o parto como traumático tiveram maior dificuldade na vivência do processo de luto, manifesta pela menor facilidade para retomar alguns aspectos de sua vida, maior afastamento da rede de apoio, maior dificuldade para estabelecer um significado para a perda e manter um vínculo contínuo (simbolicamente) com o bebê, assim como referiram mais frequentemente a perda de sentido na vida após a morte do bebê. Entende-se que o maior conhecimento sobre as repercussões da vivência traumática no parto no processo de luto e na saúde mental materna em função de uma perda perinatal, para além de preencher lacunas da literatura científica, promove a desmistificação desses temas, diminuindo a incidência de não reconhecimento do sofrimento parental associado a essas experiências e contribuindo para uma maior qualidade de vida para as mulheres enlutadas.Item A relação terapêutica em atendimento psicoterápico de pacientes no fim da vida(2023-11-03) Nunes, Jéssica de Matos; Stenzel, Lucia Marques; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA morte é um evento do ciclo básico da vida que carrega consigo o paradoxo de se fazer tão presente quanto busca ser afastada do cotidiano. O processo de conscientização sobre a finitude, dessa forma, torna-se momento delicado que pode ser melhor elaborado com acompanhamento psicoterápico. A relação terapêutica estabelecida entre psicólogo e paciente vem sendo apontada como um dos principais fatores relacionados à eficácia do processo estabelecido e envolve, naturalmente, aspectos relacionados ao paciente e ao psicólogo. Considerando a interseção entre o tema da finitude e o processo psicoterápico, o objetivo desse trabalho foi conhecer como se dá a relação terapêutica no contexto do atendimento psicoterápico de paciente em situação de finitude. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura brasileira e uma pesquisa empírica. A revisão da literatura investigou como a relação terapêutica é abordada no atendimento psicológico de pacientes em situação de terminalidade, no Brasil. Os resultados indicaram que o atendimento psicológico de pacientes próximos de sua morte é realizado majoritariamente em ambiente hospitalar e vinculado aos serviços de cuidados paliativos. Nesses trabalhos, a relação terapêutica foi apontada como principal fator responsável pela garantia do atendimento e esteve, principalmente, relacionada às características técnicas e pessoais do psicólogo, apontando para uma compreensão monológica da relação na qual esta é conduzida como responsabilidade do profissional. A pesquisa empírica, por sua vez, realizada com entrevistas a dez psicólogas e analisada por um método empírico-fenomenológico, trouxe informações importantes acerca da experiência da relação terapêutica no atendimento psicoterápico individual de pacientes em processo de finitude. Nesse estudo, as participantes relataram que a relação terapêutica foi vivida como uma experiência peculiar, intensa e dolorosa, além de extremamente afetiva e transformadora em termos pessoais e profissionais. A relação terapêutica foi, também, identificada como o principal recurso do qual as profissionais lançaram mão para acolhimento e apaziguamento dos pacientes, assim como para sua própria elaboração sobre a situação que vivenciavam. A percepção das entrevistadas sobre a experiência relatada concorda com uma concepção dialógica e intersubjetiva da relação, na qual paciente e terapeuta, juntos, constroem o processo psicoterápico e os resultados dele advindos. A ampliação sobre as informações acerca da relação terapêutica levantadas pela pesquisa empírica corroboram a importância desse tipo de dado para uma compreensão atualizada e implicada da psicologia e de seu papel junto ao sujeito e sociedade.Item Maternidade e COVID-19: experiência do processo de internação e parto em Centro de Terapia Intensiva (CTI)(2023-05-19) Rosa, Paula Cristina Silva da; Grzybowski, Luciana Suárez; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeEm dezembro de 2019, surgiram as primeiras pessoas infectadas pela COVID-19 no mundo, e posteriormente, foi decretada uma pandemia, que trouxe impacto na vida pessoal, familiar e social, a partir de restrições, receios, agravos de saúde e perdas. O número de infectados e de óbitos causados pelo vírus cresceu exponencialmente e afetou diferentes grupos populacionais, dentre esses as mulheres grávidas, modificando o ciclo gravídico-puerperal. Este estudo qualitativo, transversal e de caráter retrospectivo teve como principal objetivo pesquisar sobre a experiência da maternidade de gestantes infectadas pela COVID-19, que necessitaram de internação em CTI e que tiveram o nascimento prematuro do seu bebê neste contexto. A coleta de dados ocorreu de forma remota, a partir do preenchimento de uma ficha de dados sociodemográficos e de saúde e da realização de uma entrevista semi-estruturada. A análise temática realizada evidenciou que houve mudanças bruscas nas expectativas relativas à gestação e parto. Emergiram seis temas: infecção por COVID-19 e ruptura do ciclo gestacional esperado; experiência do processo de internação; construção da parentalidade: o vínculo mãe-bebê do hospital aos dias de hoje; a vida que ficou lá fora; estratégias para lidar com o sofrimento; e sequelas pós-COVID e transformações de vida. Os impactos na vida das participantes são diversos e se diferenciam pelo nível de contato emocional com a experiência vivida, o tempo de internação e as sequelas da doença. Evidenciou a importância de uma rede de apoio articulada e presente para dar suporte às demandas decorrentes das mudanças impostas pelo adoecimento e ausência materna temporária. Percebe-se que as participantes buscaram ressignificar essa vivência traumática inicial após a alta hospitalar pela (re)construção do vínculo com o bebê e da rotina familiar e social. A compreensão do impacto da COVID-19 na experiência de gestantes poderá trazer novas estratégias que humanizem e auxiliem a construção do vínculo mãe-bebê em situações de adversidade extrema, bem como, no auxílio da instrumentalização dos profissionais de saúde no atendimento desse públicoItem Síndrome de Burnout em profissionais da Atenção Primária em Saúde na 29a Região de Saúde do Rio Grande do Sul durante a Pandemia da COVID-19(2023) Sant’ Ana, Álvaro Camargo; Câmara, Sheila Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO surgimento da pandemia pela COVID-19 em 2019 ocasionou uma série de mudanças na vida cotidiana ao redor do mundo, incidindo nas mais diversas áreas da atividade humana. O cenário global que foi se configurando teve importantes impactos sociais e econômicos. Um enorme contingente de profissionais e trabalhadores de saúde estiveram envolvidos no combate à COVID-19, especialmente os que atuam na linha de frente. Esses foram submetidos +, o que pôde desencadear, entre outros agravos, a Síndrome de Burnout (SB). Porém, os fatores protetivos, como recursos pessoais e do trabalho, amenizam o surgimento e/ou o agravamento da síndrome. A SB é conceituada como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho que apresenta características como exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional, sendo um fenômeno psicossocial. A pesquisa objetivou estudar a síndrome de Burnout e a relação com as demandas do trabalho e os recursos pessoais e laborais entre trabalhadores da atenção básica em saúde da 29a Região de Saúde do Rio Grande do Sul durante o período pandêmico. A coleta de dados foi online, pela plataforma Google Forms, com tempo estimado de 40 minutos para as respostas. A pesquisa seguiu as conformidades das resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, que visam assegurar os direitos e deveres aos sujeitos da pesquisa. Participaram desta pesquisa de delineamento observacional, analítico, de corte transversal, 290 trabalhadores, de 25 municípios, o que representou uma perda de 2,3 %. Destes, a maioria (85,2 %) era do sexo feminino, com idade média de 37,8 (DP=9,17) anos. Foram avaliados dados sociodemográficos; dados sobre o trabalho; alterações no trabalho durante a pandemia da COVID-19; Questionário Psicossocial de Copenhague I (COPSOQ I); Escala de Autoeficácia Geral Percebida; Questionário de Saúde Geral (QSG-12) e Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT). Os dados foram avaliados mediante análises de regressão linear múltipla. Os resultados apontaram como preditores das dimensões de Burnout tanto fatores de risco como de proteção. As variáveis mais importantes em cada dimensão foram: autoeficácia no trabalho para desilusão, falta de vitalidade no trabalho para desgaste psíquico, sintomas depressivos para indolência e sentido do trabalho para culpa. O impacto da pandemia de COVID só se constituiu em preditor da dimensão de desilusão. É fundamental pensar a atuação em emergências e desastres, bem como a importância da criação de protocolos para o desenvolvimento e atuação de cada profissional, não somente na atenção primária, mas também na atenção secundária e terciária da saúde. Identificou-se a presença de SB em 11,7% dos profissionais da atenção básica em saúde na 29a região de saúde do Rio Grande do Sul.Item Automutilação da adolescência: preditores sociodemográficos, contextuais e socioemocionais(2023-10-02) Marx, Vivian; Câmara, Sheila GonçalvesA adolescência é permeada por intensas vivências, algumas saudáveis e outras potencialmente prejudiciais à saúde. Nesta etapa do desenvolvimento, tornam-se frequentes que os adolescentes se envolvam em alguns comportamentos de risco, dentre estes, encontram-se os comportamentos de automutilação. O desenvolvimento de comportamentos de risco em adolescentes pode ser influenciado por diferentes fatores, tais como, clima familiar, estilos parentais, características comunitárias, habilidades sociais,desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. Todos estes contextos, devem ser avaliados e relacionados para que se possa melhor compreender o surgimento de comportamentos de automutilação na adolescência. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa foi identificar os preditores de comportamentos de automutilação entre adolescentes escolares do Sul do Brasil em termos de clima familiar, recursos desenvolvimentais da comunidade, assertividade, sentimentos relativos ao período de isolamento social pela pandemia COVID-19, desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. O estudo, de base escolar, foi realizado com 303 adolescentes, de 10 a 19 anos, alunos de turmas do 6º, 7º, 8º, 9º e turmas de Avança, de escolas municipais dos municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS. Os instrumentos utilizados foram divididos em quatro blocos: Automutilação, Dados sociodemográficos, Variáveis de contextos de vida e Aspectos socioemocionais. A pesquisa ocorreu mediante anuência das três Secretarias Municipais de Educação dos Municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA. A coleta de dados foi realizada em grupos, nas dependências das escolas, com autorização dos responsáveis por cada escola, mediante assentimento dos participantes e assinatura pelos responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas análises bivariadas entre a variável dependente (automutilação) e as variáveis em estudo, e análises de regressão linear. Os resultados mostraram que 188 adolescentes apresentaram pelo menos um dos comportamentos de automutilação. Os resultados apontaram como fatores de proteção para a automutilação: apego a comunidade, em termos do desenvolvimento positivo, maior conexão e confiança. Adolescentes do sexo feminino e homossexuais estão mais sujeitos à automutilaçãoItem Inserção social na cidade, percepção de qualidade do bairro e senso de comunidade como preditores de bem-estar pessoal entre adolescentes escolares de Porto Alegre, RS(2018) Hanke, Elisa Souza; Câmara, Sheila GonçalvesEsta dissertação está organizada em duas partes. A primeira introduz o referencial sobre bem-estar pessoal na adolescência, bem como os construtos de senso de comunidade, inserção social à cidade e percepção de qualidade do bairro entre nessa população. Trata-se de uma introdução e uma revisão de literatura sobre as temáticas em estudo. A segunda parte consiste na apresentação do artigo empírico escrito a partir dos dados coletados. O objetivo do estudo empírico foi avaliar a inserção social na cidade, a percepção de qualidade do bairro de residência e o senso de comunidade entre adolescentes escolares e sua contribuição para o bem-estar pessoal dessa população. Consiste em um estudo de base escolar, observacional, analítico, com corte transversal, no município de Porto Alegre/RS. A amostra constituiu-se de 119 adolescentes escolares do oitavo ano do ensino fundamental, matriculados na rede pública estadual de Porto Alegre/RS, em 2017. Desses, 58,8% eram do sexo masculino. A idade variou de 12 a 17 anos (M=14,15; DP=1,03) e 50,9% se autodeclararam como brancos. Quanto ao nível de ensino dos pais a média foi de ensino médio incompleto tanto para as mães (M=4,18; DP=1,50) quanto para os pais (M=3,99; DP=1,58). Em termos da classificação econômica, 44% pertenciam à classe B, 40,5% à classe C e 15,5% à classe A. Como instrumentos foram utilizados: Inquérito de dados sociodemográficos; Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB); Escala de Inserção Social à Cidade para Adolescentes (ISCA); Índice de Senso de Comunidade (SCI); Escala de Percepção de Qualidade do Bairro (PQBA) e dimensão de Bem-estar pessoal positivo da Escala Eudemon de Bem-Estar Pessoal (EBP). Os dados foram analisados mediante análise descritiva para caracterização da amostra e das médias dos participantes nos instrumentos em estudo; análise bivariada (correlação de Pearson) para avaliar a relação entre as variáveis em estudo; e análise multivariada (regressão linear múltipla - ARLM), método stepwise, para identificar os preditores de bem-estar pessoal positivo. Foram conduzidas duas ARLM. Na primeira foram considerados como preditores os índices gerais das escalas ISCA, SCI e PQBA. Na segunda, os preditores avaliados foram as dimensões das três escalas que obtiveram p≤0,20 na análise de correlação (SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-Acesso, ISCA-Cordialidade PQBA- Esporte e lazer, PQBA-Locomoção e PQBA-Segurança). A magnitude do efeito de ambos os modelos foi média (variação de R2 =0,227 a R2 =0,261). O primeiro modelo identificado demonstrou a contribuição dos três construtos avaliados, sendo que o senso de comunidade (ß=0,241) foi a variável de maior peso, em termos de importância relativa estandartizada. Os resultados indicaram que quanto mais positivo o senso de comunidade e a percepção de qualidade do bairro, bem como a maior inserção social à cidade, maior o bem-estar pessoal positivo dos adolescentes. O segundo modelo ficou composto pelas variáveis SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-acesso e PQBA-segurança, com maior peso da variável SCI-vínculo positivo com a comunidade (ß=0,316). Verificou-se que quanto mais positivo o vínculo com a comunidade, maior o acesso cidade e mais positiva a percepção de segurança no bairro de residência, maior o bem-estar pessoal positivo. Os dados do estudo demonstram que a cidade, o bairro e o senso de comunidade contribuem para o bem-estar pessoal na adolescência. Além disso, indicam que a participação social dos adolescentes pode contribuir para um presente mais saudável, da mesma forma que um futuro mais promissor para a população brasileira. Sugerem-se outros estudos quantitativos, com amostras maiores, por conglomerados em termos de bairros e cidades, para verificar a estabilidade dos modelos identificados. Da mesma forma, são importantes estudos qualitativos que permitam um maior aprofundamento acerca dos fatores socioambientais e sua repercussão no bem-estar pessoal de adolescentes.Item Trabalho Temporário, Desenvolvimento de Carreira e Bem-estar(2023-06-19) Paz, Gabriel Machado; Vazquez, Ana Claudia Souza; Oliveira, Manoela Ziebell deNo mundo do trabalho contemporâneo acompanhamos mudanças nas composições de trabalho, tendo modificações geralmente associadas a marcos/eventos econômicos e mudanças trabalhistas que buscam promover estratégias com fins político-sociais de redução de custos de contratação e de flexibilidade trabalhista. O trabalho temporário é um modelo de trabalho globalmente difundido e que teve sua aplicação e função alterada desde seu surgimento (Anos 40) até o momento, principalmente a partir da crise de 2008. É uma modalidade que destaca-se pelas características dinâmicas, em constante mudança de ambientes e com contratos por tempo determinado. A população trabalhadora que encontra-se sob esse modelo de trabalho tem tido crescimento e há preocupação, em vista dos prejuízos ao bem-estar identificados, quando comparados a trabalhadores permanentes ou com condições mais estáveis de trabalho. Em duas produções diferentes, um artigo e um capítulo de livro, revisamos a literatura e dissertamos sobre aspectos psicológicos e relacionados ao bem-estar da população de temporários, com foco em discutir principalmente o desenvolvimento de carreira e seu papel nesse âmbito. Na literatura, aponta-se que alguns fatores envolvidos nessa condição ainda são razão de dúvidas em alguns pontos, mas já apresenta-se dados consistentes sobre seguridades sociais, aspectos psicológicos do indivíduo e dados relacionados às condições de trabalho como fatores importantes para a satisfação e condição diversa da curva de menor bem-estar. Utilizamos a abordagem Life Design e do modelo de recursos e demandas de trabalho para nossas análises e falamos mais sobre a aplicação dessas perspectivas no trabalho temporário, destacando o efeito mediador das competências de carreira nos processos de motivação dos trabalhadores. Englobamos mais alguns dados qualitativos sobre carreira nessa população e por fim destacamos o pouco estudo do tema, ainda que já haja indícios de sua conexão com a realização e bem-estar subjetivo dos trabalhadores. A literatura no recorte mostra uma ênfase das pesquisas focando principalmente em aspectos relacionados à adaptação dos trabalhadores (empregabilidade percebida e controle de carreira) a condições de trabalho adversas e têm abordado de forma mais qualitativa aspectos da identidade e desejo dos trabalhadores quanto às suas trajetórias profissionais. Aponta-se a importância de uma articulação entre abordagens e metodologias de pesquisa com essa população, indicando que o desenvolvimento de carreira tem efeitos benéficos na motivação, mas ainda há um grande campo para entender o impacto disso nos processos estressores. É necessário entender mais sobre o poder já identificado das condições de trabalho na promoção de saúde dos trabalhadores temporários e até desenvolver estudos focados em desenvolver teorias e modelos específicos para a compreensão dessa população. Dados coletados em regiões que possuíam condições de trabalho dos temporários semelhantes ou equivalentes às de permanentes, os dados de bem-estar não apresentaram diferença expressiva entre populações. Concluímos apontando algumas corroborações teóricas e achados para essa linha de pesquisa, frisando por fim a emergência de estudos no Brasil e América Latina e que abordem esse recorte de pesquisa, conseguindo aproveitar da literatura já escrita para a elaboração e desenvolvimento metodológico disso.