Há algo de diferente nesse amor? Investigando relações amorosas de pessoas com deficiência física e múltipla

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Data
2023-11-22
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Editor Literário
Resumo
O conceito de deficiência é complexo e tem sido compreendido a partir de perspectivas distintas. O Modelo Social da Deficiência destaca os aspectos sociais que envolvem essa vivência, incluindo o preconceito em diferentes esferas da vida de pessoas com deficiência (PCD), principalmente a amorosa. O amor é um fenômeno subjetivo e individual, embora as relações amorosas sejam atravessadas por características do contexto social, histórico e cultural. A Teoria Triangular do Amor de Sternberg postula diferentes elementos do amor, além de possibilitar a sua mensuração. O desenvolvimento desses elementos pode ser influenciado pela forma como a pessoa avalia subjetivamente o relacionamento, ou seja, pela satisfação amorosa. Neste trabalho buscou-se investigar os elementos do amor e a satisfação com o relacionamento amoroso de PCD física ou sensorial de diferentes regiões do Brasil, bem como averiguar diferenças em relação a essas variáveis entre pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, sensorial ou múltipla) e características sociodemográficas. Neste estudo quantitativo, transversal e correlacional participaram 135 PCD maiores de 18 anos que mantinham um relacionamento amoroso. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos contendo o índice do Impacto da Deficiência, a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) e a versão brasileira e revisada da Escala do Nível de Satisfação com o Relacionamento Amoroso (ENSRA-R). Análises estatísticas descritivas e correlacionais foram realizadas para caracterizar a amostra e verificar associações entre dados sociodemográficos, elementos do amor e satisfação amorosa, bem como realizar comparações entre grupos conforme o tipo de deficiência. Os resultados mostraram a ausência de diferença nos escores dos componentes do amor para PCD de diferentes tipos. Ou seja, independentemente do tipo de deficiência, os elementos da Teoria Triangular do Amor de Sternberg encontram-se presentes nas relações amorosas em escores elevados, indicando uma boa vivência dos mesmos. A amostra também apresentou níveis elevados de satisfação com o relacionamento amoroso e PCD múltipla mostraram-se mais satisfeitas com as suas relações amorosas em comparação aos demais grupos, contrariando a literatura. Além disso, os homens apresentaram maior satisfação com a relação amorosa, assim como participantes com menor escolaridade, corroborando achados da literatura entre pessoas sem deficiência. Por fim, a vivência amorosa e a satisfação com a relação de PCD física e sensorial não se mostraram associadas à orientação sexual, duração do relacionamento, quantidade de filhos e idade de início da vida sexual, mostrando independência do desenvolvimento amoroso frente a esses marcadores sociais. Sendo assim, conclui-se que as PCD investigadas nesse estudo apresentaram um panorama positivo em relação ao amor e à satisfação com a relação amorosa estabelecida, contrariando as representações sociais sobre essas vivências. Salientase a importância de estudos com esse público para ampliar a reflexão sobre o tema do amor entre PCD, devido à importância em suas vidas, e auxiliar na redução das barreiras atitudinais e estigmas que ainda o cercam
Descrição
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre
Palavras-chave
Deficiência, Relações amorosas, [en] Deficiency, [en] Love satisfaction
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