PPGPSICO - Dissertações
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Item A relação terapêutica em atendimento psicoterápico de pacientes no fim da vida(2023-11-03) Nunes, Jéssica de Matos; Stenzel, Lucia Marques; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA morte é um evento do ciclo básico da vida que carrega consigo o paradoxo de se fazer tão presente quanto busca ser afastada do cotidiano. O processo de conscientização sobre a finitude, dessa forma, torna-se momento delicado que pode ser melhor elaborado com acompanhamento psicoterápico. A relação terapêutica estabelecida entre psicólogo e paciente vem sendo apontada como um dos principais fatores relacionados à eficácia do processo estabelecido e envolve, naturalmente, aspectos relacionados ao paciente e ao psicólogo. Considerando a interseção entre o tema da finitude e o processo psicoterápico, o objetivo desse trabalho foi conhecer como se dá a relação terapêutica no contexto do atendimento psicoterápico de paciente em situação de finitude. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura brasileira e uma pesquisa empírica. A revisão da literatura investigou como a relação terapêutica é abordada no atendimento psicológico de pacientes em situação de terminalidade, no Brasil. Os resultados indicaram que o atendimento psicológico de pacientes próximos de sua morte é realizado majoritariamente em ambiente hospitalar e vinculado aos serviços de cuidados paliativos. Nesses trabalhos, a relação terapêutica foi apontada como principal fator responsável pela garantia do atendimento e esteve, principalmente, relacionada às características técnicas e pessoais do psicólogo, apontando para uma compreensão monológica da relação na qual esta é conduzida como responsabilidade do profissional. A pesquisa empírica, por sua vez, realizada com entrevistas a dez psicólogas e analisada por um método empírico-fenomenológico, trouxe informações importantes acerca da experiência da relação terapêutica no atendimento psicoterápico individual de pacientes em processo de finitude. Nesse estudo, as participantes relataram que a relação terapêutica foi vivida como uma experiência peculiar, intensa e dolorosa, além de extremamente afetiva e transformadora em termos pessoais e profissionais. A relação terapêutica foi, também, identificada como o principal recurso do qual as profissionais lançaram mão para acolhimento e apaziguamento dos pacientes, assim como para sua própria elaboração sobre a situação que vivenciavam. A percepção das entrevistadas sobre a experiência relatada concorda com uma concepção dialógica e intersubjetiva da relação, na qual paciente e terapeuta, juntos, constroem o processo psicoterápico e os resultados dele advindos. A ampliação sobre as informações acerca da relação terapêutica levantadas pela pesquisa empírica corroboram a importância desse tipo de dado para uma compreensão atualizada e implicada da psicologia e de seu papel junto ao sujeito e sociedade.Item A Relação Terapêutica em Logoterapia na Modalidade Online: uma Pesquisa EmpíricoFenomenológica(2023) Soriano, Luiz Guedes; Stenzel, Lucia Marques; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA psicoterapia é um método de tratamento psicológico, suportada por um modelo teórico e prático e visa auxiliar os que a buscam a lidar com suas dificuldades, sofrimentos e entendimento sobre si e o mundo. O processo também busca compreender o ser humano e as relações intersubjetivas, sendo tais interações um ponto essencial para a construção humana. A relação terapêutica é apontada como fator comum primordial para o sucesso da psicoterapia. Apesar da importância da relação terapêutica dentro de psicoterapia, pesquisas empíricas específicas dentro do tema são escassas, principalmente se tratando de psicoterapia online, sendo de grande necessidade um aprofundamento na compreensão dos fenômenos que levam a sua construção e manutenção de forma sólida, tendo como foco os processos dentro da Logoterapia. Este estudo investiga a relação terapêutica em processos psicoterápicos online na abordagem da Logoterapia e Análise Existencial. Para tanto, duas duplas terapêuticas foram acompanhadas no período de nove meses por meio de uma investigação empírico-fenomenológica visando a compreensão dos participantes a respeito do processo psicoterápico mediado pelas novas tecnologias de informação. Para geração de dados foi utilizado o instrumento Versão de Sentido, aplicado de forma longitudinal em três momentos, com intervalo de três meses e entrevistas não dirigidas com cada um dos participantes da pesquisa, logoterapeutas e seus pacientes. Os resultados demonstram que a relação terapêutica é ponto primordial para que o processo terapêutico se desenvolva e tenha êxito, não sendo possível o despertar de valores vivenciais sem tal componente. Ao mesmo tempo foi possível identificar que os participantes não notam diferenças negativas entre a psicoterapia offline e online, enquanto identificam a praticidade e rompimento de limites geográficos como pontos positivos que permitem o acesso mais democratizado ao tratamento.Item Adaptação e validação da Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes(Wagner Wessfll, 2019) D'Azevedo, Luiza Santos; Reppold, Caroline Tozzi; Noronha, Ana Paula PortoO objetivo dessa pesquisa foi adaptar a Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes, e investigar as evidências de validade baseada em conteúdo e em estrutura interna e a estimativa de precisão do instrumento. O público alvo do estudo incluiu a faixa etária de oito a 13 anos e 11 meses de idade. O processo foi dividido em três etapas. Na primeira, foi analisado o conhecimento dos participantes sobre termos que designam forças de caráter. Na segunda etapa, buscou-se adaptar a escala e encontrar evidências de validade baseada em conteúdo. Na terceira etapa, o objetivo foi encontrar evidências de validade de estrutura interna e investigar estimativa de precisão do instrumento. Na etapa inicial, através de entrevistas semiestruturadas (n=17), objetivou-se compreender como os participantes percebiam que as forças eram expressas em comportamentos. As entrevistas foram transcritas e as falas foram categorizadas através de análise de conteúdo. As forças mais facilmente definidas e que tiveram exemplos mais coerentes dados pelas crianças e adolescentes foram criatividade, curiosidade, amor ao aprendizado, honestidade, amor, bondade, trabalho em equipe, perdão e esperança. Os resultados apontaram a necessidade de adaptação de alguns termos referentes às forças de caráter, tornando-os mais acessíveis para crianças e adolescentes. O estudo possibilitou o entendimento de como esses participantes percebem a expressão das forças e auxiliou na adaptação da escala. Na segunda etapa, a fim de encontrar evidências de validade baseada em conteúdo, a escala foi adaptada com base na literatura da área e foram consultados juízes experts (n=2) para que indicassem qual força cada item estava medindo. Ademais, quatro juízes experts foram consultados para que avaliassem a linguagem e a pertinência do conteúdo de cada item. Após isso, realizou-se uma avaliação com a faixa etária de sete a 13 anos de idade (n=11), em que a escala era aplicada individualmente e questionou se o quanto compreendiam cada item. Foram feitas as devidas alterações nos itens apontados pelos juízes como inadequados e reformulados os itens que as crianças e adolescentes não compreenderam ou tiveram dificuldade de responder. Nessa etapa, a Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes incluiu 70 itens, sendo que cada força era medida por três itens e as forças apreciação da beleza e perspectiva eram medidas por dois itens. Ao final da segunda etapa, foi feito um estudo piloto com crianças de oito a dez anos de idade (n=18). Na terceira etapa, buscou-se encontrar evidências de validade de estrutura interna e fidedignidade. A Escala foi respondida por 513 crianças e adolescentes de oito a dezesseis anos de escolas públicas da região metropolitana de Porto Alegre (M=10,3; D.P.=1,5). O alfa de Cronbach obtido foi igual a 0,92. A primeira Análise Fatorial Exploratória indicou que os itens referentes a perdão e a liderança tiveram carga fatorial menor que 0,3, sendo retirados do instrumento final. Após a retirada desses itens, a melhor solução foi unifatorial, obtendo 39,6% da variância explicada. A versão final do instrumento resultou em 64 itens, respondidos por escala Likert de 5 pontos (0= “nada a ver comigo” a 4= “tudo a ver comigo”). Sugere-se o aprimoramento da Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes e a busca de evidências de validade baseada em variáveis externas. Este é o primeiro instrumento que mede forças de caráter validado para a faixa etária no Brasil e pode ser utilizado para avaliação dessa faixa etária em futuras intervenções em diferentes contextos.Item Análise da Conversa em Psicoterapia: investigação microanalítica da construção da intersubjetividade em processos clínicos(2023-12-11) Krüger, Willian Maciel; Stenzel, Lucia Marques; Almeida, Alexandre do Nascimento; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA partir do desenvolvimento das teorias interacionistas aplicadas à Psicologia, a intersubjetividade emerge como categoria analítica útil para qualificação da psicoterapia como evento de constituição social, nos quais os status sociais dos interagentes (incluindo o do terapeuta) e as práticas sociais adotadas emicamente importam para a manutenção da relação institucional e da própria efetividade das intervenções. No intuito de explorarmos as raízes acionais do conceito, este estudo analisou a intersubjetividade estabelecida em cenários psicoterapêuticos focados na população da diversidade sexual e de gênero, ocorridos em uma instituição de formação e ensino de psicoterapia na cidade de Porto Alegre. Inspirados por estudos em âmbito internacional entre Análise da Conversa e Psicoterapia, adotamos a Análise da Conversa (AC) como arcabouço teórico-metodológico. Pelo caráter microetnográfico do modelo investigativo, foi possibilitada a análise êmica dos contextos reais de atendimento. Nossos resultados demonstram que tanto a relação entre os atores da clínica, quanto sua categorização de pertencimento (centradas fundamentalmente no trabalho de faces e na categorização êmica dos selves), modelaram as atuações dos terapeutas como ações promotoras de saúde ou, contrariamente, como meios de reificação de discursos retóricos, por vezes normalizadores. Com este estudo, esperamos ter contribuído para a melhor compreensão êmica e técnica do processo psicoterápico, fortalecendo modelos de pesquisa e de prática profissional embasados em evidências naturalísticas.Item Aspectos emocionais associados à qualidade de vida de pacientes adultos após a alta da unidade de terapia intensiva(2018) Souto, Viviane de Freitas; Levandowski, Daniela Centenaro; Teixeira, CassianoPacientes hospitalizados críticos necessitam de cuidados intensivos e serviços constantes e especializados, devido à gravidade de sua condição física. Com frequência estes pacientes apresentam repercussões psicológicas e piora na qualidade de vida (QV). Nesse estudo, derivado de um projeto de pesquisa maior, investigou-se aspectos emocionais desses pacientes após a alta da UTI, tendo como foco a QV. No Estudo 1, multicêntrico, de coorte prospectiva, foram avaliados, em 377 pacientes adultos, até 12 meses após a alta, aspectos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático (TEPT) e QV, bem como eventuais associações entre esses aspectos e dados clínicos e sociodemográficos, particularmente a idade em que a internação ocorreu. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Os resultados indicaram depressão, ansiedade e TEPT como determinantes para a piora da QV, mas não a idade em que ocorreu a internação. Ficou evidente a importância da assistência psicológica durante e após a internação na UTI, para promover uma melhor QV desses pacientes. Já no Estudo 2, qualitativo, de cunho exploratório-descritivo, foram investigados, em 9 pacientes adultos, após três meses da alta, os aspectos emocionais que, na visão dos pacientes, facilitaram e dificultaram a internação e a QV após a internação na UTI, a partir de uma narrativa produzida sobre sua vida antes, durante e após a internação. As narrativas foram analisadas por meio de análise de conteúdo de Bardin. Dentre os aspectos que facilitaram a internação, os participantes mencionaram o apoio da equipe de saúde, os cuidados e os recursos tecnológicos disponíveis, bem como o apoio da família, na internação e após a alta. Também foi citado como facilitador a capacidade de adaptação dos pacientes à situação de doença e hospitalização. Entre os aspectos dificultadores, destacaram-se as mudanças de rotina e ambiente, a perda de autonomia, os medos e desconfortos diante da doença e dos procedimentos e exames médicos e, ainda, a surpresa diante da internação, o que despertou fantasias e incertezas. De modo geral, a Dissertação aponta que, na vida adulta, independentemente da idade, a experiência de internação na UTI é impactante, por ser marcada pelo desamparo e por urgências psicológicas que podem levar ao surgimento de ansiedade, depressão e TEPT e acarretar uma piora na QV dos indivíduos após a alta, considerando-se as repercussões sobre a sua autonomia. Percebe-se a importância da atenção das equipes de saúde sobre os aspectos emocionais facilitadores e dificultadores da internação em UTI para a promoção de uma melhor QV dos pacientes durante a hospitalização e após a alta.Item Automutilação da adolescência: preditores sociodemográficos, contextuais e socioemocionais(2023-10-02) Marx, Vivian; Câmara, Sheila GonçalvesA adolescência é permeada por intensas vivências, algumas saudáveis e outras potencialmente prejudiciais à saúde. Nesta etapa do desenvolvimento, tornam-se frequentes que os adolescentes se envolvam em alguns comportamentos de risco, dentre estes, encontram-se os comportamentos de automutilação. O desenvolvimento de comportamentos de risco em adolescentes pode ser influenciado por diferentes fatores, tais como, clima familiar, estilos parentais, características comunitárias, habilidades sociais,desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. Todos estes contextos, devem ser avaliados e relacionados para que se possa melhor compreender o surgimento de comportamentos de automutilação na adolescência. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa foi identificar os preditores de comportamentos de automutilação entre adolescentes escolares do Sul do Brasil em termos de clima familiar, recursos desenvolvimentais da comunidade, assertividade, sentimentos relativos ao período de isolamento social pela pandemia COVID-19, desenvolvimento positivo na adolescência e bem-estar multidimensional. O estudo, de base escolar, foi realizado com 303 adolescentes, de 10 a 19 anos, alunos de turmas do 6º, 7º, 8º, 9º e turmas de Avança, de escolas municipais dos municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS. Os instrumentos utilizados foram divididos em quatro blocos: Automutilação, Dados sociodemográficos, Variáveis de contextos de vida e Aspectos socioemocionais. A pesquisa ocorreu mediante anuência das três Secretarias Municipais de Educação dos Municípios de Pareci Novo, Bom Princípio e Tupandi/RS e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA. A coleta de dados foi realizada em grupos, nas dependências das escolas, com autorização dos responsáveis por cada escola, mediante assentimento dos participantes e assinatura pelos responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas análises bivariadas entre a variável dependente (automutilação) e as variáveis em estudo, e análises de regressão linear. Os resultados mostraram que 188 adolescentes apresentaram pelo menos um dos comportamentos de automutilação. Os resultados apontaram como fatores de proteção para a automutilação: apego a comunidade, em termos do desenvolvimento positivo, maior conexão e confiança. Adolescentes do sexo feminino e homossexuais estão mais sujeitos à automutilaçãoItem Autorregulação emocional associada a construtos da Psicologia Positiva e Distress Psicológico em universitários da área da saúde durante a pandemia COVID-19(2022) Rech, Maurício; Reppold, Caroline Tozzi; Calvetti, Prisla Ücker ; Rech, Carolina Garcia Soares LeãesA autorregulação emocional é um fator transdiagnóstico relevante para o desenvolvimento humano, capaz de minimizar dificuldades emocionais diante de eventos tristes e que pode ser útil, especialmente, em tempos de adversidades como o da pandemia COVID-19 considerando seu impacto negativo na saúde mental de estudantes universitários. O presente estudo teve como objetivo avaliar a autorregulação emocional em universitários da área da saúde do Brasil e sua relação com construtos da Psicologia Positiva (bem-estar subjetivo, esperança, otimismo, espiritualidade, autocompaixão e autoeficácia) e ao distress psicológico (depressão, ansiedade e estresse). Trata-se de estudo observacional, transversal, prospectivo e analítico que avaliou 1.062 estudantes universitários de cursos de graduação da área da saúde de universidades do Brasil, via questionários eletrônicos autoaplicados. Dos participantes, 837 (78,8%) respondentes declararam-se mulheres, 213(20,1%) homens e 12(1,1%) outros. Os escores de desregulação foram significativamente maiores no sexo feminino em relação ao sexo masculino (21,85 ±8,83 x 18,46 ±8,99, p=0<001). Alunos dos anos iniciais apresentaram escores de desregulação significativamente maiores que os dos anos finais (21,99 ±8,85 x 20,64 ±9, com p=0,015). Realizou-se regressão linear múltipla e se encontrou modelo que explica 71,8% da variabilidade da desregulação emocional. A desregulação emocional apresentou correlação significativamente negativa com todos os construtos da Psicologia Positiva e positiva com distress psicológico. Os resultados indicaram que os construtos autocompaixão, otimismo e bem-estar subjetivo foram os que mais contribuíram para minimização de dificuldades emocionais e que cuidados com a saúde mental, especificamente para a diminuição do distress psicológico, qualificam a capacidade de regulação emocional em universitários.Item Avaliação de autocompaixão e aspectos emocionais em universitários da área da saúde(Wagner Wessfll, 2020) Ballejos, Kellen Greff; Oliveira, Mônica Maria Celestina de; Reppold, Caroline TozziO ingresso no curso superior envolve adaptação a mudanças, as quais podem acarretar sintomas de ansiedade, depressão e estresse, principalmente nos cursos da área da saúde. Os aspectos emocionais podem ser minimizados de acordo com a percepção de autocompaixão - a capacidade compassiva voltada ao próprio indivíduo. O presente estudo objetivou avaliar os sintomas de estresse, ansiedade e depressão em universitários, relacionando-os com o índice de autocompaixão. Foi realizado um estudo transversal de abordagem quantitativa. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, a coleta de dados foi realizada de forma online, através da plataforma REDCap, com dois instrumentos psicométricos validados (DASS-21 e a Escala de Autocompaixão) e questões sociodemográficas. A amostra foi composta por 121 universitários da área da saúde, do primeiro e segundo ano de cursos de graduação de uma universidade pública do Rio Grade do Sul, sendo a maioria do sexo feminino (67,7%), residentes de Porto Alegre ou região metropolitana (95,8%) e que revelaram ter histórico de acompanhamento psicológico antes de ingressar na universidade (57,8%). Observamos que à medida que aumentam os níveis de estresse, ansiedade e depressão, diminuem os índices de autocompaixão. A avaliação dos aspectos emocionais de acadêmicos no início de um curso de graduação pode ser uma importante estratégia para os núcleos de apoio das universidades se organizarem para atender as demandas do seu corpo discente. O presente estudo contribui para uma melhor compreensão da relação da autocompaixão com sintomas de ansiedade, depressão e estresse, podendo ser a base para o desenvolvimento de intervenções pontuais que impactem a trajetória dos graduandos.Item Burnout e esperança disposicional em profissionais no Equador(Wagner Wessfll, 2022) Solórzano, Andrea Marilin Vinueza; Vazquez, Ana Claudia SouzaResumo embargado.Item Características da parentalidade e suporte social em famílias de crianças com fissura labiopalatina(Wagner Wessfll, 2020) Silveira, Vanessa dos Santos; Grzybowski, Luciana SuárezA parentalidade engloba um conjunto de atividades que proporcionam o desenvolvimento global e a sobrevivência da criança, possuindo relação com as características do casal e a história familiar de cada um dos pais. A tarefa parental exige que os pais e as mães desenvolvam novas respostas emocionais, cognitivas e comportamentais para suprir as demandas de cuidado, afeto e educação de uma criança, proporcionando o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos. Todas estas expectativas e adaptações que o nascimento de uma criança na família proporciona, tem outras especificidades quando o filho nasce com alguma malformação. Este momento torna o processo parental ainda mais desafiador. Com o objetivo de verificar as características da parentalidade e o suporte social em famílias de crianças com fissura labiopalatina, realizou-se um estudo quantitativo, transversal e correlacional num ambulatório público de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa, 33 sujeitos, sendo 17 mães e 16 pais de crianças entre 1 e 8 anos em tratamento no ano de 2019. Foram aplicados um questionário sociodemográfico e de questões de saúde da criança, o Alabama Parenting Questionnaire, a Escala de Estresse Parental e a Escala de Percepção do Suporte Social. Observou-se que a maioria dos pais e das mães tem um nível insuficiente de práticas parentais positivas e um baixo envolvimento parental, além de indicar a presença de estresse parental em metade da amostra. Porém, ainda assim, a maioria demonstrou satisfação com o papel parental e um alto nível de comprometimento com o tratamento de seus filhos(as). O suporte social percebido por essas famílias, que inclui familiares, vizinhos e amigos, demonstrou ser uma fonte importante de apoio emocional para os pais e as mães destas crianças, que revelaram sentir-se apoiados pela mesma. Dessa forma, os resultados sugerem que, como cuidadores principais, estes pais e mães estão expostos à sobrecarga e maior estresse devido às demandas de cuidado vividas por estas famílias, apesar de sentirem um respaldo de apoio social. Pensar em estratégias de fortalecimento do vínculo parental e redução do estresse decorrente do excesso de demandas com os filhos são fundamentais para ampliar o cuidado com esta população, englobando aspectos psicossociais na abordagem com as famílias de crianças com fissura labiopalatina.Item Características Psicológicas de Policiais Militares que Perderam o Porte de Arma(2023) Conceição, Denise Bischoff Portella; Serafini, Adriana Jung; Schneider , Andreia Mello de AlmeidaA segurança pública é um setor de suma importância para a sociedade devido ao seu compromisso de garantir o cumprimento da lei e que a ordem social seja mantida com o mínimo possível de conflitos, protegendo os indivíduos, o patrimônio público e privado de sofrer qualquer espécie de atentado à integridade física ou estrutural. Para isso, as instituições de segurança pública devem contar com um efetivo preparado para exercer seu papel perante a sociedade, o que cria elevadas expectativas sobre esses profissionais. Nesse sentido, observa-se a importância de entender quais são as características psicológicas associadas a aspectos de vulnerabilidade a atuações não adaptativas de agentes da segurança pública. Assim, o presente estudo objetivou conhecer as características psicológicas de um grupo de policiais militares que apresentaram condutas mal-adaptativas e perderam o porte de arma. A pesquisa foi desenvolvida a partir de um estudo retrospectivo documental, realizado através dos dados de prontuários de 10 policiais militares que foram encaminhados pela Junta de Saúde, de um hospital militar no Rio Grande do Sul, para serem avaliados pelo serviço de psicologia.O estudo tomou como base a análise dos dados sociodemográficos e os resultados dos testes psicológicos que avaliaram a personalidade, a capacidade de atenção concentrada, a memória imediata, a percepção, o planejamento e a execução. Os instrumentos selecionados faziam parte da bateria de testes psicológicos utilizados nas avaliações psicológicas desses sujeitos, sendo eles a Bateria de Provas de Atenção (BPA), o Teste de Figuras Complexas de Rey (FCR) e o Rorschach – Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS). Os dados obtidos através desses instrumentos foram submetidos a tratamento estatístico por meio do programa SPSS versão 22.0. Embora não seja possível generalizar os resultados ao universo dos policiais militares, ou mesmo de todos aqueles que perderam o porte de arma, observaram-se aspectos em comum entre os participantes da pesquisa. Os resultados denotam, sobretudo, prejuízos cognitivos, perturbações do pensamento, problemas com a percepção da realidade, impulsividade e dificuldade de relacionamento interpessoal. Tais aspectos parecem estar diretamente relacionados à manifestação de condutas mal-adaptativas e consequentemente com a perda do porte de arma no grupo avaliado.Item Comportamento de procrastinar e a inflexibilidade psicológica: um estudo correlacional e de mediação(Wagner Wessfll, 2021) Bischoff, Franciele; Pacheco, Janaína Thaís BarbosaA procrastinação possui uma alta prevalência entre estudantes universitários, representando um dos principais fatores que prejudica o andamento e a performance das atividades acadêmicas dos estudantes. A literatura apresenta uma forte correlação entre a procrastinação e os transtornos psicológicos como a depressão, a ansiedade e o estresse, impactando, portanto, na saúde mental dos indivíduos. Além disso, a procrastinação, a depressão, a ansiedade e o estresse também estão relacionados à inflexibilidade psicológica, modelo de psicopatologia transdiagnóstico proposto pela Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Esse modelo, composto por seis processos psicológicos (Atenção desconectada do momento presente, desconexão com valores, falta de ação direcionada a valores, fusão cognitiva, fusão com self conceitualizado e esquiva experiencial) propõe um padrão de comportamento controlado pelas experiências internas e por tentativas de esquiva das experiências desconfortáveis, às custas de ações mais efetivas e mais significativas na vida do indivíduo, com restrição no repertório comportamental. O procrastinar, então, pode ser entendido como uma forma de esquiva experiencial. A procrastinação ainda foi pouco estudada no contexto universitário Brasileiro, mesmo com o crescimento recente nas pesquisas da temática. O artigo presente nesta dissertação se propôs a investigar a relação entre depressão, ansiedade, estresse, Inflexibilidade Psicológica e a procrastinação numa amostra de 309 estudantes universitários brasileiros, de graduação e pós-graduação, e avaliar o papel mediador da inflexibilidade psicológica na relação entre depressão, a ansiedade e o estresse no nível de procrastinação. A coleta foi realizada on-line, através do preenchimento de um questionário sociodemográfico, escalas de autorrelato de depressão, ansiedade e estresse (DASS-21), procrastinação (PPS) e inflexibilidade psicológica (AAQ-II). Como resultados, encontrou-se uma relação positiva entre a procrastinação e as demais variáveis no contexto universitário brasileiro. Além disso, a inflexibilidade psicológica foi uma variável mediadora na relação entre (1) a depressão e a procrastinação; (2) a ansiedade e a procrastinação; (3) o estresse e a procrastinação; com variabilidade explicada de 33,53% (1), 30.56% (2) e 35.95% (3). Esses achados subsidiam a construção de intervenções que busquem trabalhar repertórios de flexibilidade psicológica a fim de redução da procrastinação nos estudantes e permitir que estes possam desenvolver novos repertórios comportamentais mais adaptativos dentro de seus contextos para realizarem tarefas que lhes são importantes, mesmo na presença de dificuldades.Item Concepções de Professores Sobre Comportamento Suicida em Universitários: Avaliação do QPR Gatekeeper Training(2023-12-13) Pierozam, Djúlia Cristine; Antoni, Clarissa de; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO suicídio é um fenômeno humano complexo e universal, considerado um problema grave de saúde pública e uma das principais causas de óbitos mundialmente, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, contemplando, nessa faixa etária, estudantes universitários. Uma estratégia para a prevenção de suicídio neste público é tornar a universidade um ambiente preparado. Assim, o Question, Persuade, Refer (QPR) é o programa mais utilizado para prevenção de suicídio no contexto universitário internacional, com foco em gatekeeper training, o qual compreende três etapas que ensinam como 1) questionar se alguém está pensando em suicídio, 2) como aconselhar alguém a buscar ajuda especializada e 3) fornecer orientações adequadas para a realização de encaminhamento à pessoa em potencial crise suicida para locais apropriados, de maneira em que pode ser utilizado como uma eficaz ferramenta na identificação do comportamento suicida desses estudantes no ambiente acadêmico. Trata-se de estudo qualitativo, transversal, exploratório e descritivo. Tem como objetivo conhecer quais são as concepções sobre comportamento suicida em discentes para os professores de uma universidade pública, após receberem informações e orientações sobre comportamento suicida por meio do treinamento QPR. Participaram deste estudo 10 professoras de uma universidade federal do estado do Rio Grande do Sul, das áreas da saúde (enfermagem, fisioterapia, psicologia, farmácia e nutrição), e da educação (letras, matemática, física e pedagogia), as quais realizaram o treinamento fornecido na universidade. Foi realizada aplicação de um questionário de caracterização e uma entrevista semiestruturada com 26 perguntas semiabertas, divididos em cinco blocos (introdução; conhecimento sobre o tema suicídio; vivência de uma situação de comportamento suicida ou suicídio por um discente; sobre o treinamento QPR e fechamento). Para a análise dos dados foram realizadas as transcrições na íntegra e analisadas por dois juízes, submetendo à análise temática. Foram extraídos três grandes temas e seus subtemas (1. Universidade não fornece suporte - 1.1 Despreparo do docente; 1.2 Necessidades de ações contínuas; 1.3 Adoecimento da comunidade acadêmica. 2. Concepção sobre comportamento suicida - 2.1 Anteriores ao QPR; 2.2 Despertadas após o QPR. 3. QPR como nova possibilidade de ajuda na prevenção de suicídio - 3.1 Habilidade/conhecimento desenvolvido no docente; 3.2 Facilidades do QPR; 3.3 Atualização Gatekeeper; 3.4 Melhorias QPR). Conclui-se que o treinamento QPR é eficaz para instrumentalizar docentes, além disso, aumentou a autoconfiança e autoeficácia dos professores para novos manejos em relação ao comportamento suicida. Entretanto, os docentes revelam que as ações existentes na universidade não são suficientes para lidar com esse fenômeno, e que veem o sofrimento emocional dos alunos relacionado às altas exigências acadêmicas e a autoexigência, evidenciando a necessidade de ações continuadas sobre a temática do suicídio.Item Concepções sobre violências: Intervenção com homens acusados de violência conjugal(2023-11-24) Goulart, Luana Dos Santos; Boeckel, Mariana Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeOs altos índices de Violência por Parceiro Íntimo (VPI) apontam que se faz necessária a intervenção efetiva para o combate da violência de gênero. A Lei Maria Da Penha tipifica cinco violências: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. O objetivo deste estudo é conhecer e analisar qualitativamente as concepções dos homens acusados de violência contra a mulher, participantes do Grupo Psicoeducativo com Homens Acusados De Violência (GPHAV- versão on-line) de uma capital do Sul do Brasil, acerca da temática violências, pré-intervenção e após. Esta pesquisa conta com 18 participantes, todos homens acusados pela Lei Maria da Penha e utiliza dados provenientes do grupo focal que ocorre pré e pós intervenção. Os resultados demonstram haver uma variação entre os dados coletados entre os dois grupos focais, indicando que após GPHAV, há uma maior compreensão das violências que permeiam as relações, para além da agressão física. Estes resultados indicam que após a aplicação do protocolo, os participantes têm maior conscientização sobre desregulação emocional, reconhecimento da própria dor e empatia com a dor do outro. Ressalta-se a importância de mais estudos para intervenções mais contundentes com homens acusados de violência contra a mulherItem Coparentalidade em famílias nucleares: estudo qualitativo das percepções de pais e filhos(Wagner Wessfll, 2022) Moraes, Ana Carolina Peixoto Silveira; Boeckel, Mariana Gonçalves; Grzybowski, Luciana SuárezA coparentalidade vem sendo cada vez mais reconhecida como um elemento crucial da relação interparental que impacta a saúde e o bem-estar de todo o sistema familiar. Além da influência na saúde e no ajustamento dos filhos, o funcionamento da relação coparental está associado à parentalidade e às relações entre pais e filhos, à qualidade da relação conjugal e à satisfação dos cônjuges com o funcionamento geral da dupla. Diante da importância dessa relação para a saúde de todo o sistema familiar, torna-se importante conhecer as percepções dos pais em relação ao exercício da coparentalidade a fim de compreender o funcionamento deste subsistema de maneira mais profunda. Tendo em vista o caráter bidirecional da relação entre pais e filhos, a percepção dos filhos torna-se um elemento importante para que uma compreensão sistêmica desta relação seja alcançada. Assim, o presente estudo objetivou conhecer as percepções e sentimentos dos pais em relação ao exercício da coparentalidade e ao seu impacto no desenvolvimento socioemocional da criança, bem como explorar as percepções dos filhos quanto ao funcionamento da relação coparental de seus pais. Com delineamento qualitativo de caráter transversal e descritivo, este estudo entrevistou 4 famílias com pelo menos um filho de quatro a seis anos de idade. As entrevistas semiestruturadas foram analisadas através da metodologia de estudo de casos múltiplos seguida de uma síntese de dados cruzados. Cada caso foi analisado com base em variáveis previamente estabelecidas de acordo com o modelo conceitual da estrutura interna da relação coparental proposto por Feinberg, com a Escala da Relação Coparental e com os objetivos do estudo, sendo estas: acordo coparental; suporte/sabotagem coparental; divisão de trabalho coparental; gestão conjunta das relações familiares; proximidade coparental; influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional da criança; e a percepção da criança quanto à relação coparental de seus pais. Tendo em vista que a coleta de dados ocorreu durante a pandemia da COVID-19, aspectos mencionados pelos participantes em relação a este contexto, também, foram analisados. O acordo coparental apareceu como elemento importante que mantém a união da dupla diante dos desafios presentes na interação entre coparentalidade, parentalidade e conjugalidade e que está relacionado à forma como os pais apoiam um ao outro. A divisão de trabalho coparental foi o principal desafio apresentado pelas famílias; com o atravessamento marcante dos papeis de gênero, destacou-se a sobrecarga feminina e a influência da divisão de trabalho sobre a satisfação conjugal. Os pais apresentaram pouco conhecimento sobre a influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional de seu filho, evidenciando uma lacuna entre o conhecimento científico e a realidade das famílias. Os resultados reforçam a complexidade da relação coparental e sua influência e interação com diversos elementos da dinâmica familiar.Item De quem estamos falando? Descrição dos homens acusados de violência contra a mulher em capital do sul do Brasil(2024) Aires, Andrey da Silva; Boeckel, Mariana Gonçalves; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeHá poucas informações relativas à caracterização no que tange a dados sociodemográficos, de crenças acerca da mulher, sobre o uso da violência como estratégia de resolução de conflitos e de agressividade ligados a homens acusados de Violência por Parceiro Íntimo (VPI) no sul do Brasil. O objetivo deste estudo é caracterizar e associar características destes homens com intuito de conhecer e descrever a população de homens acusados pela Lei Maria da Penha em um Foro Central de uma capital no sul do Brasil. Esta pesquisa conta com 68 participantes e utiliza dados provenientes de um questionário sócio demográfico e escalas para verificação de agressividade, pensamentos distorcidos sobre a mulher e o uso da violência na resolução de conflitos e sobre a atribuição de responsabilidade acerca de seus atos de VPI. Os resultados demonstraram haver associações dos dados sociodemográficos com todas os três construtos observados que afetam o fenômeno da VPI nos participantes, mas destacam-se as associações entre agressividade e faixa etária, agressividade e escolaridade, agressividade e ser religioso, agressividade e número de processos da Lei Maria da Penha com outras mulheres, responsabilidade acerca de suas ações de VPI e número de processos da Lei Maria da Penha com a vítima, responsabilidade acerca de suas ações e escolaridade e pensamentos distorcidos sobre a mulher e uso da violência e tempo de relação com a vítima. Ressalta-se a necessidade de mais estudos para uma descrição mais apurada da população estudada.Item Desenvolvimento de lideranças engajadoras e sua contribuição para aumento de suporte social, emoções positivas e bem-estar no trabalho: proposta de intervenção em saúde(Wagner Wessfll, 2021) Silva, Letiene Ferreira Gazineu da; Vazquez, Ana Claudia SouzaA área da saúde se caracteriza pelo contexto de alta complexidade, no qual líderes e equipes de saúde em ambiente hospitalar absorvem o alto impacto de demandas físicas, cognitivas e emocionais em situação de emergência por Covid-19. Existem amplas possibilidades de aplicação de intervenções em saúde sob a perspectiva da Psicologia Positiva Organizacional e do Trabalho (PPOT), com a finalidade de contribuir para aumentar bem-estar das pessoas em atividades laborais. Acompanhando o cenário pandêmico altamente desafiador, foram encontradas na literatura recomendações importantes para desenvolvimento de estratégias em saúde mental para profissionais da saúde. Entretanto, observou-se carência de evidências sobre a efetividade das intervenções, caracterizando a presente pesquisa como um estudo que trará contribuições nesse campo, sendo um estudo original em relação ao tema da Liderança Engajadora. A pesquisa abordou, de forma integrada, elementos quantitativos e qualitativos relacionados a efetividade uma intervenção em saúde para desenvolvimento da liderança engajadora por meio do suporte social, emoções e estados positivos e bem-estar em líderes fisioterapeutas de um hospital de Porto Alegre. Através de um estudo misto transformativo sequencial, com uma equipe de 11 lideranças da fisioterapia, a intervenção em saúde foi composta por quatro fases, em três tempos de avaliação dos construtos de Engajamento no Trabalho, Suporte Social Percebido, Esperança Disposicional, Gratidão e Ansiedade. A intervenção integrou pressupostos epistemológicos do Modelo Recursos e Demandas no Trabalho e da Teoria das Necessidades Psicológicas Básicas. Esta pesquisa propôs abordagens interventivas possíveis de aplicação positiva na realidade dos participantes em contexto emergencial de pandemia por Covid-19. Foi composta por quatro etapas sequenciais, na seguinte forma: I) Quantitativa e Qualitativa – Pré-intervenção: avaliações e preparação para intervenção; II) Qualitativa – Intervenção de desenvolvimento; III) Quantitativa e Qualitativa – Pós-intervenção: Avaliações, Fechamento e Devolutivas; IV) Quantitativa e Qualitativa – Follow Up. Todas as fases foram realizadas remotamente, através de plataformas virtuais on-line. Para análise de dados foram relatadas as estatísticas descritivas calculadas para observação de medidas (médias, desvios padrão, intervalo de variação). Para comparação dos resultados pré, pós e follow up, foi utilizado o Método Jacobson Truax (JT) para avaliar em profundidade o impacto da proposta por meio das mudanças individuais obtidas com o programa de intervenção em saúde, medido pelo índice de mudança confiável (IMC). Como principais benefícios e achados desse estudo, identificou-se o fortalecimento e o desenvolvimento de estados psicológicos positivos nos participantes, visto que a intervenção promoveu o manejo bem-sucedido da ansiedade ao longo dos meses iniciais de enfrentamento da pandemia por Covid-19, quando a pesquisa foi aplicada. Esse processo conduzido durante a intervenção, evitou níveis disfuncionais no comportamento dos líderes engajadores, por meio do impulsionamento de recursos pessoais e de trabalho como fatores proteção de saúde mental. Sugere-se também que a intervenção teve um papel importante no aumento e manutenção dos níveis de esperança, em um contexto altamente adverso e demandante para os líderes de equipes assistenciais em fisioterapia. O que foi detectado mesmo após o aumento de casos de Covid-19, especialmente em seu momento mais crítico em Porto Alegre, no ano de 2020, entre julho e agosto. Embora os resultados tenham sido positivos, a generalização da intervenção é limitada, tendo em vista sua realização com apenas um grupo de lideranças de uma especialidade específica, atuando em uma unidade hospitalar de grande porte. Indica-se a aprofundamento, com mais pesquisas-intervenção em diferentes contextos e diversas equipes de saúde, para geração de novos conhecimentos científicos nessa área e para maior qualificação do modelo proposto.Item Desenvolvimento e saúde mental infantil: Intervenção com agentes comunitários de saúde no contexto da atenção básica(2018) Esswein, Georgius Cardoso; Levandowski, Daniela CentenaroEsta dissertação é composta por dois artigos, que abordam a temática da saúde mental e do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção Básica (AB). O primeiro deles trata-se de um artigo revisão integrativa da literatura, que teve como objetivo caracterizar as ações voltadas à saúde mental infantil no contexto da AB, a partir de uma revisão integrativa da literatura brasileira (2006-2017). Para tal, buscas foram realizadas a partir das bases de dados LILACS, SciELO e do Portal BVS. Usando-se termos descritores registrados e não registrados no DeCS, foram identificados, respectivamente, 436 e 247 entradas. Após avaliação dos registros a partir dos critérios de inclusão e exclusão elencados, foram selecionados 13 artigos. Para a análise desse corpus, criou-se um protocolo descritivo, organizado a partir de três eixos temáticos: 1) Caracterização das demandas em saúde mental infantil para a AB; 2) Ações e intervenções de saúde mental infantil realizadas na AB; e 3) Dificuldades e proposições para a implementação das ações em saúde mental infantil na AB. Os resultados indicaram, como principais ações relativas à saúde mental na infância, desempenhadas pelos profissionais de saúde, a identificação de problemas e encaminhamento para especialidades. Também foram identificadas intervenções de caráter local ou em parcerias com instituições de ensino. No entanto, apesar de a AB ser considerada pelos profissionais como um importante campo de atuação em saúde mental, a revisão apontou necessidade de maiores investimentos, sobretudo, em relação à formação profissional e organização do trabalho. O segundo artigo, de natureza empírica, teve como objetivo descrever a avaliação de agentes comunitários de saúde (ACS) de Porto Alegre acerca de uma formação sobre desenvolvimento infantil e indicadores de risco. A formação foi organizada a partir de dois módulos (teórico e prático) e foi oferecida a ACS atuantes na zona norte de Porto Alegre. Para analisar a avaliação dos 13 participantes sobre a formação, realizou-se uma análise temática dos relatos de dois grupos focais. Estes foram organizados após o término de cada módulo e tiveram duração de aproximadamente 90 minutos. Na análise emergiram três temas: Metodologia da formação, Dificuldades encontradas e Repercussões da formação. Os participantes referiram a existência de recursos metodológicos que auxiliaram na compreensão do conteúdo, como a articulação teoria-prática e a acessibilidade da linguagem usada no material. Dificuldades foram referidas sobretudo em relação à complexidade do instrumento abordado na formação (IRDI – Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil) e às condições e organização do trabalho para a utilização desse instrumento. Mudanças na compreensão sobre o desenvolvimento infantil, na direção de um olhar mais integral do processo, foram citadas como a principal repercussão da formação sobre o trabalho dos ACS. Espera-se que o conhecimento construído e as discussões realizadas a partir dessa experiência de formação e da revisão de literatura possam inspirar os profissionais de saúde a atentar, em suas intervenções, para um sujeito integral, sobretudo na infância.Item Dimensões psicossociais do aborto no Brasil: análise das representações médicas e do estigma em nível comunitário(2023) Bento, Marília Netz; Stenzel, Lucia Marques; Câmara, Sheila GonçalvesEsta dissertação apresenta dois estudos relacionados ao tema do aborto a partir de suas dimensões psicossociais. O primeiro estudo analisa como o aborto é representado nos registros públicos dos últimos 20 anos do Conselho Federal de Medicina (CFM), identificando quatro categorias: Aborto Legal, Bioética, Epidemiologia/Assistência e Criminalização/Descriminalização do Aborto. Os resultados indicam tensões entre discursos favoráveis e contrários à descriminalização do aborto, com predomínio de apoio à segurança legal do médico em detrimento dos direitos sexuais e reprodutivos femininos. É recomendada maior conscientização da categoria médica na comunicação de informações sobre o aborto, considerando sua responsabilidade com um atendimento integral e humanizado à mulher. O segundo estudo trata do estigma relacionado ao aborto. Em países com legislações mais restritivas, como o Brasil, a falta de legalização é uma das principais causas do estigma social em relação às mulheres que abortam. A pesquisa teve como objetivos traduzir e adaptar a Community-Level Abortion Stigma Scale (CLASS) ao contexto brasileiro e avaliar suas evidências de validade e confiabilidade. Participaram 256 sujeitos, entre 18 e 73 anos, que responderam a um questionário online entre abril e novembro de 2022. A Análise Fatorial Confirmatória resultou em um modelo composto por 18 itens e quatro fatores: Segredo, Discriminação/Estereotipagem, Autonomia e Religião, com propriedades psicométricas adequadas para o estudo do estigma relacionado ao aborto no Brasil. Ambos os estudos abordaram diferentes aspectos psicossociais da temática do aborto, evidenciando sua complexidade e destacando a importância de considerar fatores sociais, culturais e políticos no atendimento em saúde às mulheres em situação de abortamento, visando minimizar os impactos negativos das representações estigmatizantes.Item Dor e sofrimento: estudo sobre assédio moral no trabalho(2019) Machado, Patrícia Andréa Barbosa; Amazarray, Mayte RayaEsta dissertação é composta por dois artigos que tratam a temática do assédio moral no trabalho. O primeiro deles é um artigo revisão sistemática da literatura, que teve como objetivo conhecer o cenário da produção científica no Brasil, acerca do tema no período de 2007 a 2017. Identificaram-se 71 estudos, sendo 27 teóricos e 44 empíricos, sendo categorizados em quatro subtemas: caracterização do assédio moral (35%); aspectos organizacionais/ institucionais e modos de prevenção (30%); perspectivas conceituais e medidas de avaliação (24%) e consequências do assédio (11%). Constatou-se concentração de estudos sobre determinadas categorias profissionais. Muitos estudos apontaram a relação do assédio com modos de gestão. Evidenciaram-se lacunas a serem investigadas, principalmente quanto às estratégias de prevenção, sugerindo, assim, a realização de trabalhos futuros orientados a planos que impeçam a ocorrência do evento e/ou que minimizem os danos causados. Ainda como proposta, a realização de revisões ampliadas que possam dar conta do histórico evolutivo do assédio moral nas relações de trabalho e nas organizações, apresentando evidencias e propondo alternativas de prevenção e intervenção na prática do assédio. O segundo artigo resultou de uma pesquisa qualitativa exploratória, com o objetivo de estudar as consequências do assédio moral no trabalho. Empregou-se a técnica “bola de neve” para acessar os participantes, sendo entrevistados cinco profissionais com ações ingressadas no Poder Judiciário. Utilizou-se a entrevista individual semiestruturada como técnica para a coleta de dados. Para a análise de conteúdo, foi utilizada a análise temática, identificando-se três temas chave: vivências do assédio, desfechos da violência e sentidos do trabalho. Os resultados indicaram o entrelaçamento de sintomas reveladores do assédio e efeitos advindos do fenômeno. Foram limitações do estudo a dificuldade de encontrar sujeitos conforme critérios estabelecidos para a busca. Sugerem-se novos estudos junto a uma amostra ampliada, procurando aprofundar questões relacionadas à ressignificação do trabalho junto aos acometidos e a sequência da vida após o assédio. A partir da realização desses dois estudos, evidenciou-se a relevância das relações no trabalho e o quanto seu deterioro podem afetar a vida das pessoas. O assédio moral no trabalho mostrou-se uma via dura, pela qual o adoecimento é, na maioria das vezes, inevitável. Com essas pesquisas, espera-se despertar mais interesse e inspirar novos estudos acerca do assédio moral no trabalho.