A relação terapêutica em atendimento psicoterápico de pacientes no fim da vida
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Data
2023-11-03
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Editora
Editor Literário
Resumo
A morte é um evento do ciclo básico da vida que carrega consigo o paradoxo de
se fazer tão presente quanto busca ser afastada do cotidiano. O processo de
conscientização sobre a finitude, dessa forma, torna-se momento delicado que pode ser
melhor elaborado com acompanhamento psicoterápico. A relação terapêutica
estabelecida entre psicólogo e paciente vem sendo apontada como um dos principais
fatores relacionados à eficácia do processo estabelecido e envolve, naturalmente,
aspectos relacionados ao paciente e ao psicólogo. Considerando a interseção entre o
tema da finitude e o processo psicoterápico, o objetivo desse trabalho foi conhecer como
se dá a relação terapêutica no contexto do atendimento psicoterápico de paciente em
situação de finitude. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura
brasileira e uma pesquisa empírica. A revisão da literatura investigou como a relação
terapêutica é abordada no atendimento psicológico de pacientes em situação de
terminalidade, no Brasil. Os resultados indicaram que o atendimento psicológico de
pacientes próximos de sua morte é realizado majoritariamente em ambiente hospitalar
e vinculado aos serviços de cuidados paliativos. Nesses trabalhos, a relação terapêutica
foi apontada como principal fator responsável pela garantia do atendimento e esteve,
principalmente, relacionada às características técnicas e pessoais do psicólogo,
apontando para uma compreensão monológica da relação na qual esta é conduzida
como responsabilidade do profissional. A pesquisa empírica, por sua vez, realizada com
entrevistas a dez psicólogas e analisada por um método empírico-fenomenológico,
trouxe informações importantes acerca da experiência da relação terapêutica no
atendimento psicoterápico individual de pacientes em processo de finitude. Nesse
estudo, as participantes relataram que a relação terapêutica foi vivida como uma
experiência peculiar, intensa e dolorosa, além de extremamente afetiva e
transformadora em termos pessoais e profissionais. A relação terapêutica foi, também,
identificada como o principal recurso do qual as profissionais lançaram mão para
acolhimento e apaziguamento dos pacientes, assim como para sua própria elaboração
sobre a situação que vivenciavam. A percepção das entrevistadas sobre a experiência
relatada concorda com uma concepção dialógica e intersubjetiva da relação, na qual
paciente e terapeuta, juntos, constroem o processo psicoterápico e os resultados dele
advindos. A ampliação sobre as informações acerca da relação terapêutica levantadas
pela pesquisa empírica corroboram a importância desse tipo de dado para uma
compreensão atualizada e implicada da psicologia e de seu papel junto ao sujeito e
sociedade.
Descrição
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre
Palavras-chave
Relação terapêutica, Processo dialógico, Intersubjetividade, Psicoterapia, Terminalidade, Finitude, [en] Therapeutic relation, [en] Dialogic process, [en] Intersubjectivity, [en] Psychotherapy, [en] Terminality, [en] Finitude