PPGCS - Teses

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    Abuso de Drogas, Saúde Mental e Isolamento Social durante e após a Pandemia de Covid-19 no Brasil
    (2024) Heidrich, Nubia; Barros, Helena Maria Tannhauser; Freese, Luana; Nin, Maurício Schüler; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    A pandemia de COVID-19 provocou mudanças profundas na sociedade, com medidas como confinamento e distanciamento social resultando em sentimentos de solidão e isolamento, especialmente no seu início. Essas ações também alteraram significativamente a economia e os padrões de trabalho, gerando efeitos de longo prazo. Como resultado, o estresse e os problemas psicológicos, como o esgotamento, aumentaram globalmente. Estudos sobre saúde mental, incluindo o uso de substâncias, tiveram um aumento expressivo durante esse período. Apesar da melhoria nas condições sociais e econômicas com a implementação de programas de vacinação e a flexibilização das restrições, os desafios de saúde mental persistiram por mais de três anos após o término da emergência de saúde pública causada pela pandemia. Deste modo, pensando em avaliar consequências sobre a população acerca de seu uso de drogas e saúde mental, concebeu-se uma pesquisa online, formulada por meio de inquérito populacional, construído com a plataforma RedCap, e divulgado por meio de redes sociais (Instagram® e Facebook®), aplicativo de mensagens e emails, para averiguar se o distanciamento social seria um fator importante na alteração de uso de drogas (coletado por meio do Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST), e se isto estaria ligado a sintomas de depressão, ansiedade e estresse (averiguados por meio da Depression, Anxiety and Stress Scale, ou DASS-21), bem como fatores sociodemográficos. A pesquisa também teve o objetivo de fazer estudo longitudinal, acompanhando os indivíduos em três momentos diferentes (no começo da pandemia, no ano de 2020; seis meses depois; e ao final da pandemia, após a situação de saúde pública ter sido declarada como concluída pelo Ministério da Saúde). Em síntese, os resultados observados pela primeira fase da pesquisa (C1), demonstraram, pelo auto-relato de uso de drogas, coletado com uso do instrumento validado para o português ASSIST, que, da amostra de 2435 respondentes, algumas mudanças importantes no uso de várias drogas em relação ao distanciamento social. Participantes que relataram maior distanciamento reduziram o uso de álcool, tabaco, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Os que relataram menor distanciamento, por sua vez, aumentaram o uso de álcool, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Dos sintomas psicológicos coletados com o instrumento DASS-21, apenas a ansiedade obteve relação com o menor distanciamento social e apenas a depressão mostrou-se associada ao risco de uso de álcool, tabaco, maconha e cocaína. Os fatores sociodemográficos que mostraram aumento de risco de uso foram o gênero masculino, menor nível de educação, menor nível de renda e menor distanciamento social, para álcool, tabaco, maconha e cocaína. A análise do segundo estudo demonstrou que o escore ASSIST diminuiu, quando comparados os três momentos da pandemia, para álcool, maconha, alucinógenos e cocaína apenas no C2. Os fatores sociodemográficos que mostraram relação com o uso de drogas foram a idade mais jovem, gênero masculino, não viver em união com um companheiro, menor renda e menor educação. Os sintomas relatados com o DASS-21 reduziram em todos os tempos, para os três sintomas. Os fatores sociodemográficos associados ao estado emocional foram menor educação, menor renda, gênero feminino (para ansiedade e estresse), menor distanciamento e menor idade. Houve baixa correlação, ainda que significativa, entre o uso de drogas e os sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Assim, é possível ver que a pandemia teve seu impacto no uso de drogas e sintomas psicológicos, principalmente no começo da pandemia, mas que após dois anos, esse efeito foi se dissipando.
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    Explorando os Determinantes Sociais em Saúde (DSS) no contexto das infecções
    (2024-12-17) Dornelles, Thayane Martins; Camozzato, Analuiza; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    Introdução: A vulnerabilidade refere-se à susceptibilidade de um indivíduo ou grupo a sofrer danos, seja em termos de saúde física, mental ou social, sendo influenciada por diversos fatores, os quais estão além do controle individual. Os determinantes sociais em saúde (DSS) atuam diretamente na saúde das pessoas e comunidades, incluindo fatores como renda, educação, condições de trabalho e acesso a serviços de saúde. Populações vulneráveis, como a população negra, migrantes, LGBTQIAP+, povos indígenas, pessoas em situação de rua, pessoas com deficiência e idosos, frequentemente enfrentam barreiras adicionais, como discriminação e exclusão social, que dificultam ainda mais o acesso a recursos essenciais, possuindo necessidades específicas de cuidados em saúde. Objetivos: Identificar o efeito dos determinantes sociais em saúde no enfrentamento da infecção por COVID-19 na população LGBTQIAP+ e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) em idosos. Estudo 1: Objetivo: investigar a frequência dos de transtornos mentais não psicóticos e sintomas de ansiedade e os fatores associados a estas condições em uma amostra brasileira LGBTQIAP+ durante a pandemia de COVID-19. Método: Estudo transversal, realizado de setembro a outubro de 2020 por meio de um questionário online, incluindo instrumentos de caracterização sociodemográfica e escalas de rastreio de ansiedade e de transtornos mentais não psicóticos (Generalized Anxiety Disorder Screener e Self-Report Questionnaire). A análise foi realizada utilizando-se testes Qui-quadrado e Exato de Fisher. Regressão de Poisson com variância robusta foi realizada para estimar o efeito das variáveis sociodemográficas sobre a saúde mental. Resultados: A triagem positiva para ansiedade e transtornos não psicóticos foi identificada em 85,2% e 60,2% dos participantes, respectivamente. Faixas etárias mais jovens, que possuíam alguma religião, tinham acesso somente à saúde pública e alguma condição clínica prévia apresentaram maior risco para transtornos mentais não psicóticos. Indivíduos com menos de 30 anos (1,33, 95%, IC = 1,17–1,52) apresentaram alto risco para sintomas de ansiedade. Estudo 2: Objetivo: Analisar a tendência temporal, em paralelo, das taxas de solicitação de testes rápidos (TR) e das taxas rastreio positivo para sífilis, HIV, hepatite B e hepatite C, além de verificar associação entre fatores sociodemográficos com a positividade nos TR na população idosa e adulta. Método: Estudo retrospectivo de séries temporais, realizado no período de 2014 a 2022. As tendências temporais foram analisadas por regressão joinpoint e 7 expressas como Annual Percent Change (APC). Utilizou-se o teste Qui-Quadrado e a análise de resíduos padronizados para avaliar as variáveis sociodemográficas. Resultados: As solicitações de TR para sífilis, HIV e hepatite C permaneceram constantes em adultos e idosos. Entre 2014 e 2016, houve aumento na taxa de rastreio positivo para sífilis em idosos (APC 63,93%), seguido de queda entre 2016 a 2022 (APC -7,90%). Nos adultos, a taxa de rastreio positivo aumentou no período completo (APC 13,25%). O rastreio positivo para HIV em idosos cresceu entre 2014 e 2016 (APC 36,31%), apresentando queda de 2016 a 2022 (APC -16,24%). Para hepatite C, os padrões seguiram os mesmos de sífilis e HIV nos idosos. Foi identificada associação entre rastreio positivo de HIV com adultos e hepatite C com idosos (p<0,001). Conclusão: Na população LGBTQIAP+ a prevalência de ansiedade e transtornos não psicóticos durante a pandemia de COVID-19 foi alta, principalmente em indivíduos mais jovens. Em relação aos idosos, as discrepâncias entre as taxas de solicitações e rastreio positivo sugerem que o ageísmo pode ter influenciado a suspeita de IST nessa população. Em contextos de vulnerabilidade, onde grupos sociais enfrentam desvantagens estruturais e históricas, é necessário identificar os DSS pois esses fatores podem acentuar as desigualdades e restringir o acesso a recursos que promovem o bem-estar. A relação entre os DSS e vulnerabilidade ressalta a necessidade de intervenções multifacetadas e políticas públicas integradas, que abordem não apenas os aspectos clínicos, mas também os contextos sociais que moldam a vida dos indivíduos vulneráveis.
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    O impacto da telemedicina em pacientes submetidos à ventilação mecânica em UTI Pediátrica
    (2024-08-06) Pires, Aristóteles de Almeida; Pitrez, Paulo Márcio Condessa; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    Introdução: As Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) evoluíram significativamente, reduzindo a morbimortalidade desses pacientes. A telemedicina surge como recurso para oferecer serviços que otimizem os processos de cuidado nas UTIP. Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto da telemedicina no cuidado de pacientes sob ventilação mecânica (VM) em duas UTIP públicas do Brasil. Pacientes e Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo pré-pós-intervenção, realizado em duas UTIP públicas das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Foram incluídos pacientes de 0 a 18 anos que receberam suporte ventilatório entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2021. A intervenção consistiu em telerondas síncronas diárias realizadas por intensivistas pediátricos do Hospital Moinhos de Vento (HMV). Os desfechos primários foram mortalidade, tempo de internação e dias sem ventilação (VFD). Resultados: foram analisados 790 pacientes, 261 do período pré-telemedicina e 529 do período pós-telemedicina. A mortalidade geral diminuiu significativamente de 20,7% para 10,4% (p<0,001). Em um centro a mortalidade diminuiu de 25,96% para 9,86% (p<0,001) e em outro a mortalidade diminuiu de 17,2% para 11,06% (p=0,11). O tempo de internação aumentou durante o período de telemedicina, com mediana de 11 dias (IIQ 6-17) a 12 dias (IIQ 7-21) (p=0,0165). Houve um aumento significativo na VFD global de 3 dias (IQR 0-7) para 4 dias (IQR 2-8) (p<0,001). Conclusão: A implantação da telemedicina nas UTIP públicas do SUS resultou em redução significativa da mortalidade e aumento da DVG global entre pacientes em ventilação mecânica. Estes resultados destacam a telemedicina como uma intervenção promissora.
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    Luto materno pela perda de um bebê: Características das mães e fatores associados à adaptação à experiência de enlutamento
    (2021-10-05) Flach, Katherine; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    O luto é o conjunto de reações diante de uma perda significativa. Considerando que a importância do vínculo perdido está intimamente relacionada à forma como o luto será vivenciado, o luto materno pela perda de um bebê torna-se um processo especialmente difícil de ser enfrentado, pela importância do vínculo mãe-filho e pela ruptura do que se espera na lógica do ciclo vital, dentre outros aspectos. Por isso, a perda de um filho, por si só, pode ser um fator de risco para complicações no processo de adaptação à perda. Assim, o luto pela perda de um bebê, seja durante o período gestacional ou em seus primeiros anos de vida, assume um caráter especial dentro da compreensão do processo de luto e da maternidade. A presente Tese buscou elucidar o fenômeno do luto materno pela perda de um bebê, em termos teóricos e empíricos, a fim de proporcionar uma compreensão circular e sistêmica dos principais fatores que representam possibilidades de adaptação, bem como aqueles que merecem maior atenção dos profissionais da saúde no atendimento às mães enlutadas. Para tanto foram elaborados três artigos científicos. O Artigo 1 trata-se de uma revisão sistemática, realizada a partir de buscas nas principais bases de dados da área da saúde a fim de fornecer aos profissionais de saúde conhecimento sobre este tema ainda pouco compreendido e estudado que é o luto complicado após a perda de um bebê, conforme a seguinte questão de pesquisa: "Quais são os fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento do luto complicado em mulheres que perderam um bebê (desde a gravidez até os dois primeiros anos de vida do bebê)?". Nesta produção, realizou-se uma larga revisão, que partiu da identificação de mais de 8 mil registros na área, quanto à origem e ano de publicação, características da amostra, instrumentos empregados, principais resultados e qualidade dos estudos. Foram selecionados e analisados 23 artigos, identificando-se como principais fatores de risco para lutos complicados em mulheres após a perda de um bebê: a presença de psicopatologia materna, história de perda gestacional e pressão social para uma nova gestação após a perda. Como fatores protetivos para a vivência de um luto complicado, identificou-se a presença de outra criança além da perda, a qualidade dos serviços de saúde prestados às mães, e o suporte social, através do apoio comunitário, de atividades espirituais, da família e do parceiro. Ainda, estudos mostraram que a experiência de perda de um filho pode relacionar-se com vivências de crescimento pós-traumático, a partir desta dolorosa experiência. O Artigo 2 buscou refletir acerca dos avanços, dificuldades e limitações da abordagem científica e social do luto, a fim de identificar desafios e perspectivas neste campo. Para tanto, realizou-se uma análise crítica das compreensões acerca do luto de estudiosos contemporâneos que são referência na área, bem como das discussões sobre o tema, a partir de uma revisão dos conceitos fundamentais na área do luto, do contexto de pesquisas a respeito de terminologias, formas de avaliação e dos desafios para tratar sobre o assunto nas áreas científica e clínica, além de iniciativas da comunidade para o acolhimento à população enlutada. Foi possível ter-se uma compreensão dos conceitos norteadores desta Tese, assim como da evolução nas concepções sobre o luto em direção a uma abordagem mais processual, flexível e de busca de sentido. No entanto, também se observou que a produção na área ainda se mostra escassa e que há um longo percurso para que os temas da morte e do luto possam ser tratados com o aprofundamento e a clareza que merecem tanto na formação dos profissionais de saúde, como na sociedade em geral. O Artigo 3, que corresponde ao estudo empírico e foco central desta Tese, diz respeito a um estudo quantitativo, transversal e comparativo, no qual foi realizada uma coleta de dados com mães com e sem histórico de perda de um filho ainda bebê e que no momento da participação na pesquisa tinham um filho nascido subsequentemente à perda, com idade entre seis e 24 meses. A partir dos dados levantados na literatura a respeito da importância da saúde mental, das dinâmicas conjugal e familiar no processo de luto das mães após a perda de um bebê, este estudo buscou investigar a associação entre as variáveis saúde mental, ajustamento conjugal e suporte familiar em mulheres com e sem experiências de perda de um bebê (desde a gestação até seus primeiros dois anos de idade). Ainda, procurou-se descobrir se estas variáveis podem estar associadas ao desenvolvimento de luto prolongado nas mães com histórico de perda. Como resultados, foram verificadas características específicas ao processo de luto de mães pela perda de um bebê na gestação, parto, pós-parto ou até os dois anos de vida do filho. Confirmouse, tanto através de correlações significativas, como de um modelo de associações em rede, a existência de interações diretas entre as variáveis saúde mental materna e percepção de suporte familiar com a presença de critérios para luto prolongado nas mães participantes. Assim, foi possível evidenciar especial importância do suporte familiar e da saúde mental materna como fatores potencialmente protetivos ao desenvolvimento de lutos prolongados nestas mães, enquanto a variável percepção de ajustamento conjugal mostrou-se regulada pela saúde mental materna e pelo suporte familiar, mas não decisiva à experiência de luto prolongado nesta amostra. Tais resultados diferenciam-se dos já encontrados previamente na literatura científica da área, porque trazem a proposta de se pensar, através de uma perspectiva sistêmica, como as variáveis se interrelacionam no processo de enfrentamento deste particular tipo de enlutamento. Assim, destaca-se a necessidade de especial atenção à saúde mental destas mães, bem como de um trabalho voltado a fortalecer os vínculos familiares, a fim de favorecer a adaptação das mães enlutadas pela perda de um bebê. Entre as limitações deste estudo destaca-se o tipo de seleção da amostra, que se deu, em parte, por conveniência, uma vez que este tipo de seleção pode refletir apenas uma parcela da população total. Como perspectivas da Tese, entende-se necessária a realização de estudos futuros que realizem comparações entre os diferentes tipos de perdas maternas, considerando os diversos estratos da população, além de abranger outros fatores que podem estar associados ao luto materno, como por exemplo possibilidades de intervenções em saúde mental direcionadas especificamente a este tipo de enlutamento. Através desta Tese buscou-se contribuir ao campo da Psicologia, da saúde mental e da saúde materno-infantil com subsídios teóricos e empíricos para a formulação de estratégias de intervenção e de prevenção nesta área.
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    Medicina regenerativa: potencial terapêutico no tecido epitelial e ósseo
    (2018-07-04) Rodrigues, Cristiano; Wink, Márcia Rosângela; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    Atualmente, existe uma grande demanda médica por novas terapias que confiram maior velocidade e qualidade na regeneração dos tecidos. A necessidade se torna ainda maior quando consideramos a crescente expectativa de vida da população humana. Células estromais mesenquimais são alvos promissores para novos tratamentos, visto o seu importante papel na homeostase. Nesse trabalho, duas hipóteses de terapia regenerativa foram abordadas: a investigação da influência das MSCs sobre células dérmicas; e a segunda, focada no reparo ósseo. Para a primeira, o efeito dos fatores produzidos pelas MSCs foi acessado através da confecção de um meio condicionado (MC-MSCs), o qual foi utilizado como tratamento em uma linhagem de queratinócitos humanos, as células HaCaT. Desta forma, as MSCs modificaram os padrões migratórios das células HaCaTs, sendo observável através da despolimerização dos filamentos de actina (F-actina) e das irregularidades nucleares. Pelo menos em parte, a modulação se deu pela sinalização do fator de crescimento transformador-β1 (TGF-β1), considerando que seu antagonista, o inibidor do receptor de TGF-β1 (SB 431542), levou a uma redução na migração dos queratinócitos. A segunda abordagem, apresenta a associação das MSCs à um material bioativo, o biovidro 45S5. Foi verificado a manutenção da viabilidade das células e o potencial de osteoindução da dissolução iônica deste biomaterial. Uma melhor acomodação do corpo celular foi detectada durante a adesão sobre a superfície. Assim como a reorganização do citoesqueleto de F-actina, as irregularidades nucleares também foram observadas, além do aumento dos depósitos de hidroxiapatita (HA) na superfície do vidro e ao redor das células. Quando utilizado como implante subcutâneo, não houve toxicidade aparente para órgãos, ou reações imunogênicas fortes, sendo acompanhado pela formação de uma densa cápsula ao redor do implante. Foi possível concluir que a investigação da ação dos fatores produzidos pelas MSCs é uma abordagem promissora para o melhor entendimento do seu papel na cicatrização da pele e para o desenvolvimento de novas terapias, assim como a associação destas com biomateriais com base em hidroxiapatita para o reparo do tecido ósseo. Nossos resultados indicam que as MSCs podem crescer a longo prazo no biovidro sugerindo que o 45S5 pode ser implementado em ensaios pré-clínicos para o transplante de MSCs.
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    Efeito de dois programas de educação alimentar sobre o estado nutricional, o consumo alimentar e a qualidade da dieta de idosos: um ensaio de campo randomizado
    (2022-08-23) Lockmann, Adriana da Silva; Buss, Caroline; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    Introdução: O incremento da expectativa de vida aliado à má nutrição pode aumentar a prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), gerando condições que tendem a comprometer de forma significativa a qualidade do envelhecimento. Objetivo: Comparar o efeito de dois programas de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) sobre a qualidade da dieta e o estado nutricional de mulheres idosas, Brasil. Métodos: Ensaio de campo randomizado. Mulheres idosas com mais de 60 anos (n = 36) não institucionalizadas. Doze semanas de intervenções para dois programas de atividades de EAN, psicopedagógico (PPP) e oficina culinária (POC). A qualidade da dieta foi avaliada pelo Healthy Eating Index for Elderly (HEI-E), adaptado do Healthy Eating Index -2015, nos momentos pré, pós e 6 meses após a intervenção (follow-up). Para avaliar a consistência interna e a confiabilidade do HEI-E calculou-se o alfa de Cronbach (α) e utilizou-se a análise de correlação de Spearman. Para avaliar alterações na pontuação e na classificação do HEI-E entre os momentos estudados, foram utilizados os testes de Mann-Whitney, Quiquadrado e Friedman. O Qui-quadrado analisou diferenças entre os grupos de intervenção. Resultados: A pontuação total mediana do HEI-E, em análise intragrupo, nos três momentos, mostrou diferença estatisticamente significativa no PPP (p=0,016), mas não ocorreu o mesmo no POC (p=0,368). O estado nutricional das idosas em ambos os grupos não sofreu modificações. Conclusões: As mudanças na qualidade da dieta das idosas participantes do PPP foram em decorrência da forma hibrida de EAN e de psicoeducação. Considerando que somete conhecimentos de nutrição não são suficientes para modificações da qualidade da dieta e do estado nutricional, são necessárias outras estratégias para promover mudanças e novos comportamentos
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    Neuroesteroides e MicroRNAs na depressão: marcadores comportamentais e biológicos em uma abordagem pré-clínica
    (2024-04-11) Almeida, Felipe Borges; Barros, Helena Maria Tannhauser; Nin, Maurício Schüler; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    A depressão é um transtorno altamente prevalente e incapacitante de etiologia tanto ambiental quanto hereditária. Devido ao seu diagnóstico se basear na comunicação subjetiva de sintomas, há um grande esforço na busca por biomarcadores que auxiliem no diagnóstico deste e de outros transtornos associados, como o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Esta busca se concentra em moléculas que participem da neurobiologia dos transtornos depressivos, que certamente envolve sistemas que vão além da teoria serotonérgica proposta a partir do mecanismo de ação dos agentes antidepressivos mais utilizados atualmente. Neuroesteroides como a alopregnanolona, proteínas neurotróficas como o BDNF e microRNAs como o miR-144-3p são algumas das classes de moléculas com relevância na neurobiologia da depressão. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de neuroesteroides, proteínas neurotróficas e microRNAs como biomarcadores de transtornos depressivos. Para isto, foram desenvolvidas três revisões de literatura, um capítulo metodológico e um manuscrito experimental apresentados neste trabalho. As revisões de literatura demonstram que a) neuroesteroides como a alopregnanolona e proteínas neurotróficas como o BDNF encontram-se reduzidos em modelos animais de depressão, mediando o aparecimento de comportamentos tipo-depressivos; b) neuroesteroides e proteínas neurotróficas são promissores candidatos a biomarcadores de transtornos depressivos e TEPT; e c) os níveis reduzidos de alopregnanolona encontrados na depressão e TEPT fazem parte da desregulação da resposta ao estresse mediada pelo eixo HPA. Subsequentemente, o processo de implementação da metodologia de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem para a detecção da alopregnanolona e seus isômeros é descrito e os resultados parciais são apresentados. Por fim, ratos machos e fêmeas foram cruzados seletivamente com base em alta ou baixa expressão de comportamento tipo-depressivo (imobilidade no teste do nado forçado) por três gerações, recebendo na última geração tratamento com diferentes doses de fluoxetina e tendo a expressão do miR-144-3p quantificada no sangue. Os resultados encontrados demonstram um efeito tipo-antidepressivo em todos os animais, além de apontar que os níveis do microRNA 144-3p no sangue de ratos está correlacionado com comportamentos tipo-depressivos, particularmente em machos não tratados da linhagem de baixa imobilidade. Os resultados deste trabalho permitem concluir que neuroesteroides, proteínas neurotróficas e microRNAs são biomarcadores promissores de transtornos depressivos. Estudos subsequentes de validação clínica são necessários para sua eventual implementação na prática clínica.
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    Terapia cognitiva baseada em mindfulness e depressão resistente ao tratamento: um ensaio clínico randomizado controlado
    (2023) Kaiser, Vanessa; Reppold, Caroline Tozzi; Almeida, Leandro; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
    trodução: O Transtorno Depressivo Maior (TDM), especialmente quando resistente ao tratamento (DRT), traz desafios clínicos, necessitando intervenções custo-efetivas. São escassos os estudos no Brasil utilizando Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT), ainda mais com pacientes de serviços públicos de saúde mental. Métodos: Objetivou-se, no primeiro estudo, avaliar a eficácia da MBCT em relação a outra intervenção de comparação ativa estruturalmente equivalente, ambas associadas ao tratamento usual (TAU) em pacientes brasileiros com TDM, com ou sem DRT. O desenho metodológico foi um ensaio clínico randomizado controlado que comparou duas intervenções de 8 semanas, MBCT e o Health-Enhancement Program (HEP), associadas ao TAU para adultos com TDM, associado ou não ao DRT com avaliação de seguimento de 4 semanas. O desfecho primário foi os sintomas depressivos e a mudança na gravidade da depressão, medida pela redução percentual na pontuação total, além disso, foram avaliados os construtos respostas ruminativas e Aceitação e Ação; e construtos oriundos da Psicologia Positiva, entre eles, Mindfulness, Autocompaixão, Autorregulação Emocional, Afetos Positivos, Satisfação de Vida, Otimismo e Esperança Cognitiva. No segundo estudo, objetivou-se apresentar dados da eficácia da intervenção MBCT com pacientes brasileiros deprimidos, na melhora de sintomas depressivos, nas respostas ruminativas e nos acréscimos dos construtos da Psicologia Positiva (Mindfulness, autocompaixão, satisfação de vida, otimismo, esperança, afetos), analisando os resultados encontrados por análise de rede. Resultados: No primeiro estudo, no final do tratamento de 8 mais 4 semanas de follow-up, a amostra para análise por protocolo foi de 35 no MBCT e 32 no HEP. Em relação à condição HEP, a condição MBCT foi associada a uma taxa significativamente maior de respondedores ao tratamento no final da intervenção (48,6 vs. 15,6%; p = 0,01). O MBCT apresentou diferenças significativas do grupo HEP em quase todos os construtos avaliados, entre eles, no escore total de Autocompaixão na S8 e S12 (MBCT 95,26 vs. HEP 77,56; MBCT 98,2 vs. HEP 78,72; p = 0,01), nas estratégias adequadas de autorregulação emocional na S8 e S12 (MBCT 54,51 vs. HEP 43,16; MBCT 56,86 vs. HEP 44,63; p = 0,01). Com relação à Satisfação de Vida, não houve diferenças significativas entre os grupos. MBCT melhorou significativamente as taxas de resposta ao tratamento em 8 semanas, mas não as taxas de remissão. No segundo estudo, a amostra foi composta por 40 pacientes deprimidos (67,5% mulheres). Com relação a pré-intervenção, todos os construtos tiveram mudanças significativas pós-intervenção (p<0.001). Dentre as que tiveram tamanho de efeito muito grande, estão os sintomas depressivos (2,4; IC95% 1,79 a 3,01), autocompaixão (-1,69, IC95% -2,17 a -1,20), afetos positivos (-1,50; IC95% -1,95 a -1,04) e satisfação de vida (-1,36; IC95% -1,72 a -0,92). Na análise de rede, foi observada maior centralidade pós-intervenção para as facetas do Mindfulness, além disso, associações mais fortes com os sintomas depressivos foram encontradas. Conclusões: Em ambos os estudos a intervenção MBCT melhorou vários aspectos positivos do funcionamento emocional. MBCT parece ser um complemento viável na gestão de TDM e DRT.
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    Substâncias psicoativas e sua intersecção com o gênero feminino, com a violência e com a privação de liberdade
    (2022) Einloft, Fernanda Miranda Seixas; Barros, Helena Maria Tannhauser; Kopittke, Luciane
    No mundo, existem, aproximadamente, 35 milhões de pessoas que sofrem de distúrbios relacionados ao uso de drogas, com necessidade de tratamento. Essa situação prevalece, em particular, nas instituições prisionais, onde as pessoas privadas de liberdade estão vulneráveis ao uso de drogas. Dados atuais chamam a atenção para o encarceramento das mulheres, motivado pelo tráfico de drogas. Estudo do tipo quantitativo, transversal que teve como cenário o Sistema Prisional da Região Metropolitana de Porto Alegre, a Penitenciária Feminina de Guaíba e o Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier foi realizado. O primeiro objetivo foi avaliar a associação do uso indevido de álcool e outras drogas, antes e durante o encarceramento de mulheres, no sistema prisional, com a exposição à violência. Os principais resultados encontrados foram: há um aumento da prevalência de uso de tabaco em contraponto a uma redução nas taxas de uso de drogas ilícitas na prisão; encontrou-se relação com significância estatística entre a violência física e escore positivo para GAD-7 (p=0.022) e entre violência moral e PHQ-9 (p=0.016); ao contrário do que se acreditava, não foi verificada a relação entre tipos de violência e uso de drogas lícitas ou ilícitas. A partir dos dados obtidos desta análise, que apresentaram alto consumo de benzodiazepínicos, o segundo objetivo estabelecido foi comparar o uso e a frequência do uso de benzodiazepínicos antes e durante o encarceramento e comparar com sintomas relatados de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós traumático. Os principais resultados foram: BZDs são usados com mais frequência durante a prisão e seu uso por mulheres mais que dobra nos primeiros meses de prisão; escores positivos para TEPT, ansiedade e depressão foram altamente prevalentes; existe associação entre o uso de BZD por mulheres na prisão com ansiedade, depressão e ansiedade e depressão; mulheres que usam BZDs apresentam resultado, com significância estatística, para escore positivo para depressão e não para ansiedade. O último objetivo da tese foi revisar na literatura a prevalência e a incidência do uso de BZD na população feminina geral bem como o perfil destas mulheres. Os resultados encontrados são: a partir da metanálise, foi encontrada uma taxa para uso de BZD em mulheres de 17% ([0.10; 0,27]), p<0.01, com elevada heterogeneidade entre os estudos (I2=99%); sobre o perfil identificado nos dois estudos que analisaram dados específicos na população feminina, o uso de BZD assim como o uso crônico aumentam com a idade, nas viúvas, em mulheres com menor escolaridade, em donas de casa, aposentadas e que trabalham no comércio; o perfil identificado nos estudos que analisaram dados na população geral corroboram os achados de perfil para a população feminina.
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    Caracterização molecular e fenotípica de grupos sanguíneos em doadores de sangue de uma cidade no noroeste do Rio Grande do Sul
    (2022) Soares, Scheila da Silva; Fiegenbaum, Marilu; Almeida, Silvana de
    A frequência alélica dos grupos sanguíneos é variável dependendo da origem étnica da população, o que torna importante a determinação da variabilidade desses alelos em diversas regiões do Brasil, e também em várias regiões do estado do Rio Grande do Sul. Os antígenos eritrocitários são polimórficos devido à diferentes variações genéticas, desde polimorfismos de um único nucleotídeo até inversões, deleções, inserções, entre outros. Na prática transfusional, tem se cada vez mais, procurado reduzir as chances de um indivíduo formar aloanticorpos. Em alguns casos, dependendo do fenótipo de um paciente, o doador pode ser encontrado com facilidade, porém em alguns casos específicos, no qual há a necessidade de uma combinação de antígenos negativos, é mais eficiente pesquisar doadores a partir de uma população de mesma origem étnica. Portanto, a pesquisa da frequência dos alelos e genótipos envolvidos na expressão dos antígenos de grupos sanguíneos em doadores e correlacionar com os diferentes fenótipos encontrados na rotina imuno-hematologica pode ter relevância para a prática transfusional. O presente trabalho teve como objetivo analisar o perfil antigênico dos grupos sanguíneos dos sistemas Rh, MNS, Kell, Duffy, Diego e Kidd em doadores de sangue de uma cidade do noroeste do RS. Foram analisados o perfil genotípico de 810 doadores de sangue, as análise das variantes genéticas de grupos sanguíneos foram realizadas utilizando a técnica de PCR em tempo real. Já a fenotipagem eritrocitária foi realizada pela técnica de hemaglutinação com kits de cartão-gel (Bio-rad®). Para a genotipagem foram utilizadas sondas de hidrólise do sistema TaqMan® (Thermo Fisher) para o sistema Diego c.2561C>T (DI*01/*02, rs2285644), Kell c.578C>T (KEL*01/*02, rs8176058), Duffy c.125A>G e c.1-67T>C (FY*01/*02, rs12075; FY*02N.01, rs2814778), Kidd c.838G>A (JK*01/*02, rs1058396) e MNS c.143T>C (GYPB*S/GYPB*s, rs7683365). As frequências alélicas foram comparadas utilizando o teste de qui-quadrado com correção de Yates. Todas as frequências genotípicas estão de acordo com o esperado para populações em equilíbrio de Hardy-Weinberg. Os fenótipos sanguíneos estimados através dos genótipos mais frequentes na população do presente estudo foram: RHC*Cc (51,5%), RHC*ee (70,1%), FY*A/FY*B (49,2%), GATA-67T/T (93,5%), KEL*02/KEL*02 (93,3%) JK*A/JK*B (53,2%) e DI*02/DI*02 (95,4%). Também calculamos a distância genética DST entre a população do nosso estudo com outros estudos semelhantes realizados em diferentes regiões do Brasil. O principal resultado da análise DST mostrou que as populações dos estados do Paraná, Minas Gerais e Bahia são geneticamente diferentes das demais populações. A população do nosso estudo, por outro lado, é semelhante às populações dos estados de São Paulo e Santa Catarina. Estudos que caracterizem o impacto funcional das variantes genéticas associadas à predição de novos alelos de grupos sanguíneos, são fundamentais no embasamento e implementação de técnicas moleculares seguras para a genotipagem desses antígenos. As técnicas moleculares podem contribuir para a prática transfusional através do manejo de unidade de sangue apropriada de acordo com as necessidades de cada indivíduo e em situações complexas, nas quais a sorologia não é eficiente, tornam-se uma boa opção, pois possibilitam uma aplicação em escala maior quando comparada às técnicas sorológicas.
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    Efeito do laser terapêutico de baixa potência na função endotelial de indivíduos saudáveis e revisão sistemática com meta-análise sobre efeitos do laser terapêutico de baixa potência e de diodos emissores de luz na dor e cicatrização tecidual após cirurgia de revascularização do miocárdio
    (2020) Hauck, Melina; Plentz, Rodrigo Della Méa
    Introdução: A fotobiomodulação com Laser terapêutico de baixa potência (LLLT) ou Diodos emissores de luz (LEDT) potencializa os processos energéticos metabólicos, modifica o ambiente intracelular e contribui para a função endotelial pela secreção de óxido nítrico. No manejo de doenças cardiovasculares, pode ser necessário a realização de cirurgia de revascularização do miocárdio que pode desencadear dor pós-operatória e prejuízos na cicatrização tecidual. Objetivos: Os objetivos deste estudo foram 1) Avaliar os efeitos da fotobiomodulação com LLLT na função endotelial arterial de indivíduos saudáveis por meio da condução de um ensaio clínico e 2) Revisar sistematicamente os efeitos da fotobiomodulação com LLLT e LEDT após cirurgia de revascularização do miocárdio. Métodos: Fizeram parte do ensaio clínico randomizado 22 voluntários (25,45 ± 4,85 anos) que foram submetidos à avaliação da função endotelial pela técnica da dilatação mediada pelo fluxo (n= 22). A função endotelial foi mensurada antes e imediatamente após cada aplicação de fotobiomodulação com LLLT (810 nm, 1000 mW, 0,28 cm2 , 30 J por spot, 107 J/cm2 , 30 s). A revisão sistemática foi conduzida nas bases de dados MEDLINE (PubMed), EMBASE, SCiELO, PEDro e Cochrane Central. De acordo com os critérios de inclusão e exclusão, dois revisores independentes realizaram a seleção dos artigos, extração dos dados e avaliação da qualidade da evidência e metodológica. Os desfechos principais foram dor, cicatrização tecidual e deiscência. Resultados: O resultado do ensaio clínico mostrou que a fotobiomodulação com LLLT não aumentou a função endotelial de indivíduos saudáveis. Na condução da revisão sistemática, foram encontrados 1.513 artigos, mas somente oito ensaios clínicos randomizados foram incluídos totalizando dados de 379 pacientes. Os resultados da meta-análise mostram redução da dor após a fotobiomodulação com LLLT e LEDT no 4o 6o e 8o dia de pós-operatório. A cicatrização tecidual e a deiscência melhoraram no 8o dia de pós- operatório. Conclusões: A fotobiomodulação com LLLT com dose de 30 J e 60 J não aumentou a função endotelial e doses de energia maiores podem ser necessárias para causar vasodilatação. A fotobiomodulação com LLLT e LEDT parece melhorar a dor pós-operatória, cicatrização tecidual e deiscência após cirurgia de revascularização do miocárdio.
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    Análise da eficácia da membrana amniótica humana como curativo biológico e da sinalização purinérgica na regeneração tecidual
    (2022) Naasani, Liliana Ivet Sous; Wink, Márcia Rosângela
    O tratamento de queimaduras profundas ainda é um desafio na área da medicina regenerativa. A membrana amniótica humana (hAM) é um biomaterial que vem sendo cada vez mais explorado pelo campo da engenharia de tecidos. A fim de promover a regeneração de lesões teciduais, as células estromais mesenquimais (MSCs), podem ser transplantadas na área da lesão em um suporte (scaffold) que mantenha seu potencial terapêutico. Além de uma série de fatores bioativos, as MSCs liberam altas concentrações de adenosina (ADO), o que pode estar relacionado com a alta expressão de ecto-5'-nucleotidase (CD73), cuja principal função é converter ATP extracelular em adenosina imunossupressora, em conjunto com a NTPDase1 (CD39). Essas enzimas são ferramentas poderosas para controlar os efeitos mediados por purinas e pirimidinas extracelulares; no entanto, o papel dos componentes da sinalização purinérgica na regeneração tecidual é pouco compreendido. Neste trabalho avaliamos a segurança e eficácia da membrana amniótica humana como um curativo biológico, na presença ou ausência de células estromais mesenquimais através de modelos in vitro e in vivo e estudamos o papel da sinalização purinérgica como uma das vias responsáveis pela regeneração tecidual. Foi feita a caracterização física e histológica da membrana amniótica humana descelularizada (DhAM) na presença de células estromais mesenquimais derivadas de tecido adiposo (AD-MSCs), assim como a comparação do potencial da DhAM e de um substituto comercial como scaffolds para o cultivo de células estromais mesenquimais isoladas do limbo esclerocorneal (L-MSCs), demonstrando que o cultivo das MSCs na DhAM não alterou a potencialidade de células progenitoras in vitro. O efeito da DhAM na presença e ausência de AD-MSCs foi avaliado no modelo pré-clínico de queimadura de segundo grau profundo, o qual demonstrou a eficácia e segurança deste bioscaffold na regeneração tecidual. O papel dos componentes da sinalização purinérgica durante a cicatrização de feridas foi analisado através do modelo de substitutos de pele auto-montados (SASS), demonstrando a modulação das enzimas CD73, NTPDase1 e NPP1, assim como o potencial terapêutico do nucleotídeo UTP na regeneração tecidual. Nossos resultados confirmam a eficácia da DhAM como scaffold para MSCs e como uma possível terapia futura para o tratamento de queimaduras, bem como a importância de entender o envolvimento de nucleotídeos extracelulares e ectoenzimas na cicatrização de feridas, com a finalidade de oferecer novas estratégias terapêuticas.
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    Saúde mental e luto materno: possíveis repercussões sobre o desenvolvimento do bebê
    (2021) Maia, Gabriela Nunes ; Levandowski, Daniela Centenaro; Bandeira, Denise Ruschel
    Esta Tese de Doutorado objetivou avaliar o desenvolvimento de bebês de seis a 24 meses de vida, buscando verificar possíveis repercussões de aspectos emocionais maternos, em especial, de vivências de perda prévia de filho e de luto materno, sobre o desenvolvimento emocional. Cabe ressaltar que, nesta Tese, “experiência de perda de filho” foi definida como qualquer perda ocorrida desde a gestação até a primeira infância (6 anos). Foram construídos três artigos para elucidar este objetivo. O primeiro artigo é uma revisão sistemática (PROSPERO no CRD42019135655) que buscou investigar possíveis repercussões do luto materno seguida da morte de um filho, durante a gestação, período perinatal e/ou na primeira infância, no desenvolvimento do bebê nascido subsequentemente à perda. Foram seguidas as recomendações PRISMA para a condução do estudo. Dentre os registros localizados, sete artigos foram selecionados e analisados pelo STROBE. Os resultados mostraram-se inconclusivos, uma vez que tanto se constatou associação entre apego inseguro e desorganizado e dificuldades no desenvolvimento motor do bebê nascido subsequentemente à perda, quanto nenhuma associação entre tipo de apego do bebê e luto materno. No segundo artigo, empírico, de caráter misto, buscou-se compreender o processo de luto de quatro mulheres que possuíam filhos nascidos antes e depois de uma perda gestacional (PG), a fim de investigar o potencial traumático desta perda, considerando as perspectivas de Winnicott e Ferenczi, e analisar as eventuais repercussões deste processo na vivência da maternidade. Além de Questionário Sociodemográfico e Clínico (QSC), do Brief Symptom Inventory (BSI) e do Prolonged Grief Disorder-13 (PG13), as mães foram entrevistadas. Analisou-se pela técnica de síntese de casos cruzados. Verificou-se que as mães tanto sentiram que perderam um filho e vivenciaram processo de luto quanto não sentiram e não referiram ter vivenciado luto em decorrência da PG. Observou-se o potencial traumático na vivência da PG, porque nem todas as mulheres experenciam a PG como perda de filho, embora sofram emocionalmente devido a perda. A imaterialidade da PG propicia uma abertura à vulnerabilidade psíquica, podendo repercutir por meio de modificações emocionais na vivência da maternidade. Destacou-se o papel da espiritualidade e da presença de filhos nascidos anteriormente à perda na vivência da PG. Por fim, no terceiro artigo, também empírico, realizou-se um estudo quantitativo e transversal com o objetivo de avaliar associações entre variáveis maternas (presença de perda de um filho desde a gestação até a primeira infância, presença de luto prolongado e aspectos psicopatológicos) e sintomas psicofuncionais (SP) em bebês de seis a 24 meses nascidos após esta perda. A amostra foi composta por 598 díades mãe-bebê. Destas 23% das mães experienciaram algum tipo de perda de filho. Para a coleta de dados, utilizaram-se QSC, Questionário de Sintomas Somáticos do Bebê, BSI, Escala Revisada de Ajustamento Conjugal, Questionário sobre Situações de Perda e Luto Materno e o PG13. Realizou-se estatística descritiva, teste t de Student e testes qui-quadrado para comparação entre grupos de mães com e sem histórico de perda de filho e, por fim, análises de covariância (ANCOVA) com intuito de verificar quais variáveis poderiam ser preditoras de SP nos bebês. Observou-se que mães que perderam um filho não apresentaram mais sintomas psicopatológicos (BSI) do que aquelas que não perderam. Contudo, elas perceberam maior quantidade de sintomas psicofuncionais nos seus filhos nascidos subsequentemente à perda, quando comparados aos bebês de mães sem essa vivência. Além disso, a percepção da qualidade do ajustamento conjugal para as mães do estudo associou-se com a qualidade da saúde mental materna (menor presença de sintomas psicopatológicos). Dessa forma, verifica-se que a experiência de perda de filho seguida pelo nascimento de um novo bebê pode ser complexa e vivenciada das mais diferentes maneiras pelas mulheres. Além disso, a maternidade após a perda parece estar permeada por maiores preocupação da mulher frente a questões de desenvolvimento precoce do bebê, ao mesmo tempo em que o bebê pode estar sinalizando um descompasso na díade mãe-bebê, através de mais SP. Com base nos três estudos que compuseram a Tese, foi possível concluir que a perda de filho é um tema delicado, complexo e multifacetado. Parece existir repercussão da perda prévia de filho na relação mãe- bebê, contudo ainda existem lacunas a serem exploradas. Novos estudos devem empregar avaliação de outras dimensões do desenvolvimento do bebê, bem como considerar acompanhar algumas variáveis ao longo do tempo para a compreensão do processo de enlutamento materno decorrente de perda de filho, tais como o desenvolvimento infantil e a saúde mental materna. Ainda, a adaptação ou criação de novos instrumentos para a avaliação do enlutamento materno mostram-se necessários.
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    Estudo prognóstico do sistema de reparo de quebras duplas do DNA em pacientes com câncer colorretal esporádico
    (2021) Azambuja, Daniel de Barcellos; Saffi, Jenifer; Kalil, Antonio Nocchi; Meirelles, Natalia Motta Leguisamo
    Introdução: O câncer colorretal (CCR) ainda carece de biomarcadores que mitiguem inconsistências no estadiamento da doença e de novos alvos moleculares para expandir as opções terapêuticas. Análises genômicas de repositórios públicos têm identificado a presença de alterações na via de reparo por DNA de recombinação homóloga (HRR) em até 20% dos tumores colorretais. A caracterização da deficiência da via HRR (HRD) - causada por mutações patogênicas em genes centrais, como BRCA1/2 e PALB2 - permitiu o desenvolvimento de estratégias que mudaram a prática clínica para diversos tumores, mas não para o CCR. Portanto, a caracterização da HRR e da sua influência sobre o prognóstico do CCR é essencial para direcionar o desenvolvimento de biomarcadores e novos alvos terapêuticos. Objetivo: Avaliar o papel prognóstico da expressão de genes-chave da via HRR e as associações com aspectos clinicopatológicos em pacientes com CCR submetidos à cirurgia de ressecção. Métodos: amostras tumorais e saudáveis frescas de 86 pacientes com adenocarcinoma colorretal esporádico foram coletadas. Destas, 63 foram avaliadas para expressão gênica de genes-chave da HRR (RT-PCR) e status da via de reparo de malpareamento (MMR) (imuno-histoquímica). Foram exploradas as associações entre os dados moleculares e clinicopatológicos e o seu valor prognóstico em relação à sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) através da regressão de Cox. Resultados: Cinco dos sete principais genes HRR representativos foram expressos diferencialmente - MRE11A, RAD50, BARD1, BRCA1 e PALB2. Apenas a deficiência de MRE11A foi confirmada como um preditor independente de SG (HR: 5,48, IC 95% [1,26 - 19,04] p = 0,032). O status MRE11A foi identificado como um fator prognóstico independente em tumores com MMR proficiente (pMMR) (HR = 3,48 [IC 95% 1,97 - 12,45], p = 0,035), mas não MMR deficiente (dMMR). O maior tempo médio de SG foi observado em pacientes com MRE11A positivo/pMMR (64,1 meses), enquanto MRE11A positivo/dMMR apresentou a menor SG dentre os subgrupos (34,5 meses) avaliados. Conclusões: A expressão de MRE11A demonstrou-se um potencial preditor do prognóstico de CCR pMMR. Estes resultados podem fornecer racional para novas investigações de biomarcadores e abordagens terapêuticas direcionadas baseadas na expressão de MRE11A e no status de MMR.
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    Potencial preventivo da alamandina na fibrose pulmonar experimental
    (2022) Fernandes, Renata Streck; Rigatto, Katya Vianna
    A doença intersticial pulmonar (DIP) engloba um grupo heterogêneo de doenças fibrosantes que causam cicatrizes pulmonares após lesões de causas conhecidas ou desconhecidas. A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é a variante mais comum de DIP e, devido ao caráter progressivo e crônico, possui alta morbidade e mortalidade em todo o mundo. As limitações terapêuticas agravam o prognóstico do paciente, o qual possui uma sobrevida média de apenas 3 anos após o diagnóstico. Apesar do mecanismo patogênico da FPI ainda não estar totalmente elucidado, o significativo declínio na função pulmonar é a principal característica responsável pelo prejuízo funcional e impacta diretamente na qualidade de vida do paciente. Atualmente, os dois únicos medicamentos aprovados mundialmente para controlar os sintomas da FPI não são distribuídos no sistema único de saúde (SUS) devido à ausência de evidências robustas que justifiquem o alto investimento. Dessa forma, compreender a fisiopatologia da FPI pode auxiliar a identificação de novas opções terapêuticas. Nesse contexto, por ser um modulador essencial da homeostase tecidual, o sistema renina angiotensina (SRA) deve ser explorado como um sistema ativo também nestadoença. Evidências consistentes mostram o papel do eixo clássico do SRA napatogênese da doença. Entretanto, nosso grupo mostrou, pela primeira vez, que a alamandina (ALA), um importante peptídeo contrarregulatório do SRA está reduzido 365% no plasma de pacientes com FPI, enquanto os peptídeos do eixo clássico estavam similares aos controles. Esse achado demonstrou a importância do equilíbrioentre os eixos do SRA na FPI e permitiu a hipótese de que a administração exógena de ALA pode, ao menos em parte, proteger da fibrose pulmonar (FP) e representar umapromissora alternativa terapêutica futura. Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliaro potencial preventivo da ALA no desenvolvimento da FP experimental induzida por bleomicina (BLM). Para isso, 40 ratos Wistar foram divididos aleatoriamente em 4 grupos: CO (saudáveis), ALA (saudáveis e tratados com alamandina), BLM (fibróticos) e BLM+ALA (fibróticos e tratados com alamandina). Nos animais que receberam BLM,houve uma correlação positiva entre a pontuação de Ashcroft, que indica o grau de fibrose pulmonar, e a elastância do sistema respiratório. A administração de ALA atenuou o desenvolvimento da fibrose, reduziu a elastância pulmonar e preservou o ganho de peso em animais fibróticos sem afetar o controle autonômico da pressão arterial e frequência cardíaca. Nossos dados representam um importante avanço nasterapias antifibróticas e, provavelmente, também para as sequelas fibróticas da COVID-19.
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    Aspectos nutricionais do paciente com DPOC: comprometimento nutricional e intervenção dietética
    (Wagner Wessfll, 2022) Bernardes, Simone; Teixeira, Paulo José Zimermann; Silva, Flávia Moraes
    A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se pela obstrução crônica e progressiva do fluxo aéreo, decorrente da resposta inflamatória anormal dos pulmões. As alterações patológicas da doença envolvem também a inflamação sistêmica, que contribui para o catabolismo proteico e perda de massa muscular, aumentando o risco do comprometimento do estado nutricional nestes pacientes. No entanto, o impacto do suporte nutricional nesse grupo de pacientes é controverso. Assim, o primeiro objetivo dessa tese foi verificar a associação da circunferência da panturrilha (CP) reduzida com desfechos clínicos em pacientes com DPOC encaminhados para um programa de reabilitação pulmonar. Nessa coorte histórica de 144 pacientes, aqueles com CP reduzida eram mais propensos a apresentar piores desfechos: gravidade da doença (OR= 5,09; IC 95%, 2,00 a 12,96), exacerbações frequentes (OR = 2,34; IC 95%, 1,11 a 4,91), maior comprometimento da qualidade de vida (OR = 2,70; IC 95%, 1,22 a 6,00) e maior mortalidade (OR = 3,69; IC 95%, 1,06 a 12,87). O segundo objetivo da tese foi verificar a acurácia do índice de massa corporal (IMC) no diagnóstico de desnutrição e seu valor prognóstico para o tempo de internação e mortalidade intra-hospitalar em pacientes com DPOC internados por exacerbação da doença. Nessa análise secundária de uma coorte envolvendo 241 pacientes, o baixo IMC apresentou acurácia insatisfatória para identificar a desnutrição (AUC < 0,70), mas foi um preditor de permanência hospitalar prolongada (OR = 2,28; IC 95%, 1,17 a 4,44). O último objetivo da tese foi revisar sistematicamente o efeito de intervenções dietética com suplementação nutricional oral (SNO) calórico e/ou proteica em parâmetros do estado nutricional em pacientes com DPOC. Os resultados da revisão sistemática com meta-análise envolvendo 32 ensaios clínicos randomizados (ECR) demonstrou que as intervenções nutricionais aumentaram o peso corporal (MD = 1,44 kg; IC 95%, 0,81 a 2,08, I2 = 73%), a massa livre de gordura (MLG) (SMD = 0,37; IC 95%, 0,15 a 0,59, I2 = 46%), a circunferência muscular do braço (MD = 0,29 mm2 ; IC 95%, 0,02 a 0,57, I2 = 0%), a dobra cutânea tricipital (MD = 1,09 mm; IC 95%, 0,01 a 2,16, I2 = 0%) e a força da preensão palmar (FPP) (SMD = 0,39; IC 95%, 0,07 a 0,71, I2 =62%) em comparação com as dietas controle. Porém, a certeza da evidência para os desfechos nutricionais variou de muito baixa a baixa. O comprometimento do estado nutricional é prevalente em pacientes com DPOC e está associado a piores desfechos clínicos. E ainda que o IMC reduzido seja um preditor independente de mortalidade, o seu uso isolado é inapropriado para a identificação de desnutrição. O aumento da oferta calórica e/ou proteica por meio de SNO promove a melhora de marcadores do estado nutricional em pacientes com DPOC.
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    Estudos estruturais do complexo enzimático mTOR (mechanistic target of rapamycin) com abordagem in silico para delineamento de estratégias para desenvolvimento racional de inibidores do complexo enzimático
    (Wagner Wessfll, 2022) Kist, Roger; Caceres, Rafael Andrade
    A via PI3K/Akt/mTOR é uma via de sinalização intracelular importante na regulação do ciclo celular que responde a múltiplas questões nutricionais e ambientais. A desregulação dessa via está envolvida em múltiplas patologias humanas. A mTOR (mechanistic target of rapamycin) constitui a principal enzima que exerce o controle intermediário da via de sinalização e a sua ativação depende principalmente do acoplamento da subunidade mLst8 (mammalian lethal with Sec13 protein 8). Dada a importância da ligação mTOR-mLst8 no mecanismo de ativação da mTOR, à escassez de estudos direcionados a compreender o comportamento da quinase frente a esse acoplamento, a exploração das características da interação proteína proteína na interface mTOR-mLst8 e o intuito de fornecer conhecimento para o desenvolvimento de novad estratégias de controle da via metabólica, neste trabalho empregamos dinâmica molecular com modelos coarse-grained para obter trajetórias do sistema mTOR-mLst8 a fim de avaliar as características da ligação mTOR-mLst8 e o perfil de ligação através de cálculos de energia livre, decomposição energética por resíduo e identificação de ligações de hidrogênio na interface mTOR-mLst8.
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    Doação após morte circulatória e transplante de pulmão
    (Wagner Wessfll, 2022) Santos, Pedro Augusto Reck dos; Teixeira, Paulo José Zimermann; Cypel, Marcelo
    Introdução: O Transplante Pulmonar (TxP) é a modalidade mais eficaz para o tratamento de pacientes com doenças pulmonares em estágio terminal. Infelizmente, muitas pessoas não podem se beneficiar dessa terapia devido à disponibilidade insuficiente de doadores. Em nosso primeiro artigo, discutimos a Doação após Morte Circulatória (DMC), que sem dúvida é essencial entre as estratégias desenvolvidas para aumentar o pool de doadores. No entanto, existem considerações éticas e legislativas no processo de doação da DMC que são diferentes da Doação após Morte Encefálica (DME). Entre outros, os aspectos críticos do DMC são o conceito de terminalidade, a cessação de tratamentos fúteis e retirada de terapia de suporte de vida. Além disso, descrevemos uma justificativa para o uso de pulmões provenientes de DMC e fornecemos algumas definições importantes, destacando as principais diferenças entre DMC e DME, incluindo aspectos fisiológicos pertinentes a cada categoria. A capacidade única dos pulmões de manter a viabilidade celular sem circulação, supondo que o oxigênio seja fornecido aos alvéolos – um aspecto essencial da DMC – também é discutida. É feito uma revisão atualizada da experiência clínica da DMC para TxP em centros internacionais, avanços recentes na DMC e alguns dilemas éticos que merecem atenção a esse respeito. Em nosso segundo artigo, baseado no fato de que o TxP com DMC demonstrou resultados equivalentes em comparação à DME, quisemos avaliar a segurança da DMC, em comparação com o DME. Os dados do uso de DMC para receptores de alto risco (AR) são limitados, e é por isso que fizemos essas comparações entre DMC e DME. Métodos: Realizamos um estudo de “propensity score matching” para avaliar o impacto do transplante com DMC em receptores de AR. Além disso, avaliamos o efeito do perfil do receptor (AR vs. não AR) em DMCs e DMEs no TxP. Resultados: Entre 2009 e 2018, foram identificados 1.829 transplantes pulmonares duplos (TxPD) para receptores de AR. Destes, 131 foram realizados com doadores DMC. Não houve diferença na sobrevida entre doadores DMCs e DMEs entre os receptores de AR-TxPD (p=0,16). No entanto, os receptores AR tiveram pior sobrevida em comparação com os não AR na DMEs (p<0,001), mas não no transplante usando DMC (p=0,95). Conclusões: Nossos achados sustentam que os pulmões provenientes de DMC são apropriados para receptores de AR e não devem ser considerados doadores inferiores ou de alto risco. Seu uso deve, acima de tudo, ser mais estimulado e não restringido.
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    Influência da colonização por Enterobacterales produtoras de carbapenemases no desfecho clínico de pacientes transplantados
    (Wagner Wessfll, 2021) Raro, Otávio Hallal Ferreira; Dias, Cícero Armídio Gomes; Vázquez, María Dolores Pérez
    Os transplantes têm o propósito de prolongar e melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças terminais. De acordo com o Global observatory on donation and transplantation (GODT), em 2018 foram realizados 146.840 transplantes de órgãos, e, segundo a World Health Organization (WHO), mais de 50.000 transplantes de células tronco hematopoiéticas são realizados no mundo anualmente. Os pacientes transplantados são um grupo de risco para contrair infecções por agentes bacterianos, principalmente associadas às Enterobacterales. As Enterobacterales fazem parte da microbiota intestinal humana, e aquelas produtoras de carbapenemases (EPC) estão frequentemente associados com infecções adquiridas no ambiente hospitalar, sendo considerados um dos principais patógenos associados a infecções em pacientes transplantados. Representados principalmente por Klebsiella pneumoniae, as EPCs são uma preocupação mundial de acordo com autoridades como o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a World Health Organization (WHO) no tratar-se de resistência antimicrobiana. Tal preocupação se deve ao fato de estes microrganismos serem uma causa emergente de infecções associadas à saúde pública. Quando presentes, as infecções por EPCs são difíceis de serem tratadas devido à resistência a diversos antimicrobianos (MDR), estando associadas a um aumento na mortalidade. Neste estudo, primeiramente detectamos um caso clínico de transmissão plasmidial de resistência aos carbapenêmicos em uma infecção abdominal. Relatamos pela primeira vez a transferência do gene blaKPC-2 de um isolado de K. pneumoniae para um de Kluyvera ascorbata através da confirmação por testes de conjugação. Também detectamos que o plasmídeo responsável por carrear o gene blaKPC-2 era da família de incompatibilidade IncN através de sequenciamento de genomas completos (WGS). Em um segundo trabalho, selecionamos 80 isolados de CPE para realizar a técnica de WGS. Detectamos a presença de 4 clones epidêmicos de K. pneumoniae produtores de carbapenemases (Kp-PC): ST11/KPC-2, ST16/KPC-2, e ST15/NDM-1, todos responsáveis por surtos inter e intra hospitalares, e ST437/KPC-2 o qual esteve presente em apenas em um hospital. Identificamos o resistoma e o viruloma destes clones, que possuem em média 9 genes de resistência adquirida e 27 genes de virulência. Ainda, identificamos plasmídeos responsáveis por carrear as carbapenemases, sendo IncN o principal associado a blaKPC-2, e possivelmente o maior responsável pela disseminação deste gene no Brasil. Por outro lado, a presença do gene blaNDM-1 esteve associada de maneira restrita ao plasmídeo IncFIB. Em um terceiro trabalho, buscamos metodologias alternativas e promissoras para a detecção de resistência a polimixina B em isolados de EPC. Este trabalho foi dividido em três etapas: a) avaliação da praticidade e acurácia do método de eluição de disco de polimixina B em caldo (PBDE), que se mostrou um método acurado e tão confiável quando o padrão ouro (BMD), com excelente concordância categórica (CA, 99,5%), aceitáveis very major error (VME, 1,11%) e nenhum major error (ME); b) Avaliação das metodologias de screening test e diluição em agar, que apesar da baixa sensibilidade, as metodologias baseadas em agar utilizando a polimixina B tiveram uma boa performance considerando todos os outros parâmetros de qualidade (CA, 93,4%, sensibilidade – Sen, 86,2%, especificidade - Spe, 98,7%, valor preditivo positivo - PPV, 98%, valor preditivo negativo - NPV, 90,7% , e índice kappa – ĸ, 0,86 para o screening test; e CA, 92,7%, Sen, 86,2%, Spe, 97,5%, PPV, 96,1%, NPV, 90,6%, e ĸ, 0,85 para o agar dilution); c) Avaliação da acurácia do teste polimixina NP utilizando colônias semeadas a partir de hemoculturas, e também, amostras colhidas diretamente de frascos de hemoculturas. . Em ambos os testes, a partir da colônia (NP-colony) e dos frascos (NP-bottle) obtivemos excelentes performances (CA, 96,2%, Sen, 98,9%, Spe 94,4%, PPV, 92,2%, NPV, 99,3% para NP-colony; e CA, 93,4%, Sen, 94,1%, Spe, 93,7%, PPV, 94,1% e NPV, 93,7%, para NP-bottle). Estes resultados sugerem que ambos os testes podem ser fortes candidatos para implementação em laboratórios clínicos de microbiologia. Por fim, avaliamos as características da coorte, em um modelo prospectivo dos pacientes transplantados. Também avaliamos as características dos isolados de EPC oriundos destes pacientes e concluímos que a transferência sucessiva de pacientes de uma unidade para a outra dentro do Complexo Hospitalar favorece a disseminação e promoção de surtos por EPC e outros microrganismos muitirresistentes (MDR). Além disto, variáveis como hospitalização por mais de 30 dias, uso de ventilação mecânica (≥ 24h), transferências sucessivas entre unidades, e colonização por K. pneumoniae são fatores de risco independentes para os pacientes desenvolverem uma infecção por estes patógenos. E, como esperado, estar infectado por EPC é um fator de risco para óbito. Essa tese gerou resultados relevantes, apresentando problemas de saúde pública que necessitam ser discutidos de maneira extensiva e pesquisados através de estudos adicionais para melhor entendermos a estrutura organizacional, os fatores de resistência e virulência de EPC, especialmente K. pneumoniae isolados de pacientes transplantados, com o objetivo de prevenir e controlar novos surtos, uma vez que sabemos o grande impacto econômico e sanitário relacionado a estes temas. E por fim, também produzimos importantes resultados para o avanço nas metodologias diagnósticas relacionadas a detecção de susceptibilidade a polimixina B em ERCs.
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    Da progressão no uso de drogas até a abstinência: uma intervenção de prevenção da recaída
    (Wagner Wessfll, 2015) Santos, Simone Fernandes dos; Barros, Helena Maria Tannhauser; Ferigolo, Maristela
    O uso e abuso de drogas é um problema de saúde pública mundial. Seu início ocorre geralmente na adolescência e pode continuar por vários anos na vida do usuário. Em alguns casos, o consumo pode apresentar progressão, ou seja, o usuário deixa de consumir apenas uma droga e passa a ser poliusuário. Ou então, passa do consumo de drogas lícitas para o consumo de drogas ilícitas. A presente tese teve como objetivos estudar a progressão no uso de drogas entre poliusuários; as situações de risco para recaída e estratégias de enfrentamento utilizadas para não retornar ao consumo de drogas; e benefícios percebidos com a parada do consumo entre ex-usuários. Além disso, propôs um acompanhamento de 90 dias utilizando uma intervenção baseada no modelo de prevenção de recaída postulado por Alan Marlatt, com o objetivo de evitar que os ex-usuários retornassem ao consumo de drogas. Os dados foram coletados no Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso de Drogas - Ligue 132. Este é um serviço de telessaúde especializado no atendimento de questões relacionadas ao uso de drogas e abstinência. O atendimento é gratuito, garante o anonimato de quem liga e está disponível a toda a população brasileira por qualquer tipo de aparelho telefônico. Os atendentes são graduandos da área da saúde que contam com treinamento e supervisão de profissionais (pós-graduados ou com pós graduação em curso) da mesma área. Os dados da amostra foram armazenados em um software utilizado pelo atendimento telefônico do Ligue 132. Variáveis sociodemográficas foram analisadas por frequência e porcentagem; diferenças entre situações de risco e estratégias de enfrentamento em 60 e 90 dias foram analisadas pelo teste qui-quadrado McNemar e, para verificar a mudança no número de situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas ao longo do tempo foi realizada ANOVA de Medidas Repetidas por Postos (Teste de Friedman) seguida pelo Teste de Tukey para comparações múltiplas. Para se chegar a uma identificação objetiva e sistemática sobre as situações de risco, estratégias de enfrentamento e benefícios da parada do consumo de drogas, foi realizada análise de conteúdo. A coleta de dados proporcionou a produção de 4 artigos: 1. Prevenção da Recaída: descrição de um modelo de intervenção em telessaúde para abstinentes recentes. Este estudo propôs uma intervenção para manutenção da abstinência e prevenção da recaída em uma coorte de abstinentes de drogas (n=34) que foram acompanhados por 90 dias. Os principais resultados indicam a manutenção da abstinência durante os 90 dias de acompanhamento; a diminuição do número de situações de risco para recaída e diminuição das estratégias de enfrentamento. 2. Progressão no uso de drogas: um estudo transversal em um serviço brasileiro de telessaúde. Este estudo teve como objetivo identificar a sequência de uso de drogas entre poliusuários. Para tanto, caracterizou o perfil sociodemográfico e de consumo dos indivíduos, além de identificar a idade de início do consumo de cada droga citada pelos indivíduos da amostra (n=735) e a idade com a qual progrediram no consumo. Os resultados indicam o consumo inicial predominante de drogas lícitas seguido por drogas ilícitas (álcool, seguido por tabaco, maconha, cocaína/crack). 3. Estratégias de enfrentamento e situações de risco para recaída percebidas por abstinentes de drogas. Este estudo identificou as principais situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas por abstinetes de drogas que ligaram para o Ligue 132 (n=80); perfil sociodemográfico dos indivíduos da amostra e seu consumo de substâncias antes da parada do uso. Com os resultados do estudo foi possível constatar que os abstinentes perceberam situações de risco que puderam ser agrupadas em 3 categorias distintas de determinantes interpessoais: desejo e tentações; pressão social e estados emocionais negativos. Quanto às estratégias de enfrentamento utilizadas pelos abstinentes, foi possível agrupar em 8 categorias: evitação; distração; suporte social; religiosidade; refletir sobre o uso; automotivação; mudar ciclos de amizade e controle sobre o dinheiro. 4. Abstinentes de drogas: benefícios percebidos com a parada do consumo. Este estudo descreveu os benefícios relatados pelos indivíduos da amostra (n=92) a partir da parada do consumo de drogas e os relacionou com o perfil sociodemográfico e droga utilizada antes da parada. A análise de conteúdo permitiu agrupar os benefícios em 6 categorias: melhora na saúde; sentimentos positivos; melhora no desempenho; apoio social; economia de dinheiro e religiosidade. Sobre os resultados, foi possível identificar que as categorias sentimentos positivos e apoio social foram aquelas de maior ocorrência entre os indivíduos; as categorias melhora na saúde e no desempenho tiveram semelhanças nos resultados para todas as variáveis sociodemográficas. Os resultados também foram semelhantes com relação à droga anteriormente consumida. Com os dados obtidos, pudemos perceber a importância de desenvolver intervenções focadas na prevenção da recaída e planejar acompanhamento para o período após a parada do consumo. Para tanto, conhecer as situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas, além dos benefícios percebidos pelo abstinente, pode auxiliar nesse planejamento.