PPGCS - Teses
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Navegando PPGCS - Teses por Autor "Barros, Helena Maria Tannhauser"
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Item Abuso de Drogas, Saúde Mental e Isolamento Social durante e após a Pandemia de Covid-19 no Brasil(2024) Heidrich, Nubia; Barros, Helena Maria Tannhauser; Freese, Luana; Nin, Maurício Schüler; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeA pandemia de COVID-19 provocou mudanças profundas na sociedade, com medidas como confinamento e distanciamento social resultando em sentimentos de solidão e isolamento, especialmente no seu início. Essas ações também alteraram significativamente a economia e os padrões de trabalho, gerando efeitos de longo prazo. Como resultado, o estresse e os problemas psicológicos, como o esgotamento, aumentaram globalmente. Estudos sobre saúde mental, incluindo o uso de substâncias, tiveram um aumento expressivo durante esse período. Apesar da melhoria nas condições sociais e econômicas com a implementação de programas de vacinação e a flexibilização das restrições, os desafios de saúde mental persistiram por mais de três anos após o término da emergência de saúde pública causada pela pandemia. Deste modo, pensando em avaliar consequências sobre a população acerca de seu uso de drogas e saúde mental, concebeu-se uma pesquisa online, formulada por meio de inquérito populacional, construído com a plataforma RedCap, e divulgado por meio de redes sociais (Instagram® e Facebook®), aplicativo de mensagens e emails, para averiguar se o distanciamento social seria um fator importante na alteração de uso de drogas (coletado por meio do Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST), e se isto estaria ligado a sintomas de depressão, ansiedade e estresse (averiguados por meio da Depression, Anxiety and Stress Scale, ou DASS-21), bem como fatores sociodemográficos. A pesquisa também teve o objetivo de fazer estudo longitudinal, acompanhando os indivíduos em três momentos diferentes (no começo da pandemia, no ano de 2020; seis meses depois; e ao final da pandemia, após a situação de saúde pública ter sido declarada como concluída pelo Ministério da Saúde). Em síntese, os resultados observados pela primeira fase da pesquisa (C1), demonstraram, pelo auto-relato de uso de drogas, coletado com uso do instrumento validado para o português ASSIST, que, da amostra de 2435 respondentes, algumas mudanças importantes no uso de várias drogas em relação ao distanciamento social. Participantes que relataram maior distanciamento reduziram o uso de álcool, tabaco, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Os que relataram menor distanciamento, por sua vez, aumentaram o uso de álcool, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Dos sintomas psicológicos coletados com o instrumento DASS-21, apenas a ansiedade obteve relação com o menor distanciamento social e apenas a depressão mostrou-se associada ao risco de uso de álcool, tabaco, maconha e cocaína. Os fatores sociodemográficos que mostraram aumento de risco de uso foram o gênero masculino, menor nível de educação, menor nível de renda e menor distanciamento social, para álcool, tabaco, maconha e cocaína. A análise do segundo estudo demonstrou que o escore ASSIST diminuiu, quando comparados os três momentos da pandemia, para álcool, maconha, alucinógenos e cocaína apenas no C2. Os fatores sociodemográficos que mostraram relação com o uso de drogas foram a idade mais jovem, gênero masculino, não viver em união com um companheiro, menor renda e menor educação. Os sintomas relatados com o DASS-21 reduziram em todos os tempos, para os três sintomas. Os fatores sociodemográficos associados ao estado emocional foram menor educação, menor renda, gênero feminino (para ansiedade e estresse), menor distanciamento e menor idade. Houve baixa correlação, ainda que significativa, entre o uso de drogas e os sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Assim, é possível ver que a pandemia teve seu impacto no uso de drogas e sintomas psicológicos, principalmente no começo da pandemia, mas que após dois anos, esse efeito foi se dissipando.Item Aconselhamento telefônico como alternativa de intervenção para jovens usuários de cocaína/crack: follow up 24 meses(2018) Bisch, Nadia Krubskaya; Barros, Helena Maria Tannhauser; Ferigolo, MaristelaA juventude é marcada por um período de transição entre a infância e a adoção completa de um papel adulto. Esta fase evolutiva traz obstáculos que conduzem os indivíduos a um relacionamento conturbado, tanto consigo próprio, quanto com os demais. A busca de alívio para essa crise evolutiva pode ser responsável pelo envolvimento do jovem em atividades de risco, como o uso de drogas. Tal consumo pode acarretar sérios problemas no desenvolvimento do jovem. A telemedicina pode ser uma alternativa vantajosa para promover mudança de comportamento entre esta população. O anonimato e o acesso facilitado à orientação desprovida de preconceitos e julgamentos podem estimular os jovens à busca por ajuda. Promover intervenções precoces, com vistas à prevenção do uso de drogas, bem como da progressão da experimentação para consumos que refletem maior risco quanto ao uso problemático e gravidade do consumo, torna-se de extrema relevância para as políticas públicas. Desta forma, nesta tese buscamos investigar se o aconselhamento telefônico, baseado na entrevista motivacional auxilia os jovens à mudança de comportamento em relação ao uso de cocaína e crack. Além disso, ao identificar problemas na adesão ao tratamento proposto buscou-se investigar a percepção dos jovens para a não adesão ao tratamento e avaliar as características de consumo desta população. Com isto, foi possível a produção de três artigos: 1) “Aconselhamento telefônico para jovens brasileiros usuários de cocaína e/ou crack. Quem são esses usuários?”, que teve por objetivo descrever as características de consumo, comportamentos problemáticos associados ao uso e motivação para cessar o consumo entre adolescentes e jovens usuários de cocaína e/ou crack e comparar essas características. Fez-se um estudo transversal, com 2.390 usuários de cocaína/crack (adolescentes: 14-19 anos e jovens: 20-24 anos), 1471 jovens e 919 adolescentes. 2) “Mudanças nos comportamentos problemáticos decorrentes do uso de cocaína / crack em adolescentes e jovens brasileiros: acompanhamento de 6 e 24 meses” no qual os resultados da Entrevista Motivacional foram avaliados com base em intervenções telefônicas para jovens que relataram o uso de cocaína / crack. Os participantes foram aleatoriamente designados para a entrevista motivacional ou grupo de controle. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, questionários demográficos, avaliação da cocaína / crack na dependência de cocaína / crack e Escala de contemplação para avaliar a motivação para mudança de comportamento. Participaram do estudo 303 jovens com idade entre 14 e 24 anos. Apenas 154 desses participantes completaram um acompanhamento de 6 meses e somente 40 participantes finalizaram o seguimento de 24 meses. A entrevista motivacional foi mais eficaz do que a intervenção de controle na mudança de comportamento no uso de cocaína / crack entre os jovens que aderiram ao processo de acompanhamento no seguimento de 6 meses. Ao final d 24 meses de seguimento não se identificou diferenças significativas entre os grupos. Os participantes de ambos os grupos referem mudanças no comportamento em relação à quantidade de substância utilizada e; 3) “Obstáculos para a adesão ao tratamento entre jovens usuários de cocaína/crack atendidos em um serviço brasileiro de aconselhamento telefônico” em que foi realizado um estudo qualitativo de casos múltiplos. Participaram do estudo jovens usuários de cocaína/crack com idade entre 14 e 24 anos que ligaram para um serviço de aconselhamento telefônico no período de 2006 a 2013, com o intuito de buscar auxílio para cessar seu consumo. Foram realizadas ligações proativas cujo objetivo era investigar a situação de consumo. Nestas ligações proativas se investigou os motivos pelo quais os jovens não entraram em contato com o serviço nas datas previamente agendadas.Item Cefaleia matinal e outras comorbidades associadas à apneia obstrutiva do sono(Wagner Wessfll, 2020) Stelzer, Fernando Gustavo; Barros, Helena Maria Tannhauser; Barea, Liselotte MenkeApneia obstrutiva do sono (OSA) é uma doença crônica e prevalente, caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores durante o sono. É uma condição com diversas repercussões sobre a saúde do paciente, com maior morbidade cardiovascular, comprometimento cognitivo, aumento do risco de acidentes e de traumatismos em decorrência de sonolência diurna excessiva. Entre as diversas manifestações clínicas de OSA está cefaleia matinal. Em uma amostra representativa de portadores de OSA, avaliados prospectivamente e com diagnóstico estabelecido por polissonografia, este estudo avaliou diversas comorbidades associadas ao transtorno respiratório, incluindo sonolência diurna excessiva, síndrome das pernas inquietas, depressão, ansiedade e cefaleia matinal. Nestes estudos, foi possível determinar que, diferente de ronco primário, nocturia, apneia testemunhada e disfunção erétil são mais comuns em OSA. Sonolência diurna excessiva é prevalente em OSA, sendo associada a maior fragmentação de sono noturno. Depressão e ansiedade foram relativamente prevalente em OSA, não se correlacionando com a gravidade da doença. Ainda que a prevalência de síndrome das pernas inquietas seja relativamente elevada, OSA grave foram negativamente associadas com o transtorno de movimento. Cefaleia no último ano foi prevalente na amostra estudada, sendo associada com sexo feminino, menor idade e com OSA leve. Cefaleia matinal afetou cerca de um terço dos pacientes, não sendo associada a parâmetros de gravidade de OSA. Cefaleia ao acordar pela manhã foi pouco frequente, predominando em pacientes com queixas de insônia e não foi associada a parâmetros de saturação de oxi-hemoglobina.Item Comportamentos permissivos de familiares de usuários de substâncias psicoativas(2023-06-30) Baptista, Heloisa Praça; Barros, Helena Maria Tannhauser; Constant, Hilda Maria Rodrigues Moleda; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeO uso de substâncias psicoativas é um problema grave de saúde pública mundial que, além de causar prejuízos ao usuário, causa danos importantes à vida dos membros do sistema familiar. Queixas relacionadas à saúde física e psicológica, desestabilização financeira, prejuízos nas relações sociais e interpessoais são descritas por familiares de usuário de formas semelhantes, em diferentes culturas. As estratégias de enfrentamento desenvolvidas por famílias para lidar com o estresse do uso de substâncias pelo seu familiar podem exacerbar ainda mais este sofrimento e ainda serem reforçadoras dos comportamentos de uso. Os estudos apontam que familiares do sexo feminino são mais frequentemente envolvidos no apoio ao indivíduo com Transtorno de Uso de Substâncias (TUS); no entanto, os familiares do sexo masculino são raramente estudados. Este trabalho teve por objetivo identificar a frequência e tipos de comportamentos permissivos de familiares homens e mulheres que buscaram ajuda em um serviço de teleatendimento. A tese permitiu o desenvolvimento de três artigos: 1) Assessment of the psychometric properties of the Enabling Behavior Scale – Brazilian version of family members of psychoactive substance users: Devido à importância de identificar os comportamentos facilitadores do uso que os familiares desenvolvem e a frequência que estes acontecem, realizouse a avaliação das propriedades psicométricas da Enabling Behavior Scale em familiares brasileiros. As análises demonstraram que a escala é uma ferramenta válida para medir a frequência dos comportamentos permissivos com Alpha de Cronbach de 0,768. A adaptação da escala resultou em uma versão mais curta composta por 15 itens e dividida em seis fatores que abrangem 65% de variância explicada da escala. O KMO= 0,680, e teste de esfericidade de Bartlett= X2 (df=153) 497,201, p <0,0001 apresentou significância. Os fatores foram intitulados: Comportamentos passivos; Relações pessoais; Consequências criminais do uso; Minimização do uso; Comportamento ativo; e Responsabilidade pelo uso. A aplicação da escala foi ampliada para qualquer membro do sistema familiar; 2) Análise de comportamentos entre homens e mulheres familiares de usuários de substâncias psicoativas: Há evidências importantes na literatura que apontam para os prejuízos aos membros do sistema familiar em casos de uso de substâncias psicoativas, porém as amostras são predominantemente compostas por familiares mulheres, que são apontadas como sendo cuidadoras naturais no sistema familiar, apesar de haver uma porcentagem de homens que assumem os cuidados com seus familiares com TUS. Portanto, o objetivo deste estudo foi identificar os comportamentos permissivos e crenças codependentes dos familiares tendo em conta a diferença de sexo. Para controlar possíveis vieses, a amostra foi pareada pelas variáveis: idade e grau de parentesco. Verificou-se diferenças nas estratégias de enfrentamento, o grupo dos homens apresentaram maiores escores nos domínios de comportamento ativo (p=0,010) e minimização do uso (p=0,020), enquanto as mulheres apresentaram diferença na escala de Codependência, no domínio de reatividade (p<0,001) que se refere ao comportamento de responsabilização das consequências do comportamento do usuário. 3) Quem são os familiares homens de usuários de substâncias psicoativas? Considerando a escassez de estudos que investiguem sobre a experiência dos familiares homens, realizou-se um estudo transversal com análise de dados retrospectivos de um serviço de teleatendimento no período de 2008 a 2016, com o objetivo de investigar o perfil dos familiares, de usuários de drogas, do sexo masculino. Do total da amostra, o parentesco mais prevalente foram os pais (44,8%), seguidos dos irmãos (26,4%); apresentaram idade média de 40,2, e 48,9% da amostra apontou para o uso de substância do próprio familiar, sendo o álcool a substância mais prevalente. Na escala de comportamentos permissivos, o domínio de Comportamento Passivo apresentou escores significativamente maiores no grau de parentesco filhos 2,8± 1,1 (p<0,001), no fator Relações Pessoais os escores mais elevados foram identificados entre os filhos 2,0±1,1 (p<0,001) e os cônjuges 2,1±1,1 (p<0,001). Quando comparamos a substância utilizada pelo usuário com os comportamentos permissivos dos familiares o álcool apresentou diferença significativa no fator Comportamento ativo 1,6±0,7 (p=0,002). Esta tese permitiu a análise mais detalhada do uso de comportamentos permissivos como estratégia de enfrentamento de familiares para lidar com os estresses gerados pelo uso de substâncias. Também oportunizou, ao comparar estratégias desadaptativas de homens e mulheres, que estas estão associadas com os prejuízos e estresse do uso e pouco estão associadas aos papéis de gênero.Item Consequências da morte materna nos órfãos de até 15 anos de idade na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul – Brasil(Wagner Wessfll, 2020) Salazar López, María Esther; Barros, Helena Maria Tannhauser; Levandowski, Daniela CentenaroObjetivos: objetivou-se avaliar as consequências da morte materna por causas obstétricas e não obstétricas, na cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), na saúde e no bem-estar de filhos(as) de até 15 anos de idade. Assim, desenvolveram-se três artigos científicos que buscaram: 1) Identificar a produção cientifica existente sobre as consequências na alimentação de crianças órfãs menores de cinco anos em decorrência da morte materna, aplicando softwares livres de mineração de texto. 2) Caracterizar o perfil sócio demográfico da violência contra adolescentes notificados a partir do Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes/VIVA, no Brasil 3) Avaliar as consequências da morte materna por causas maternas obstétricas e não obstétricas, na saúde e no bem-estar dos órfãos de até 15 anos de idade, na cidade de Porto Alegre/Rio Grande do Sul, no período 2010-2015. Métodos: No primeiro artigo aplicou-se uma metodologia transversal, onde foram selecionados dez artigos em inglês publicados entre 2000 e 2015 nos temas de morte materna, recém-nascido e crianças órfãs menores de cinco anos que perderam a sua mãe na gravidez, parto ou puerpério; nos repositórios PubMed e BIREME de acesso livre nos quais foi lido apenas o título. Os arquivos de textos foram trabalhados no formato “txt” construindo-se um corpus para análise do conteúdo semiestruturada. A análise do corpus foi feita com os softwares Tag Crowd, e Textalyser para análise de monogramas e bigramas respectivamente, AntConc e Voyant Tools, para extrair palavras-chave na análise de contexto. No segundo artigo foi descrito um estudo epidemiológico descritivo com dados secundários do Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes / VIVA das notificações de violência contra adolescentes entre 10 e 19 anos no Brasil entre 2009 a 2016. As variáveis analisadas foram idade, sexo, raça, local de ocorrência, vinculo do agressor com a vítima e suspeita de uso de álcool nos casos de violência física, violência psicológica/moral e violência sexual. Utilizou-se estatística descritiva e o teste de tendência de proporções no STATA. Já o terceiro artigo reflete o estudo principal que originou a tese, e trata-se de uma pesquisa transversal com abordagem mista. Utilizou-se a base de dados da vigilância epidemiológica do óbito materno, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC), no período 2010-2015, e o Sistema de Cadastramento de Usuários do SUS (CADSUS) do Ministério da Saúde implantado nos municípios do Brasil. Identificaram-se 90 casos de morte materna (MM) por causas obstétricas e não obstétricas em Porto Alegre, no período 2010-2015. Destes, 75 foram incluídos pela presença de pelo menos um filho vivo quando ocorreu a morte. Já 15 foram excluídos por falta de informações. Incluíram-se as variáveis: data de nascimento, data de óbito e número de filhos. A partir dos dados coletados nos sistemas de informação, iniciou-se o estudo qualitativo. Foram entrevistados nove cuidadores e 14 órfãos no Porto Alegre. Coletou-se dados sociodemográficos dos órfãos e seus cuidadores. Também foram aplicadas medições antropométricas nas crianças/adolescentes e o Child Health Questionnaire – Parent Form 50 (CHQ-PF50) para avaliar o bem-estar físico e psicossocial das crianças e adolescentes, na percepção dos cuidadores. Utilizou-se a dinâmica de criatividade e sensibilidade junto aos órfãos para avaliar a percepção que eles têm da saúde, além de uma entrevista semiestruturada. Usou se estatística descritiva para analisar dos dados quantitativos. Já as entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas com o software Voyant Tools. A partir dos termos emergentes se fez uma análise descritiva das mesmas. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética e Pesquisa da UFCSPA e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Resultados: Artigo primeiro, usando ferramentas de mineração foram analisadas 67.642 palavras e 8083 formas de palavras únicas em 10 textos semiestruturados. Os termos CHILDREN [827] e DEATH [821] foram os mais frequentes; enquanto que os menos frequentes foram BREASTFEEDING [10] e NUTRITION [4]. Encontrou-se 44 concordâncias para o termo raiz BREAST* e 25 para a palavra NUTRITION em orações como: “crianças órfãs têm o aumento de risco de mortalidade por falta de amamentação, diretamente por meio da desnutrição e indiretamente devido ao aumento da susceptibilidade às infecções”. As sentenças de concordância mostram que a mudança do aleitamento materno conduz a uma pobre nutrição, deixando ao recém-nascido exposto a infecções, o que aumenta o risco de morte na criança. Já os resultados no segundo artigo mostraram que entre os anos 2009 e 2016 foram notificados 204.989 casos de violência física, 75.058 de violência psicológica/moral, e 77.760 casos de violência sexual perpetrados contra adolescentes de 10 a 19 anos, de ambos os sexos. A taxa de prevalência da violência física na faixa de 15- 19 anos alcançou 104,4 por 100.000 casos, mostrando uma tendência crescente independentemente do sexo do adolescente. A prevalência da violência sexual na faixa de 10-14 anos foi de 38,5 por 100.000 casos, mas nas meninas houve uma taxa de crescimento anual perto de 10 casos por cada 100.000 adolescentes. Quanto à violência física como a violência sexual atingiu principalmente as meninas das raças parda e indígena acontecendo na residência da vitima, sendo o agressor o namorado. O sistema de vigilância da violência, não inclui a variável condição orfandade dos adolescentes. Os resultados do terceiro artigo mostraram que entre 2010-2015 houve 75 mães falecidas por causas obstétricas e não obstétricas que deixaram 179 crianças órfãs para a guarda das famílias, sendo 61 neonatos. Sete órfãos faleceram após a morte da mãe. Das produções artísticas emergiram as vivências e percepções dos órfãos em relação à saúde, assim pelo menos quatro deles se auto-percebe doente; alguns relataram sentimentos de raiva, outros mencionaram serem agredidos pelos irmãos e cuidadores. A maioria dos órfãos tem um olhar de tristeza e apatia. A morte materna levou à desagregação familiar, migração e separação dos filhos, gerando problemas na saúde mental, nutricionais, emocionais, de fala e violência. As avós eram as principais cuidadoras e referiram dificuldades no acesso aos serviços de saúde especializados. Conclusões: No primeiro artigo o processamento de texto com as ferramentas livres foi rápido e permitiu extrair informações úteis e compreensíveis; na análise de dez artigos, mostrou as consequências que tem a morte materna na alimentação das crianças órfãs, repercutindo na morbidade e mortalidade infantil. No segundo artigo houve uma tendência progressiva de aumento dos casos notificados de violência contra adolescentes, ao longo de oito anos. Predominaram os casos notificados de violência física e sexual atingindo principalmente as meninas, na residência sendo o amigo/conhecido ou namorado da vítima o principal agressor. Já no terceiro artigo conclui-se , que a morte materna deixou consequências imediatas, como a morte dos filhos e mediatas na saúde mental dos órfãos, exacerbando ainda mais o estado de vulnerabilidade em que se encontram. Portanto, faz-se necessário estabelecer um sistema de registro, identificação e acompanhamento aos órfãos e famílias, além de garantir cuidados interdisciplinares, atendimento da saúde geral e acompanhamento na escola após a morte materna.Item Da progressão no uso de drogas até a abstinência: uma intervenção de prevenção da recaída(Wagner Wessfll, 2015) Santos, Simone Fernandes dos; Barros, Helena Maria Tannhauser; Ferigolo, MaristelaO uso e abuso de drogas é um problema de saúde pública mundial. Seu início ocorre geralmente na adolescência e pode continuar por vários anos na vida do usuário. Em alguns casos, o consumo pode apresentar progressão, ou seja, o usuário deixa de consumir apenas uma droga e passa a ser poliusuário. Ou então, passa do consumo de drogas lícitas para o consumo de drogas ilícitas. A presente tese teve como objetivos estudar a progressão no uso de drogas entre poliusuários; as situações de risco para recaída e estratégias de enfrentamento utilizadas para não retornar ao consumo de drogas; e benefícios percebidos com a parada do consumo entre ex-usuários. Além disso, propôs um acompanhamento de 90 dias utilizando uma intervenção baseada no modelo de prevenção de recaída postulado por Alan Marlatt, com o objetivo de evitar que os ex-usuários retornassem ao consumo de drogas. Os dados foram coletados no Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso de Drogas - Ligue 132. Este é um serviço de telessaúde especializado no atendimento de questões relacionadas ao uso de drogas e abstinência. O atendimento é gratuito, garante o anonimato de quem liga e está disponível a toda a população brasileira por qualquer tipo de aparelho telefônico. Os atendentes são graduandos da área da saúde que contam com treinamento e supervisão de profissionais (pós-graduados ou com pós graduação em curso) da mesma área. Os dados da amostra foram armazenados em um software utilizado pelo atendimento telefônico do Ligue 132. Variáveis sociodemográficas foram analisadas por frequência e porcentagem; diferenças entre situações de risco e estratégias de enfrentamento em 60 e 90 dias foram analisadas pelo teste qui-quadrado McNemar e, para verificar a mudança no número de situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas ao longo do tempo foi realizada ANOVA de Medidas Repetidas por Postos (Teste de Friedman) seguida pelo Teste de Tukey para comparações múltiplas. Para se chegar a uma identificação objetiva e sistemática sobre as situações de risco, estratégias de enfrentamento e benefícios da parada do consumo de drogas, foi realizada análise de conteúdo. A coleta de dados proporcionou a produção de 4 artigos: 1. Prevenção da Recaída: descrição de um modelo de intervenção em telessaúde para abstinentes recentes. Este estudo propôs uma intervenção para manutenção da abstinência e prevenção da recaída em uma coorte de abstinentes de drogas (n=34) que foram acompanhados por 90 dias. Os principais resultados indicam a manutenção da abstinência durante os 90 dias de acompanhamento; a diminuição do número de situações de risco para recaída e diminuição das estratégias de enfrentamento. 2. Progressão no uso de drogas: um estudo transversal em um serviço brasileiro de telessaúde. Este estudo teve como objetivo identificar a sequência de uso de drogas entre poliusuários. Para tanto, caracterizou o perfil sociodemográfico e de consumo dos indivíduos, além de identificar a idade de início do consumo de cada droga citada pelos indivíduos da amostra (n=735) e a idade com a qual progrediram no consumo. Os resultados indicam o consumo inicial predominante de drogas lícitas seguido por drogas ilícitas (álcool, seguido por tabaco, maconha, cocaína/crack). 3. Estratégias de enfrentamento e situações de risco para recaída percebidas por abstinentes de drogas. Este estudo identificou as principais situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas por abstinetes de drogas que ligaram para o Ligue 132 (n=80); perfil sociodemográfico dos indivíduos da amostra e seu consumo de substâncias antes da parada do uso. Com os resultados do estudo foi possível constatar que os abstinentes perceberam situações de risco que puderam ser agrupadas em 3 categorias distintas de determinantes interpessoais: desejo e tentações; pressão social e estados emocionais negativos. Quanto às estratégias de enfrentamento utilizadas pelos abstinentes, foi possível agrupar em 8 categorias: evitação; distração; suporte social; religiosidade; refletir sobre o uso; automotivação; mudar ciclos de amizade e controle sobre o dinheiro. 4. Abstinentes de drogas: benefícios percebidos com a parada do consumo. Este estudo descreveu os benefícios relatados pelos indivíduos da amostra (n=92) a partir da parada do consumo de drogas e os relacionou com o perfil sociodemográfico e droga utilizada antes da parada. A análise de conteúdo permitiu agrupar os benefícios em 6 categorias: melhora na saúde; sentimentos positivos; melhora no desempenho; apoio social; economia de dinheiro e religiosidade. Sobre os resultados, foi possível identificar que as categorias sentimentos positivos e apoio social foram aquelas de maior ocorrência entre os indivíduos; as categorias melhora na saúde e no desempenho tiveram semelhanças nos resultados para todas as variáveis sociodemográficas. Os resultados também foram semelhantes com relação à droga anteriormente consumida. Com os dados obtidos, pudemos perceber a importância de desenvolver intervenções focadas na prevenção da recaída e planejar acompanhamento para o período após a parada do consumo. Para tanto, conhecer as situações de risco e estratégias de enfrentamento utilizadas, além dos benefícios percebidos pelo abstinente, pode auxiliar nesse planejamento.Item Efeito neuromodulador e neuroprotetor da taurina em ratos diabéticos(2016) Caletti, Greice; Gomez, Rosane; Barros, Helena Maria TannhauserDiabetes é uma desordem metabólica prevalente, com elevado risco de comorbidades. A hiperglicemia crônica promove estresse oxidativo e desencadeia processos inflamatórios, alterando funções em tecidos periféricos e centrais. No sistema nervoso central (SNC), aumenta risco de alterações de humor como depressão, possivelmente relacionados ao dano neuronal e alteração de sistemas neurotransmissores, como GABA e glutamato. Ratos diabéticos apresentam comportamento tipo-depressivo no teste do nado forçado, prevenido por agonistas GABAérgicos, justificando interesse nesse sistema neurotransmissor. Taurina é um aminoácido com propriedades antidiabética, osmorreguladora, antioxidante, neuroprotetora e neuromoduladora, amplamente distribuído no SNC. Nosso objetivo neste estudo foi investigar mecanismos relacionados ao efeito antidepressivo da taurina, considerando sua ação sobre a transmissão inibitória e excitatória, bem como suas propriedades neuroprotetoras em ratos diabéticos. Foram utilizados ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina e não diabéticos, tratados com salina ou taurina, na dose de 100 mg/kg, via intraperitoneal, por 28 dias. Para investigar o efeito neuromodulador da taurina sobre o sistema GABAérgico, avaliamos a expressão de mRNA da subunidade α2 do receptor GABAA, e do BDNF. Adicionalmente, para confirmar a interação da taurina sobre a transmissão inibitória e influência sobre a excitatória, analisamos as concentrações de GABA e glutamato extracelulares no hipocampo de ratos. Finalmente, exploramos o efeito neuroprotetor da taurina, considerando parâmetros de estresse oxidativo e inflamatórios, no hipocampo e córtex frontal de ratos. Nossos resultados mostraram que o diabetes aumentou a expressão de mRNA da subunidade α2 do receptor GABAA, além de aumentar os níveis de GABA e glutamato no hipocampo de ratos, após a natação forçada. Diabetes também reduziu a expressão de mRNA de BDNF, associado ao menor peso do cérebro desses animais. Diabetes aumentou dano oxidativo ao DNA, tanto no hipocampo como no córtex frontal, além de aumentar citocinas inflamatórias, principalmente no hipocampo. Taurina reverteu a maioria das alterações provocadas pelo diabetes. Portanto, taurina apresenta importante efeito neuromodulador, observado pela sua interferencia sobre o sistema GABAérgico; e neuroprotetor, observado pela sua ação sobre BDNF, estresse oxidativo, dano ao DNA e inflamação. Tais efeitos poderiam justificar em parte, seu efeito antidepressivo. A multiplicidade de mecanismos observados, associada à sua segurança já comprovada, poderiam justificar a indicação da taurina como adjuvante no tratamento da depressão em pacientes resistentes às terapias convencionais, especialmente em diabéticos.Item Efeitos agudos e repetidos da cocaína em ratas em diferentes condições hormonais: estudo dos mecanismos inibitórios e tóxicos no sistema nervoso central(2013) Souza, Marilise Fraga de; Barros, Helena Maria Tannhauser; Gomez, RosaneA sensibilização comportamental à cocaína consiste no aumento da resposta após uso repetido intermitente da substância, e tem sido apontada como um dos principais fatores que aumentam o risco do desenvolvimento da dependência. Indivíduos do sexo feminino têm mostrado efeitos mais intensos em resposta ao uso de psicoestimulantes do que os do sexo masculino, influenciados por diferenças hormonais. Além da neurotoxicidade induzida por sua ação nos sistemas dopaminérgico e glutamatérgico (excitatórios), a cocaína influencia a atividade dos sistemas inibitórios cerebrais (GABA e taurina), que se contrapõe aos sistemas acima. Objetivamos, portanto, verificar a influência dos hormônios femininos na neurotoxicidade da cocaína e nas adaptações dos sistemas inibitórios cerebrais, secundárias ao uso deste psicoestimulante em fêmeas. Para tanto, foram utilizadas ratas intactas hormonalmente ou ratas ovariectomizadas, recebendo reposição hormonal (progesterona e/ou estradiol) ou não. Estas foram sensibilizadas com doses repetidas de cocaína e seu comportamento (atividade locomotora e estereotipias) foi monitorado. Para avaliar a influência dos hormônios na neurotoxicidade da cocaína, foi realizado Teste Cometa em diferentes regiões cerebrais, para verificar lesão de DNA na célula neuronal. Para verificar a influência destes hormônios nos níveis extracelulares de GABA (e seus precursores, glutamato e glutamina) e de taurina no córtex pré-frontal medial, os animais foram submetidos a sessões de microdiálise após realização de cirurgia estereotáxica. Os resultados de comportamento indicaram apenas as fêmeas com presença endógena de estradiol e progesterona desenvolveram tanto sensibilização locomotora quanto estereotipia. Já a reposição de estradiol aumentou os comportamentos estereotipados após desafio à cocaína, enquanto as ratas que receberam reposição de progesterona, associada ou não ao estradiol, apresentaram menor escore de estereotipia após cocaína repetida. Tanto a exposição aguda quanto a sensibilização à cocaína induziram dano no DNA em diferentes regiões cerebrais das ratas, exceto no hipotálamo, onde o dano foi comparado ao das ratas que não receberam cocaína. A presença endógena de estrógeno e progesterona diminuiu o dano provocado pela administração de cocaína em todas as regiões cerebrais, mostrando que uma maior sensibilização em fêmeas pode estar relacionada ao desenvolvimento de neuroplasticidade nas regiões avaliadas. Os níveis extracelulares de GABA, de seus precursores e de taurina também sofreram alteração após exposição à cocaína. A administração aguda deste psicoestimulante aumentou os níveis de GABA, glutamato e taurina e diminuiu os níveis de glutamina no CPFm, de forma diferente se for considerada a condição hormonal. Já a sensibilização à cocaína provocou menor alteração nos níveis de GABA e de taurina e consequente aumento nos níveis de glutamato no CPFm das ratas com presença hormonal endógena. Estes resultados sugerem que uma maior sensibilização à cocaína em fêmeas pode estar relacionada a uma hipofuncionalidade dos sistemas inibitórios cerebrais decorrentes da presença endógena dos hormônios sexuais femininos. Portanto, a sensibilização à cocaína em fêmeas com presença hormonal (principalmente o estrógeno) está relacionada ao desenvolvimento de neuroplasticidade e a uma menor atividade dos sistemas inibitórios cerebrais, com consequente aumento na atividade excitatória no CPFm, uma das regiões cerebrais mais importantes no desenvolvimento da adição.Item Estudo do efeito da poluição do ar sobre o estresse oxidativo e o número de células neuronais e microgliais no córtex e estriado de ratos(Wagner Wessfll, 2019) Bernardi, Rosane Bossle; Rhoden, Cláudia Ramos; Barros, Helena Maria TannhauserA exposição crônica à poluição atmosférica (PA) desencadeia mecanismos de neuroinflamação e de estresse oxidativo os quais estão envolvidos na fisiopatogênese de muitas doenças neurodegenerativas. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito da exposição crônica à PA em período pré-natal, após o nascimento ou pré e pós natal sobre biomarcadores de estresse oxidativo (EO), número de neurônios e de células microgliais do córtex e do estriado de ratos. O nosso trabalho também objetivou examinar se a troca de ambientes por ocasião do desmame alteraria parâmetros de EO ou histológicos. Setenta e dois ratos Wistar machos foram distribuídos em 4 grupos de exposição: 1) grupo F ou controle – exposto durante o período pré e pós-natal até a idade adulta ao ar filtrado;2) grupo NFF – exposto ao ar não filtrado no período pré-natal até o desmame e após, ao ar filtrado; 3) grupo FNF - exposto ao ar filtrado no período pré-natal até o desmame e após, ao ar não filtrado; 4) NF - exposto ao ar não filtrado no período pré-natal até a vida adulta. Após 150 dias de vida, córtex e estriado de 48 animais (n=12 por grupo de exposição) foram dissecados e submetidos às análises de EO: determinação da da atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) e das concentrações de malondialdeido (MDA) e glutationa total (GSHt). Na sequência, córtex e estriado de outro lote de animais (24 - n= 6 por grupo de exposição) foram preparados para estudo histológico, por técnica estereologica, para a determinação do número de neurônios e de microglia. A concentração de MDA foi significativamente mais elevada no córtex e no estriado do grupo NF. O estriado apresentou um aumento e o córtex apresentou redução na concentração de GSHt no grupo FNF. A atividade da SOD foi reduzida no córtex de todos os grupos expostos em algum período da vida à PA e no estriado do grupo FNF. A exposição à PA não modificou a atividade da CAT nas regiões estudadas. Não houve diferença entre os grupos quanto ao número de neurônios ou de microglia no estriado. Por outro lado, o número de neurônios e de microglia foi significativamente mais elevado no córtex do grupo FNF. Nossos resultados sugerem que estriado e córtex têm limiares de reação e respostas adaptativas distintas ao EO gerado pela exposição a PA. A troca precoce de ambiente impediu e talvez reverteu o quadro de EO. Sugerimos que a PA seja capaz de induzir neurogênese no córtex, embora provavelmente de forma transitória e como mecanismo compensatório.Item A influência do ambiente enriquecido e da escolha no consumo e na busca pelo efeito da cocaína(2016) Freese, Luana; Barros, Helena Maria Tannhauser; Gomez, RosaneA exposição repetida à cocaína causa neurotoxicidade e pode resultar no desenvolvimento de dependência. O desenvolvimento da dependência, por sua vez, implica numa convergência de fatores, que podem ser tanto ambientais como individuais. Do porto de vista ambiental, a criação de ratos em um ambiente enriquecido (AE) tem revelado um papel neuroprotetor, o que poderia diminuir o risco de adição. Possibilitar a animais de laboraório realizar uma escolha entre uma injeção de cocaína ou beber uma solução doce tem sido estudada para entender o papel das influências individuais na escolha pelo efeito da droga. O objetivo geral deste estudo é verificar se 1) o AE e a presença de sacarina alteram o comportamento de condicionamento à cocaína em ratos submetidos a um protocolo adaptado de condicionamento de preferência de lugar (CPP) e, ainda, determinar o papel neuroprotetor do AE no hipocampo e no córtex pré-frontal dos animais após exposição à cocaína. 2) Testar se existe mudanças na predição dos ratos por sacarina ou cocaína, após injeções passivas de cocaína em modelo de autoadministração e escolha. Para responder aos objetivos, foram realizados dois experimentos: 1) Cinqüenta ratos Wistar machos foram divididos em grupos padrão (ST) ou AE do dia 21 pós-natal (PND) aos 50 PND. Os animais foram então testados em um protocolo de condicionamento de preferência de lugar (CPP) padrão e outro adaptado para medir a preferência por cocaína (15 mg/kg; i.p.) ou sacarina [0,2%]. Após, os animais foram decaptados e o hipocampo e córtex pré-frontal foram dissecados para posterior análise de neurotoxicidade. No experimento 2) foram realizadas cirurgias para implantação de cânula na veia jugular de ratos Wistar machos (n=14) para posterior autoadministração endovenosa de cocaína. Foi conduzida então uma série de experimentos: autoadministração prolongada à cocaína (0,25 mg por injeção durante 4,2s); seguido de um esquema de escolha entre obter uma injeção de cocaína ou poder beber uma solução de sacarina [0.2%] e;, por fim; um regime de escolha na autoadminitração, intercalado por injeções passivas de cocaína (0,75 mg) para testar a preferência do animal estando sob efeito da droga. Os resultados obtidos nos experimentos 1) foram que os animais do grupo AE apresentaram menor interesse pelo compartimento pareado com a cocaína no CPP. Ainda, todos os animais, para os quais foi dada a opção de escolha, foram menos propensos a mostrar preferência pelo lado pareado com cocaína. Nas análises de neurotoxicidade, o AE diminuiu o estresse oxidativo e o dano ao DNA induzido por cocaína no hipocampo e córtex pré-frontal dos animais. Importantemente, demonstramos que os efeitos da cocaína, tanto comportamentais quanto de neurotoxicidade, podem ser diferentes, dependendo dos fatores ambientais envolvidos. No estudo 2) encontramos evidências que apoiam nossa hipótese de que estar sob efeito de cocaína leva a optar por continuar intoxicado. No entanto, houve também uma variação individual interessante, onde mesmo sob efeito da cocaína, alguns animais foram capazes de aumentar ainda mais sua preferência por sacarina. Analisados em conjunto, os nossos resultados demonstram que tanto o ambiente enriquecido como a presença de solução adocicada podem favorecer escolhas outras que não o uso de uma droga altamente “viciante”como a cocaína, mas que isso pode depender de fatores individuais. De maneira geral, confiando nos modelos animais de dependência como fundamentais para o avanço do conhecimento acerca dos efeitos comportamentais e neuroquímicos das drogas de abuso sobre os indivíduos, entendemos que pesquisas futuras devem ser dedicadas a melhor explorar modelos que considerem cada vez mais a mulfatoriedade envolvida na dependência química.Item Mudanças de comportamentos codependentes dos familiares de usuários de drogas após teleintervenção motivacional(2015) Bortolon, Cassandra Borges; Barros, Helena Maria Tannhauser; Ferigolo, MaristelaAs famílias envolvidas com Transtornos relacionados a substâncias e adição apresentam déficits na saúde física e emocional, nas relações pessoais, com o ambiente e em relação à qualidade de vida, que geram tensão e sofrimento. Desta forma, os familiares podem desenvolver estratégias mal adaptativas para manejar a sua relação com os usuários de substâncias, denominado como codependência. Nesse trabalho, objetivou-se desenvolver e avaliar a efetividade de um modelo de intervenção para familiares visando às mudanças de comportamentos codependentes e permissivos, em um serviço de teleatendimento. Esta tese permitiu a produção de três artigos: 1) Motivational tele-intervention protocol for changing codependent and permissive behaviors in family members of drug users: A randomized clinical trial. Devido à importância da participação da família no processo de dependência química, além da possibilidade dos familiares adoecerem diante desse problema, foi desenvolvido o Modelo de Teleintervenção para Acompanhamento para Familiares de Usuários de Drogas (MTAFUD), alicerçado no método da Entrevista Motivacional e no modelo dos Estágios de Mudança. O principal objetivo deste estudo foi desenvolver e explicitar os procedimentos desse modelo que engloba cada contato com o familiar no intuito de estimular o seu processo de mudança. 2) Six months outcomes of a randomized, motivational teleintervention for change in codependent behavior of family members of drug users. Foi realizado um ensaio clínico randomizado em um serviço de teleatendimento para verificar a diminuição da codependência, após intervenção por 6 meses de acompanhamento. O principal resultado foi que os familiares com alta codependência alocados para o grupo intervenção (n=163) apresentaram maior chance de modificar os comportamentos codependentes quando comparados ao grupo controle (n=162). O MTAFUD mostrou-se efetivo para a diminuição da codependência entre os familiares de usuários de drogas que se mantiveram recebendo a intervenção por 6 meses. 3) Comportamentos permissivos em familiares de usuários de drogas após acompanhamento por 6 meses. Foi conduzido um estudo longitudinal que acompanhou familiares de usuários de drogas por telefone durante 6 meses para verificar as mudanças de comportamentos permissivos. Verificou-se que os familiares mudaram os seus comportamentos permissivos para com os usuários de substâncias ao longo dos 6 meses de acompanhamento. A maioria dos comportamentos investigados diminuiu a intensidade tanto pelo método do Tratamento Usual (grupo controle) como MTAFUD (grupo intervenção). Sabe-se das implicações dos Transtornos Relacionados a Substâncias na família e, por sua vez, da necessidade de um tratamento específico para os familiares que desenvolvem a codependência, pois o cuidado e o acompanhamento dos familiares por parte dos profissionais pode auxiliar para o tratamento da dependência química como um todo. Desta forma, esta tese permitiu o desenvolvimento do Modelo de Teleintervenção e Acompanhamento para Familiares de Usuários de Drogas e avaliou esse método na promoção de mudanças de comportamentos codependentes e permissivos.Item Neuroesteroides e MicroRNAs na depressão: marcadores comportamentais e biológicos em uma abordagem pré-clínica(2024-04-11) Almeida, Felipe Borges; Barros, Helena Maria Tannhauser; Nin, Maurício Schüler; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeA depressão é um transtorno altamente prevalente e incapacitante de etiologia tanto ambiental quanto hereditária. Devido ao seu diagnóstico se basear na comunicação subjetiva de sintomas, há um grande esforço na busca por biomarcadores que auxiliem no diagnóstico deste e de outros transtornos associados, como o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Esta busca se concentra em moléculas que participem da neurobiologia dos transtornos depressivos, que certamente envolve sistemas que vão além da teoria serotonérgica proposta a partir do mecanismo de ação dos agentes antidepressivos mais utilizados atualmente. Neuroesteroides como a alopregnanolona, proteínas neurotróficas como o BDNF e microRNAs como o miR-144-3p são algumas das classes de moléculas com relevância na neurobiologia da depressão. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de neuroesteroides, proteínas neurotróficas e microRNAs como biomarcadores de transtornos depressivos. Para isto, foram desenvolvidas três revisões de literatura, um capítulo metodológico e um manuscrito experimental apresentados neste trabalho. As revisões de literatura demonstram que a) neuroesteroides como a alopregnanolona e proteínas neurotróficas como o BDNF encontram-se reduzidos em modelos animais de depressão, mediando o aparecimento de comportamentos tipo-depressivos; b) neuroesteroides e proteínas neurotróficas são promissores candidatos a biomarcadores de transtornos depressivos e TEPT; e c) os níveis reduzidos de alopregnanolona encontrados na depressão e TEPT fazem parte da desregulação da resposta ao estresse mediada pelo eixo HPA. Subsequentemente, o processo de implementação da metodologia de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem para a detecção da alopregnanolona e seus isômeros é descrito e os resultados parciais são apresentados. Por fim, ratos machos e fêmeas foram cruzados seletivamente com base em alta ou baixa expressão de comportamento tipo-depressivo (imobilidade no teste do nado forçado) por três gerações, recebendo na última geração tratamento com diferentes doses de fluoxetina e tendo a expressão do miR-144-3p quantificada no sangue. Os resultados encontrados demonstram um efeito tipo-antidepressivo em todos os animais, além de apontar que os níveis do microRNA 144-3p no sangue de ratos está correlacionado com comportamentos tipo-depressivos, particularmente em machos não tratados da linhagem de baixa imobilidade. Os resultados deste trabalho permitem concluir que neuroesteroides, proteínas neurotróficas e microRNAs são biomarcadores promissores de transtornos depressivos. Estudos subsequentes de validação clínica são necessários para sua eventual implementação na prática clínica.Item Perspectivas das estratégias de coping em usuários de álcool(2018) Constant, Hilda Maria Rodrigues Moleda; Ferigolo, Maristela; Barros, Helena Maria Tannhauser; Oliveira, Margareth da Silva; Tatay, Carmen MoretPesquisas relacionadas ao consumo de álcool têm mudado seu foco na avaliação de quais tratamentos são eficazes para se concentrar na compreensão de como os mecanismos pelos quais ocorrem mudanças bem-sucedidas ocorrem. Este estudo objetivou avaliar as estratégias de coping em usuários de álcool atendidos em uma central de aconselhamento telefônico (Serviço Nacional de Informações e Orientações sobre a Prevenção do Uso de Drogas - VIVAVOZ), bem como usuários em tratamento ambulatorial na Cruz Vermelha e comunidades terapêuticas. A partir disso, foram produzidos 3 artigos: 1- Alcohol User Profile after a Brief Motivational Intervention in Telephone Follow-up: Evidence Based on Coping Strategies, este estudo verificou os efeitos da IBM frente ao coping e determinou as diferenças entre os perfis de usuários de álcool atendidos em uma central de aconselhamento telefônico acompanhados por 6 meses. O estudo empregou o CBI como uma medida dependente. Uma amostra de 120 indivíduos foram aleatoriamente designados para 2 grupos: Intervenção (IBM) ou controle (intervenção mínima). A análise dos perfis dos participantes resultou em 3 diferentes grupos: i) Participantes que pertenciam ao grupo controle e não pararam de beber, ii) Participantes que estavam no grupo controle e pararam de beber, e iii) participantes no grupo experimental em que a grande maioria parou de beber. Os resultados descrevem um enfrentamento mais igualmente distribuído nos diferentes fatores para os participantes após a intervenção e algumas características de perfil relacionado ao coping e ao desfecho de mudança de comportamento diferentes dentro do grupo controle. 9 2- CBI-20: Psychometric properties for the Coping Behaviours Inventory for alcohol abuse in Brazil, examinou a estrutura de fatores do Inventário de Comportamento de Coping (CBI) e testou sua invariância em diferentes grupos. Para isso, foram realizados: estudo I (670 participantes) para análise fatorial exploratória e estudo II (232 participantes face a face e 221 participantes via telefone) para análise fatorial confirmatória e análise multigrupo. Os resultados confirmam a solução de 4 fatores com um modelo revisado e remoção de alguns itens. Esta nova versão apresentou melhores índices do que as versões anteriores. Além disso, a nova versão mostrou validade convergente com o questionário Habilidades de Enfrentamento Antecipatório para a Abstinência de Álcool e outras Drogas (IDHEA). Finalmente, a versão brasileira da CBI não mostrou diferenças entre o aconselhamento do telefone e os participantes presenciais em um nível métrico após uma análise multigrupo. 3- "Brief Motivational Intervention, Telehealth and Strategies Coping: the new health Technologies, o trabalho propôs um modelo baseado na relação entre a lBM por telefone, autoeficácia, estratégias de coping e desfecho(parou/não parou). Participaram do estudo 173 usuários de álcool em acompanhamento por 6 meses em um serviço de telessaúde. O estudo compreendeu um ensaio clínico randomizado, o que permitiu atribuir aleatoriamente os sujeitos da amostra aos grupos controle (Intervenção Mínima) (61, 3%) ou IBM (Intervenção Breve Motivacional) (38,7%). Para examinar as relações entre a IBM, autoeficácia, estratégias de enfrentamento e desfecho, foi utilizado método do modelo de equações estruturais (SEM). Os dados sustentam a afirmação de que, certamente, os indivíduos que foram aconselhados pela IBM tiveram uma melhor autoeficácia 10 e resultado, e indiretamente também se beneficiaram de um aumento na frequência de uso de estratégias de enfrentamento. A presente pesquisa propôs aprofundar e ampliar o conhecimento em resultados benéficos para o tratamento do alcoolista. Dessa forma, a percepção do perfil dos participantes, conhecimentos relacionados aos comportamentos subjacentes às estratégias de enfrentamento, a reformulação de uma ferramenta de avaliação efetiva que demonstre a qualidade de sua aplicabilidade com diferentes grupos, e um modelo, que se correlaciona com alguns mecanismos envolvidos no resultado positivo no tratamento nesta população, foi proposto. Esses resultados podem esclarecer as ferramentas emergentes e proporcionar um apoio baseado em evidências na aplicabilidade clínica.Item Protocolo de vancocinemia: os impactos sobre a segurança dos pacientes(2022) Baiocco, Graziella Gasparotto; Barros, Helena Maria Tannhauser; Flores, Cecilia DiasO uso da vancomicina está associado à nefrotoxicidade, e juntamente com outros fatores pode aumentar o risco de Insuficiência Renal Aguda (IRA). O Nível Sérico da Vancomicina (NSV) acima de 20 μg/mL tem sido associado a um aumento na incidência de nefrotoxicidade, sendo maior o risco quanto maior o NSV do medicamento. Esta tese foi composta por dois estudos, onde um deles avaliou a incidência de insuficiência renal aguda (IRA) em pacientes em uso de vancomicina e determinou a acurácia de uma fórmula simples para detectar a dose diária com maior risco de causar a IRA. Um estudo de coorte retrospectivo em um hospital público brasileiro que analisou 930 cursos de terapia com vancomicina em 2016. As fórmulas foram desenvolvidas usando a relação entre a dose diária de vancomicina e o produto da depuração de creatinina endógena calculada do paciente e peso. O outro estudo objetivou avaliar a incidência de IRA em pacientes em uso de vancomicina antes e após a implantação de um protocolo institucional de vancocinemia em um hospital público, terciário do sul do Brasil e descreveu a metodologia de implantação do protocolo. Um estudo transversal foi realizado no ano de 2021 e analisou os dados dos prontuários eletrônicos de 422 pacientes que utilizaram a vancomicina divididos em dois grupos, antes e após a implantação do protocolo. Quando analisados os desfechos clínicos e comparados através de um estudo de intervenção em dois anos diferentes, os resultados para o surgimento da IRA, a incidência foi de 38,4% no grupo 1 (pré protocolo) e 20,9% no grupo 2 (pós protocolo). Na abordagem do NSV através de sua classificação (até 20 μg/mL e acima de 20 μg/mL), verificou-se que no ano pré protocolo os pacientes que desenvolveram IRA associaram-se significativamente (p<0,001) a faixa acima de 20 μg/mL, totalizando 81,5% da amostra dos pacientes no ano pré protocolo. A vancomicina é um importantíssimo antibiótico prescrito para o tratamento de pacientes críticos e deve ser utilizada com segurança, buscando-se minimizar o risco de insuficiência renal. Continua sendo um grande desafio atingir o alvo adequado de nível sérico de vancomicina nos pacientes e o uso de diretrizes e protocolos de prática clínica permitem um melhor ajuste e controle de doses. O protocolo institucional implantado representou um impacto significativo e de baixo custo no que tange a garantia da dosagem terapêutica adequada, redução de eventos adversos, tais como a nefrotoxicidade e o desfecho de óbito ou alta dos pacientes.Item Qualidade de vida e voz em usuários de substâncias psicoativas(2013) Moreira, Taís de Campos; Barros, Helena Maria Tannhauser; Cassol, Mauriceia; Ferigolo, MaristelaA qualidade de vida reflete a percepção que os indivíduos têm sobre suas necessidades se estão sendo satisfeitas ou, se estão sendo negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização. O objetivo principal desse estudo foi avaliar a qualidade de vida e voz em usuários de substâncias psicoativas que ligaram para o call center do VIVAVOZ e os que buscavam tratamento na Cruz Vermelha Brasileira em Porto Alegre. Esta tese permitiu a produção de 6 artigos: 1) Quality of life of users of psychoactive substances, relatives, and non-users assessed using the Whoqol-Bref foi avaliada a qualidade de vida de usuários de substâncias psicoativas, familiares e controles por meio do questionário Whoqol-Bref. Realizou-se um estudo transversal, com aplicação do questionário por telefone por uma equipe de consultores treinados. O principal resultado demonstra que controles tinham escores maiores de qualidade de vida, que os familiares de usuários e usuários em todas as áreas do questionário Whoqol-Bref. 2) Qualidade de vida e codependência em familiares de usuários de drogas, este estudo verificou a associação entre o índice de codependência e qualidade de vida. Foram utilizados os questionários Whoqol-Bref e escala Holyoake Codependency Index (HCI), a metodologia utilizada foi a mesma do artigo anterior. Familiares de usuários de substâncias psicoativas com alta codependência apresentaram escores de qualidade de vida inferiores aos familiares com baixa codependência. 3) Uso de substâncias psicoativas, alterações vocais e qualidade de vida em usuários de drogas, os dados foram coletados na Cruz Vermelha do Brasil, com usuários que buscavam tratamento para dependência química.Os participantes foram convidados a responder o questionário Mensuração de Qualidade de Vida e Voz (QVV), o WhoqolBref além de, fazer um registro de voz. Foram avaliados 29 protocolos, os escores de Whoquol-Bref e QVV não apresentaram diferenças entre usuários de drogas lícitas ou ilícitas. Na análise perceptiva por meio da GRBAS-I mostraram uma predominância de alterações discretas e moderadas nos itens grau geral da disfonia, rugosidade e instabilidade. O jitter e o shimmer estavam alterados para homens e mulheres e grande parte da amostra apresentou o desvio padrão da frequência fundamental alterada (STD da fo) refletindo que uso frequente de álcool, tabaco e outras drogas aumenta o risco de patologias laríngeas que alteram os parâmetros vocais. 4) Qualidade de Vida e Voz em usuários e não usuários de substâncias psicoativas: estudo piloto, objetivou-se comparar a qualidade de vida e voz em usuários de substâncias psicoativas e não usuários por meio do questionário Mensuração da Qualidade de Vida em Voz (QVV). Um estudo transversal foi realizado com coleta realizada por telefone, a metodologia foi a mesma seguida no artigo 1. Usuários de substâncias psicoativas apresentam escores inferiores a não usuários no domínio total e sócio emocional nas repostas do QVV, embora não existam diferenças na qualidade de vida entre os grupos. 5) Taxas de não-adesão em intervenções por telemedicina para usuários de substâncias psicoativas - Revisão Sistemática, objetivou-se identificar as taxas de não-adesão de indivíduos que realizaram tratamentos para dependência química com uso de estratégias de telemedicina em ensaios clínicos randomizados. Foram avaliados 20 ensaios clínicos randomizados com no mínimo três meses de intervenção e, embora todos utilizassem a telemedicina como apoio, os métodos de tratamentos foram diferentes. As taxas de nãoadesão a tratamentos para usuários de substâncias psicoativas por meio de telemedicina variaram entre 15% e 70% dependendo do país, método da intervenção, tempo de seguimento e substâncias utilizadas. O uso de mais de uma técnica de intervenção, tempo curto de tratamento e o tipo de substância utilizada pelos pacientes parecem facilitar a adesão ao tratamento. 6) Factors associated with dropout of vocal rehabilitation treatment in randomized clinical trials- systematic review, essa revisão sistemática teve por objetivo identificar taxas de dropout em ensaios clínicos randomizados para reabilitação vocal. Foram avaliados 41 artigos por meio da escala GRADE. Ensaios clínicos randomizados conduzidos na área da terapia de voz, quando avaliados pelo GRADE mostraram que estudos com baixa qualidade metodológica tem maiores taxas de perda de pacientes. Uso de substâncias psicoativas afeta diretamente a qualidade de vida e voz dos usuários, altera parâmetros vocais que podem indicar a presença de patologias vocais que muitas vezes não são percebidas pelo dependente químico.Item Relações entre estilos parentais percebidos por adolescentes e o consumo de maconha e outras drogas(2016) Benchaya, Mariana Canellas; Barros, Helena Maria Tannhauser; Ferigolo, MaristelaA adolescência é uma fase do desenvolvimento cercada de modificações emocionais, psicológicas e sociais. Além disso, aspectos de autocontrole e autorregulação ainda não estão suficientemente amadurecidos. Muitas vezes, neste período, os jovens vivenciam a experimentação de drogas e as relações estabelecidas com seus pais exercem, entre outros fatores, influência sobre a manutenção do consumo. Adolescentes que não usam maconha tem maior chance de perceberem seus pais com estilo parental autoritativo. Nesta tese buscamos verificar as relações dos estilos parentais percebidos por adolescentes que buscaram auxílio em um serviço de aconselhamento telefônico e a mudança no comportamento de uso de maconha e outras drogas, o que permitiu a produção de dois artigos: 1) Estilos parentais e características de adolescentes que buscam auxílio para cessação do uso problemático de maconha: participaram adolescentes de 14 a 19 anos que ligaram para o serviço a fim de receber auxílio na cessação do uso problemático de maconha. Delineou-se um estudo transversal, em que foi descrita a percepção sobre os estilos parentais. Os resultados mostraram que estes jovens percebem de forma mais prevalente as mães como autoritativas (41%) e os pais como negligentes (35,8%). O estilo materno mostrou diferença significativa em relação à idade, em que os dados apontaram que os adolescentes de 14 a 16 anos percebem suas mães de forma mais negligente em comparação com os mais velhos e, por outro lado, os jovens de 17 a 19 anos perceberam suas mães mais autoritativas do que os que tinham 14 a 16 anos. 2) Influência dos estilos parentais percebidos por adolescentes na mudança do comportamento em relação ao consumo de álcool, tabaco, maconha, cocaína e crack: buscou-se descrever a associação entre estilos parentais e a mudança de comportamentos de uso problemático de drogas lícitas e ilícitas em 30 dias de intervenção motivacional por teleatendimento. Tratou-se de uma coorte de follow-up, recorte de ensaio clínico randomizado com jovens de 14 a 19 anos. Os adolescentes que percebem suas mães como indulgentes apresentaram maior chance de não diminuir ou suspender o uso de álcool em comparação com aqueles que perceberam as mães como autoritativas (OR 6,0; IC95% 1,1-33,3). O estilo paterno não influenciou a mudança de comportamento de uso de substâncias. A ausência de convívio da figura paterna prejudicou a mudança de comportamentos relacionados ao uso de cloridrato cocaína (OR 7,3; IC95% 1,3-41,3). Os estilos parentais percebidos por adolescentes estão diretamente associados aos comportamentos de abuso de substâncias, assim como à mudança de comportamento em relação a eles, no seguimento de 30 dias. Aspectos diferentes em relação à interação com pai e mãe, bem como a presença destes são fundamentais para o entendimento do abuso de substâncias psicoativas na adolescência.Item Substâncias psicoativas e sua intersecção com o gênero feminino, com a violência e com a privação de liberdade(2022) Einloft, Fernanda Miranda Seixas; Barros, Helena Maria Tannhauser; Kopittke, LucianeNo mundo, existem, aproximadamente, 35 milhões de pessoas que sofrem de distúrbios relacionados ao uso de drogas, com necessidade de tratamento. Essa situação prevalece, em particular, nas instituições prisionais, onde as pessoas privadas de liberdade estão vulneráveis ao uso de drogas. Dados atuais chamam a atenção para o encarceramento das mulheres, motivado pelo tráfico de drogas. Estudo do tipo quantitativo, transversal que teve como cenário o Sistema Prisional da Região Metropolitana de Porto Alegre, a Penitenciária Feminina de Guaíba e o Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier foi realizado. O primeiro objetivo foi avaliar a associação do uso indevido de álcool e outras drogas, antes e durante o encarceramento de mulheres, no sistema prisional, com a exposição à violência. Os principais resultados encontrados foram: há um aumento da prevalência de uso de tabaco em contraponto a uma redução nas taxas de uso de drogas ilícitas na prisão; encontrou-se relação com significância estatística entre a violência física e escore positivo para GAD-7 (p=0.022) e entre violência moral e PHQ-9 (p=0.016); ao contrário do que se acreditava, não foi verificada a relação entre tipos de violência e uso de drogas lícitas ou ilícitas. A partir dos dados obtidos desta análise, que apresentaram alto consumo de benzodiazepínicos, o segundo objetivo estabelecido foi comparar o uso e a frequência do uso de benzodiazepínicos antes e durante o encarceramento e comparar com sintomas relatados de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós traumático. Os principais resultados foram: BZDs são usados com mais frequência durante a prisão e seu uso por mulheres mais que dobra nos primeiros meses de prisão; escores positivos para TEPT, ansiedade e depressão foram altamente prevalentes; existe associação entre o uso de BZD por mulheres na prisão com ansiedade, depressão e ansiedade e depressão; mulheres que usam BZDs apresentam resultado, com significância estatística, para escore positivo para depressão e não para ansiedade. O último objetivo da tese foi revisar na literatura a prevalência e a incidência do uso de BZD na população feminina geral bem como o perfil destas mulheres. Os resultados encontrados são: a partir da metanálise, foi encontrada uma taxa para uso de BZD em mulheres de 17% ([0.10; 0,27]), p<0.01, com elevada heterogeneidade entre os estudos (I2=99%); sobre o perfil identificado nos dois estudos que analisaram dados específicos na população feminina, o uso de BZD assim como o uso crônico aumentam com a idade, nas viúvas, em mulheres com menor escolaridade, em donas de casa, aposentadas e que trabalham no comércio; o perfil identificado nos estudos que analisaram dados na população geral corroboram os achados de perfil para a população feminina.
