Navegando por Autor "Levandowski, Daniela Centenaro"
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Item Aspectos emocionais associados à qualidade de vida de pacientes adultos após a alta da unidade de terapia intensiva(2018) Souto, Viviane de Freitas; Levandowski, Daniela Centenaro; Teixeira, CassianoPacientes hospitalizados críticos necessitam de cuidados intensivos e serviços constantes e especializados, devido à gravidade de sua condição física. Com frequência estes pacientes apresentam repercussões psicológicas e piora na qualidade de vida (QV). Nesse estudo, derivado de um projeto de pesquisa maior, investigou-se aspectos emocionais desses pacientes após a alta da UTI, tendo como foco a QV. No Estudo 1, multicêntrico, de coorte prospectiva, foram avaliados, em 377 pacientes adultos, até 12 meses após a alta, aspectos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático (TEPT) e QV, bem como eventuais associações entre esses aspectos e dados clínicos e sociodemográficos, particularmente a idade em que a internação ocorreu. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Os resultados indicaram depressão, ansiedade e TEPT como determinantes para a piora da QV, mas não a idade em que ocorreu a internação. Ficou evidente a importância da assistência psicológica durante e após a internação na UTI, para promover uma melhor QV desses pacientes. Já no Estudo 2, qualitativo, de cunho exploratório-descritivo, foram investigados, em 9 pacientes adultos, após três meses da alta, os aspectos emocionais que, na visão dos pacientes, facilitaram e dificultaram a internação e a QV após a internação na UTI, a partir de uma narrativa produzida sobre sua vida antes, durante e após a internação. As narrativas foram analisadas por meio de análise de conteúdo de Bardin. Dentre os aspectos que facilitaram a internação, os participantes mencionaram o apoio da equipe de saúde, os cuidados e os recursos tecnológicos disponíveis, bem como o apoio da família, na internação e após a alta. Também foi citado como facilitador a capacidade de adaptação dos pacientes à situação de doença e hospitalização. Entre os aspectos dificultadores, destacaram-se as mudanças de rotina e ambiente, a perda de autonomia, os medos e desconfortos diante da doença e dos procedimentos e exames médicos e, ainda, a surpresa diante da internação, o que despertou fantasias e incertezas. De modo geral, a Dissertação aponta que, na vida adulta, independentemente da idade, a experiência de internação na UTI é impactante, por ser marcada pelo desamparo e por urgências psicológicas que podem levar ao surgimento de ansiedade, depressão e TEPT e acarretar uma piora na QV dos indivíduos após a alta, considerando-se as repercussões sobre a sua autonomia. Percebe-se a importância da atenção das equipes de saúde sobre os aspectos emocionais facilitadores e dificultadores da internação em UTI para a promoção de uma melhor QV dos pacientes durante a hospitalização e após a alta.Item Aspectos psicológicos de pacientes indicadas à cirurgia de exenteração pélvica(2015) Haas, Sílvia Abduch; Kalil, Antonio Nocchi; Levandowski, Daniela CentenaroEsse estudo objetivou avaliar sinais de depressão (incluindo ideação suicida) e ansiedade em mulheres com câncer encaminhadas à cirurgia de Exenteração Pélvica (EP) e identificar as suas percepções e sentimentos frente à cirurgia. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática da literatura com foco em estudos publicados entre 2003 e 2013 sobre as repercussões emocionais da EP. Utilizou-se os descritores exenteração pélvica, fatores emocionais, sexualidade, depressão e ansiedade, de forma combinada, para consultas às bases PsycINFO, PubMed, LILACS e SciELO. Foi encontrado um número pequeno de artigos publicados sobre o tema, sendo que apenas quatro artigos de língua inglesa foram analisados de acordo com seu tema, objetivos, metodologia e principais resultados e conclusões. Predominou o delineamento quantitativo, com o emprego de instrumentos estruturados. Quanto ao tema, destacou-se a qualidade de vida. Os principais achados e conclusões referem-se ao abalo emocional vivido por essas mulheres devido às alterações da imagem corporal após a cirurgia, principalmente pelo uso das ostomias. Para estudos futuros, destaca-se a importância da ampliação dos descritores e das bases consultadas. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa de campo com seis mulheres (37 a 64 anos) que estavam em tratamento oncológico em um hospital de Porto Alegre/RS. Elas responderam a uma ficha de dados sociodemográficos, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e uma entrevista semiestruturada, que foi analisada por meio de análise de conteúdo qualitativa. Verificou-se altos níveis de ansiedade e depressão entre as participantes (50% e 66,7%, respectivamente) no período pré-operatório. Esses achados foram corroborados pelas entrevistas, nas quais emergiram tanto dúvidas e medos quanto ao resultado cirúrgico, quanto expectativas de cura do câncer. Também medo, preocupação e ansiedade frente às ostomias foram identificados. Considera-se que a indicação da EP tem repercussões no âmbito psicológico, que se somam às vivências prévias de diagnóstico e tratamento do câncer. Estudos longitudinais poderão ampliar a compreensão do impacto dessa cirurgia, considerando também o período pós-operatório.Item Avaliação da amamentação em recém-nascidos prematuros(2017) Castelli, Carla Thamires Rodriguez; Levandowski, Daniela Centenaro; Almeida, Sheila Tamanini deEsta dissertação tem como foco o aleitamento materno (AM) em bebês prematuros. Tal prática é primordial para a saúde da criança, devido aos benefícios nutricionais, imunológicos e emocionais. Porém, características maturacionais dos recémnascidos prematuros (RNPT) dificultam este processo. O objetivo geral dessa dissertação foi analisar os protocolos de avaliação da amamentação de RNPT e avaliar empiricamente essa prática, desde a alta hospitalar até os primeiros seis meses da alta, a fim de verificar o seu desfecho (continuidade ou interrupção). Para tal, foram realizados dois estudos. O primeiro foi uma revisão sistemática da literatura para verificar os protocolos atualmente empregados na avaliação do AM em bebês prematuros. Tal avaliação é imprescindível para detectar fatores predisponentes a sua continuidade ou interrupção. Encontrou-se apenas cinco protocolos de avaliação, sendo que apenas um dos instrumentos destinava-se especificamente à avaliação do AM em bebês prematuros. Assim, ficou evidenciada a necessidade de desenvolvimento de protocolos específicos, já que algumas particularidades de RNPT devem ser consideradas nessa avaliação, como prontidão alimentar, reflexos orais e função do sistema estomatognático. Após, realizou-se um estudo empírico, com delineamento de coorte prospectivo, para verificar os fatores favoráveis e desfavoráveis à manutenção do AM em bebês prematuros. A amostra foi composta por 50 RNPT, internados em UTI Neonatal de dois hospitais públicos de Porto Alegre, e suas mães. Foram realizadas quatro avaliações da amamentação e de aspectos da díade mãe-bebê: na alta hospitalar (presencial), um mês (presencial), três e seis meses após a alta (ambas via contato telefônico). Verificouse a curta duração dessa prática (média= 128,15 dias; DP=14,7) e associações significativas entre interrupção do AM e menor idade gestacional, menor peso ao nascimento e ausência de apoio à mãe para os cuidados do RNPT (p < 0,05). Esses achados destacam a importância do apoio à mãe para a manutenção do AM, por meio de orientações, bem como a necessidade de um maior cuidado das equipes de assistência aos RNPT de baixo peso e menor idade gestacional, a fim de promover a saúde da criança, pois essas características dificultam a manutenção do AM.Item Câncer de mama: revisão de literatura sobre intervenções com foco em depressão e sintomas depressivos e análise de sobrevida em cinco anos em hospital oncológico do RS(2017) Rodrigues, Manoela; Levandowski, Daniela Centenaro; Rabin, Eliane GoldbergEsta dissertação apresenta dois artigos, com os seguintes objetivos: artigo 1 - analisar a taxa de sobrevida global em cinco anos de mulheres com câncer de mama, atendidas em hospital oncológico de referência do RS, e artigo 2 – revisar na literatura as intervenções para o tratamento de depressão e sintomas depressivo em pacientes com câncer de mama. Foi realizada inicialmente uma revisão da literatura sobre intervenções para depressão e sintomas depressivos em mulheres com câncer de mama, com foco em estudos publicados nos últimos cinco anos, utilizando-se como descritores breast cancer and depression em consulta à base de dados Pubmed. Esta revisão identificou dezesseis estudos sobre esta temática, que foram divididos em três eixos temáticos: Intervenções de relaxamento, de cunho informativo e psicoterápicas. Intervenções de relaxamento se mostraram mais frequentes e efetivas para essa finalidade. A partir desta revisão, foi possível avaliar o impacto da depressão e dos sintomas depressivos nestas pacientes e refletir sobre a importância de aprimorar conhecimentos referentes a esta patologia. O artigo configurou-se como uma ferramenta importante para a prática assistencial junto a essas pacientes Após esta etapa, foi realizada uma pesquisa documental, de cunho epidemiológico, usando os dados da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA). Foram consideradas todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre os anos de 2007 e 2011. A partir da identificação dos casos, realizou-se um levantamento de dados sociodemográficos e de informação de sobrevida e estadiamento clínico. Foram identificados 2729 casos de câncer de mama atendidos nesta instituição no período avaliado. Destes, 933 (34%) apresentavam informação de sobrevida disponível. Tais casos foram analisados e estratificados em relação à sobrevida por ano nos cinco primeiros anos após o diagnóstico, bem como correlacionados com estadiamento. A sobrevida geral destas mulheres, em 5 anos, foi de 88,74%, consistente com a literatura. Entretanto, quando estratificada por estadiamento, a taxa de sobrevida apresentouse superior à encontrada na literatura. Os dois estudos podem auxiliar profissionais da saúde e gestores na oferta de uma assistência de qualidade a mulheres acometidas por câncer de mama, bem como identificar estratégias específicas, considerando uma gestão participativa e ciente do perfil de paciente atendido e suas necessidades.Item Consequências da morte materna nos órfãos de até 15 anos de idade na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul – Brasil(Wagner Wessfll, 2020) Salazar López, María Esther; Barros, Helena Maria Tannhauser; Levandowski, Daniela CentenaroObjetivos: objetivou-se avaliar as consequências da morte materna por causas obstétricas e não obstétricas, na cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), na saúde e no bem-estar de filhos(as) de até 15 anos de idade. Assim, desenvolveram-se três artigos científicos que buscaram: 1) Identificar a produção cientifica existente sobre as consequências na alimentação de crianças órfãs menores de cinco anos em decorrência da morte materna, aplicando softwares livres de mineração de texto. 2) Caracterizar o perfil sócio demográfico da violência contra adolescentes notificados a partir do Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes/VIVA, no Brasil 3) Avaliar as consequências da morte materna por causas maternas obstétricas e não obstétricas, na saúde e no bem-estar dos órfãos de até 15 anos de idade, na cidade de Porto Alegre/Rio Grande do Sul, no período 2010-2015. Métodos: No primeiro artigo aplicou-se uma metodologia transversal, onde foram selecionados dez artigos em inglês publicados entre 2000 e 2015 nos temas de morte materna, recém-nascido e crianças órfãs menores de cinco anos que perderam a sua mãe na gravidez, parto ou puerpério; nos repositórios PubMed e BIREME de acesso livre nos quais foi lido apenas o título. Os arquivos de textos foram trabalhados no formato “txt” construindo-se um corpus para análise do conteúdo semiestruturada. A análise do corpus foi feita com os softwares Tag Crowd, e Textalyser para análise de monogramas e bigramas respectivamente, AntConc e Voyant Tools, para extrair palavras-chave na análise de contexto. No segundo artigo foi descrito um estudo epidemiológico descritivo com dados secundários do Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes / VIVA das notificações de violência contra adolescentes entre 10 e 19 anos no Brasil entre 2009 a 2016. As variáveis analisadas foram idade, sexo, raça, local de ocorrência, vinculo do agressor com a vítima e suspeita de uso de álcool nos casos de violência física, violência psicológica/moral e violência sexual. Utilizou-se estatística descritiva e o teste de tendência de proporções no STATA. Já o terceiro artigo reflete o estudo principal que originou a tese, e trata-se de uma pesquisa transversal com abordagem mista. Utilizou-se a base de dados da vigilância epidemiológica do óbito materno, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC), no período 2010-2015, e o Sistema de Cadastramento de Usuários do SUS (CADSUS) do Ministério da Saúde implantado nos municípios do Brasil. Identificaram-se 90 casos de morte materna (MM) por causas obstétricas e não obstétricas em Porto Alegre, no período 2010-2015. Destes, 75 foram incluídos pela presença de pelo menos um filho vivo quando ocorreu a morte. Já 15 foram excluídos por falta de informações. Incluíram-se as variáveis: data de nascimento, data de óbito e número de filhos. A partir dos dados coletados nos sistemas de informação, iniciou-se o estudo qualitativo. Foram entrevistados nove cuidadores e 14 órfãos no Porto Alegre. Coletou-se dados sociodemográficos dos órfãos e seus cuidadores. Também foram aplicadas medições antropométricas nas crianças/adolescentes e o Child Health Questionnaire – Parent Form 50 (CHQ-PF50) para avaliar o bem-estar físico e psicossocial das crianças e adolescentes, na percepção dos cuidadores. Utilizou-se a dinâmica de criatividade e sensibilidade junto aos órfãos para avaliar a percepção que eles têm da saúde, além de uma entrevista semiestruturada. Usou se estatística descritiva para analisar dos dados quantitativos. Já as entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas com o software Voyant Tools. A partir dos termos emergentes se fez uma análise descritiva das mesmas. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética e Pesquisa da UFCSPA e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Resultados: Artigo primeiro, usando ferramentas de mineração foram analisadas 67.642 palavras e 8083 formas de palavras únicas em 10 textos semiestruturados. Os termos CHILDREN [827] e DEATH [821] foram os mais frequentes; enquanto que os menos frequentes foram BREASTFEEDING [10] e NUTRITION [4]. Encontrou-se 44 concordâncias para o termo raiz BREAST* e 25 para a palavra NUTRITION em orações como: “crianças órfãs têm o aumento de risco de mortalidade por falta de amamentação, diretamente por meio da desnutrição e indiretamente devido ao aumento da susceptibilidade às infecções”. As sentenças de concordância mostram que a mudança do aleitamento materno conduz a uma pobre nutrição, deixando ao recém-nascido exposto a infecções, o que aumenta o risco de morte na criança. Já os resultados no segundo artigo mostraram que entre os anos 2009 e 2016 foram notificados 204.989 casos de violência física, 75.058 de violência psicológica/moral, e 77.760 casos de violência sexual perpetrados contra adolescentes de 10 a 19 anos, de ambos os sexos. A taxa de prevalência da violência física na faixa de 15- 19 anos alcançou 104,4 por 100.000 casos, mostrando uma tendência crescente independentemente do sexo do adolescente. A prevalência da violência sexual na faixa de 10-14 anos foi de 38,5 por 100.000 casos, mas nas meninas houve uma taxa de crescimento anual perto de 10 casos por cada 100.000 adolescentes. Quanto à violência física como a violência sexual atingiu principalmente as meninas das raças parda e indígena acontecendo na residência da vitima, sendo o agressor o namorado. O sistema de vigilância da violência, não inclui a variável condição orfandade dos adolescentes. Os resultados do terceiro artigo mostraram que entre 2010-2015 houve 75 mães falecidas por causas obstétricas e não obstétricas que deixaram 179 crianças órfãs para a guarda das famílias, sendo 61 neonatos. Sete órfãos faleceram após a morte da mãe. Das produções artísticas emergiram as vivências e percepções dos órfãos em relação à saúde, assim pelo menos quatro deles se auto-percebe doente; alguns relataram sentimentos de raiva, outros mencionaram serem agredidos pelos irmãos e cuidadores. A maioria dos órfãos tem um olhar de tristeza e apatia. A morte materna levou à desagregação familiar, migração e separação dos filhos, gerando problemas na saúde mental, nutricionais, emocionais, de fala e violência. As avós eram as principais cuidadoras e referiram dificuldades no acesso aos serviços de saúde especializados. Conclusões: No primeiro artigo o processamento de texto com as ferramentas livres foi rápido e permitiu extrair informações úteis e compreensíveis; na análise de dez artigos, mostrou as consequências que tem a morte materna na alimentação das crianças órfãs, repercutindo na morbidade e mortalidade infantil. No segundo artigo houve uma tendência progressiva de aumento dos casos notificados de violência contra adolescentes, ao longo de oito anos. Predominaram os casos notificados de violência física e sexual atingindo principalmente as meninas, na residência sendo o amigo/conhecido ou namorado da vítima o principal agressor. Já no terceiro artigo conclui-se , que a morte materna deixou consequências imediatas, como a morte dos filhos e mediatas na saúde mental dos órfãos, exacerbando ainda mais o estado de vulnerabilidade em que se encontram. Portanto, faz-se necessário estabelecer um sistema de registro, identificação e acompanhamento aos órfãos e famílias, além de garantir cuidados interdisciplinares, atendimento da saúde geral e acompanhamento na escola após a morte materna.Item Desenvolvimento e saúde mental infantil: Intervenção com agentes comunitários de saúde no contexto da atenção básica(2018) Esswein, Georgius Cardoso; Levandowski, Daniela CentenaroEsta dissertação é composta por dois artigos, que abordam a temática da saúde mental e do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção Básica (AB). O primeiro deles trata-se de um artigo revisão integrativa da literatura, que teve como objetivo caracterizar as ações voltadas à saúde mental infantil no contexto da AB, a partir de uma revisão integrativa da literatura brasileira (2006-2017). Para tal, buscas foram realizadas a partir das bases de dados LILACS, SciELO e do Portal BVS. Usando-se termos descritores registrados e não registrados no DeCS, foram identificados, respectivamente, 436 e 247 entradas. Após avaliação dos registros a partir dos critérios de inclusão e exclusão elencados, foram selecionados 13 artigos. Para a análise desse corpus, criou-se um protocolo descritivo, organizado a partir de três eixos temáticos: 1) Caracterização das demandas em saúde mental infantil para a AB; 2) Ações e intervenções de saúde mental infantil realizadas na AB; e 3) Dificuldades e proposições para a implementação das ações em saúde mental infantil na AB. Os resultados indicaram, como principais ações relativas à saúde mental na infância, desempenhadas pelos profissionais de saúde, a identificação de problemas e encaminhamento para especialidades. Também foram identificadas intervenções de caráter local ou em parcerias com instituições de ensino. No entanto, apesar de a AB ser considerada pelos profissionais como um importante campo de atuação em saúde mental, a revisão apontou necessidade de maiores investimentos, sobretudo, em relação à formação profissional e organização do trabalho. O segundo artigo, de natureza empírica, teve como objetivo descrever a avaliação de agentes comunitários de saúde (ACS) de Porto Alegre acerca de uma formação sobre desenvolvimento infantil e indicadores de risco. A formação foi organizada a partir de dois módulos (teórico e prático) e foi oferecida a ACS atuantes na zona norte de Porto Alegre. Para analisar a avaliação dos 13 participantes sobre a formação, realizou-se uma análise temática dos relatos de dois grupos focais. Estes foram organizados após o término de cada módulo e tiveram duração de aproximadamente 90 minutos. Na análise emergiram três temas: Metodologia da formação, Dificuldades encontradas e Repercussões da formação. Os participantes referiram a existência de recursos metodológicos que auxiliaram na compreensão do conteúdo, como a articulação teoria-prática e a acessibilidade da linguagem usada no material. Dificuldades foram referidas sobretudo em relação à complexidade do instrumento abordado na formação (IRDI – Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil) e às condições e organização do trabalho para a utilização desse instrumento. Mudanças na compreensão sobre o desenvolvimento infantil, na direção de um olhar mais integral do processo, foram citadas como a principal repercussão da formação sobre o trabalho dos ACS. Espera-se que o conhecimento construído e as discussões realizadas a partir dessa experiência de formação e da revisão de literatura possam inspirar os profissionais de saúde a atentar, em suas intervenções, para um sujeito integral, sobretudo na infância.Item Guia de orientação de pais, mães, cuidadores e educadores: primeiros cuidados psicológicos com as crianças frente à situação de emergência decorrente da catástrofe climática(2024) Silveira, Luiza Maria de Oliveira Braga; Narvaez, Joana Corrêa de Magalhães; Grzybowski, Luciana Suárez; Moreira, Mariana Calesso; Boeckel, Mariana Gonçalves; Calvetti, Prisla Ücker; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeEste material visa compartilhar informações úteis para quem cuida de crianças ou as acompanha durante situações de crise, como as emergências e catástrofes, nas quais muitas adaptações são necessárias. Trata-se um olhar acerca de cuidados em saúde mental e práticas de acolhimento frente a contextos críticos onde se vivenciam impactos em esferas variadas da vida das crianças, desde suas necessidades básicas(alimentação, sono e banho, dentre outras) e também, muitas vezes, de auxílio psicológico. O guia é escrito em linguagem acessível para ser acessível a diferentes públicos.Item Há algo de diferente nesse amor? Investigando relações amorosas de pessoas com deficiência física e múltipla(2023-11-22) Barth, Marina Camargo; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de deficiência é complexo e tem sido compreendido a partir de perspectivas distintas. O Modelo Social da Deficiência destaca os aspectos sociais que envolvem essa vivência, incluindo o preconceito em diferentes esferas da vida de pessoas com deficiência (PCD), principalmente a amorosa. O amor é um fenômeno subjetivo e individual, embora as relações amorosas sejam atravessadas por características do contexto social, histórico e cultural. A Teoria Triangular do Amor de Sternberg postula diferentes elementos do amor, além de possibilitar a sua mensuração. O desenvolvimento desses elementos pode ser influenciado pela forma como a pessoa avalia subjetivamente o relacionamento, ou seja, pela satisfação amorosa. Neste trabalho buscou-se investigar os elementos do amor e a satisfação com o relacionamento amoroso de PCD física ou sensorial de diferentes regiões do Brasil, bem como averiguar diferenças em relação a essas variáveis entre pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, sensorial ou múltipla) e características sociodemográficas. Neste estudo quantitativo, transversal e correlacional participaram 135 PCD maiores de 18 anos que mantinham um relacionamento amoroso. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos contendo o índice do Impacto da Deficiência, a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) e a versão brasileira e revisada da Escala do Nível de Satisfação com o Relacionamento Amoroso (ENSRA-R). Análises estatísticas descritivas e correlacionais foram realizadas para caracterizar a amostra e verificar associações entre dados sociodemográficos, elementos do amor e satisfação amorosa, bem como realizar comparações entre grupos conforme o tipo de deficiência. Os resultados mostraram a ausência de diferença nos escores dos componentes do amor para PCD de diferentes tipos. Ou seja, independentemente do tipo de deficiência, os elementos da Teoria Triangular do Amor de Sternberg encontram-se presentes nas relações amorosas em escores elevados, indicando uma boa vivência dos mesmos. A amostra também apresentou níveis elevados de satisfação com o relacionamento amoroso e PCD múltipla mostraram-se mais satisfeitas com as suas relações amorosas em comparação aos demais grupos, contrariando a literatura. Além disso, os homens apresentaram maior satisfação com a relação amorosa, assim como participantes com menor escolaridade, corroborando achados da literatura entre pessoas sem deficiência. Por fim, a vivência amorosa e a satisfação com a relação de PCD física e sensorial não se mostraram associadas à orientação sexual, duração do relacionamento, quantidade de filhos e idade de início da vida sexual, mostrando independência do desenvolvimento amoroso frente a esses marcadores sociais. Sendo assim, conclui-se que as PCD investigadas nesse estudo apresentaram um panorama positivo em relação ao amor e à satisfação com a relação amorosa estabelecida, contrariando as representações sociais sobre essas vivências. Salientase a importância de estudos com esse público para ampliar a reflexão sobre o tema do amor entre PCD, devido à importância em suas vidas, e auxiliar na redução das barreiras atitudinais e estigmas que ainda o cercamItem Luto materno decorrente de perda gestacional e as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à perda(2019) Teodózio, Andressa Milczarck; Levandowski, Daniela CentenaroO processo de luto decorrente de uma perda gestacional (PG) tem sido descrito na literatura como uma vivência específica, complexa e pouco reconhecida socialmente, que pode influenciar na saúde mental materna e repercutir em outros momentos da vida, como na gestação e maternidade subsequentes. Essa dissertação está composta por dois estudos empíricos qualitativos, com o objetivo de investigar as repercussões e particularidades do processo de luto decorrente de PG (Estudo 1) e identificar e compreender as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à PG (Estudo 2). Participaram dos dois estudos quatro mulheres (18 a 29 anos) com história de pelo menos uma PG nos últimos cinco anos e que tiveram um bebê após a perda. Foram aplicados o Questionário de Dados SócioDemográficos e Clínicos, o Questionário sobre Vivências de Perdas, o Prolonged Grief Disorder, o Brief Symptom Inventory e a Entrevista sobre Vivência de Luto Materno e Experiência da Maternidade Atual. No Estudo 1, cujo delineamento foi de estudo de casos múltiplos, os casos foram analisados por meio da estratégia de proposições teóricas, com base na perspectiva psicanalítica, e, posteriormente, de síntese de casos cruzados (Yin, 2005), para identificar semelhanças e particularidades entre os casos. Foi possível constatar que as repercussões físicas da PG contribuíram para a inscrição e a elaboração psíquica dessa vivência. Como particularidades do processo de luto, verificou-se que, para essas participantes, este foi permeado por elementos de ordem narcísica, devido aos efeitos físicos da perda em consonância ao investimento psíquico direcionado ao bebê idealizado na gestação; melancólica, pelo caráter narcísico e indiferenciado que a PG assumiu; e traumática, devido à sobrecarga não nomeada que ultrapassou a capacidade psíquica de representação e elaboração no primeiro momento após a perda. Já no Estudo 2, de caráter exploratório-descritivo e transversal, cujos resultados foram submetido à análise temática (Braun & Clarke, 2006; Braun, Clarke, Hayfield, & Terry, 2019), verificou-se repercussões da PG nos sentimentos maternos sobre a gestação subsequente, tendo sido identificados medo de outra PG, ambivalência frente à gestação e angústia frente ao parto e nascimento. Também foram identificadas repercussões da PG nas percepções e sentimentos maternos sobre o bebê subsequente após o seu nascimento, evidenciando-se a idealização de suas características e da relação mãe-bebê, assim como medos e preocupações com o bebê, que geraram comportamentos de superproteção e hipervigilância. Também se observou o posicionamento do novo bebê como substituto do bebê falecido, por exemplo, na escolha do mesmo nome para ambos. Esses aspectos apontam para a importância de ações de cuidado e prevenção em relação à saúde mental materna e do binômio mãe-bebê subsequente à PG, indicando a necessidade de atenção dos profissionais de saúde para o contexto e os sentimentos que as mulheres vivenciam após uma PG, no intuito de auxiliar na vinculação pré e pós-natal, o que, por sua vez, pode impactar positivamente no desenvolvimento emocional do bebê.Item Luto materno pela perda de um bebê: Características das mães e fatores associados à adaptação à experiência de enlutamento(2021-10-05) Flach, Katherine; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeO luto é o conjunto de reações diante de uma perda significativa. Considerando que a importância do vínculo perdido está intimamente relacionada à forma como o luto será vivenciado, o luto materno pela perda de um bebê torna-se um processo especialmente difícil de ser enfrentado, pela importância do vínculo mãe-filho e pela ruptura do que se espera na lógica do ciclo vital, dentre outros aspectos. Por isso, a perda de um filho, por si só, pode ser um fator de risco para complicações no processo de adaptação à perda. Assim, o luto pela perda de um bebê, seja durante o período gestacional ou em seus primeiros anos de vida, assume um caráter especial dentro da compreensão do processo de luto e da maternidade. A presente Tese buscou elucidar o fenômeno do luto materno pela perda de um bebê, em termos teóricos e empíricos, a fim de proporcionar uma compreensão circular e sistêmica dos principais fatores que representam possibilidades de adaptação, bem como aqueles que merecem maior atenção dos profissionais da saúde no atendimento às mães enlutadas. Para tanto foram elaborados três artigos científicos. O Artigo 1 trata-se de uma revisão sistemática, realizada a partir de buscas nas principais bases de dados da área da saúde a fim de fornecer aos profissionais de saúde conhecimento sobre este tema ainda pouco compreendido e estudado que é o luto complicado após a perda de um bebê, conforme a seguinte questão de pesquisa: "Quais são os fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento do luto complicado em mulheres que perderam um bebê (desde a gravidez até os dois primeiros anos de vida do bebê)?". Nesta produção, realizou-se uma larga revisão, que partiu da identificação de mais de 8 mil registros na área, quanto à origem e ano de publicação, características da amostra, instrumentos empregados, principais resultados e qualidade dos estudos. Foram selecionados e analisados 23 artigos, identificando-se como principais fatores de risco para lutos complicados em mulheres após a perda de um bebê: a presença de psicopatologia materna, história de perda gestacional e pressão social para uma nova gestação após a perda. Como fatores protetivos para a vivência de um luto complicado, identificou-se a presença de outra criança além da perda, a qualidade dos serviços de saúde prestados às mães, e o suporte social, através do apoio comunitário, de atividades espirituais, da família e do parceiro. Ainda, estudos mostraram que a experiência de perda de um filho pode relacionar-se com vivências de crescimento pós-traumático, a partir desta dolorosa experiência. O Artigo 2 buscou refletir acerca dos avanços, dificuldades e limitações da abordagem científica e social do luto, a fim de identificar desafios e perspectivas neste campo. Para tanto, realizou-se uma análise crítica das compreensões acerca do luto de estudiosos contemporâneos que são referência na área, bem como das discussões sobre o tema, a partir de uma revisão dos conceitos fundamentais na área do luto, do contexto de pesquisas a respeito de terminologias, formas de avaliação e dos desafios para tratar sobre o assunto nas áreas científica e clínica, além de iniciativas da comunidade para o acolhimento à população enlutada. Foi possível ter-se uma compreensão dos conceitos norteadores desta Tese, assim como da evolução nas concepções sobre o luto em direção a uma abordagem mais processual, flexível e de busca de sentido. No entanto, também se observou que a produção na área ainda se mostra escassa e que há um longo percurso para que os temas da morte e do luto possam ser tratados com o aprofundamento e a clareza que merecem tanto na formação dos profissionais de saúde, como na sociedade em geral. O Artigo 3, que corresponde ao estudo empírico e foco central desta Tese, diz respeito a um estudo quantitativo, transversal e comparativo, no qual foi realizada uma coleta de dados com mães com e sem histórico de perda de um filho ainda bebê e que no momento da participação na pesquisa tinham um filho nascido subsequentemente à perda, com idade entre seis e 24 meses. A partir dos dados levantados na literatura a respeito da importância da saúde mental, das dinâmicas conjugal e familiar no processo de luto das mães após a perda de um bebê, este estudo buscou investigar a associação entre as variáveis saúde mental, ajustamento conjugal e suporte familiar em mulheres com e sem experiências de perda de um bebê (desde a gestação até seus primeiros dois anos de idade). Ainda, procurou-se descobrir se estas variáveis podem estar associadas ao desenvolvimento de luto prolongado nas mães com histórico de perda. Como resultados, foram verificadas características específicas ao processo de luto de mães pela perda de um bebê na gestação, parto, pós-parto ou até os dois anos de vida do filho. Confirmouse, tanto através de correlações significativas, como de um modelo de associações em rede, a existência de interações diretas entre as variáveis saúde mental materna e percepção de suporte familiar com a presença de critérios para luto prolongado nas mães participantes. Assim, foi possível evidenciar especial importância do suporte familiar e da saúde mental materna como fatores potencialmente protetivos ao desenvolvimento de lutos prolongados nestas mães, enquanto a variável percepção de ajustamento conjugal mostrou-se regulada pela saúde mental materna e pelo suporte familiar, mas não decisiva à experiência de luto prolongado nesta amostra. Tais resultados diferenciam-se dos já encontrados previamente na literatura científica da área, porque trazem a proposta de se pensar, através de uma perspectiva sistêmica, como as variáveis se interrelacionam no processo de enfrentamento deste particular tipo de enlutamento. Assim, destaca-se a necessidade de especial atenção à saúde mental destas mães, bem como de um trabalho voltado a fortalecer os vínculos familiares, a fim de favorecer a adaptação das mães enlutadas pela perda de um bebê. Entre as limitações deste estudo destaca-se o tipo de seleção da amostra, que se deu, em parte, por conveniência, uma vez que este tipo de seleção pode refletir apenas uma parcela da população total. Como perspectivas da Tese, entende-se necessária a realização de estudos futuros que realizem comparações entre os diferentes tipos de perdas maternas, considerando os diversos estratos da população, além de abranger outros fatores que podem estar associados ao luto materno, como por exemplo possibilidades de intervenções em saúde mental direcionadas especificamente a este tipo de enlutamento. Através desta Tese buscou-se contribuir ao campo da Psicologia, da saúde mental e da saúde materno-infantil com subsídios teóricos e empíricos para a formulação de estratégias de intervenção e de prevenção nesta área.Item O descompasso da vida: luto antecipatório parental diante da cardiopatia congênita da criança(2023-12-01) Santos, Amanda da Silva; Levandowski, Daniela Centenaro; Moreira, Mariana Calesso; Departamento de PsicologiaResumo: As Cardiopatias Congênitas podem ser caracterizadas como um conjunto de alterações no sistema cardiovascular, estrutural ou funcional, que se origina durante o desenvolvimento embrionário e gera disfunções importantes na saúde. A CC é a malformação congênita mais frequente no Brasil, visto que, a cada mil crianças nascidas vivas, dez apresentam esse diagnóstico e a taxa de mortalidade é alta ainda nos primeiros anos de vida. Desde o diagnóstico, os pais dessas crianças lidam com a imprevisibilidade e com o medo constante da perda, pela possibilidade de morte da criança, o que pode emergir nos cuidadores um processo de luto antecipatório. O Modelo do Processo Dual do Luto permite entender o luto antecipatório, através da oscilação entre os movimentos de perda e restauração. O estudo do luto antecipatório dos pais é importante devido à lacuna existente na literatura nacional e mundial sobre o luto parental no contexto da CC. Em virtude disso, no presente estudo qualitativo, transversal, exploratório-descritivo, no qual participaram sete mães e um pai que perderam há pelo menos seis meses um filho, com idades entre 19 dias à 6 anos, em decorrência de alguma CC na infância, objetivou-se investigar indícios do processo de luto parental antecipatório diante do diagnóstico de um filho por CC durante a infância, no cenário brasileiro, com base no Modelo do Processo Dual do Luto. A coleta de dados ocorreu na modalidade virtual, com divulgação da pesquisa nas redes sociais, aplicação do TCLE pelo Google Forms e realização da coleta pelo Google Meet. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e aplicados dois questionários (dados sociodemográficos e clínicos). Os dados dos questionários foram digitados em um banco de dados e as entrevistas sofreram Análise Temática Reflexiva. A partir da análise, considerando o Modelo do Processo Dual do Luto, evidenciou-se os movimentos focados tanto na perda quanto na restauração, através de sentimentos, pensamentos e comportamentos parentais que oscilavam entre o investimento emocional no filho, no seu cuidado e adaptação ao diagnóstico junto ao choque frente ao diagnóstico, à impotência diante da dificuldade de cuidar do filho e ao medo gerado pela constante possibilidade de perda. Sendo assim, foram encontrados indícios de um processo de luto antecipatório parental. Dar luz a essa vivência parental permite aprimorar e instrumentalizar os profissionais e as intervenções psicológicas para os pais enlutados, visando uma prática mais efetiva, afetiva e humanizada, com vistas ao acolhimento à promoção de um processo de luto parental pós-morte mais adaptativoItem Orientações para a atuação de Psicólogos em abrigos coletivos temporários em contexto de desastres(2024-05) Gonçalves, Tonantzin Ribeiro; Serafini, Adriana Jung; Reppold, Caroline Tozzi; Levandowski, Daniela Centenaro; Grzybowski, Luciane Suárez; Oliveira, Luiza Maria de Oliveira Braga; Boeckel, Mariana Gonçalves; Amazarray, Mayte Raya; Câmara, Sheila Gonçalves; Godoi, Gabriel; Prudente, Jéssica; Ferrari, Jocieli; Gonçalves, Kamila Baldino; Varela, Lucas Ramos; Narvaez, Joana Corrêa de Magalhães; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde; N/A.; Amaral Filho, Lúcio SiqueiraO material foi produzido a partir da experiência e mobilização de incontáveis profissionais psicólogos, diante da catástrofe provocada pelas inundações de maio de 2024, em todo o estado do Rio Grande do Sul. A Cartilha se volta para Profissionais psicólogos atuando de modo voluntário ou não voluntário e busca fornecer informações e orientações básicas para o desenvolvimento de ações de acolhimento, prevenção de riscos e promoção da saúde mental no âmbito de abrigos coletivos temporários, organizados a partir de situações de emergências ou desastres.Item Parto Traumático em Situações de Perda Perinatal: Repercussões no Processo de Luto e na Saúde Mental Materna(2023-10-27) Bard, Bárbara Albasini; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de ‘Parto traumático' é complexo e vem sendo utilizado para descrever experiências de parto que geram consequências físicas e psicológicas negativas para a parturiente e sua família. Uma das situações que podem acarretar uma experiência traumática de parto envolve as perdas perinatais. Neste trabalho compreende-se como perda perinatal a morte do bebê ocorrida a partir da 22ª semana gestacional, no momento do parto ou até sete dias após o parto. No Brasil e na literatura internacional, embora este foco de pesquisa venha se ampliando, ainda pouco se conhece sobre a vivência do parto nessas situações e o quanto essas experiências podem ser traumáticas. Menos ainda tem sido investigado sobre as repercussões dessas experiências de perda e de parto traumático no processo de luto materno, apesar da relevância do tema em termos clínicos e sociais. Diante disso, o objetivo geral desta Dissertação foi compreender o parto traumático em situações de perda perinatal e as suas repercussões na saúde mental materna e no processo de luto. A presente Dissertação está composta por três artigos: um de revisão sistemática da literatura, que teve por objetivo identificar a produção científica recente sobre parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões para as mulheres; um quantitativo, que buscou analisar a saúde mental de mulheres brasileiras que vivenciaram ou não uma experiência de parto traumático associado a uma perda perinatal, especialmente eventuais associações entre a experiência traumática e um diagnóstico de TEPT, Transtorno de Ansiedade e/ou Depressão e Satisfação com o parto; e um qualitativo, no qual foi analisado e comparado o processo de luto de mulheres que sofreram uma perda perinatal e perceberam ou não o parto como traumático. A revisão da literatura indicou a escassez de estudos nacionais e internacionais que abordaram conjuntamente a experiência de parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões no processo de luto. De modo geral, os estudos associaram a experiência de parto nestes casos com a presença de um diagnóstico de TEPT e, apontaram o quanto o atendimento prestado nas maternidades pode ser um fator de risco/proteção em termos de saúde mental para as famílias enlutadas. Já o estudo quantitativo identificou que mulheres que vivenciaram uma perda perinatal e que compreenderam o parto como traumático tenderam a apresentar diagnóstico de TEPT, depressão e/ou ansiedade. Da mesma forma, aquelas que consideraram o atendimento recebido da equipe de saúde na maternidade como violento também tinham mais frequentemente a percepção do parto como traumático e a presença de um diagnóstico de saúde mental. Com relação as análises qualitativas, as mulheres expostas a situações de negligência profissional e que perceberam o parto como traumático tiveram maior dificuldade na vivência do processo de luto, manifesta pela menor facilidade para retomar alguns aspectos de sua vida, maior afastamento da rede de apoio, maior dificuldade para estabelecer um significado para a perda e manter um vínculo contínuo (simbolicamente) com o bebê, assim como referiram mais frequentemente a perda de sentido na vida após a morte do bebê. Entende-se que o maior conhecimento sobre as repercussões da vivência traumática no parto no processo de luto e na saúde mental materna em função de uma perda perinatal, para além de preencher lacunas da literatura científica, promove a desmistificação desses temas, diminuindo a incidência de não reconhecimento do sofrimento parental associado a essas experiências e contribuindo para uma maior qualidade de vida para as mulheres enlutadas.Item Percepções e atitudes maternas referentes às práticas alimentares adotadas para si e para seu filho nos primeiros anos de vida(2016) Broilo, Mônica Cristina; Levandowski, Daniela Centenaro; Stenzel, Lucia MarquesObjetivos: o objetivo desta tese foi de analisar as percepções e as atitudes maternas referentes às práticas alimentares adotadas para si e para seu filho nos primeiros anos de vida, bem como as características maternas e familiares que podem estar associadas a estas percepções e atitudes. Para tal, foram desenvolvidos dois artigos científicos. O primeiro objetivou analisar a percepção materna sobre as práticas alimentares adotadas para si e para seu filho nos primeiros anos de vida, assim como as possíveis características maternas e familiares envolvidas nestas percepções. Já o segundo, foi identificar os tipos de estratégias utilizadas por mães de crianças de 2 a 3 anos de idade para estimular/garantir o seu consumo alimentar, bem como sua percepção sobre estes comportamentos, além de investigar características maternas e familiares que podem estar associadas aos diferentes tipos de estratégias empregadas pelas mães. Métodos: os achados da presente tese derivam de um estudo maior, que teve um delineamento de ensaio de campo randomizado por conglomerados. Foram identificadas gestantes atendidas durante o terceiro trimestre gestacional em unidades de saúde de Porto Alegre/RS. Estas tiveram suas crianças acompanhadas por meio de visitas domiciliares aos 6 a 9 meses, 12 a 16 meses e 2 a 3 anos de idade. Para os artigos que compõem essa tese, a amostra foi tratada como uma coorte aninhada a um ensaio de campo randomizado, pois a intervenção realizada no estudo original não teve impacto sobre as variáveis aqui analisadas. Todos os procedimentos realizados para este estudo foram analisados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da presente Universidade. Resultados e Conclusões: os resultados obtidos mostraram que as percepções maternas sobre alimentação saudável diferiram para si e em relação ao filho, embora os critérios que norteiem estas percepções tenham se apresentado de forma semelhante. A escolaridade materna foi associada às percepções maternas de forma diferente, considerando as percepções em relação à própria alimentação e à alimentação da criança. Ainda, mães de crianças aos 2 a 3 anos de idade referiram utilizar inúmeras estratégias objetivando o consumo alimentar infantil considerado adequado por si próprias, muitas vezes sem intenção ou percepção clara sobre essa utilização. Características como a idade e a escolaridade mostraram-se associadas aos tipos de estratégias utilizadas. Estes achados demonstram a importância do estudo da percepção no que tange às práticas alimentares maternas para crianças nos primeiros anos de vida, indicando o quanto as percepções maternas podem estar relacionadas às suas práticas referentes à alimentação, tanto para si quanto para seu filho. Assim, ações voltadas à educação alimentar e nutricional na primeira infância devem levar em considerações os aspectos subjetivos das mães, visando a maior efetividade.Item Perda gestacional em perspectiva: vivências de luto parental(Wagner Wessfll, 2021) Santos, Priscilla Andrewns dos; Levandowski, Daniela CentenaroA perda gestacional (PG) apresenta repercussões particulares, sendo o não reconhecimento social e o despreparo das equipes de saúde para lidar com essa situação atravessamentos que podem acarretar um processo de luto complexo e singular. A literatura evidencia modos distintos de vivência da PG por homens e mulheres, embora ainda sejam escassos os estudos a partir da perspectiva masculina. Esta Dissertação objetiva compreender a experiência de homens e mulheres que compartilharam uma PG, suas repercussões e possíveis diferenças no seu processo de luto, assim como o cuidado oferecido pelos profissionais de saúde. Para isso, realizou-se um estudo teórico para refletir sobre o cuidado destinado a pais e mães em situação de PG pelos profissionais de saúde, com base no conceito de Ética do cuidado de Figueiredo (2007/2011) e de conceitos psicanalíticos relacionados. Ainda, realizou-se um estudo empírico qualitativo, com delineamento de estudo de casos múltiplos (Yin, 2005), para investigar as repercussões e as diferenças na vivência de PG e no processo de luto de homens e mulheres que vivenciaram uma PG nos últimos 12 meses. Os participantes completaram uma Ficha de Dados Sócio-Demográficos e Clínicos, o Brief Symptom Inventory e a Escala de Luto Perinatal, para a sua caracterização, sendo após realizada uma entrevista semiestruturada individual. O estudo teórico concluiu que a ausência de cuidados satisfatórios diante uma vivência de PG pode ser sentida tanto como invasão quanto como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Apontou também que o cuidado e a assistência oferecidos aos pais e mães não deve estar centrado apenas nos aparatos técnicos e na atenção aos aspectos físicos, englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, com o fornecimento de apoio de diferentes formas (técnico, emocional e social). Já o estudo empírico evidenciou distintas repercussões e caminhos encontrados por homens e mulheres para a vivência do luto decorrente de uma PG, influenciados pela característica particular da vivência corporal da gestação e da PG na mulher. Essa característica mostrou-se um importante demarcador dessas diferentes experiências, pautadas em processos psíquicos singulares e na compreensão social de que a diferença corporal acarretaria uma disparidade na dupla conjugal em relação à dor e ao sofrimento. A percepção de que a vivência de PG é mais sofrida nas mulheres impactou em maior silenciamento e em luto encoberto nos homens. Observou-se neles comportamentos de evitação do sofrimento e um maior tempo de negação frente à notícia da PG. Nas mulheres, evidenciou-se maior necessidade de falar sobre a perda e abertura para trocas e busca de apoio. Culpa e isolamento social foram observados em ambos, com modos e objetivos distintos. A forma como o parto aconteceu, incluindo o cuidado das equipes de saúde, evidenciou desdobramentos singulares, atenuando ou complicando a vivência da PG. Verificou-se, ainda, que a flexibilidade de papéis de apoio entre o casal, o sentir-se mãe/pai mesmo após a morte do filho, a espiritualidade como forma de atribuição de sentido e a presença de rituais de despedida e movimentos simbólicos facilitaram o processo de elaboração e (re)significação da PG.Item Perda gestacional: Implicações para as famílias e experiência nos serviços de saúde(2018) Vescovi, Gabriela; Levandowski, Daniela CentenaroA perda de um bebê durante a gestação apresenta características peculiares, como o não reconhecimento social, e se constitui em uma vivência emocionalmente complexa para todos os envolvidos. Esta dissertação tem como objetivo investigar a vivência de perda gestacional nas famílias. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre os impactos da perda gestacional na saúde mental, na conjugalidade e na parentalidade subsequente. Após, procedeu-se a um estudo empírico qualitativo que investigou a percepção e sentimentos de doze casais de diferentes estados brasileiros sobre os serviços de saúde acessados em função de perda gestacional. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada submetida à Análise Temática (BRAUN; CLARKE, 2012). Os resultados da revisão da literatura indicaram uma associação entre histórico de perda gestacional e presença de sintomatologia psiquiátrica em mulheres, porém, o mesmo não foi observado entre este histórico e dificuldade de vinculação materna ao bebê subsequente. A revisão realizada apontou ainda para a necessidade de pesquisas que incluam metodologias qualitativas e considerem os aspectos socioculturais e a participação de outros membros da família. Já o estudo empírico encontrou predominância de percepções negativas dos casais em relação ao atendimento recebido nos serviços de saúde, destacando-se dificuldades na comunicação sobre a perda, ausência de cuidados em saúde mental, falta de suporte para o contato com o bebê falecido, bem como a negação do direito ao acompanhante. Estes aspectos sugerem que o não reconhecimento social da perda gestacional possa estar institucionalizado nos serviços de saúde, apontando para a necessidade de qualificação profissional e de reorganização dos serviços. Em conjunto, os estudos apontam para a relevância de dar maior visibilidade social a esse tema.Item Perda gestacional: um olhar de cuidado para a interrupção da transição para a maternidade(Wagner Wessfll, 2021) Tavares, Sandi Teresinha Nottar da Silva; Levandowski, Daniela CentenaroEm virtude de intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, mulheres grávidas podem sofrer uma perda gestacional (PG). A morte do bebê durante a gestação repercute de forma intensa e singular nas mulheres e em seus familiares, mobilizando aspectos emocionais muitas vezes difíceis de lidar. A PG acarreta um processo de luto pela perda do bebê e instaura a interrupção do processo de transição para a maternidade, que estava em curso ao longo da gestação, colocando a mulher diante de um trabalho psíquico permeado pela dor. Por isso, o acolhimento das equipes de saúde é um fator importante nesse momento, contribuindo de forma significativa para um melhor desfecho desses processos. O objetivo desta Dissertação foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres enlutadas em função de uma PG tardia e refletir acerca do cuidado prestado no momento da PG (desde a confirmação da morte do bebê até a alta hospitalar após a realização dos procedimentos médicos necessários). Para atingir esses objetivos, primeiramente organizou-se um estudo teórico, que buscou refletir sobre o impacto do cuidado e assistência da equipe de saúde no contexto da PG. Para mediar essa discussão, foi utilizado o conceito de ética do cuidado de Figueiredo (2009/2011) e conceitos correlatos de outros autores, como Freud, Winnicott e Ferenczi Esse estudo possibilitou constatar que o cuidado satisfatório oferecido às mulheres em contexto de PG tem um impacto significativo nessa vivência. Quando esse cuidado não é satisfatório, a vivência é sentida como uma invasão ou como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Assim, aponta-se a necessidade de oferecer um cuidado não apenas centrado em questões técnicas, mas também englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, além de apoio de diferentes formas (por exemplo, informacional). Já o segundo artigo, de caráter empírico, constitui-se em um estudo de casos múltiplos de cunho transversal, no qual participaram quatro mulheres (32 e 33 anos) que tiveram a perda do filho na primeira gestação e não tinham outros filhos. O objetivo desse estudo foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres que vivenciaram uma PG tardia. Para a coleta de dados, utilizou se os seguintes instrumentos: Ficha de Dados Sociodemográficos e Clínicos, Brief Symptom Inventory, Escala de Luto Perinatal (Perinatal Grief Scale) e a Entrevista sobre a Vivência de PG. A análise dos dados permitiu identificar a interrupção do processo de transição para a maternidade, que já vinha sendo desempenhada ao longo da gestação. Essa interrupção foi sentida como dolorosa e provocou uma crise de identidade nas participantes em relação ao status materno, devido à falta de representação psíquica para definir o processo singular de maternidade vivenciado por elas. Assim, conclui-se que a presente Dissertação contribuiu para ampliar a compreensão da PG, ratificando a complexidade desse fenômeno, e fornecendo subsídios para o cuidado às mulheres diante da interrupção do processo de transição para a maternidade.Item Processo de Luto Antecipatório Parental Diante de Cuidados Paliativos: um Estudo Qualitativo(2023-06-23) Rosa, Jade Silveira da; Levandowski, Daniela CentenaroA incidência de doenças crônicas infantis é mundialmente crescente. Essa experiência é especialmente traumática para os cuidadores devido à constante ameaça à vida encontrada nos casos complexos. Diante dessa realidade, os cuidados paliativos pediátricos tornam-se essenciais para a criança e sua família. O adoecimento implica uma reorganização familiar e pode acarretar um processo de luto parental desde o recebimento do diagnóstico, nomeado de luto antecipatório. A compreensão desse processo parental de luto ainda é carente de investigações no Brasil. Assim, objetivou-se compreender as experiências de luto antecipatório de mães de crianças portadoras de uma doença crônica que ameaça ou limita a vida e que se encontram em cuidados paliativos. Esta Dissertação está composta por uma seção de fundamentação teórica sobre os temas que embasaram o projeto (tais como adoecimento crônico infantil, luto antecipatório e cuidados paliativos pediátricos); um artigo empírico sobre o processo de luto antecipatório materno com base no Modelo do Processo Dual do Luto (STROEBE; SCHUT, 1999, 2010); e um material informativo intitulado “Processos de perdas e restaurações: Cartilha para famílias de crianças em adoecimento crônico”, elaborado a partir de materiais e estudos já publicados sobre o tema, com foco no autocuidado, na validação das emoções e no acolhimento ao sofrimento decorrente da condição da criança. A cartilha, depois de elaborada pela equipe do projeto, foi avaliada por cinco psicólogos experts na área de diferentes regiões do Brasil. O artigo apresenta um estudo qualitativo transversal, de caráter exploratório-descritivo, no qual participaram 10 mães de pacientes infantis (7 meses a 09 anos), cujo diagnóstico estava estabelecido há, pelo menos, seis meses antes da coleta de dados. Os dados foram coletados a partir de uma ficha de dados sociodemográficos e de dados clínicos, dois inventários psicológicos (DASS-21 - Short Form e Pediatric Inventory for Parents) e entrevista semiestruturada. As entrevistas sofreram análise temática reflexiva e as informações dos demais instrumentos foram apresentadas descritivamente, para caracterizar as participantes. Os dados coletados demonstraram movimentos dinâmicos, não lineares e oscilatórios do processo de luto antecipatório materno. Foram identificados comportamentos, pensamentos e sentimentos maternos que flutuaram em termos de orientação para a perda e para a restauração, configurando um movimento entre o traumático e o possível, na medida em que aspectos intensos vinculados às perdas em vida da criança alternaram-se com possibilidades de ajustamento em direção à ressignificação e reconstrução diante dessa nova realidade. Reações de medo e ressignificação da própria morte, de adaptação frente às perdas e reconstruções da maternidade, de incerteza e medo quanto à partida do filho e de certeza do amor e do desejo de proteção e cuidado para com ele foram evidenciados. Ao longo dessa trajetória, foram identificados aspectos internos e externos que auxiliaram ou dificultaram a regulação emocional e a acomodação às perdas por parte das mães. Já a cartilha, em sua versão final, aborda a vivência de luto antecipatório dos familiares diante do contexto de doença crônica infantil, de forma a contemplar variações subjetivas. Os achados do estudo, analisados à luz do Modelo do Processo Dual do Luto, constituem-se enquanto uma contribuição original para a área de adoecimento pediátrico crônico complexo. Acredita-se que esse estudo possa contribuir para intervenções psicológicas mais assertivas, identificando dificuldades na oscilação dos comportamentos, sentimentos e pensamentos maternos entre estes polos, o que poderá auxiliar para um processo de luto antecipatório e, inclusive, de luto propriamente dito, mais adaptativo.Item Qualidade de vida dos cuidadores e desenvolvimento neuromotor de crianças com diagnóstico de paralisia cerebral em reabilitação(2015) Souza, Jandara de Moura; Oliveira Júnior, Alcyr Alves de; Levandowski, Daniela CentenaroIntrodução: A Paralisia Cerebral (PC) é uma condição neurológica caracterizada por distúrbios permanentes do desenvolvimento, da postura e do movimento, com conseqüentes limitações das atividades diárias. As desordens motoras são frequentemente acompanhadas por distúrbios sensoriais, alterações cognitivas, de comunicação e de comportamento. O processo de estruturação familiar diante da PC depende de diversos fatores, dentre eles, a forma como os responsáveis lidam com o diagnóstico. Por outro lado, a atenção exigida dos familiares e cuidadores pelos portadores de PC pode interferir diretamente na qualidade das relações familiares e, em conseqüência, nos cuidados prestados ao paciente. Objetivo: Analisar a relação entre qualidade de vida (QV) dos cuidadores e o grau de comprometimento do desenvolvimento motor de crianças com PC que freqüentam um programa de reabilitação. Métodos: A amostra foi composta por 38 cuidadores e 38 crianças do Serviço de Fisiatria e Reabilitação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A QV dos cuidadores foi avaliada através do World Health Organization Quality of Life - WHOQOL – BREF. Também foram aplicadas escalas para a avaliação de depressão e ansiedade (Beck Anxiety Inventory - BAI, Beck Depression Inventory - BDI, Inventário de Ansiedade Traço-Estado - IDATE) e um questionário que mede a sobrecarga do cuidador (Zarit Caregiver Burden Interview - ZCBI). Já nas crianças foi aplicada a escala Gross Motor Function Classification System (GMFCS), com o intuito de avaliar o desenvolvimento motor. Resultados: Os resultados indicam uma associação significativa negativa entre os escores do BDI, BAI, IDATE (Estado) e ZCBI e os escores do WHOQOL-BREF, ou seja, quanto maior os níveis de ansiedade, depressão e sobrecarga, menor o escore de QV do cuidador. Em relação ao nível de desenvolvimento motor das crianças, não foi encontrada associação significativa com o escore de QV dos cuidadores, embora seja possível observar que os cuidadores de crianças em nível V de PC, que apresentam maior comprometimento motor, apresentaram escores mais elevados em todos os domínios da QV. A associação do GMFCS também não foi significativa com os escores de depressão e ansiedade do cuidador. Conclusão: Os resultados sugerem que não há relação entre QV e estado emocional dos cuidadores e nível de desenvolvimento motor de crianças portadoras de PC.Item Revelação e suas interfaces com o apoio social em casais com infertilidade na trajetória de tratamento com técnicas de reprodução assistida(Wagner Wessfll, 2020) Klaus, Rafaela Teló; Levandowski, Daniela CentenaroA infertilidade é considerada uma doença do sistema reprodutivo, caracterizada pelo intento de engravidar sem sucesso após 12 meses de coito regular e desprotegido. As técnicas de reprodução assistidas (TRA) são procedimentos médicos que envolvem a manipulação de gametas femininos e masculinos, muito acessadas por casais inférteis na busca pela gestação. Esses casais vivenciam um estigma social vinculado à infertilidade, o que pode acarretar vergonha e culpa e originar o desejo de ocultar essa condição da rede de apoio. Entretanto, essa não revelação pode ocasionar falta de apoio, isto é, do benefício do acolhimento pelas outras pessoas. Para investigar essas questões, foram realizados dois estudos, ambos de cunho qualitativo exploratório, com delineamento de estudo de casos múltiplos. O primeiro deles objetivou investigar a percepção de casais inférteis submetidos a TRA sobre a relação médico-paciente, para compreender a percepção de apoio, analisar a comunicação e a forma ela como repercute na avaliação de apoio dos casais. Já o segundo estudo investigou a percepção de casais sobre o apoio social após a revelação (ou não) da condição de infertilidade e/ou de tratamento com TRA para pessoas próximas. Nos dois estudos os participantes foram quatro casais com diagnóstico de infertilidade, em tratamento com TRA. Eles responderam uma Ficha de Dados Socio-Demográficos, uma Ficha de Saúde, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala de Percepção do Suporte Social - versão adulta (EPSUS-A) e a Entrevista Narrativa com o Casal. Os instrumentos foram levantados conforme as instruções dos autores e as fichas foram utilizadas para caracterizar os participantes. As entrevistas foram analisadas e integradas em um relato de cada caso, sendo cada casal considerado um caso. Na análise foi realizada tanta uma análise individual quanto comparativa dos casos, por meio das estratégias analíticas de proposições teóricas e síntese de casos cruzados. Quanto ao primeiro estudo, os resultados indicaram que todos os casais sentiram tanto apoio como falta de apoio na relação com os médicos. Apoio afetivo e informacional foram os mais frequentemente mencionados, tanto com relação à falta ou à presença, enquanto o instrumental foi menos referido. Constatou-se a importância da comunicação na relação médico-paciente, pois através dela foi possível solicitar, receber e oferecer apoio. Por sua vez, no segundo estudo constatou-se que todos os casais consideraram não revelar sua condição de infertilidade e/ou tratamento, embora todos tenham revelado algo para pessoas próximas em algum momento, motivados pela busca de alívio e acolhimento, verificando-se tanto o recebimento de apoio como a falta dele em decorrência das revelações. Identificou-se que a não revelação foi motivada pela autopreservação e evitação de pressão social. De forma geral, os achados podem subsidiar a elaboração de intervenções direcionadas a casais inférteis, médicos e equipes, e à sociedade em geral. Nesse sentido, podem ser usadas estratégias de psicoeducação sobre a infertilidade e as TRA, grupos de apoio a casais, treinamento com profissionais sobre validação emocional e comunicação de más notícias, além de campanhas contra a discriminação frente à infertilidade e o uso de TRA na busca pela parentalidade.