Revelação e suas interfaces com o apoio social em casais com infertilidade na trajetória de tratamento com técnicas de reprodução assistida

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Data
2020
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Editor
Wagner Wessfll
Resumo
A infertilidade é considerada uma doença do sistema reprodutivo, caracterizada pelo intento de engravidar sem sucesso após 12 meses de coito regular e desprotegido. As técnicas de reprodução assistidas (TRA) são procedimentos médicos que envolvem a manipulação de gametas femininos e masculinos, muito acessadas por casais inférteis na busca pela gestação. Esses casais vivenciam um estigma social vinculado à infertilidade, o que pode acarretar vergonha e culpa e originar o desejo de ocultar essa condição da rede de apoio. Entretanto, essa não revelação pode ocasionar falta de apoio, isto é, do benefício do acolhimento pelas outras pessoas. Para investigar essas questões, foram realizados dois estudos, ambos de cunho qualitativo exploratório, com delineamento de estudo de casos múltiplos. O primeiro deles objetivou investigar a percepção de casais inférteis submetidos a TRA sobre a relação médico-paciente, para compreender a percepção de apoio, analisar a comunicação e a forma ela como repercute na avaliação de apoio dos casais. Já o segundo estudo investigou a percepção de casais sobre o apoio social após a revelação (ou não) da condição de infertilidade e/ou de tratamento com TRA para pessoas próximas. Nos dois estudos os participantes foram quatro casais com diagnóstico de infertilidade, em tratamento com TRA. Eles responderam uma Ficha de Dados Socio-Demográficos, uma Ficha de Saúde, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala de Percepção do Suporte Social - versão adulta (EPSUS-A) e a Entrevista Narrativa com o Casal. Os instrumentos foram levantados conforme as instruções dos autores e as fichas foram utilizadas para caracterizar os participantes. As entrevistas foram analisadas e integradas em um relato de cada caso, sendo cada casal considerado um caso. Na análise foi realizada tanta uma análise individual quanto comparativa dos casos, por meio das estratégias analíticas de proposições teóricas e síntese de casos cruzados. Quanto ao primeiro estudo, os resultados indicaram que todos os casais sentiram tanto apoio como falta de apoio na relação com os médicos. Apoio afetivo e informacional foram os mais frequentemente mencionados, tanto com relação à falta ou à presença, enquanto o instrumental foi menos referido. Constatou-se a importância da comunicação na relação médico-paciente, pois através dela foi possível solicitar, receber e oferecer apoio. Por sua vez, no segundo estudo constatou-se que todos os casais consideraram não revelar sua condição de infertilidade e/ou tratamento, embora todos tenham revelado algo para pessoas próximas em algum momento, motivados pela busca de alívio e acolhimento, verificando-se tanto o recebimento de apoio como a falta dele em decorrência das revelações. Identificou-se que a não revelação foi motivada pela autopreservação e evitação de pressão social. De forma geral, os achados podem subsidiar a elaboração de intervenções direcionadas a casais inférteis, médicos e equipes, e à sociedade em geral. Nesse sentido, podem ser usadas estratégias de psicoeducação sobre a infertilidade e as TRA, grupos de apoio a casais, treinamento com profissionais sobre validação emocional e comunicação de más notícias, além de campanhas contra a discriminação frente à infertilidade e o uso de TRA na busca pela parentalidade.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Segredo Familiar, Revelação da Verdade, Infertilidade, Apoio Social, Relação Médico-Paciente, Comunicação, [en] Truth Disclosure, [en] Infertility, [en] Social Support, [en] Physician-Patient Relations, [en] Communication
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