Coparentalidade em famílias nucleares: estudo qualitativo das percepções de pais e filhos

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Data
2022
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Editor
Wagner Wessfll
Resumo
A coparentalidade vem sendo cada vez mais reconhecida como um elemento crucial da relação interparental que impacta a saúde e o bem-estar de todo o sistema familiar. Além da influência na saúde e no ajustamento dos filhos, o funcionamento da relação coparental está associado à parentalidade e às relações entre pais e filhos, à qualidade da relação conjugal e à satisfação dos cônjuges com o funcionamento geral da dupla. Diante da importância dessa relação para a saúde de todo o sistema familiar, torna-se importante conhecer as percepções dos pais em relação ao exercício da coparentalidade a fim de compreender o funcionamento deste subsistema de maneira mais profunda. Tendo em vista o caráter bidirecional da relação entre pais e filhos, a percepção dos filhos torna-se um elemento importante para que uma compreensão sistêmica desta relação seja alcançada. Assim, o presente estudo objetivou conhecer as percepções e sentimentos dos pais em relação ao exercício da coparentalidade e ao seu impacto no desenvolvimento socioemocional da criança, bem como explorar as percepções dos filhos quanto ao funcionamento da relação coparental de seus pais. Com delineamento qualitativo de caráter transversal e descritivo, este estudo entrevistou 4 famílias com pelo menos um filho de quatro a seis anos de idade. As entrevistas semiestruturadas foram analisadas através da metodologia de estudo de casos múltiplos seguida de uma síntese de dados cruzados. Cada caso foi analisado com base em variáveis previamente estabelecidas de acordo com o modelo conceitual da estrutura interna da relação coparental proposto por Feinberg, com a Escala da Relação Coparental e com os objetivos do estudo, sendo estas: acordo coparental; suporte/sabotagem coparental; divisão de trabalho coparental; gestão conjunta das relações familiares; proximidade coparental; influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional da criança; e a percepção da criança quanto à relação coparental de seus pais. Tendo em vista que a coleta de dados ocorreu durante a pandemia da COVID-19, aspectos mencionados pelos participantes em relação a este contexto, também, foram analisados. O acordo coparental apareceu como elemento importante que mantém a união da dupla diante dos desafios presentes na interação entre coparentalidade, parentalidade e conjugalidade e que está relacionado à forma como os pais apoiam um ao outro. A divisão de trabalho coparental foi o principal desafio apresentado pelas famílias; com o atravessamento marcante dos papeis de gênero, destacou-se a sobrecarga feminina e a influência da divisão de trabalho sobre a satisfação conjugal. Os pais apresentaram pouco conhecimento sobre a influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional de seu filho, evidenciando uma lacuna entre o conhecimento científico e a realidade das famílias. Os resultados reforçam a complexidade da relação coparental e sua influência e interação com diversos elementos da dinâmica familiar.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Coparentalidade, Desenvolvimento Socioemocional, Relações Familiares, Conjugalidade, [en] Family Relations
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