Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde por Autor "Levandowski, Daniela Centenaro"
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Item Aspectos emocionais associados à qualidade de vida de pacientes adultos após a alta da unidade de terapia intensiva(2018) Souto, Viviane de Freitas; Levandowski, Daniela Centenaro; Teixeira, CassianoPacientes hospitalizados críticos necessitam de cuidados intensivos e serviços constantes e especializados, devido à gravidade de sua condição física. Com frequência estes pacientes apresentam repercussões psicológicas e piora na qualidade de vida (QV). Nesse estudo, derivado de um projeto de pesquisa maior, investigou-se aspectos emocionais desses pacientes após a alta da UTI, tendo como foco a QV. No Estudo 1, multicêntrico, de coorte prospectiva, foram avaliados, em 377 pacientes adultos, até 12 meses após a alta, aspectos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático (TEPT) e QV, bem como eventuais associações entre esses aspectos e dados clínicos e sociodemográficos, particularmente a idade em que a internação ocorreu. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Os resultados indicaram depressão, ansiedade e TEPT como determinantes para a piora da QV, mas não a idade em que ocorreu a internação. Ficou evidente a importância da assistência psicológica durante e após a internação na UTI, para promover uma melhor QV desses pacientes. Já no Estudo 2, qualitativo, de cunho exploratório-descritivo, foram investigados, em 9 pacientes adultos, após três meses da alta, os aspectos emocionais que, na visão dos pacientes, facilitaram e dificultaram a internação e a QV após a internação na UTI, a partir de uma narrativa produzida sobre sua vida antes, durante e após a internação. As narrativas foram analisadas por meio de análise de conteúdo de Bardin. Dentre os aspectos que facilitaram a internação, os participantes mencionaram o apoio da equipe de saúde, os cuidados e os recursos tecnológicos disponíveis, bem como o apoio da família, na internação e após a alta. Também foi citado como facilitador a capacidade de adaptação dos pacientes à situação de doença e hospitalização. Entre os aspectos dificultadores, destacaram-se as mudanças de rotina e ambiente, a perda de autonomia, os medos e desconfortos diante da doença e dos procedimentos e exames médicos e, ainda, a surpresa diante da internação, o que despertou fantasias e incertezas. De modo geral, a Dissertação aponta que, na vida adulta, independentemente da idade, a experiência de internação na UTI é impactante, por ser marcada pelo desamparo e por urgências psicológicas que podem levar ao surgimento de ansiedade, depressão e TEPT e acarretar uma piora na QV dos indivíduos após a alta, considerando-se as repercussões sobre a sua autonomia. Percebe-se a importância da atenção das equipes de saúde sobre os aspectos emocionais facilitadores e dificultadores da internação em UTI para a promoção de uma melhor QV dos pacientes durante a hospitalização e após a alta.Item Assistência hospitalar a casos de perda gestacional: saúde mental e riscos ocupacionais de profissionais de saúde do sul do Brasil(2024-12-17) Schneider, Karoline Lemos; Oliveira, Mônica Maria Celestina de; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeProfissionais de saúde estão frequentemente expostos a diversas situações que aumentam o risco de desenvolvimento de estresse ocupacional e outros agravos à saúde mental, como depressão e ansiedade. Esses riscos podem estar associados tanto à organização da rotina de trabalho quanto ao contato com pacientes e familiares. A assistência hospitalar à perda gestacional pode ser uma dessas situações de risco, já que presenciar o sofrimento das pacientes pode afetar emocionalmente os profissionais envolvidos. A experiência desses profissionais no cuidado à perda gestacional tem sido pouco abordada na literatura brasileira no campo da psicologia. Diante disso, o objetivo deste estudo foi compreender as percepções de profissionais de saúde que atuam na rede pública e privada de saúde do Sul do Brasil, especificamente em setores maternoinfantil, no que concerne a sua atuação na assistência hospitalar a casos de perda gestacional, e investigar seus níveis de bem-estar psicológico e a presença ou ausência de transtornos mentais comuns (TMC) e de exposição a situações de risco para o desenvolvimento de estresse ocupacional. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa e transversal, com a participação de 24 profissionais de saúde, sendo 75% deles enfermeiros, 12,5% médicos e o mesmo percentual de técnicos de enfermagem. A coleta de dados foi realizada de forma on-line, por meio de um formulário disponibilizado na plataforma Research Electronic Data Capture (REDCap), que incluiu: a) Ficha de dados sociodemográficos; b) Ficha de dados sobre formação e atuação profissional; c) Questionário sobre vivências de perdas; d) Questionário sobre experiências na assistência hospitalar a casos de perda gestacional; e) Self Reporting Questionnaire (SRQ-20); f) Job Stress Scale (JSS); e g) Escala de Bem-Estar Psicológico (EBEP). As respostas dos participantes deste estudo sugerem que a experiência de assistência hospitalar para casos de perda gestacional é fortemente influenciada pelas reações emocionais das pacientes. De maneira geral, essa experiência evoca nos profissionais de saúde sentimentos desafiadores, como impotência, frustração e tristeza. Além disso, a falta de preparo foi identificada como uma barreira expressiva para uma atuação eficaz nessas situações. Os participantes deste estudo demonstraram altos índices de TMC (29,2%) e de exposição a situações de risco para estresse ocupacional, especialmente trabalho passivo (37,5%) e alta exigência (29,2%), o que corrobora a literatura da área. Quanto ao bem-estar psicológico, as maiores médias e maior consistência nas medidas descritivas foram registradas nas dimensões de crescimento pessoal (34,63), propósito de vida (32,54) e autoaceitação (32,42). Além disso, foram observadas variações nas médias de bem-estar psicológico em função da profissão, do turno de trabalho e do nível de exposição ao estresse ocupacional. Os resultados indicam que, devido à falta de preparo dos profissionais, que pode agravar o sofrimento relacionado ao trabalho, iniciativas de educação continuada teriam o potencial de ajudá-los a lidar com essas situações desafiadoras de maneira técnica e humanizada. As principais limitações do estudo foram a baixa taxa de respostas e a ausência de uma investigação mais aprofundada sobre a estrutura física do ambiente de trabalho desses profissionais. Sendo assim, estudos futuros deveriam abordar também aspectos do ambiente organizacional para melhor compreender esse tema.Item Desenvolvimento e saúde mental infantil: Intervenção com agentes comunitários de saúde no contexto da atenção básica(2018) Esswein, Georgius Cardoso; Levandowski, Daniela CentenaroEsta dissertação é composta por dois artigos, que abordam a temática da saúde mental e do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção Básica (AB). O primeiro deles trata-se de um artigo revisão integrativa da literatura, que teve como objetivo caracterizar as ações voltadas à saúde mental infantil no contexto da AB, a partir de uma revisão integrativa da literatura brasileira (2006-2017). Para tal, buscas foram realizadas a partir das bases de dados LILACS, SciELO e do Portal BVS. Usando-se termos descritores registrados e não registrados no DeCS, foram identificados, respectivamente, 436 e 247 entradas. Após avaliação dos registros a partir dos critérios de inclusão e exclusão elencados, foram selecionados 13 artigos. Para a análise desse corpus, criou-se um protocolo descritivo, organizado a partir de três eixos temáticos: 1) Caracterização das demandas em saúde mental infantil para a AB; 2) Ações e intervenções de saúde mental infantil realizadas na AB; e 3) Dificuldades e proposições para a implementação das ações em saúde mental infantil na AB. Os resultados indicaram, como principais ações relativas à saúde mental na infância, desempenhadas pelos profissionais de saúde, a identificação de problemas e encaminhamento para especialidades. Também foram identificadas intervenções de caráter local ou em parcerias com instituições de ensino. No entanto, apesar de a AB ser considerada pelos profissionais como um importante campo de atuação em saúde mental, a revisão apontou necessidade de maiores investimentos, sobretudo, em relação à formação profissional e organização do trabalho. O segundo artigo, de natureza empírica, teve como objetivo descrever a avaliação de agentes comunitários de saúde (ACS) de Porto Alegre acerca de uma formação sobre desenvolvimento infantil e indicadores de risco. A formação foi organizada a partir de dois módulos (teórico e prático) e foi oferecida a ACS atuantes na zona norte de Porto Alegre. Para analisar a avaliação dos 13 participantes sobre a formação, realizou-se uma análise temática dos relatos de dois grupos focais. Estes foram organizados após o término de cada módulo e tiveram duração de aproximadamente 90 minutos. Na análise emergiram três temas: Metodologia da formação, Dificuldades encontradas e Repercussões da formação. Os participantes referiram a existência de recursos metodológicos que auxiliaram na compreensão do conteúdo, como a articulação teoria-prática e a acessibilidade da linguagem usada no material. Dificuldades foram referidas sobretudo em relação à complexidade do instrumento abordado na formação (IRDI – Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil) e às condições e organização do trabalho para a utilização desse instrumento. Mudanças na compreensão sobre o desenvolvimento infantil, na direção de um olhar mais integral do processo, foram citadas como a principal repercussão da formação sobre o trabalho dos ACS. Espera-se que o conhecimento construído e as discussões realizadas a partir dessa experiência de formação e da revisão de literatura possam inspirar os profissionais de saúde a atentar, em suas intervenções, para um sujeito integral, sobretudo na infância.Item Há algo de diferente nesse amor? Investigando relações amorosas de pessoas com deficiência física e múltipla(2023-11-22) Barth, Marina Camargo; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de deficiência é complexo e tem sido compreendido a partir de perspectivas distintas. O Modelo Social da Deficiência destaca os aspectos sociais que envolvem essa vivência, incluindo o preconceito em diferentes esferas da vida de pessoas com deficiência (PCD), principalmente a amorosa. O amor é um fenômeno subjetivo e individual, embora as relações amorosas sejam atravessadas por características do contexto social, histórico e cultural. A Teoria Triangular do Amor de Sternberg postula diferentes elementos do amor, além de possibilitar a sua mensuração. O desenvolvimento desses elementos pode ser influenciado pela forma como a pessoa avalia subjetivamente o relacionamento, ou seja, pela satisfação amorosa. Neste trabalho buscou-se investigar os elementos do amor e a satisfação com o relacionamento amoroso de PCD física ou sensorial de diferentes regiões do Brasil, bem como averiguar diferenças em relação a essas variáveis entre pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, sensorial ou múltipla) e características sociodemográficas. Neste estudo quantitativo, transversal e correlacional participaram 135 PCD maiores de 18 anos que mantinham um relacionamento amoroso. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos contendo o índice do Impacto da Deficiência, a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) e a versão brasileira e revisada da Escala do Nível de Satisfação com o Relacionamento Amoroso (ENSRA-R). Análises estatísticas descritivas e correlacionais foram realizadas para caracterizar a amostra e verificar associações entre dados sociodemográficos, elementos do amor e satisfação amorosa, bem como realizar comparações entre grupos conforme o tipo de deficiência. Os resultados mostraram a ausência de diferença nos escores dos componentes do amor para PCD de diferentes tipos. Ou seja, independentemente do tipo de deficiência, os elementos da Teoria Triangular do Amor de Sternberg encontram-se presentes nas relações amorosas em escores elevados, indicando uma boa vivência dos mesmos. A amostra também apresentou níveis elevados de satisfação com o relacionamento amoroso e PCD múltipla mostraram-se mais satisfeitas com as suas relações amorosas em comparação aos demais grupos, contrariando a literatura. Além disso, os homens apresentaram maior satisfação com a relação amorosa, assim como participantes com menor escolaridade, corroborando achados da literatura entre pessoas sem deficiência. Por fim, a vivência amorosa e a satisfação com a relação de PCD física e sensorial não se mostraram associadas à orientação sexual, duração do relacionamento, quantidade de filhos e idade de início da vida sexual, mostrando independência do desenvolvimento amoroso frente a esses marcadores sociais. Sendo assim, conclui-se que as PCD investigadas nesse estudo apresentaram um panorama positivo em relação ao amor e à satisfação com a relação amorosa estabelecida, contrariando as representações sociais sobre essas vivências. Salientase a importância de estudos com esse público para ampliar a reflexão sobre o tema do amor entre PCD, devido à importância em suas vidas, e auxiliar na redução das barreiras atitudinais e estigmas que ainda o cercamItem Luto materno decorrente de perda gestacional e as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à perda(2019) Teodózio, Andressa Milczarck; Levandowski, Daniela CentenaroO processo de luto decorrente de uma perda gestacional (PG) tem sido descrito na literatura como uma vivência específica, complexa e pouco reconhecida socialmente, que pode influenciar na saúde mental materna e repercutir em outros momentos da vida, como na gestação e maternidade subsequentes. Essa dissertação está composta por dois estudos empíricos qualitativos, com o objetivo de investigar as repercussões e particularidades do processo de luto decorrente de PG (Estudo 1) e identificar e compreender as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à PG (Estudo 2). Participaram dos dois estudos quatro mulheres (18 a 29 anos) com história de pelo menos uma PG nos últimos cinco anos e que tiveram um bebê após a perda. Foram aplicados o Questionário de Dados SócioDemográficos e Clínicos, o Questionário sobre Vivências de Perdas, o Prolonged Grief Disorder, o Brief Symptom Inventory e a Entrevista sobre Vivência de Luto Materno e Experiência da Maternidade Atual. No Estudo 1, cujo delineamento foi de estudo de casos múltiplos, os casos foram analisados por meio da estratégia de proposições teóricas, com base na perspectiva psicanalítica, e, posteriormente, de síntese de casos cruzados (Yin, 2005), para identificar semelhanças e particularidades entre os casos. Foi possível constatar que as repercussões físicas da PG contribuíram para a inscrição e a elaboração psíquica dessa vivência. Como particularidades do processo de luto, verificou-se que, para essas participantes, este foi permeado por elementos de ordem narcísica, devido aos efeitos físicos da perda em consonância ao investimento psíquico direcionado ao bebê idealizado na gestação; melancólica, pelo caráter narcísico e indiferenciado que a PG assumiu; e traumática, devido à sobrecarga não nomeada que ultrapassou a capacidade psíquica de representação e elaboração no primeiro momento após a perda. Já no Estudo 2, de caráter exploratório-descritivo e transversal, cujos resultados foram submetido à análise temática (Braun & Clarke, 2006; Braun, Clarke, Hayfield, & Terry, 2019), verificou-se repercussões da PG nos sentimentos maternos sobre a gestação subsequente, tendo sido identificados medo de outra PG, ambivalência frente à gestação e angústia frente ao parto e nascimento. Também foram identificadas repercussões da PG nas percepções e sentimentos maternos sobre o bebê subsequente após o seu nascimento, evidenciando-se a idealização de suas características e da relação mãe-bebê, assim como medos e preocupações com o bebê, que geraram comportamentos de superproteção e hipervigilância. Também se observou o posicionamento do novo bebê como substituto do bebê falecido, por exemplo, na escolha do mesmo nome para ambos. Esses aspectos apontam para a importância de ações de cuidado e prevenção em relação à saúde mental materna e do binômio mãe-bebê subsequente à PG, indicando a necessidade de atenção dos profissionais de saúde para o contexto e os sentimentos que as mulheres vivenciam após uma PG, no intuito de auxiliar na vinculação pré e pós-natal, o que, por sua vez, pode impactar positivamente no desenvolvimento emocional do bebê.Item Parto Traumático em Situações de Perda Perinatal: Repercussões no Processo de Luto e na Saúde Mental Materna(2023-10-27) Bard, Bárbara Albasini; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de ‘Parto traumático' é complexo e vem sendo utilizado para descrever experiências de parto que geram consequências físicas e psicológicas negativas para a parturiente e sua família. Uma das situações que podem acarretar uma experiência traumática de parto envolve as perdas perinatais. Neste trabalho compreende-se como perda perinatal a morte do bebê ocorrida a partir da 22ª semana gestacional, no momento do parto ou até sete dias após o parto. No Brasil e na literatura internacional, embora este foco de pesquisa venha se ampliando, ainda pouco se conhece sobre a vivência do parto nessas situações e o quanto essas experiências podem ser traumáticas. Menos ainda tem sido investigado sobre as repercussões dessas experiências de perda e de parto traumático no processo de luto materno, apesar da relevância do tema em termos clínicos e sociais. Diante disso, o objetivo geral desta Dissertação foi compreender o parto traumático em situações de perda perinatal e as suas repercussões na saúde mental materna e no processo de luto. A presente Dissertação está composta por três artigos: um de revisão sistemática da literatura, que teve por objetivo identificar a produção científica recente sobre parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões para as mulheres; um quantitativo, que buscou analisar a saúde mental de mulheres brasileiras que vivenciaram ou não uma experiência de parto traumático associado a uma perda perinatal, especialmente eventuais associações entre a experiência traumática e um diagnóstico de TEPT, Transtorno de Ansiedade e/ou Depressão e Satisfação com o parto; e um qualitativo, no qual foi analisado e comparado o processo de luto de mulheres que sofreram uma perda perinatal e perceberam ou não o parto como traumático. A revisão da literatura indicou a escassez de estudos nacionais e internacionais que abordaram conjuntamente a experiência de parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões no processo de luto. De modo geral, os estudos associaram a experiência de parto nestes casos com a presença de um diagnóstico de TEPT e, apontaram o quanto o atendimento prestado nas maternidades pode ser um fator de risco/proteção em termos de saúde mental para as famílias enlutadas. Já o estudo quantitativo identificou que mulheres que vivenciaram uma perda perinatal e que compreenderam o parto como traumático tenderam a apresentar diagnóstico de TEPT, depressão e/ou ansiedade. Da mesma forma, aquelas que consideraram o atendimento recebido da equipe de saúde na maternidade como violento também tinham mais frequentemente a percepção do parto como traumático e a presença de um diagnóstico de saúde mental. Com relação as análises qualitativas, as mulheres expostas a situações de negligência profissional e que perceberam o parto como traumático tiveram maior dificuldade na vivência do processo de luto, manifesta pela menor facilidade para retomar alguns aspectos de sua vida, maior afastamento da rede de apoio, maior dificuldade para estabelecer um significado para a perda e manter um vínculo contínuo (simbolicamente) com o bebê, assim como referiram mais frequentemente a perda de sentido na vida após a morte do bebê. Entende-se que o maior conhecimento sobre as repercussões da vivência traumática no parto no processo de luto e na saúde mental materna em função de uma perda perinatal, para além de preencher lacunas da literatura científica, promove a desmistificação desses temas, diminuindo a incidência de não reconhecimento do sofrimento parental associado a essas experiências e contribuindo para uma maior qualidade de vida para as mulheres enlutadas.Item Perda gestacional em perspectiva: vivências de luto parental(Wagner Wessfll, 2021) Santos, Priscilla Andrewns dos; Levandowski, Daniela CentenaroA perda gestacional (PG) apresenta repercussões particulares, sendo o não reconhecimento social e o despreparo das equipes de saúde para lidar com essa situação atravessamentos que podem acarretar um processo de luto complexo e singular. A literatura evidencia modos distintos de vivência da PG por homens e mulheres, embora ainda sejam escassos os estudos a partir da perspectiva masculina. Esta Dissertação objetiva compreender a experiência de homens e mulheres que compartilharam uma PG, suas repercussões e possíveis diferenças no seu processo de luto, assim como o cuidado oferecido pelos profissionais de saúde. Para isso, realizou-se um estudo teórico para refletir sobre o cuidado destinado a pais e mães em situação de PG pelos profissionais de saúde, com base no conceito de Ética do cuidado de Figueiredo (2007/2011) e de conceitos psicanalíticos relacionados. Ainda, realizou-se um estudo empírico qualitativo, com delineamento de estudo de casos múltiplos (Yin, 2005), para investigar as repercussões e as diferenças na vivência de PG e no processo de luto de homens e mulheres que vivenciaram uma PG nos últimos 12 meses. Os participantes completaram uma Ficha de Dados Sócio-Demográficos e Clínicos, o Brief Symptom Inventory e a Escala de Luto Perinatal, para a sua caracterização, sendo após realizada uma entrevista semiestruturada individual. O estudo teórico concluiu que a ausência de cuidados satisfatórios diante uma vivência de PG pode ser sentida tanto como invasão quanto como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Apontou também que o cuidado e a assistência oferecidos aos pais e mães não deve estar centrado apenas nos aparatos técnicos e na atenção aos aspectos físicos, englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, com o fornecimento de apoio de diferentes formas (técnico, emocional e social). Já o estudo empírico evidenciou distintas repercussões e caminhos encontrados por homens e mulheres para a vivência do luto decorrente de uma PG, influenciados pela característica particular da vivência corporal da gestação e da PG na mulher. Essa característica mostrou-se um importante demarcador dessas diferentes experiências, pautadas em processos psíquicos singulares e na compreensão social de que a diferença corporal acarretaria uma disparidade na dupla conjugal em relação à dor e ao sofrimento. A percepção de que a vivência de PG é mais sofrida nas mulheres impactou em maior silenciamento e em luto encoberto nos homens. Observou-se neles comportamentos de evitação do sofrimento e um maior tempo de negação frente à notícia da PG. Nas mulheres, evidenciou-se maior necessidade de falar sobre a perda e abertura para trocas e busca de apoio. Culpa e isolamento social foram observados em ambos, com modos e objetivos distintos. A forma como o parto aconteceu, incluindo o cuidado das equipes de saúde, evidenciou desdobramentos singulares, atenuando ou complicando a vivência da PG. Verificou-se, ainda, que a flexibilidade de papéis de apoio entre o casal, o sentir-se mãe/pai mesmo após a morte do filho, a espiritualidade como forma de atribuição de sentido e a presença de rituais de despedida e movimentos simbólicos facilitaram o processo de elaboração e (re)significação da PG.Item Perda gestacional: Implicações para as famílias e experiência nos serviços de saúde(2018) Vescovi, Gabriela; Levandowski, Daniela CentenaroA perda de um bebê durante a gestação apresenta características peculiares, como o não reconhecimento social, e se constitui em uma vivência emocionalmente complexa para todos os envolvidos. Esta dissertação tem como objetivo investigar a vivência de perda gestacional nas famílias. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre os impactos da perda gestacional na saúde mental, na conjugalidade e na parentalidade subsequente. Após, procedeu-se a um estudo empírico qualitativo que investigou a percepção e sentimentos de doze casais de diferentes estados brasileiros sobre os serviços de saúde acessados em função de perda gestacional. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada submetida à Análise Temática (BRAUN; CLARKE, 2012). Os resultados da revisão da literatura indicaram uma associação entre histórico de perda gestacional e presença de sintomatologia psiquiátrica em mulheres, porém, o mesmo não foi observado entre este histórico e dificuldade de vinculação materna ao bebê subsequente. A revisão realizada apontou ainda para a necessidade de pesquisas que incluam metodologias qualitativas e considerem os aspectos socioculturais e a participação de outros membros da família. Já o estudo empírico encontrou predominância de percepções negativas dos casais em relação ao atendimento recebido nos serviços de saúde, destacando-se dificuldades na comunicação sobre a perda, ausência de cuidados em saúde mental, falta de suporte para o contato com o bebê falecido, bem como a negação do direito ao acompanhante. Estes aspectos sugerem que o não reconhecimento social da perda gestacional possa estar institucionalizado nos serviços de saúde, apontando para a necessidade de qualificação profissional e de reorganização dos serviços. Em conjunto, os estudos apontam para a relevância de dar maior visibilidade social a esse tema.Item Perda gestacional: um olhar de cuidado para a interrupção da transição para a maternidade(Wagner Wessfll, 2021) Tavares, Sandi Teresinha Nottar da Silva; Levandowski, Daniela CentenaroEm virtude de intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, mulheres grávidas podem sofrer uma perda gestacional (PG). A morte do bebê durante a gestação repercute de forma intensa e singular nas mulheres e em seus familiares, mobilizando aspectos emocionais muitas vezes difíceis de lidar. A PG acarreta um processo de luto pela perda do bebê e instaura a interrupção do processo de transição para a maternidade, que estava em curso ao longo da gestação, colocando a mulher diante de um trabalho psíquico permeado pela dor. Por isso, o acolhimento das equipes de saúde é um fator importante nesse momento, contribuindo de forma significativa para um melhor desfecho desses processos. O objetivo desta Dissertação foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres enlutadas em função de uma PG tardia e refletir acerca do cuidado prestado no momento da PG (desde a confirmação da morte do bebê até a alta hospitalar após a realização dos procedimentos médicos necessários). Para atingir esses objetivos, primeiramente organizou-se um estudo teórico, que buscou refletir sobre o impacto do cuidado e assistência da equipe de saúde no contexto da PG. Para mediar essa discussão, foi utilizado o conceito de ética do cuidado de Figueiredo (2009/2011) e conceitos correlatos de outros autores, como Freud, Winnicott e Ferenczi Esse estudo possibilitou constatar que o cuidado satisfatório oferecido às mulheres em contexto de PG tem um impacto significativo nessa vivência. Quando esse cuidado não é satisfatório, a vivência é sentida como uma invasão ou como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Assim, aponta-se a necessidade de oferecer um cuidado não apenas centrado em questões técnicas, mas também englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, além de apoio de diferentes formas (por exemplo, informacional). Já o segundo artigo, de caráter empírico, constitui-se em um estudo de casos múltiplos de cunho transversal, no qual participaram quatro mulheres (32 e 33 anos) que tiveram a perda do filho na primeira gestação e não tinham outros filhos. O objetivo desse estudo foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres que vivenciaram uma PG tardia. Para a coleta de dados, utilizou se os seguintes instrumentos: Ficha de Dados Sociodemográficos e Clínicos, Brief Symptom Inventory, Escala de Luto Perinatal (Perinatal Grief Scale) e a Entrevista sobre a Vivência de PG. A análise dos dados permitiu identificar a interrupção do processo de transição para a maternidade, que já vinha sendo desempenhada ao longo da gestação. Essa interrupção foi sentida como dolorosa e provocou uma crise de identidade nas participantes em relação ao status materno, devido à falta de representação psíquica para definir o processo singular de maternidade vivenciado por elas. Assim, conclui-se que a presente Dissertação contribuiu para ampliar a compreensão da PG, ratificando a complexidade desse fenômeno, e fornecendo subsídios para o cuidado às mulheres diante da interrupção do processo de transição para a maternidade.Item Processo de Luto Antecipatório Parental Diante de Cuidados Paliativos: um Estudo Qualitativo(2023-06-23) Rosa, Jade Silveira da; Levandowski, Daniela CentenaroA incidência de doenças crônicas infantis é mundialmente crescente. Essa experiência é especialmente traumática para os cuidadores devido à constante ameaça à vida encontrada nos casos complexos. Diante dessa realidade, os cuidados paliativos pediátricos tornam-se essenciais para a criança e sua família. O adoecimento implica uma reorganização familiar e pode acarretar um processo de luto parental desde o recebimento do diagnóstico, nomeado de luto antecipatório. A compreensão desse processo parental de luto ainda é carente de investigações no Brasil. Assim, objetivou-se compreender as experiências de luto antecipatório de mães de crianças portadoras de uma doença crônica que ameaça ou limita a vida e que se encontram em cuidados paliativos. Esta Dissertação está composta por uma seção de fundamentação teórica sobre os temas que embasaram o projeto (tais como adoecimento crônico infantil, luto antecipatório e cuidados paliativos pediátricos); um artigo empírico sobre o processo de luto antecipatório materno com base no Modelo do Processo Dual do Luto (STROEBE; SCHUT, 1999, 2010); e um material informativo intitulado “Processos de perdas e restaurações: Cartilha para famílias de crianças em adoecimento crônico”, elaborado a partir de materiais e estudos já publicados sobre o tema, com foco no autocuidado, na validação das emoções e no acolhimento ao sofrimento decorrente da condição da criança. A cartilha, depois de elaborada pela equipe do projeto, foi avaliada por cinco psicólogos experts na área de diferentes regiões do Brasil. O artigo apresenta um estudo qualitativo transversal, de caráter exploratório-descritivo, no qual participaram 10 mães de pacientes infantis (7 meses a 09 anos), cujo diagnóstico estava estabelecido há, pelo menos, seis meses antes da coleta de dados. Os dados foram coletados a partir de uma ficha de dados sociodemográficos e de dados clínicos, dois inventários psicológicos (DASS-21 - Short Form e Pediatric Inventory for Parents) e entrevista semiestruturada. As entrevistas sofreram análise temática reflexiva e as informações dos demais instrumentos foram apresentadas descritivamente, para caracterizar as participantes. Os dados coletados demonstraram movimentos dinâmicos, não lineares e oscilatórios do processo de luto antecipatório materno. Foram identificados comportamentos, pensamentos e sentimentos maternos que flutuaram em termos de orientação para a perda e para a restauração, configurando um movimento entre o traumático e o possível, na medida em que aspectos intensos vinculados às perdas em vida da criança alternaram-se com possibilidades de ajustamento em direção à ressignificação e reconstrução diante dessa nova realidade. Reações de medo e ressignificação da própria morte, de adaptação frente às perdas e reconstruções da maternidade, de incerteza e medo quanto à partida do filho e de certeza do amor e do desejo de proteção e cuidado para com ele foram evidenciados. Ao longo dessa trajetória, foram identificados aspectos internos e externos que auxiliaram ou dificultaram a regulação emocional e a acomodação às perdas por parte das mães. Já a cartilha, em sua versão final, aborda a vivência de luto antecipatório dos familiares diante do contexto de doença crônica infantil, de forma a contemplar variações subjetivas. Os achados do estudo, analisados à luz do Modelo do Processo Dual do Luto, constituem-se enquanto uma contribuição original para a área de adoecimento pediátrico crônico complexo. Acredita-se que esse estudo possa contribuir para intervenções psicológicas mais assertivas, identificando dificuldades na oscilação dos comportamentos, sentimentos e pensamentos maternos entre estes polos, o que poderá auxiliar para um processo de luto antecipatório e, inclusive, de luto propriamente dito, mais adaptativo.Item Revelação e suas interfaces com o apoio social em casais com infertilidade na trajetória de tratamento com técnicas de reprodução assistida(Wagner Wessfll, 2020) Klaus, Rafaela Teló; Levandowski, Daniela CentenaroA infertilidade é considerada uma doença do sistema reprodutivo, caracterizada pelo intento de engravidar sem sucesso após 12 meses de coito regular e desprotegido. As técnicas de reprodução assistidas (TRA) são procedimentos médicos que envolvem a manipulação de gametas femininos e masculinos, muito acessadas por casais inférteis na busca pela gestação. Esses casais vivenciam um estigma social vinculado à infertilidade, o que pode acarretar vergonha e culpa e originar o desejo de ocultar essa condição da rede de apoio. Entretanto, essa não revelação pode ocasionar falta de apoio, isto é, do benefício do acolhimento pelas outras pessoas. Para investigar essas questões, foram realizados dois estudos, ambos de cunho qualitativo exploratório, com delineamento de estudo de casos múltiplos. O primeiro deles objetivou investigar a percepção de casais inférteis submetidos a TRA sobre a relação médico-paciente, para compreender a percepção de apoio, analisar a comunicação e a forma ela como repercute na avaliação de apoio dos casais. Já o segundo estudo investigou a percepção de casais sobre o apoio social após a revelação (ou não) da condição de infertilidade e/ou de tratamento com TRA para pessoas próximas. Nos dois estudos os participantes foram quatro casais com diagnóstico de infertilidade, em tratamento com TRA. Eles responderam uma Ficha de Dados Socio-Demográficos, uma Ficha de Saúde, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala de Percepção do Suporte Social - versão adulta (EPSUS-A) e a Entrevista Narrativa com o Casal. Os instrumentos foram levantados conforme as instruções dos autores e as fichas foram utilizadas para caracterizar os participantes. As entrevistas foram analisadas e integradas em um relato de cada caso, sendo cada casal considerado um caso. Na análise foi realizada tanta uma análise individual quanto comparativa dos casos, por meio das estratégias analíticas de proposições teóricas e síntese de casos cruzados. Quanto ao primeiro estudo, os resultados indicaram que todos os casais sentiram tanto apoio como falta de apoio na relação com os médicos. Apoio afetivo e informacional foram os mais frequentemente mencionados, tanto com relação à falta ou à presença, enquanto o instrumental foi menos referido. Constatou-se a importância da comunicação na relação médico-paciente, pois através dela foi possível solicitar, receber e oferecer apoio. Por sua vez, no segundo estudo constatou-se que todos os casais consideraram não revelar sua condição de infertilidade e/ou tratamento, embora todos tenham revelado algo para pessoas próximas em algum momento, motivados pela busca de alívio e acolhimento, verificando-se tanto o recebimento de apoio como a falta dele em decorrência das revelações. Identificou-se que a não revelação foi motivada pela autopreservação e evitação de pressão social. De forma geral, os achados podem subsidiar a elaboração de intervenções direcionadas a casais inférteis, médicos e equipes, e à sociedade em geral. Nesse sentido, podem ser usadas estratégias de psicoeducação sobre a infertilidade e as TRA, grupos de apoio a casais, treinamento com profissionais sobre validação emocional e comunicação de más notícias, além de campanhas contra a discriminação frente à infertilidade e o uso de TRA na busca pela parentalidade.
