Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
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Item Mindfulness materno: associações com mindful parenting e indicadores de psicopatologia(2018) Veronez, Lauren Frantz; Pacheco, Janaína Thaís Barbosa; Reppold, Caroline TozziMindfulness é a capacidade de prestar atenção intencionalmente no momento presente, com uma atitude aberta e sem julgamento, sem se deixar levar por pensamentos ou emoções. Mindful parenting é a habilidade de prestar atenção nos filhos e na própria parentalidade de forma intencional, não-julgadora e centrada naquilo que acontece aqui-e-agora. O objetivo geral desta dissertação foi explorar as relações entre mindfulness, parentalidade e psicopatologia. A dissertação é composta por dois estudos, realizados com uma amostra não clínica de 221 mães de crianças entre seis e doze anos de idade. Os instrumentos utilizados foram: Interpersonal Mindfulness in Parenting Scale (IMP), Child Behavior Checklist (CBCL 6-18), Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), Questionário de Cinco Facetas de Mindfulness (FFMQ-BR) e um questionário sociodemográfico. Os dados foram coletados online através da plataforma SurveyMonkey. O Artigo 1 apresenta a adaptação da IMP para a cultura brasileira e a investigação das suas propriedades psicométricas e evidências de validade da escala. Os resultados indicaram boas propriedades psicométricas na versão brasileira da IMP (Alpha de Cronbach = 0.89 para o escore total, e uma variação entre 0.70 e 0.82 para as subescalas), assim como evidências de validade de estrutura interna (28 itens distribuídos em cinco fatores) e validade convergente com o FFMQ. O Artigo 2 trata de um estudo transversal de cunho quantitativo, cujo objetivo geral foi investigar as associações entre o nível de mindfulness de mães, mindful parenting e indicadores de psicopatologia infantil e materna. Os objetivos específicos foram: 1) examinar a relação das facetas de mindfulness com mindful parenting, psicopatologia infantil e psicopatologia parental; 2) comparar mães com alto e mães com baixo nível de mindfulness nas variáveis mindful parenting, psicopatologia infantil e psicopatologia parental; 3) investigar o papel preditor dos níveis de mindfulness e mindful parenting sobre os desfechos de psicopatologia infantil. Houve correlações positivas significativas entre mindfulness e mindful parenting e correlações negativas significativas mindfulness e mindful parenting com indicadores de psicopatologia materna e infantil. Além das correlações com o escore total de mindfulness, os demais instrumentos correlacionaram-se também com suas facetas, principalmente ação com consciência, não julgamento da experiência interna e descrição. Mães com níveis mais elevados de mindfulness apresentaram maiores escores no nível de mindful parenting e menores escores para psicopatologia materna e infantil. Mindful parenting mostrou-se melhor preditor para o desfecho de psicopatologia infantil que o nível de mindfulness geral. Estes dados dão suporte à inserção de estratégias de mindfulness em programas de treinamento parental.Item Fatores socioambientais, emocionais e cognitivos relacionados ao transtorno fonológico(2018) Rizzon, Milena; Wagner, Gabriela PerettiItem Jogos eletrônicos online e redes sociais: avaliação do ajustamento psicológico de adolescentes e dos estilos parentais percebidos(2018) Schwartz, Fernanda Tabasnik; Pacheco, Janaína Thaís BarbosaEsta dissertação é composta por uma contextualização teórica e um artigo empírico. O objetivo geral deste trabalho foi investigar e compreender o uso das redes sociais e dos jogos eletrônicos por adolescentes, avaliando principalmente o impacto da parentalidade neste uso. A contextualização teórica propõe descrever o uso das tecnologias pelas crianças e pelos adolescentes, além de discutir acerca do monitoramento parental no uso da internet. A partir desta revisão, percebeu-se que os pais empregam diferentes formas de mediação parental a fim de que os filhos utilizem as tecnologias de forma segura. O estudo empírico, de cunho quantitativo e com delineamento transversal, investigou uma amostra composta por 232 adolescentes e objetivou descrever o uso de jogos eletrônicos e de redes sociais pelos adolescentes, relacionando-o com estilos parentais, conflitos entre pais e filhos, sintomas psicopatológicos e dependência de internet. A coleta de dados ocorreu através da aplicação de instrumentos, como questionários e escalas. Foram encontradas associações significativas entre os adolescentes que passam mais de seis horas por dia conectados à internet e o aumento de sintomas psicopatológicos e conflitos com os pais. Com relação aos estilos parentais, não se observou associação com o tempo de uso das redes sociais e dos jogos.Item Perda gestacional: Implicações para as famílias e experiência nos serviços de saúde(2018) Vescovi, Gabriela; Levandowski, Daniela CentenaroA perda de um bebê durante a gestação apresenta características peculiares, como o não reconhecimento social, e se constitui em uma vivência emocionalmente complexa para todos os envolvidos. Esta dissertação tem como objetivo investigar a vivência de perda gestacional nas famílias. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre os impactos da perda gestacional na saúde mental, na conjugalidade e na parentalidade subsequente. Após, procedeu-se a um estudo empírico qualitativo que investigou a percepção e sentimentos de doze casais de diferentes estados brasileiros sobre os serviços de saúde acessados em função de perda gestacional. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada submetida à Análise Temática (BRAUN; CLARKE, 2012). Os resultados da revisão da literatura indicaram uma associação entre histórico de perda gestacional e presença de sintomatologia psiquiátrica em mulheres, porém, o mesmo não foi observado entre este histórico e dificuldade de vinculação materna ao bebê subsequente. A revisão realizada apontou ainda para a necessidade de pesquisas que incluam metodologias qualitativas e considerem os aspectos socioculturais e a participação de outros membros da família. Já o estudo empírico encontrou predominância de percepções negativas dos casais em relação ao atendimento recebido nos serviços de saúde, destacando-se dificuldades na comunicação sobre a perda, ausência de cuidados em saúde mental, falta de suporte para o contato com o bebê falecido, bem como a negação do direito ao acompanhante. Estes aspectos sugerem que o não reconhecimento social da perda gestacional possa estar institucionalizado nos serviços de saúde, apontando para a necessidade de qualificação profissional e de reorganização dos serviços. Em conjunto, os estudos apontam para a relevância de dar maior visibilidade social a esse tema.Item Jogos eletrônicos e redes sociais na adolescência: relação com habilidades sociais, autoestima, afetos positivos e negativos e satisfação de vida(2018) Schindel, Renata de Castro; Pacheco, Janaína Thaís BarbosaO objetivo geral dessa dissertação foi investigar a exposição de adolescentes a jogos eletrônicos e a redes sociais, abordando aspectos protetivos decorrentes dessa exposição e relacionando dependência de internet com habilidades sociais, autoestima, afetos positivos e negativos e satisfação de vida. Para isso desenvolveu-se dois estudos independentes. O primeiro artigo foi uma revisão integrativa da literatura e o segundo, um artigo empírico. A revisão integrativa descreveu o uso das tecnologias pelos adolescentes como fator protetivo, identificando anos de publicação, delineamentos dos estudos, variáveis consideradas e principais resultados encontrados. Os resultados encontrados foram divididos em grupos classificados de acordo com os objetivos dos estudos analisados. No grupo 1, os artigos estudavam o uso de jogos relacionando-os com características físicas; no grupo 2, o uso das tecnologias para tratamento de doenças; no grupo 3, o uso de tecnologias para a prevenção de doenças; grupo 4, a comparação dos tipos de jogos de videogame ou redes sociais com outras intervenções esportivas; grupo 5, o uso de tecnologias para desenvolvimento de habilidades; grupo 6, descreviam o uso de tecnologias e grupo 7, o uso de tecnologias em relação ao desempenho escolar. Os anos em que houve mais publicações foram 2014 e 2015; a maior parte dos estudos não explicitou seu delineamento, a maior quantidade de artigos é norte-americano, o grupo em que houve mais publicações foi o 1. O segundo estudo é um trabalho empírico, com delineamento transversal e quantitativo, realizado com 232 adolescentes. Objetivou investigar a relação da dependência de internet na adolescência com habilidades sociais, autoestima, afetos positivos e negativos e satisfação de vida. Utilizou-se os seguintes instrumentos: Questionário Sociodemográfico, Questionário sobre Uso das Redes Sociais e de Jogos Online, Escala de Autoestima de Rosenberg para Adolescentes, Escala Matson de Avaliação das Habilidades Sociais em Jovens (MESSY), Afetos Positivos e Negativos para Adolescentes (EAPN-A), Satisfação Global de Vida para Adolescentes (ESGV-A) e Teste de Adição à Internet (IAT). Os dois primeiros instrumentos foram construídos especificamente para esta pesquisa. Os resultados indicaram que a média de idade de início de uso foi de 8,8 anos. As redes sociais preferidas foram WhatsApp (47%), YouTube (26,7%) e Facebook (13,4%). A dependência de internet foi observada em 26% dos adolescentes. Observou-se diferença entre sexos apenas para o uso diário de jogos aos finais de semana, sendo os meninos os que mais exerciam esse comportamento. O risco para dependência foi 80% maior para os escores acima da mediana do fator 1 da MESSY. A análise de regressão simples e múltipla de Poisson demonstrou que os Afetos Negativos são fatores de risco em 2,03 vezes para dependência de internet (p=0,05), já os Afetos Positivos e a Satisfação de Vida são protetivos em 0,58 (p=0,25) e 0,70 (p=0,70), respectivamente. Possivelmente, Afetos Positivos e Satisfação de Vida são variáveis indiretas para a proteção da dependência de internet em adolescentes, tendo em vista que este foi considerado o melhor modelo de regressão pelos critérios estatísticos. Este estudo pretendeu contribuir para a compreensão do impacto da exposição à internet sobre adolescentes, a partir de variáveis consideradas protetivas ao desenvolvimento. Sugere-se que estudos futuros sigam investigando fatores de proteção e uso de internet e/ou jogos eletrônicos, e que pesquisas nacionais contribuam com o conhecimento na área.Item Desenvolvimento e saúde mental infantil: Intervenção com agentes comunitários de saúde no contexto da atenção básica(2018) Esswein, Georgius Cardoso; Levandowski, Daniela CentenaroEsta dissertação é composta por dois artigos, que abordam a temática da saúde mental e do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção Básica (AB). O primeiro deles trata-se de um artigo revisão integrativa da literatura, que teve como objetivo caracterizar as ações voltadas à saúde mental infantil no contexto da AB, a partir de uma revisão integrativa da literatura brasileira (2006-2017). Para tal, buscas foram realizadas a partir das bases de dados LILACS, SciELO e do Portal BVS. Usando-se termos descritores registrados e não registrados no DeCS, foram identificados, respectivamente, 436 e 247 entradas. Após avaliação dos registros a partir dos critérios de inclusão e exclusão elencados, foram selecionados 13 artigos. Para a análise desse corpus, criou-se um protocolo descritivo, organizado a partir de três eixos temáticos: 1) Caracterização das demandas em saúde mental infantil para a AB; 2) Ações e intervenções de saúde mental infantil realizadas na AB; e 3) Dificuldades e proposições para a implementação das ações em saúde mental infantil na AB. Os resultados indicaram, como principais ações relativas à saúde mental na infância, desempenhadas pelos profissionais de saúde, a identificação de problemas e encaminhamento para especialidades. Também foram identificadas intervenções de caráter local ou em parcerias com instituições de ensino. No entanto, apesar de a AB ser considerada pelos profissionais como um importante campo de atuação em saúde mental, a revisão apontou necessidade de maiores investimentos, sobretudo, em relação à formação profissional e organização do trabalho. O segundo artigo, de natureza empírica, teve como objetivo descrever a avaliação de agentes comunitários de saúde (ACS) de Porto Alegre acerca de uma formação sobre desenvolvimento infantil e indicadores de risco. A formação foi organizada a partir de dois módulos (teórico e prático) e foi oferecida a ACS atuantes na zona norte de Porto Alegre. Para analisar a avaliação dos 13 participantes sobre a formação, realizou-se uma análise temática dos relatos de dois grupos focais. Estes foram organizados após o término de cada módulo e tiveram duração de aproximadamente 90 minutos. Na análise emergiram três temas: Metodologia da formação, Dificuldades encontradas e Repercussões da formação. Os participantes referiram a existência de recursos metodológicos que auxiliaram na compreensão do conteúdo, como a articulação teoria-prática e a acessibilidade da linguagem usada no material. Dificuldades foram referidas sobretudo em relação à complexidade do instrumento abordado na formação (IRDI – Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil) e às condições e organização do trabalho para a utilização desse instrumento. Mudanças na compreensão sobre o desenvolvimento infantil, na direção de um olhar mais integral do processo, foram citadas como a principal repercussão da formação sobre o trabalho dos ACS. Espera-se que o conhecimento construído e as discussões realizadas a partir dessa experiência de formação e da revisão de literatura possam inspirar os profissionais de saúde a atentar, em suas intervenções, para um sujeito integral, sobretudo na infância.Item Self-sexual: variáveis multidimensionais da sexualidade de adultos jovens brasileiros(2018) Souza, Leo Schuch de Azevedo e; Boeckel, Mariana GonçalvesA sexualidade é um aspecto central dos seres humanos, se expressando através de pensamentos, desejos, crenças, atitudes, valores e comportamentos. A presente dissertação visa apresentar um estudo referente à variável Self-sexual, um constructo multifacetado de autopercepção que indica o quanto uma pessoa se sente protagonista da sua própria sexualidade ou, ainda, o quanto ela se percebe objetificada sexualmente, agindo conforme o que é socialmente imposto. Tais fatores se mostram mais fundamentais durante o fim da adolescência e o início da adultez, devido ao processo de maturação sexual e à relevância intensificada da sexualidade nesta fase do desenvolvimento. Este estudo teve por objetivo descrever o self-sexual de jovens adultos brasileiros, buscando compreender a correlação entre self-sexual e algumas variáveis como autoestima e bem-estar geral, índices de religiosidade e outras variáveis sociodemográficas como orientação sexual. 1380 indivíduos residentes no Brasil, de 18 a 30 anos, responderam a uma pesquisa online gratuita, que incluía: o Inventário de Self-Sexual (ISS) – versão traduzida especificamente para esta dissertação para o português brasileiro da Male Sexual Subjectivity Inventory; a Escala de Satisfação com a Vida; a Escala de Autoestima de Rosenberg, o P-DUREL e um questionário de dados sociodemográficos composto de 21 perguntas. Os resultados apontaram que todas as subescalas do ISS (autoeficácia sexual, autoestima sexual-corporal, sensação de direito a receber prazer de si e do(a) parceiro(a), e autorreflexão-sexual) obtiveram uma correlação positiva com as escalas de satisfação com a vida e autoestima geral. Conforme esperado, algumas das subescalas apresentaram correlação negativa com a variável religiosidade, embora uma subescala (autoestima sexual) obteve uma correlação positiva. A amostra foi composta quase que inteiramente por pessoas cisgêneras. Ao fazer comparações entre a amostra cisgênera, mulheres obtiveram escores significativamente maiores nas subescalas de sensação de direito a receber prazer de si e do(a) outro(a). Ao comparar orientações sexuais, as mulheres bissexuais se destacaram com maiores resultados que homens e mulheres heterossexuais, apesar de apresentarem menor autoestima. Pesquisas futuras com mais variáveis e amostras maiores irão colaborar para ampliar a compreensão desse constructo pouco explorado, o que poderá desempenhar um papel significativo visando o aumento da qualidade de vida.Item Fatalismo Social como mediador da relação entre riscos psicossociais no trabalho e bem-estar psicológico entre trabalhadores da Atenção Básica do município de Porto Alegre/RS(2018) Campani, Filipe; Câmara, Sheila GonçalvesEstudos sobre a saúde dos profissionais que atuam na atenção básica (AB) ainda são reduzidos em número. Além disso, os trabalhos catalogados não abordam de forma coesa as relações entre condições laborais e a prevalência de agravos físicos e psicossociais. Essa lacuna fica ainda mais evidente quando se verifica a inexistência de estudos que abordem as relações entre Fatalismo Social (FS) e Bem-Estar Psicológico (BEP) na realidade brasileira. Assim, visando a colaborar com o desenvolvimento do arcabouço teórico sobre a saúde do trabalhador da atenção básica em saúde, esta dissertação voltou-se para o estudo do FS em relação a riscos psicossociais no trabalho e comportamento violento por parte dos usuários e seu BEP. Em termos de forma, esta dissertação está organizada em: 1) introdução geral ao tema de estudo e objetivos; 2) artigos empíricos; e, 3) conclusões finais. O primeiro artigo descreve o processo de tradução, adaptação e análise das evidências de validade para o contexto brasileiro da Escala de Fatalismo Social. O estudo contou com 213 participantes de ambos os sexos, com idades variando entre 18 e 77 anos. Após tradução e retrotradução, a versão da escala foi avaliada por juízes com expertise em psicologia social e indivíduos pertencentes à população em estudo, seguindo os critérios de adaptação transcultural de instrumentos. A versão final foi aplicada aos participantes de cinco regiões do Brasil, contatados por redes sociais e pessoais dos pesquisadores, por meio da plataforma digital SurveyMonkey. O modelo da escala original, de quatro fatores, foi analisado mediante análise fatorial confirmatória, a qual apontou índices de adequação do modelo brasileiro considerados satisfatórios: TLI = 0,97; CFI = 0,97; RMSEA = 0,07 (I.C. = 0,05–0,08). A consistência interna foi também satisfatória, tanto para a escala total (α = 0,83), quanto para as dimensões de predeterminação (α= 0,90), ausência de controle (α= 0,68), pessimismo (α= 0,76) e presentismo (α= 0,78). O propósito do segundo artigo foi de avaliar o papel mediador do FS entre o BEP e os riscos psicossociais no trabalho, incluindo comportamentos violentos por parte dos usuários. O estudo, observacional analítico do tipo transversal, teve como participantes 244 trabalhadores da AB dos oito distritos sanitários do município. Destes, 91,8% eram do sexo feminino, com idades entre 25 e 64 anos (M=40,8; DP=9,6). Utilizou-se para a coleta de dados os intrumentos: dados gerais; dados sociodemográficos; Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB); Questionário sobre a atuação na atenção básica; Escala de Fatalismo Social (EFS); Healthcare-worker’s Aggresive Behaviour Scale-Users-Primary Health Care (HABS-U-PHC); Bateria de riscos psicossociais no trabalho (UNIPSICO) e o Questionário de Saúde Geral - 12 itens (QSG-12). Utilizou-se análise de mediação entre as variáveis independentes riscos psicossociais no trabalho e comportamentos violentos por parte dos usuários, a variável dependente BEP e a variável mediadora FS. Os resultados indicaram que os riscos psicossociais no trabalho, de ordem relacional, e os comportamentos violentos por parte dos usuários afetam o BEP dos trabalhadores da AB, assim como contribuem para um incremento no FS. Este, por sua vez, incide de forma negativa no BEP dos trabalhadores, de forma parcial. As dificuldades nas relações de trabalho são preponderantes no que tange ao impacto negativo sobre o BEP dos trabalhadores da AB, tendo o FS como mediador. Entre as mais diversas dificuldades e carências presentes no cotidiano dos trabalhadores da AB em Porto Alegre, as relacionais adquirem importância em sua conexão com FS e BEP. Muitos dos conflitos relacionais têm sua origem, justamente, na impotência dos profissionais em exercer sua atividade laboral. Considera-se que os achados do estudo podem contribuir para estratégias de gestão que contemplem o tema de forma contextualizada. Os resultados serão devolvidos à Secretaria Municipal de Saúde do município.Item Inserção social na cidade, percepção de qualidade do bairro e senso de comunidade como preditores de bem-estar pessoal entre adolescentes escolares de Porto Alegre, RS(2018) Hanke, Elisa Souza; Câmara, Sheila GonçalvesEsta dissertação está organizada em duas partes. A primeira introduz o referencial sobre bem-estar pessoal na adolescência, bem como os construtos de senso de comunidade, inserção social à cidade e percepção de qualidade do bairro entre nessa população. Trata-se de uma introdução e uma revisão de literatura sobre as temáticas em estudo. A segunda parte consiste na apresentação do artigo empírico escrito a partir dos dados coletados. O objetivo do estudo empírico foi avaliar a inserção social na cidade, a percepção de qualidade do bairro de residência e o senso de comunidade entre adolescentes escolares e sua contribuição para o bem-estar pessoal dessa população. Consiste em um estudo de base escolar, observacional, analítico, com corte transversal, no município de Porto Alegre/RS. A amostra constituiu-se de 119 adolescentes escolares do oitavo ano do ensino fundamental, matriculados na rede pública estadual de Porto Alegre/RS, em 2017. Desses, 58,8% eram do sexo masculino. A idade variou de 12 a 17 anos (M=14,15; DP=1,03) e 50,9% se autodeclararam como brancos. Quanto ao nível de ensino dos pais a média foi de ensino médio incompleto tanto para as mães (M=4,18; DP=1,50) quanto para os pais (M=3,99; DP=1,58). Em termos da classificação econômica, 44% pertenciam à classe B, 40,5% à classe C e 15,5% à classe A. Como instrumentos foram utilizados: Inquérito de dados sociodemográficos; Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB); Escala de Inserção Social à Cidade para Adolescentes (ISCA); Índice de Senso de Comunidade (SCI); Escala de Percepção de Qualidade do Bairro (PQBA) e dimensão de Bem-estar pessoal positivo da Escala Eudemon de Bem-Estar Pessoal (EBP). Os dados foram analisados mediante análise descritiva para caracterização da amostra e das médias dos participantes nos instrumentos em estudo; análise bivariada (correlação de Pearson) para avaliar a relação entre as variáveis em estudo; e análise multivariada (regressão linear múltipla - ARLM), método stepwise, para identificar os preditores de bem-estar pessoal positivo. Foram conduzidas duas ARLM. Na primeira foram considerados como preditores os índices gerais das escalas ISCA, SCI e PQBA. Na segunda, os preditores avaliados foram as dimensões das três escalas que obtiveram p≤0,20 na análise de correlação (SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-Acesso, ISCA-Cordialidade PQBA- Esporte e lazer, PQBA-Locomoção e PQBA-Segurança). A magnitude do efeito de ambos os modelos foi média (variação de R2 =0,227 a R2 =0,261). O primeiro modelo identificado demonstrou a contribuição dos três construtos avaliados, sendo que o senso de comunidade (ß=0,241) foi a variável de maior peso, em termos de importância relativa estandartizada. Os resultados indicaram que quanto mais positivo o senso de comunidade e a percepção de qualidade do bairro, bem como a maior inserção social à cidade, maior o bem-estar pessoal positivo dos adolescentes. O segundo modelo ficou composto pelas variáveis SCI-vínculo positivo com a comunidade, ISCA-acesso e PQBA-segurança, com maior peso da variável SCI-vínculo positivo com a comunidade (ß=0,316). Verificou-se que quanto mais positivo o vínculo com a comunidade, maior o acesso cidade e mais positiva a percepção de segurança no bairro de residência, maior o bem-estar pessoal positivo. Os dados do estudo demonstram que a cidade, o bairro e o senso de comunidade contribuem para o bem-estar pessoal na adolescência. Além disso, indicam que a participação social dos adolescentes pode contribuir para um presente mais saudável, da mesma forma que um futuro mais promissor para a população brasileira. Sugerem-se outros estudos quantitativos, com amostras maiores, por conglomerados em termos de bairros e cidades, para verificar a estabilidade dos modelos identificados. Da mesma forma, são importantes estudos qualitativos que permitam um maior aprofundamento acerca dos fatores socioambientais e sua repercussão no bem-estar pessoal de adolescentes.Item Masculinidades e violência conjugal(2018) Brasco, Priscila Jandrey; De Antoni, ClarissaO objetivo do presente estudo foi investigar a construção da masculinidade de homens envolvidos em casos judiciais de violência contra sua parceira. Além disso, investigouse como as vivências na família de origem podem ter influenciado no envolvimento em relações conjugais violentas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório na qual foram entrevistados nove homens autores de violência doméstica, respondendo a processos judiciais com base na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Utilizou-se a Análise Temática como método de análise de dados. Diversos temas emergiram dos dados, como a culpabilização das mulheres, a visão de como é ser homem ou ser mulher e a exploração do trabalho infantil. Especificamente no artigo apresentado para essa dissertação foram desenvolvidos três temas: negligência afetiva, exposição à violência física na infância e figura masculina de referência. Os resultados foram analisados sob a perspectiva da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Conclui-se que a construção das masculinidades desses homens sofreu influência de suas vivências anteriores, durante a infância e a adolescência, pautadas por figuras parentais severas, abusivas e negligentes. Estas são, justamente, pessoas que deveriam exercer o papel de proteção e cuidado. A figura de referência masculina também é vista como ausente, e rígida, exercendo o controle sobre o microssistema familiar. Essas experiências podem revelar a construção de um modelo no qual o homem acredita que seu papel também deva ser desempenhado através do controle e domínio baseados na violência. Desta forma, isso pode ser considerado um fator de risco para o envolvimento em relações conjugais violentas, já que revela a fragilidade na construção do vínculo de confiança e reverbera nos relacionamentos vividos durante a vida adulta. Torna-se importante que esses homens tenham espaços de reflexão sobre suas ações em âmbito conjugal, a fim de amenizar as possíveis influências citadas, promovendo assim, relações mais saudáveis em sua estrutura familiar como um todo.Item Aspectos emocionais associados à qualidade de vida de pacientes adultos após a alta da unidade de terapia intensiva(2018) Souto, Viviane de Freitas; Levandowski, Daniela Centenaro; Teixeira, CassianoPacientes hospitalizados críticos necessitam de cuidados intensivos e serviços constantes e especializados, devido à gravidade de sua condição física. Com frequência estes pacientes apresentam repercussões psicológicas e piora na qualidade de vida (QV). Nesse estudo, derivado de um projeto de pesquisa maior, investigou-se aspectos emocionais desses pacientes após a alta da UTI, tendo como foco a QV. No Estudo 1, multicêntrico, de coorte prospectiva, foram avaliados, em 377 pacientes adultos, até 12 meses após a alta, aspectos como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático (TEPT) e QV, bem como eventuais associações entre esses aspectos e dados clínicos e sociodemográficos, particularmente a idade em que a internação ocorreu. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Os resultados indicaram depressão, ansiedade e TEPT como determinantes para a piora da QV, mas não a idade em que ocorreu a internação. Ficou evidente a importância da assistência psicológica durante e após a internação na UTI, para promover uma melhor QV desses pacientes. Já no Estudo 2, qualitativo, de cunho exploratório-descritivo, foram investigados, em 9 pacientes adultos, após três meses da alta, os aspectos emocionais que, na visão dos pacientes, facilitaram e dificultaram a internação e a QV após a internação na UTI, a partir de uma narrativa produzida sobre sua vida antes, durante e após a internação. As narrativas foram analisadas por meio de análise de conteúdo de Bardin. Dentre os aspectos que facilitaram a internação, os participantes mencionaram o apoio da equipe de saúde, os cuidados e os recursos tecnológicos disponíveis, bem como o apoio da família, na internação e após a alta. Também foi citado como facilitador a capacidade de adaptação dos pacientes à situação de doença e hospitalização. Entre os aspectos dificultadores, destacaram-se as mudanças de rotina e ambiente, a perda de autonomia, os medos e desconfortos diante da doença e dos procedimentos e exames médicos e, ainda, a surpresa diante da internação, o que despertou fantasias e incertezas. De modo geral, a Dissertação aponta que, na vida adulta, independentemente da idade, a experiência de internação na UTI é impactante, por ser marcada pelo desamparo e por urgências psicológicas que podem levar ao surgimento de ansiedade, depressão e TEPT e acarretar uma piora na QV dos indivíduos após a alta, considerando-se as repercussões sobre a sua autonomia. Percebe-se a importância da atenção das equipes de saúde sobre os aspectos emocionais facilitadores e dificultadores da internação em UTI para a promoção de uma melhor QV dos pacientes durante a hospitalização e após a alta.Item A relação entre recursos e demandas, adição ao trabalho e engajamento em profissionais de recursos humanos(2018) Vergara, Claudia Duarte; Oliveira, Mônica Maria Celestina de; Vazquez, Ana Claudia SouzaO constructo do engajamento caracteriza profissionais com elevado vigor, dedicação e concentração no trabalho, sendo visto de forma positiva e realizadora, relacionado diretamente ao bem-estar e à saúde ocupacional. Já a adição ao trabalho é um comportamento de pessoas que trabalham excessiva e compulsivamente, sem que isso resulte em maior ou melhor desempenho ou, ainda, em bem-estar laboral. O Modelo de Recursos e Demandas do Trabalho (Schaufeli & Bakker, 2010) considera que o engajamento está associado ao ótimo balanceamento dos recursos pessoais, do trabalho e das demandas do trabalho (RDT), enquanto a adição está associada à escassez de recursos e a elevadas demandas. Os recursos pessoais de autoestima, autoeficácia, otimismo e esperança são evidenciados como preditores do engajamento. Assim sendo, este estudo objetivou avaliar o nível de engajamento e de adição ao trabalho e suas correlações com recursos pessoais de autoestima, autoeficácia, otimismo e esperança, bem como com recursos e demandas no trabalho em profissionais de Recursos Humanos. Para tal, foi realizado um estudo transversal de natureza quantitativa com 440 profissionais de RH, predominantemente do sexo feminino (80%), das cinco regiões brasileiras, a fim de investigar e atender aos objetivos propostos. Os participantes, por meio eletrônico, responderam a um questionário de dados sociodemográficos, à versão brasileira das seguintes Escalas: Utrecht Work Engagement Scale (UWES), Dutch Workaholism Scale (DUWAS-10), Autoeficácia Geral, Revised Life Orientation Test (LOT-R), Esperança Disposicional e Autoestima de Rosenberg e a um conjunto de itens extraídos de escalas validadas, proposto por Schaufeli (2017), para investigar as relações entre recursos e demandas do trabalho. Os resultados obtidos sugerem que os profissionais de recursos humanos têm engajamento mediano com o trabalho que realizam – compatível com outras características positivas avaliadas nesta pesquisa (autoestima, otimismo, autoeficácia e esperança). Além disso, de modo distinto, também apresentam nível de adição laboral médio, para a qual os achados demonstram que o trabalho excessivo e compulsivo é uma realidade da prática deles. Finalmente, foram encontradas associações entre o engajamento e todas as variáveis da pesquisa, sendo que, diferente do esperado, o nível de engajamento demonstrou ser médio-inferior para a faixa etária acima de 40 anos, fase na qual o esperado são níveis elevados em razão de ser uma etapa de amadurecimento e solidificação de carreira. Ademais, foi encontrada correlação positiva e fraca com a adição ao trabalho, o que sugere a influência do trabalho excessivo e compulsivo no modo de ativação de energia. São apresentadas sugestões de estudos futuros para avanços na área.Item Reverberações familiares no ajustamento emocional infantil: a perspectiva de pais e filhos(2018) Pereira, Letícia Paulino; Grzybowski, Luciana SuárezA literatura é consistente em demonstrar as relações entre o subsistema parental, coparental e conjugal e suas possíveis repercussões no desenvolvimento de sintomatologia e dificuldades no ajustamento emocional infantil. Neste sentido, conhecer a dinâmica das relações familiares e o funcionamento de seus subsistemas traz colaborações importantes para o entendimento dos problemas de ajustamento na infância, pois subsidia uma compreensão ampliada e integrativa desta complexa relação. Desta forma, a presente dissertação objetiva, através da construção articulada em seus dois artigos, revisar estudos desenvolvidos nos últimos dez anos, acerca da reverberação parental nos problemas de ajustamento emocional de crianças em idade escolar. Em paralelo, objetiva-se, através de um estudo empírico de casos múltiplos, verificar as implicações do subsistema parental, aliado aos subsistemas conjugal e coparental, sob os problemas de ajustamento emocional infantil nesta etapa da vida. Os estudos evidenciam que os estilos, condutas e habilidades parentais se relacionam fortemente com o ajustamento infantil, constatando que as práticas parentais positivas tem potencial facilitador para o desenvolvimento e ajustamento infantil. Por outro lado, práticas parentais negativas, em especial, o monitoramento ineficaz e o uso de práticas parentais punitivas, são associadas com baixo rendimento acadêmico e problemas de comportamento internalizante e externalizante nas crianças. Do mesmo modo, os achados do estudo empírico realizado também encontraram evidências desta relação, corroborando que os problemas de ajustamento infantil estão relacionados com características conjugais, estratégias parentais e coparentais praticadas pelos progenitores, aliadas a questões do contexto socioeconômico, rede de apoio, tempo dos pais com os filhos, características de personalidade e temperamento de pais e filhos. Ressalta-se a necessidade de investimento em estudos sobre a temática no cenário latino americano, bem como o fomento das discussões sobre as relações familiares no âmbito da saúde e das políticas públicas, visando a prevenção do adoecimento infantil e de suas repercussões e prejuízos ao longo da vida.Item Saúde mental e atenção básica: compreendendo os matriciamentos realizados por um núcleo de apoio à saúde da família (NASF) no sul do Brasil(2018) Silva, Bruno Moraes da; Grzybowski, Luciana Suárez; Moreira, Mariana CalessoItem Luto materno decorrente de perda gestacional e as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à perda(2019) Teodózio, Andressa Milczarck; Levandowski, Daniela CentenaroO processo de luto decorrente de uma perda gestacional (PG) tem sido descrito na literatura como uma vivência específica, complexa e pouco reconhecida socialmente, que pode influenciar na saúde mental materna e repercutir em outros momentos da vida, como na gestação e maternidade subsequentes. Essa dissertação está composta por dois estudos empíricos qualitativos, com o objetivo de investigar as repercussões e particularidades do processo de luto decorrente de PG (Estudo 1) e identificar e compreender as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à PG (Estudo 2). Participaram dos dois estudos quatro mulheres (18 a 29 anos) com história de pelo menos uma PG nos últimos cinco anos e que tiveram um bebê após a perda. Foram aplicados o Questionário de Dados SócioDemográficos e Clínicos, o Questionário sobre Vivências de Perdas, o Prolonged Grief Disorder, o Brief Symptom Inventory e a Entrevista sobre Vivência de Luto Materno e Experiência da Maternidade Atual. No Estudo 1, cujo delineamento foi de estudo de casos múltiplos, os casos foram analisados por meio da estratégia de proposições teóricas, com base na perspectiva psicanalítica, e, posteriormente, de síntese de casos cruzados (Yin, 2005), para identificar semelhanças e particularidades entre os casos. Foi possível constatar que as repercussões físicas da PG contribuíram para a inscrição e a elaboração psíquica dessa vivência. Como particularidades do processo de luto, verificou-se que, para essas participantes, este foi permeado por elementos de ordem narcísica, devido aos efeitos físicos da perda em consonância ao investimento psíquico direcionado ao bebê idealizado na gestação; melancólica, pelo caráter narcísico e indiferenciado que a PG assumiu; e traumática, devido à sobrecarga não nomeada que ultrapassou a capacidade psíquica de representação e elaboração no primeiro momento após a perda. Já no Estudo 2, de caráter exploratório-descritivo e transversal, cujos resultados foram submetido à análise temática (Braun & Clarke, 2006; Braun, Clarke, Hayfield, & Terry, 2019), verificou-se repercussões da PG nos sentimentos maternos sobre a gestação subsequente, tendo sido identificados medo de outra PG, ambivalência frente à gestação e angústia frente ao parto e nascimento. Também foram identificadas repercussões da PG nas percepções e sentimentos maternos sobre o bebê subsequente após o seu nascimento, evidenciando-se a idealização de suas características e da relação mãe-bebê, assim como medos e preocupações com o bebê, que geraram comportamentos de superproteção e hipervigilância. Também se observou o posicionamento do novo bebê como substituto do bebê falecido, por exemplo, na escolha do mesmo nome para ambos. Esses aspectos apontam para a importância de ações de cuidado e prevenção em relação à saúde mental materna e do binômio mãe-bebê subsequente à PG, indicando a necessidade de atenção dos profissionais de saúde para o contexto e os sentimentos que as mulheres vivenciam após uma PG, no intuito de auxiliar na vinculação pré e pós-natal, o que, por sua vez, pode impactar positivamente no desenvolvimento emocional do bebê.Item As violências na perspectiva de referências familiares em ambientes ecológicos com vulnerabilidade social(2019) Zanatta, Cristiano Renato; De Antoni, ClarissaO objetivo deste estudo foi compreender as violências na percepção de Referências Familiares (RF) de famílias moradoras de uma comunidade com alto índice de Vulnerabilidade Social na cidade de Porto Alegre - RS. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com enfoque exploratório-descritivo na qual foram entrevistadas oito participantes que são reconhecidas como Referências Familiares pelos serviços de atendimento as famílias da Proteção Social Básica da política de Assistência Social. Utilizou-se a Análise de Conteúdo como método para compreensão dos dados coletados. Os resultados foram discutidos a partir do modelo de análise Processo-Pessoa-Contexto-Tempo (PPCT) da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano. Foram encontradas categorias de sentido em diversos núcleos, como os efeitos da violência letal e a dessensibilização emocional, a influência das violências na vivência comunitária, a influência das violências nas relações familiares, a percepção quanto à violência estrutural e os efeitos da violência no Eu Ecológico. Para o artigo que compõe essa dissertação, foram escolhidos os temas considerados mais emergentes por parte das participantes, que são a exposição à violência letal, a dessensibilização emocional e a influência do tráfico nas relações comunitárias. Na dimensão pessoa, pode-se observar a influência das características de demanda, como idade e raça/cor na exposição à violência letal. Sobre a dimensão processo, observou-se que a exposição a altos índices de violência letal na comunidade influencia os processos proximais, levando a Pessoa a se tornar menos sensível aos estímulos do Ambiente Ecológico, num fenômeno denominado Dessensibilização Emocional. Quanto à dimensão Contexto, descreve-se o Ambiente Ecológico e analisa-se a influência do exossistema que compreende a organização do tráfico, suas ações e sua influência na constituição do macrossistema cultural, que fomenta a perpetuação da violência na comunidade. Na dimensão tempo, observa-se a relação do momento histórico nos fatores econômicos e sociais que contribuem na cronificação e intensificação das violências na comunidade. Essa leitura contextualista da dinâmica da violência nas comunidades mais vulneráveis permite uma compreensão mais profunda da complexidade que a envolve, possibilitando pensar em políticas públicas efetivas no enfrentamento das violências, além de instrumentalizar os profissionais das diversas áreas que atendem essa população.Item Dor e sofrimento: estudo sobre assédio moral no trabalho(2019) Machado, Patrícia Andréa Barbosa; Amazarray, Mayte RayaEsta dissertação é composta por dois artigos que tratam a temática do assédio moral no trabalho. O primeiro deles é um artigo revisão sistemática da literatura, que teve como objetivo conhecer o cenário da produção científica no Brasil, acerca do tema no período de 2007 a 2017. Identificaram-se 71 estudos, sendo 27 teóricos e 44 empíricos, sendo categorizados em quatro subtemas: caracterização do assédio moral (35%); aspectos organizacionais/ institucionais e modos de prevenção (30%); perspectivas conceituais e medidas de avaliação (24%) e consequências do assédio (11%). Constatou-se concentração de estudos sobre determinadas categorias profissionais. Muitos estudos apontaram a relação do assédio com modos de gestão. Evidenciaram-se lacunas a serem investigadas, principalmente quanto às estratégias de prevenção, sugerindo, assim, a realização de trabalhos futuros orientados a planos que impeçam a ocorrência do evento e/ou que minimizem os danos causados. Ainda como proposta, a realização de revisões ampliadas que possam dar conta do histórico evolutivo do assédio moral nas relações de trabalho e nas organizações, apresentando evidencias e propondo alternativas de prevenção e intervenção na prática do assédio. O segundo artigo resultou de uma pesquisa qualitativa exploratória, com o objetivo de estudar as consequências do assédio moral no trabalho. Empregou-se a técnica “bola de neve” para acessar os participantes, sendo entrevistados cinco profissionais com ações ingressadas no Poder Judiciário. Utilizou-se a entrevista individual semiestruturada como técnica para a coleta de dados. Para a análise de conteúdo, foi utilizada a análise temática, identificando-se três temas chave: vivências do assédio, desfechos da violência e sentidos do trabalho. Os resultados indicaram o entrelaçamento de sintomas reveladores do assédio e efeitos advindos do fenômeno. Foram limitações do estudo a dificuldade de encontrar sujeitos conforme critérios estabelecidos para a busca. Sugerem-se novos estudos junto a uma amostra ampliada, procurando aprofundar questões relacionadas à ressignificação do trabalho junto aos acometidos e a sequência da vida após o assédio. A partir da realização desses dois estudos, evidenciou-se a relevância das relações no trabalho e o quanto seu deterioro podem afetar a vida das pessoas. O assédio moral no trabalho mostrou-se uma via dura, pela qual o adoecimento é, na maioria das vezes, inevitável. Com essas pesquisas, espera-se despertar mais interesse e inspirar novos estudos acerca do assédio moral no trabalho.Item Efeitos da improvisação musical como intervenção cognitiva e motora para idosos(2019) Santos, Marcelo Rabello dos; Oliveira Júnior, Alcyr Alves deA música vem sendo discutida na literatura como um fator positivo na saúde do idoso. Em um estudo randomizado, foi realizada uma intervenção com base em exercícios de percussão e improvisação comparada com uma atividade de canto coral. O objetivo foi o de investigar se a improvisação teria efeito positivo no funcionamento executivo e na motricidade de idosos saudáveis. Uma bateria de tarefas neuropsicológicas e motoras foi realizada antes e depois da intervenção. Foi observada a melhora no desempenho do grupo de improvisação no Teste de Desenho do Relógio sugerindo possíveis ganhos executivos com a intervenção. Ambos os grupos tiveram ganhos na parte A do Teste de Trilhas, o que sugere benefícios atencionais. Não foram encontradas evidências de benefícios motores. Os resultados sugerem que atividades musicais podem trazer benefícios em alguns domínios cognitivos.Item Transexualidade e práticas interacionais em saúde: uma análise microetnográfica de um atendimento em contexto de psicoterapia(2019) Alberti, Marcela; Stenzel, Lucia Marques; Almeida, Alexandre do NascimentoNos propomos, neste estudo, a descrever e analisar, sob um ponto de vista microetnográfico, as práticas interacionais que emergem em um atendimento em um núcleo clínico especializado em gênero e sexualidade. Tomamos como base a linha teóricometodológica da Análise da Conversa (AC), buscando enriquecer a discussão no campo da clínica psicoterápica em sua interface com a transexualidade. A partir da AC, realizamos uma análise turno-a-turno da interação no setting terapêutico, orientando nossa discussão para as ações sociais estabelecidas na cena do atendimento. Os dados demonstram que o uso de práticas interacionais como formulações e prestação de contas podem desempenhar a função de manutenção de uma agenda institucional, a qual se constitui, no atendimento analisado, como a (co)produção de um laudo que ateste “Transtorno da Identidade Sexual”. Nesse sentido, a necessidade de um laudo que ateste a transexualidade surge como um limitador para terapeuta e cliente, exigindo a construção de uma narrativa adequada aos critérios de manuais nosológicos que guiam a prática clínica. Apontamos também que as/os participantes fazem uso de práticas interacionais como formulações, correções, account, convites e interpretações para a calibração dos seus status epistêmico, além da produção e negociação de práticas interacionais para sustentação do setting clínico e manejo de seus status sociais.Item Kundalini Yoga como uma terapia complementar para o transtorno obsessivo compulsivo: um ensaio clínico aberto piloto(2019) Vaz, Juliana Machado; Ferrão, Ygor ArzenoO Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um quadro psiquiátrico caracterizado pela presença de pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes ou persistentes e vivenciados como intrusivos e indesejáveis (obsessões) e ou de comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo sente compelido a executar (compulsões). As principais alternativas terapêuticas são as farmacológicas (os inibidores da receptação da serotonina) e as psicoterapias (terapia comportamental, principalmente as técnicas de exposição e prevenção de resposta), sendo que cerca de 40 a 60% dos pacientes não atingem alívio satisfatório dos sintomas. O yoga é uma técnica integrativa milenar, que tem sido pesquisada por seus efeitos potencialmente terapêuticos como uma modalidade de tratamento para transtornos mentais. Objetivo: Avaliar o efeito do Kundalini Yoga como tratamento complementar em pacientes diagnosticados com TOC. Métodos: Ensaio clínico aberto (36 sessões de um protocolo do Kundalini Yoga), com 24 pacientes adultos com diagnóstico de TOC segundo o DSM 5, avaliando- se: presença e gravidade dos sintomas obsessivos-compulsivos, intensidade de depressão e ansiedade, religiosidade, esperança disposicional e qualidade de vida. Resultados: houve uma melhora significativa (46%) na gravidade do TOC, especialmente nos sintomas de conteúdo sexual'religioso (94%) e de contaminação (33%). Não houve mudança nos sintomas da depressão, mas os sintomas de ansiedade melhoraram em quase 48%. Todos os aspectos da qualidade de vida (física, psicológica, social e ambiental) melhoraram (respectivamente 9,/%, 11,/%, 12.6%, 17,2% e 4,8%). A esperança disposicional também aumentou significativamente (p=0,03). Conclusão: O Kundalini Yoga se mostrou uma ferramenta efetiva para aliviar os sintomas do TOC em algumas dimensões, em específico (sexual'religioso e contaminação/limpeza), e de uma forma geral contribuiu para redução da ansiedade e ao mesmo tempo melhorou a qualidade de vida e o nível de esperança.