Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde por Autor "Grzybowski, Luciana Suárez"
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Item Características da parentalidade e suporte social em famílias de crianças com fissura labiopalatina(Wagner Wessfll, 2020) Silveira, Vanessa dos Santos; Grzybowski, Luciana SuárezA parentalidade engloba um conjunto de atividades que proporcionam o desenvolvimento global e a sobrevivência da criança, possuindo relação com as características do casal e a história familiar de cada um dos pais. A tarefa parental exige que os pais e as mães desenvolvam novas respostas emocionais, cognitivas e comportamentais para suprir as demandas de cuidado, afeto e educação de uma criança, proporcionando o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos. Todas estas expectativas e adaptações que o nascimento de uma criança na família proporciona, tem outras especificidades quando o filho nasce com alguma malformação. Este momento torna o processo parental ainda mais desafiador. Com o objetivo de verificar as características da parentalidade e o suporte social em famílias de crianças com fissura labiopalatina, realizou-se um estudo quantitativo, transversal e correlacional num ambulatório público de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa, 33 sujeitos, sendo 17 mães e 16 pais de crianças entre 1 e 8 anos em tratamento no ano de 2019. Foram aplicados um questionário sociodemográfico e de questões de saúde da criança, o Alabama Parenting Questionnaire, a Escala de Estresse Parental e a Escala de Percepção do Suporte Social. Observou-se que a maioria dos pais e das mães tem um nível insuficiente de práticas parentais positivas e um baixo envolvimento parental, além de indicar a presença de estresse parental em metade da amostra. Porém, ainda assim, a maioria demonstrou satisfação com o papel parental e um alto nível de comprometimento com o tratamento de seus filhos(as). O suporte social percebido por essas famílias, que inclui familiares, vizinhos e amigos, demonstrou ser uma fonte importante de apoio emocional para os pais e as mães destas crianças, que revelaram sentir-se apoiados pela mesma. Dessa forma, os resultados sugerem que, como cuidadores principais, estes pais e mães estão expostos à sobrecarga e maior estresse devido às demandas de cuidado vividas por estas famílias, apesar de sentirem um respaldo de apoio social. Pensar em estratégias de fortalecimento do vínculo parental e redução do estresse decorrente do excesso de demandas com os filhos são fundamentais para ampliar o cuidado com esta população, englobando aspectos psicossociais na abordagem com as famílias de crianças com fissura labiopalatina.Item Coparentalidade em famílias nucleares: estudo qualitativo das percepções de pais e filhos(Wagner Wessfll, 2022) Moraes, Ana Carolina Peixoto Silveira; Boeckel, Mariana Gonçalves; Grzybowski, Luciana SuárezA coparentalidade vem sendo cada vez mais reconhecida como um elemento crucial da relação interparental que impacta a saúde e o bem-estar de todo o sistema familiar. Além da influência na saúde e no ajustamento dos filhos, o funcionamento da relação coparental está associado à parentalidade e às relações entre pais e filhos, à qualidade da relação conjugal e à satisfação dos cônjuges com o funcionamento geral da dupla. Diante da importância dessa relação para a saúde de todo o sistema familiar, torna-se importante conhecer as percepções dos pais em relação ao exercício da coparentalidade a fim de compreender o funcionamento deste subsistema de maneira mais profunda. Tendo em vista o caráter bidirecional da relação entre pais e filhos, a percepção dos filhos torna-se um elemento importante para que uma compreensão sistêmica desta relação seja alcançada. Assim, o presente estudo objetivou conhecer as percepções e sentimentos dos pais em relação ao exercício da coparentalidade e ao seu impacto no desenvolvimento socioemocional da criança, bem como explorar as percepções dos filhos quanto ao funcionamento da relação coparental de seus pais. Com delineamento qualitativo de caráter transversal e descritivo, este estudo entrevistou 4 famílias com pelo menos um filho de quatro a seis anos de idade. As entrevistas semiestruturadas foram analisadas através da metodologia de estudo de casos múltiplos seguida de uma síntese de dados cruzados. Cada caso foi analisado com base em variáveis previamente estabelecidas de acordo com o modelo conceitual da estrutura interna da relação coparental proposto por Feinberg, com a Escala da Relação Coparental e com os objetivos do estudo, sendo estas: acordo coparental; suporte/sabotagem coparental; divisão de trabalho coparental; gestão conjunta das relações familiares; proximidade coparental; influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional da criança; e a percepção da criança quanto à relação coparental de seus pais. Tendo em vista que a coleta de dados ocorreu durante a pandemia da COVID-19, aspectos mencionados pelos participantes em relação a este contexto, também, foram analisados. O acordo coparental apareceu como elemento importante que mantém a união da dupla diante dos desafios presentes na interação entre coparentalidade, parentalidade e conjugalidade e que está relacionado à forma como os pais apoiam um ao outro. A divisão de trabalho coparental foi o principal desafio apresentado pelas famílias; com o atravessamento marcante dos papeis de gênero, destacou-se a sobrecarga feminina e a influência da divisão de trabalho sobre a satisfação conjugal. Os pais apresentaram pouco conhecimento sobre a influência da relação coparental no desenvolvimento socioemocional de seu filho, evidenciando uma lacuna entre o conhecimento científico e a realidade das famílias. Os resultados reforçam a complexidade da relação coparental e sua influência e interação com diversos elementos da dinâmica familiar.Item Educação permanente em saúde: aprimoramento profissional de enfermeiros para intervenção psicossocial com gestantes no SUS(2021) Silva, Vanessa; Grzybowski, Luciana SuárezAs vivências do Projeto de Extensão “E lá vem o bebê: conversando sobre as transformações da gravidez e do nascimento dos filhos na família”, realizado pelo NESF/UFCSPA - Núcleo de Estudos da Saúde da Família, assim como a realização de pesquisas na área do pré-natal junto ao Distrito Docente Assistencial da UFCSPA, mostraram que há importantes limitações nas práticas assistenciais de pré-natal na rede pública de saúde de Porto Alegre, no que tange ao suporte psicológico, familiar e social das gestantes. Uma potente ferramenta para a construção e a instalação de novas práticas contextualizadas na realidade local é a Educação Permanente, uma vez que possibilita uma visão integrativa de saúde, beneficiando a população assistida. A partir dessas questões, com o intuito de reduzir lacunas e contribuir com a assistência integral e ampliada, realizou-se uma pesquisa-intervenção junto às enfermeiras que realizam o pré natal na região. Todas as enfermeiras do referido território, com ao menos um ano de trabalho junto a esta política, foram convidadas a participar, sendo que a amostra final constituiu-se por 8 profissionais. Inicialmente, elas responderam a um questionário de dados sociodemográficos e laborais. Posteriormente, ofertou-se um aprimoramento profissional as mesmas, tendo em vista os preceitos da Educação Permanente em Saúde, com foco no conhecimento teórico-prático que possibilite uma atuação voltada aos aspectos psicossociais das gestantes, humanizando o pré-natal e ultrapassando o olhar biológico na assistência à saúde materno-infantil. Tal aprimoramento foi realizado em seis encontros semanais, totalizando 18 horas. As temáticas desenvolvidas foram agrupadas em seis eixos: a) O enfermeiro e o pré-natal; b) O pré-natal psicossocial: aspectos significativos; c) Mãe e bebê: vinculação e mitos da maternidade; d) Relações conjugais: as mudanças na relação do casal com a chegada do filho; e) Promovendo saúde mental na família; f) Aspectos presentes na maternidade e as relações com o ambiente da gestante. Após a realização do aprimoramento foi realizado um grupo focal, que tinha como objetivo entender as repercussões do mesmo em concepções e intervenções sobre os aspectos psicossociais no pré-natal. Viu-se que após o curso, houve transformações nas práticas profissionais das enfermeiras, que ampliaram o olhar para as questões psicossociais das gestantes, sentindo-se mais seguras para fazerem intervenções e expandindo os aprendizados para novas possibilidades nos atendimentos. Houve, também, transformações emocionais e cognitivas nas participantes, dado que se evidenciou na mudança em suas concepções sobre os papéis parentais, aumento da empatia e flexibilidade com as gestantes, assim como aceitação de seus limites profissionais. O aprimoramento promoveu, ainda, uma generalização das aprendizagens para além do campo do trabalho. Por outro lado, identificou-se a manutenção de pré-concepções no exercício profissional e muitas dificuldades na realidade de trabalho. Tais questões indicam a relevância do caráter de continuidade de formações como a desenvolvida neste estudo.Item Habilidades socioafetivas infantis e relações familiares: Características de usuários da Política Pública Primeira Infância Melhor (PIM/RS)(2023) Padilha, Luiza de Oliveira; Grzybowski, Luciana SuárezO desenvolvimento na primeira infância refere-se a um processo dinâmico, dependente de interações positivas com as variáveis do contexto – sendo estas relacionadas à segurança social, econômica e afetiva. Na busca por garantir o desenvolvimento infantil de forma saudável para toda a população brasileira, faz-se necessária a implementação e a manutenção de políticas públicas, tais como o Primeira Infância Melhor (PIM) – desenvolvido com referência teórico-metodológica no programa cubano Educa tu Hijo, cujo objetivo principal é a orientação às famílias a partir de suas culturas e experiências, a fim de que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças, da gestação até os seis anos de idade. Busca-se garantir, assim, por meio da intervenção no contexto de socialização primária, a promoção de um ambiente estimulante e afetivo na infância. O presente estudo, então, pretende analisar as relações entre as variáveis sociodemográficas, os perfis de desenvolvimento socioafetivo infantil e as características familiares de usuários inseridos no PIM, considerando as famílias cadastradas durante o período de 2017 a 2019, em Porto Alegre/RS. Trata-se de uma pesquisa de cunho retrospectivo e quantitativo, de caráter transversal analítico, realizada com a utilização de dados de formulários cadastrais. Os resultados evidenciaram (a) que há associação entre o desempenho socioafetivo satisfatório e a contação de histórias pelos pais; (b) que há associação entre o desempenho socioafetivo e a forma com que os pais lidam com condutas negativas da criança (achando graça ou não achando graça); e (c) que crianças de 3 a 8 meses de vida têm melhores resultados de desempenho socioafetivo quando comparadas a crianças de 9 a 11 meses. A partir de tais associações, foram construídos três perfis de desempenho socioafetivo, os quais descrevem as características de cada família relacionadas aos níveis de desempenho da criança: satisfatório, mediano e insatisfatório. Constatou-se que 83% das crianças demonstraram desempenho satisfatório, enquanto apenas 17% apresentaram níveis de desempenho mediano ou insatisfatório, sendo possível considerar prováveis efeitos protetivos das variáveis afetivas frente às condições socioeconômicas precárias nas quais as famílias poderiam se encontrar. Nesse contexto, investir na implementação de políticas públicas focadas na primeira infância como estratégia de redução da desigualdade social e da pobreza extrema nos países de baixa e média renda representa um esforço em direção à garantia da qualidade de vida dessas populações, sendo estas ações potencialmente geradoras de retornos econômicos para a sociedade. Por fim, observa-se que o estímulo a relações familiares afetivas nos lares também atua na promoção de fatores protetivos para o desenvolvimento infantil de forma global.Item Intervenção psicossocial com gestantes no âmbito do SUS: aplicação e avaliação de protocolo(Wagner Wessfll, 2021) Rocha, Carolina Marchese Tirelli; Grzybowski, Luciana SuárezO ciclo gravídico-puerperal é marcado por mudanças em nível biopsicossocial. Tais mudanças envolvem, para além de alterações biológicas, transformações psicossociais que impactam a vida da mulher e sua família. A chegada de um bebê é um momento delicado, que requer um manejo adequado frente aos desafios que a nova família enfrentará, pois pode se caracterizar como um momento de vulnerabilidade psicoemocional para a mulher e sua família. Contudo, o modelo de pré-natal vigente ainda prioriza os cuidados físicos da mãe e do bebê, restringindo de seu escopo o atendimento às questões psicossociais envolvidas no ciclo gestacional. Ainda hoje, observa-se um pré-natal com caráter predominantemente biomédico. Frente a este cenário, há a necessidade de desenvolver modelos de intervenção no pré-natal que ampliem o cuidado para além da lógica biologicista, incluindo os aspectos psicológicos, familiares, sociais e culturais inerentes a este processo. Concernente a isso, o formato grupal de pré-natal vem se constituindo como uma possibilidade de ação em saúde, oferecendo uma assistência mais integrativa. Nesse sentido, com o objetivo de aplicar e avaliar uma intervenção psicossocial no pré-natal, realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com usuárias do SUS de uma região distrital de saúde do município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa quatro mulheres gestantes, com tempo gestacional médio de 11,3 semanas no início do protocolo. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e de saúde para caracterização das participantes. Foram utilizados instrumentos de avaliação pré e pós-teste: o Inventário de Depressão de Beck, o Inventário de Ansiedade de Beck, o Inventário de Percepção do Suporte Familiar, o Instrumento Abreviado de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde e a Escala de Apego Materno Fetal. Durante as oficinas, foram aplicados questionários de satisfação sobre a temática do dia, bem como construído um Diário de Campo para o registro de dados qualitativos. No final, também foi aplicado um questionário de satisfação geral com a intervenção. Os resultados foram analisados a partir da triangulação dos dados quantitativos e qualitativos. A análise dos dados quantitativos foi realizada através de técnicas estatísticas, enquanto os dados qualitativos foram analisados através do método de Análise Temática. Os resultados indicaram que a participação no protocolo possibilitou a discussão aprofundada de temáticas envolvendo as transformações físicas e psicológicas percebidas pelas gestantes, a relação conjugal e os papéis parentais, mitos acerca da maternidade, direitos das gestantes e sua autonomia na vivência gestacional, bem como a rede de apoio familiar e comunitária. Os resultados dos instrumentos quantitativos ficaram, em sua maioria, estáveis entre o pré e pós-teste, o que relaciona-se, principalmente, ao pequeno número de participantes. No que diz respeito à avaliação da intervenção, através da participação ativa durante as oficinas e os feedbacks satisfatórios das gestantes, pode-se perceber a relevância da proposta. Ressalta-se a importância de mais estudos que incluam grupo controle e medidas follow-up para o incremento da avaliação do protocolo. Por fim, entende-se que os resultados foram exitosos e o protocolo se mostrou como importante rede de apoio social às mulheres, bem como um potente modelo de intervenção para aplicação na assistência pública à saúde materno-infantil.Item Maternidade e COVID-19: experiência do processo de internação e parto em Centro de Terapia Intensiva (CTI)(2023-05-19) Rosa, Paula Cristina Silva da; Grzybowski, Luciana Suárez; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeEm dezembro de 2019, surgiram as primeiras pessoas infectadas pela COVID-19 no mundo, e posteriormente, foi decretada uma pandemia, que trouxe impacto na vida pessoal, familiar e social, a partir de restrições, receios, agravos de saúde e perdas. O número de infectados e de óbitos causados pelo vírus cresceu exponencialmente e afetou diferentes grupos populacionais, dentre esses as mulheres grávidas, modificando o ciclo gravídico-puerperal. Este estudo qualitativo, transversal e de caráter retrospectivo teve como principal objetivo pesquisar sobre a experiência da maternidade de gestantes infectadas pela COVID-19, que necessitaram de internação em CTI e que tiveram o nascimento prematuro do seu bebê neste contexto. A coleta de dados ocorreu de forma remota, a partir do preenchimento de uma ficha de dados sociodemográficos e de saúde e da realização de uma entrevista semi-estruturada. A análise temática realizada evidenciou que houve mudanças bruscas nas expectativas relativas à gestação e parto. Emergiram seis temas: infecção por COVID-19 e ruptura do ciclo gestacional esperado; experiência do processo de internação; construção da parentalidade: o vínculo mãe-bebê do hospital aos dias de hoje; a vida que ficou lá fora; estratégias para lidar com o sofrimento; e sequelas pós-COVID e transformações de vida. Os impactos na vida das participantes são diversos e se diferenciam pelo nível de contato emocional com a experiência vivida, o tempo de internação e as sequelas da doença. Evidenciou a importância de uma rede de apoio articulada e presente para dar suporte às demandas decorrentes das mudanças impostas pelo adoecimento e ausência materna temporária. Percebe-se que as participantes buscaram ressignificar essa vivência traumática inicial após a alta hospitalar pela (re)construção do vínculo com o bebê e da rotina familiar e social. A compreensão do impacto da COVID-19 na experiência de gestantes poderá trazer novas estratégias que humanizem e auxiliem a construção do vínculo mãe-bebê em situações de adversidade extrema, bem como, no auxílio da instrumentalização dos profissionais de saúde no atendimento desse públicoItem Reverberações familiares no ajustamento emocional infantil: a perspectiva de pais e filhos(2018) Pereira, Letícia Paulino; Grzybowski, Luciana SuárezA literatura é consistente em demonstrar as relações entre o subsistema parental, coparental e conjugal e suas possíveis repercussões no desenvolvimento de sintomatologia e dificuldades no ajustamento emocional infantil. Neste sentido, conhecer a dinâmica das relações familiares e o funcionamento de seus subsistemas traz colaborações importantes para o entendimento dos problemas de ajustamento na infância, pois subsidia uma compreensão ampliada e integrativa desta complexa relação. Desta forma, a presente dissertação objetiva, através da construção articulada em seus dois artigos, revisar estudos desenvolvidos nos últimos dez anos, acerca da reverberação parental nos problemas de ajustamento emocional de crianças em idade escolar. Em paralelo, objetiva-se, através de um estudo empírico de casos múltiplos, verificar as implicações do subsistema parental, aliado aos subsistemas conjugal e coparental, sob os problemas de ajustamento emocional infantil nesta etapa da vida. Os estudos evidenciam que os estilos, condutas e habilidades parentais se relacionam fortemente com o ajustamento infantil, constatando que as práticas parentais positivas tem potencial facilitador para o desenvolvimento e ajustamento infantil. Por outro lado, práticas parentais negativas, em especial, o monitoramento ineficaz e o uso de práticas parentais punitivas, são associadas com baixo rendimento acadêmico e problemas de comportamento internalizante e externalizante nas crianças. Do mesmo modo, os achados do estudo empírico realizado também encontraram evidências desta relação, corroborando que os problemas de ajustamento infantil estão relacionados com características conjugais, estratégias parentais e coparentais praticadas pelos progenitores, aliadas a questões do contexto socioeconômico, rede de apoio, tempo dos pais com os filhos, características de personalidade e temperamento de pais e filhos. Ressalta-se a necessidade de investimento em estudos sobre a temática no cenário latino americano, bem como o fomento das discussões sobre as relações familiares no âmbito da saúde e das políticas públicas, visando a prevenção do adoecimento infantil e de suas repercussões e prejuízos ao longo da vida.Item Saúde mental e atenção básica: compreendendo os matriciamentos realizados por um núcleo de apoio à saúde da família (NASF) no sul do Brasil(2018) Silva, Bruno Moraes da; Grzybowski, Luciana Suárez; Moreira, Mariana CalessoItem Vivências de mulheres com histórico de doença trofoblástica gestacional (DTG)(2022) Müller, Karine Paiva; Grzybowski, Luciana SuárezA maternidade faz parte do projeto de vida de muitas mulheres. Entretanto, algumas situações podem ocorrer durante a gravidez adiando ou interrompendo esse propósito, como a descoberta da doença trofoblástica gestacional (DTG). Esta doença decorre de uma condição genética anormal e rara da gestação, que pode acometer mulheres de todas as idades em período reprodutivo, sem que haja explicações claras até os dias atuais. Tal situação leva à interrupção da gravidez, trazendo diversas consequências na vida das mulheres. A literatura refere alterações psicológicas decorrentes da perda gestacional, medo da doença e de sua recidiva, angústias em relação ao tratamento e incertezas quanto a uma gravidez futura. No entanto, há uma prevalência de estudos na área referentes ao cuidado biomédico nesta situação, restringindo a compreensão de outros aspectos envolvidos no processo de acompanhamento e eventual tratamento da doença. Frente a este cenário, observa-se uma lacuna que remete à necessidade de realizar estudos com ênfase na dimensão psicossocial desta experiência, com o intuito de compreender o impacto emocional e o enfrentamento desta situação, buscando oferecer uma assistência mais integrativa às pacientes. Assim, este estudo, de caráter qualitativo, descritivo-exploratório e transversal, objetivou conhecer as vivências de mulheres acometidas pela DTG. Realizou-se um estudo com oito mulheres que estão ou estiveram em acompanhamento ou tratamento em um Centro de Referência em DTG de Porto Alegre/RS. As participantes possuíam idade média de 36,1 anos, escolaridade mínima de técnico completo, eram casadas, com perfil social e do estágio da doença heterogêneos. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e de saúde para caracterização das participantes e realizou-se uma entrevista semi-estruturada que abordava questões relativas ao conhecimento sobre a doença, as mudanças percebidas após o diagnóstico, a perda gestacional, o tratamento ou acompanhamento da DTG, os recursos de enfrentamento deste percurso e os aspectos facilitadores e dificultadores desta trajetória, bem como expectativas e planos futuros. A análise temática realizada do material coletado possibilitou a formulação de quatro temas principais, quais sejam: 1) A constelação da maternidade, 2) O percurso da doença, 3) Os impactos emocionais, e 4) Repercussões nos relacionamentos. Foi possível perceber que a DTG gera intenso sofrimento emocional diante dos percalços do plano de gestar, interferindo nas relações interpessoais e profissionais, além de ocasionar mudanças na rotina e nos planos reprodutivos. Observou-se, entre as participantes, a manutenção do desejo da maternidade apesar do transcurso da doença, que tem a marca do desconhecido e do luto pela perda, repercutindo nos relacionamentos conjugais, parentais, sociais e profissionais. A partir do estudo, evidenciou-se a necessidade de qualificar o atendimento multiprofissional da DTG, a partir de uma maior difusão do conhecimento sobre esta doença, bem como das consequências e impactos sobre a gestante e sua família, a fim de fornecer uma assistência integral às pacientes.Item Vivências profissionais de auxiliares e técnicos de enfermagem durante o auge da crise pandêmica da COVID-19: interfaces trabalho, relações interpessoais e apoio social(2023-11-28) Santos, Adriana Meneses dos; Amazarray, Mayte Raya; Grzybowski, Luciana Suárez; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeA pandemia da COVID-19 impôs uma situação de calamidade global, destacando o papel crucial dos profissionais de enfermagem na linha de frente do combate ao vírus e da assistência à população. Pensando na atuação desses profissionais, esta pesquisa explorou os impactos da pandemia na sua saúde mental, motivada pela necessidade de compreender as consequências psicológicas e sociais ocasionados após o auge da pandemia. Tendo como problema de pesquisa: De que forma os profissionais da área da enfermagem atuantes no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS, perceberam e avaliaram o apoio social e as relações interpessoais no ambiente de trabalho durante e após o auge da pandemia? O objetivo geral consistiu em identificar as vivências socioprofissionais de profissionais de enfermagem que atuam em um pronto atendimento de saúde pública na cidade de Porto Alegre/RS, durante o auge da crise pandêmica, com ênfase no apoio social. Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, com a participação de 10 profissionais da saúde (auxiliares e técnicos de enfermagem) do PACS. Foram aplicados os questionários sociodemográfico, a Escala de Qualidade de Suporte Social (QSG-12), a Escala de Percepção de Suporte Universal (EPSUS) e o World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-bref). Os grupos reflexivos foram realizados em 4 encontros de forma presencial e tiveram duração entre uma hora a uma hora e meia de duração, em horários e dias combinados com a equipe gestora do serviço de saúde. Uma análise temática qualitativa foi utilizada para explorar a profundidade das experiências dos profissionais, revelando três temáticas centrais: vivências da pandemia, precarização do serviço e vulnerabilidade social. Os resultados indicaram um cenário de bem-estar psicológico moderado, com destaque para altos níveis de estresse traumático entre os profissionais de enfermagem. O apoio social percebido emergiu como uma variável significativa na mitigação do impacto do estresse, e as condições de trabalho, como sobrecarga e falta de recursos adequados, também tiveram impactos significativos na saúde desses profissionais. Como conclusão, destaca-se a necessidade de oferecer suporte e cuidado a esses profissionais que enfrentaram desafios significativos na linha de frente da pandemia. A sobrecarga de trabalho, o medo constante e a ausência de apoio social impactaram profundamente a saúde física e mental desses profissionais.Item Vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo infantil e características familiares: um estudo a partir dos participantes da Política Pública Primeira Infância Melhor (PIM)(Wagner Wessfll, 2021) Herrera, Bárbara Estanislaa Méndez; Grzybowski, Luciana SuárezO desenvolvimento infantil está relacionado a distintas variáveis contextuais, que podem potencializá-lo ou limitá-lo, tais como fatores socioeconômicos e familiares. Pensando nessas questões, no sul do Brasil, foi criada uma política pública que visa estimular e proteger a primeira infância, denominada “Primeira Infância Melhor” (PIM), voltada ao apoio de famílias durante esse período do ciclo vital. No que tange ao desenvolvimento cognitivo, o aproveitamento da plasticidade neuronal até os seis anos de vida da criança é fundamental para potencializar conexões e aprendizagens com reflexos ao longo da vida. Diante disso, este estudo objetivou conhecer e construir perfis de vulnerabilidade do desenvolvimento cognitivo infantil e analisar a sua relação com as características sociodemográficas e afetivas das famílias dos participantes da política pública “Primeira Infância Melhor” (PIM). Para tanto, realizou-se uma pesquisa quantitativa, transversal e descritiva-correlacional, em que foram analisados dados cadastrais de 1073 famílias da cidade de Porto Alegre/RS, do período 2017-2019. A partir do agrupamento das crianças em três faixas etárias (0 até 1 ano, 1 ano até 3 anos, e 3 anos até 6 ano) e da análise descritiva e correlacional de variáveis socioeconômicas (renda mensal, nível de escolaridade materna e paterna e constituição familiar) e afetivas das famílias (ambiente familiar, normas de convivência, estratégias para lidar com as condutas negativas da criança e frequência da estimulação), foi possível verificar que 74% das crianças do estudo possuem baixo nível de risco de vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo, considerando prováveis efeitos protetivos das variáveis afetivas frente às condições socioeconômicas precárias que possam enfrentar nos lares. Os resultados evidenciaram a existência de associação entre a vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo e a escolaridade do cuidador, as estratégias para lidar com condutas negativas da criança e a frequência de conversas e contação de histórias para os filhos. Considerando os perfis, os resultados indicaram que o PIM mostrou-se favorável para a manutenção e melhoria das práticas parentais que promovem um desenvolvimento cognitivo saudável, mas também precisa aprimorar os protocolos de captação de beneficiários. O reconhecimento precoce dos indicadores de maior vulnerabilidade através do uso dos perfis pode contribuir para direcionar as intervenções dos visitadores. Priorizar recursos e investimentos sociais através deste tipo de políticas públicas focadas na primeira infância é uma forma de contribuir para a sua qualidade de vida a curto e longo prazo.
