Intervenção psicossocial com gestantes no âmbito do SUS: aplicação e avaliação de protocolo

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Data
2021
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Editor
Wagner Wessfll
Resumo
O ciclo gravídico-puerperal é marcado por mudanças em nível biopsicossocial. Tais mudanças envolvem, para além de alterações biológicas, transformações psicossociais que impactam a vida da mulher e sua família. A chegada de um bebê é um momento delicado, que requer um manejo adequado frente aos desafios que a nova família enfrentará, pois pode se caracterizar como um momento de vulnerabilidade psicoemocional para a mulher e sua família. Contudo, o modelo de pré-natal vigente ainda prioriza os cuidados físicos da mãe e do bebê, restringindo de seu escopo o atendimento às questões psicossociais envolvidas no ciclo gestacional. Ainda hoje, observa-se um pré-natal com caráter predominantemente biomédico. Frente a este cenário, há a necessidade de desenvolver modelos de intervenção no pré-natal que ampliem o cuidado para além da lógica biologicista, incluindo os aspectos psicológicos, familiares, sociais e culturais inerentes a este processo. Concernente a isso, o formato grupal de pré-natal vem se constituindo como uma possibilidade de ação em saúde, oferecendo uma assistência mais integrativa. Nesse sentido, com o objetivo de aplicar e avaliar uma intervenção psicossocial no pré-natal, realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com usuárias do SUS de uma região distrital de saúde do município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa quatro mulheres gestantes, com tempo gestacional médio de 11,3 semanas no início do protocolo. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e de saúde para caracterização das participantes. Foram utilizados instrumentos de avaliação pré e pós-teste: o Inventário de Depressão de Beck, o Inventário de Ansiedade de Beck, o Inventário de Percepção do Suporte Familiar, o Instrumento Abreviado de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde e a Escala de Apego Materno Fetal. Durante as oficinas, foram aplicados questionários de satisfação sobre a temática do dia, bem como construído um Diário de Campo para o registro de dados qualitativos. No final, também foi aplicado um questionário de satisfação geral com a intervenção. Os resultados foram analisados a partir da triangulação dos dados quantitativos e qualitativos. A análise dos dados quantitativos foi realizada através de técnicas estatísticas, enquanto os dados qualitativos foram analisados através do método de Análise Temática. Os resultados indicaram que a participação no protocolo possibilitou a discussão aprofundada de temáticas envolvendo as transformações físicas e psicológicas percebidas pelas gestantes, a relação conjugal e os papéis parentais, mitos acerca da maternidade, direitos das gestantes e sua autonomia na vivência gestacional, bem como a rede de apoio familiar e comunitária. Os resultados dos instrumentos quantitativos ficaram, em sua maioria, estáveis entre o pré e pós-teste, o que relaciona-se, principalmente, ao pequeno número de participantes. No que diz respeito à avaliação da intervenção, através da participação ativa durante as oficinas e os feedbacks satisfatórios das gestantes, pode-se perceber a relevância da proposta. Ressalta-se a importância de mais estudos que incluam grupo controle e medidas follow-up para o incremento da avaliação do protocolo. Por fim, entende-se que os resultados foram exitosos e o protocolo se mostrou como importante rede de apoio social às mulheres, bem como um potente modelo de intervenção para aplicação na assistência pública à saúde materno-infantil.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Intervenção Psicossocial, Gestação, Sistema Único de Saúde (SUS), Cuidado Pré-Natal, [en] Psychosocial Intervention, [en] Pregnancy, [en] Unified Health System, [en] Prenatal Care
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