Influência de fatores microbiológicos e de características clínicas no desfecho da terapia em infecções por Staphylococcus spp.

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2016
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Resumo
Os microrganismos do gênero Staphylococcus spp. são classificados como cocos gram-positivos e normalmente estão presentes na microbiota humana. Em ambientes hospitalares, no entanto, a exposição de pacientes debilitados a estes microrganismos pode ocasionar tanto infecções simples quanto patologias graves. A oxacilina é um dos antimicrobianos mais utilizados no tratamento de infecções por estafilococos, porém é bastante frequente o isolamento de cepas resistentes. A vancomicina, medicamento que pertence à classe dos glicopeptídeos, é a principal escolha na terapia de Staphylococcus aureus resistente à oxacilina/meticilina (MRSA), mas outras drogas alternativas também podem ser empregadas no caso de resistência, como a teicoplanina, daptomicina, tigeciclina e linezolida. Embora a maioria das cepas de MRSA demonstre sensibilidade in vitro a estes antimicrobianos alternativos, percebe se que por vezes ocorre falha na ação do antibiótico e, sem explicação aparente, são detectados fracassos nas terapias em infecções estafilocócicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar as variáveis relacionadas ao desfecho no tratamento de pacientes hospitalizados com infecções por Staphylococcus spp., analisando características clínicas do paciente bem como características microbiológicas e moleculares dos microrganismos isolados. O estudo foi observacional analítico e não intervencionista, com delineamento do tipo coorte prospectiva, com início em agosto de 2012 e término em julho de 2015, sendo um total de 232 amostras isoladas no período. Com relação às espécies, S. aureus esteve presente em 49,5% dos casos de infecção e S. epidermidis foi a principal espécie isolada dentre os estafilococos coagulase negativa (43,4%). Para as espécies de coagulase negativa, a resistência à meticilina foi significativamente maior (p< 0.01) se comparada à espécie S. aureus (75,7% vs. 17,6%). As amostras resistentes à meticilina apresentaram concentração inibitória mínima para vancomicina estatisticamente maior (p< 0,001) se comparado às sensíveis (1,11 vs. 1,56 µg/mL). Além disso, com relação à resistência, 36 amostras (15,5%) apresentaram hetero-resistência intermediária à vancomicina (hVIS). Não foi verificada transmissão vertical na maioria das amostras de hVIS uma vez que o perfil genético apresentou relação de similaridade em apenas quatro isolados. Após o tratamento da infecção, 23,8% dos pacientes foram a óbito. A resistência à meticilina não foi relacionada à mortalidade, mas foi verificado um aumento significativo no tempo de internação hospitalar nestes casos. Não houve influência nas taxas de óbito em função da hetero-resistência intermediária e de valores elevados de MIC para vancomicina. A presença de leucocidina de Panton-Valentine (PVL) foi observada em 25 isolados e 46% das cepas de S. aureus foram consideradas fortes produtores de biofilme. A maioria dos isolados apresentou SCCmec IV (35%), SCCmec III (14%), agr I (46%), agr II (24%) e o agr esteve ausente em 11% das amostras. A ausência de agr foi associada ao aumento do MIC para vancomicina (1,93 vs. 1,59 µg/mL, p= 0,050). Após avaliação sérica, apenas 8,6% das dosagens de vancomicina estavam dentro da janela terapêutica, 51,4% estavam abaixo do especificado e 40% acima. Não foi verificada relação do óbito com os níveis séricos de vancomicina (p= 0,892), porém a nefrotoxicidade foi relacionada com níveis séricos de vancomicina superiores a 15 µg/mL.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Infecção Hospitalar, Resistência Microbiana a Medicamentos, Virulência, Vancomicina, [en] Cross Infection, [en] Drug Resistance, Microbial, [en] Virulence, [en] Vancomycin
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