Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde por Assunto "[en] Family"
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Item Processo de Luto Antecipatório Parental Diante de Cuidados Paliativos: um Estudo Qualitativo(2023-06-23) Rosa, Jade Silveira da; Levandowski, Daniela CentenaroA incidência de doenças crônicas infantis é mundialmente crescente. Essa experiência é especialmente traumática para os cuidadores devido à constante ameaça à vida encontrada nos casos complexos. Diante dessa realidade, os cuidados paliativos pediátricos tornam-se essenciais para a criança e sua família. O adoecimento implica uma reorganização familiar e pode acarretar um processo de luto parental desde o recebimento do diagnóstico, nomeado de luto antecipatório. A compreensão desse processo parental de luto ainda é carente de investigações no Brasil. Assim, objetivou-se compreender as experiências de luto antecipatório de mães de crianças portadoras de uma doença crônica que ameaça ou limita a vida e que se encontram em cuidados paliativos. Esta Dissertação está composta por uma seção de fundamentação teórica sobre os temas que embasaram o projeto (tais como adoecimento crônico infantil, luto antecipatório e cuidados paliativos pediátricos); um artigo empírico sobre o processo de luto antecipatório materno com base no Modelo do Processo Dual do Luto (STROEBE; SCHUT, 1999, 2010); e um material informativo intitulado “Processos de perdas e restaurações: Cartilha para famílias de crianças em adoecimento crônico”, elaborado a partir de materiais e estudos já publicados sobre o tema, com foco no autocuidado, na validação das emoções e no acolhimento ao sofrimento decorrente da condição da criança. A cartilha, depois de elaborada pela equipe do projeto, foi avaliada por cinco psicólogos experts na área de diferentes regiões do Brasil. O artigo apresenta um estudo qualitativo transversal, de caráter exploratório-descritivo, no qual participaram 10 mães de pacientes infantis (7 meses a 09 anos), cujo diagnóstico estava estabelecido há, pelo menos, seis meses antes da coleta de dados. Os dados foram coletados a partir de uma ficha de dados sociodemográficos e de dados clínicos, dois inventários psicológicos (DASS-21 - Short Form e Pediatric Inventory for Parents) e entrevista semiestruturada. As entrevistas sofreram análise temática reflexiva e as informações dos demais instrumentos foram apresentadas descritivamente, para caracterizar as participantes. Os dados coletados demonstraram movimentos dinâmicos, não lineares e oscilatórios do processo de luto antecipatório materno. Foram identificados comportamentos, pensamentos e sentimentos maternos que flutuaram em termos de orientação para a perda e para a restauração, configurando um movimento entre o traumático e o possível, na medida em que aspectos intensos vinculados às perdas em vida da criança alternaram-se com possibilidades de ajustamento em direção à ressignificação e reconstrução diante dessa nova realidade. Reações de medo e ressignificação da própria morte, de adaptação frente às perdas e reconstruções da maternidade, de incerteza e medo quanto à partida do filho e de certeza do amor e do desejo de proteção e cuidado para com ele foram evidenciados. Ao longo dessa trajetória, foram identificados aspectos internos e externos que auxiliaram ou dificultaram a regulação emocional e a acomodação às perdas por parte das mães. Já a cartilha, em sua versão final, aborda a vivência de luto antecipatório dos familiares diante do contexto de doença crônica infantil, de forma a contemplar variações subjetivas. Os achados do estudo, analisados à luz do Modelo do Processo Dual do Luto, constituem-se enquanto uma contribuição original para a área de adoecimento pediátrico crônico complexo. Acredita-se que esse estudo possa contribuir para intervenções psicológicas mais assertivas, identificando dificuldades na oscilação dos comportamentos, sentimentos e pensamentos maternos entre estes polos, o que poderá auxiliar para um processo de luto antecipatório e, inclusive, de luto propriamente dito, mais adaptativo.Item Redes sociais pessoais e o enfrentamento de situações de violência: concepções de famílias compostas por pais surdos e filhos ouvintes(Wagner Wessfll, 2020) Abianna, Maria Carolina; Boeckel, Mariana GonçalvesEstudos da área da Psicologia, dedicados à compreensão das demandas psíquicas da população surda, ainda são escassos no Brasil. Tendo em vista essa importante lacuna científica, relativa à compreensão de grupos familiares surdos, foram estudadas famílias surdas, mais especificamente, àquelas que se constituem de pais surdos, cujos filhos são ouvintes, denominadas família CODA (Children of Deaf Adults). Nesta pesquisa, considera-se surdo/a a pessoa que se identifica à cultura surda e utiliza-se da língua brasileira de sinais (LIBRAS) para se comunicar, bem como compartilha características típicas do modo de vida dessa população. Através de metodologia qualitativa, a coleta das informações foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com quatro famílias CODA. O material oriundo da coleta de informações foi organizado no formato de dois artigos empíricos, em que se aprofundou a questão que deu luz à realização desta pesquisa. O primeiro artigo apresentado trata da descrição das Redes Sociais Pessoais das famílias participantes da pesquisa. Neste estudo, os dados originários da coleta de informações, foram compreendidos a partir da técnica de estudos de casos múltiplos. Os resultados desta análise apontam frágil suporte fora da comunidade surda e sobrecarga na figura dos filhos. Já o segundo estudo, visou compreender as características de vivências de situações de violência, decorrentes da relação de famílias CODA, com instituições sociais em geral. Neste, as informações foram compreendidas a luz da teoria da análise temática, da qual emergiram duas grandes categorias: Relações Familiares e Violência Institucional e o (Des)amparo à Família CODA. Ainda ano que tange aos resultados do segundo artigo, percebe-se as instituições responsáveis pelo cuidado destas famílias como responsáveis por ações de violência, bem como idiossincrasias próprias da relação desta configuração de família com os demais membros do grupo familiar. Como conclusões gerais, sugere-se investimento científico por parte do Estado para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes no atendimento as demandas da família CODA, assim como, maior desenvolvimento de instrumentos de pesquisa adaptados para coleta de informação com populações surdas.Item Vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo infantil e características familiares: um estudo a partir dos participantes da Política Pública Primeira Infância Melhor (PIM)(Wagner Wessfll, 2021) Herrera, Bárbara Estanislaa Méndez; Grzybowski, Luciana SuárezO desenvolvimento infantil está relacionado a distintas variáveis contextuais, que podem potencializá-lo ou limitá-lo, tais como fatores socioeconômicos e familiares. Pensando nessas questões, no sul do Brasil, foi criada uma política pública que visa estimular e proteger a primeira infância, denominada “Primeira Infância Melhor” (PIM), voltada ao apoio de famílias durante esse período do ciclo vital. No que tange ao desenvolvimento cognitivo, o aproveitamento da plasticidade neuronal até os seis anos de vida da criança é fundamental para potencializar conexões e aprendizagens com reflexos ao longo da vida. Diante disso, este estudo objetivou conhecer e construir perfis de vulnerabilidade do desenvolvimento cognitivo infantil e analisar a sua relação com as características sociodemográficas e afetivas das famílias dos participantes da política pública “Primeira Infância Melhor” (PIM). Para tanto, realizou-se uma pesquisa quantitativa, transversal e descritiva-correlacional, em que foram analisados dados cadastrais de 1073 famílias da cidade de Porto Alegre/RS, do período 2017-2019. A partir do agrupamento das crianças em três faixas etárias (0 até 1 ano, 1 ano até 3 anos, e 3 anos até 6 ano) e da análise descritiva e correlacional de variáveis socioeconômicas (renda mensal, nível de escolaridade materna e paterna e constituição familiar) e afetivas das famílias (ambiente familiar, normas de convivência, estratégias para lidar com as condutas negativas da criança e frequência da estimulação), foi possível verificar que 74% das crianças do estudo possuem baixo nível de risco de vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo, considerando prováveis efeitos protetivos das variáveis afetivas frente às condições socioeconômicas precárias que possam enfrentar nos lares. Os resultados evidenciaram a existência de associação entre a vulnerabilidade no desenvolvimento cognitivo e a escolaridade do cuidador, as estratégias para lidar com condutas negativas da criança e a frequência de conversas e contação de histórias para os filhos. Considerando os perfis, os resultados indicaram que o PIM mostrou-se favorável para a manutenção e melhoria das práticas parentais que promovem um desenvolvimento cognitivo saudável, mas também precisa aprimorar os protocolos de captação de beneficiários. O reconhecimento precoce dos indicadores de maior vulnerabilidade através do uso dos perfis pode contribuir para direcionar as intervenções dos visitadores. Priorizar recursos e investimentos sociais através deste tipo de políticas públicas focadas na primeira infância é uma forma de contribuir para a sua qualidade de vida a curto e longo prazo.
