PPGPSICO - Dissertações
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Navegando PPGPSICO - Dissertações por Autor "Bard, Bárbara Albasini"
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Item Parto Traumático em Situações de Perda Perinatal: Repercussões no Processo de Luto e na Saúde Mental Materna(2023-10-27) Bard, Bárbara Albasini; Levandowski, Daniela Centenaro; Programa de Pós-Graduação em Psicologia e SaúdeO conceito de ‘Parto traumático' é complexo e vem sendo utilizado para descrever experiências de parto que geram consequências físicas e psicológicas negativas para a parturiente e sua família. Uma das situações que podem acarretar uma experiência traumática de parto envolve as perdas perinatais. Neste trabalho compreende-se como perda perinatal a morte do bebê ocorrida a partir da 22ª semana gestacional, no momento do parto ou até sete dias após o parto. No Brasil e na literatura internacional, embora este foco de pesquisa venha se ampliando, ainda pouco se conhece sobre a vivência do parto nessas situações e o quanto essas experiências podem ser traumáticas. Menos ainda tem sido investigado sobre as repercussões dessas experiências de perda e de parto traumático no processo de luto materno, apesar da relevância do tema em termos clínicos e sociais. Diante disso, o objetivo geral desta Dissertação foi compreender o parto traumático em situações de perda perinatal e as suas repercussões na saúde mental materna e no processo de luto. A presente Dissertação está composta por três artigos: um de revisão sistemática da literatura, que teve por objetivo identificar a produção científica recente sobre parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões para as mulheres; um quantitativo, que buscou analisar a saúde mental de mulheres brasileiras que vivenciaram ou não uma experiência de parto traumático associado a uma perda perinatal, especialmente eventuais associações entre a experiência traumática e um diagnóstico de TEPT, Transtorno de Ansiedade e/ou Depressão e Satisfação com o parto; e um qualitativo, no qual foi analisado e comparado o processo de luto de mulheres que sofreram uma perda perinatal e perceberam ou não o parto como traumático. A revisão da literatura indicou a escassez de estudos nacionais e internacionais que abordaram conjuntamente a experiência de parto traumático em situações de perda perinatal e suas repercussões no processo de luto. De modo geral, os estudos associaram a experiência de parto nestes casos com a presença de um diagnóstico de TEPT e, apontaram o quanto o atendimento prestado nas maternidades pode ser um fator de risco/proteção em termos de saúde mental para as famílias enlutadas. Já o estudo quantitativo identificou que mulheres que vivenciaram uma perda perinatal e que compreenderam o parto como traumático tenderam a apresentar diagnóstico de TEPT, depressão e/ou ansiedade. Da mesma forma, aquelas que consideraram o atendimento recebido da equipe de saúde na maternidade como violento também tinham mais frequentemente a percepção do parto como traumático e a presença de um diagnóstico de saúde mental. Com relação as análises qualitativas, as mulheres expostas a situações de negligência profissional e que perceberam o parto como traumático tiveram maior dificuldade na vivência do processo de luto, manifesta pela menor facilidade para retomar alguns aspectos de sua vida, maior afastamento da rede de apoio, maior dificuldade para estabelecer um significado para a perda e manter um vínculo contínuo (simbolicamente) com o bebê, assim como referiram mais frequentemente a perda de sentido na vida após a morte do bebê. Entende-se que o maior conhecimento sobre as repercussões da vivência traumática no parto no processo de luto e na saúde mental materna em função de uma perda perinatal, para além de preencher lacunas da literatura científica, promove a desmistificação desses temas, diminuindo a incidência de não reconhecimento do sofrimento parental associado a essas experiências e contribuindo para uma maior qualidade de vida para as mulheres enlutadas.