Nível de insight em pacientes com transtorno obsessivo compulsivo: um estudo exploratório comparativo entre pacientes com “bom insight” e “insight pobre”

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Data
2020
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Editor
Wagner Wessfll
Resumo
Introdução: Insight pode ser definido como a habilidade de perceber e avaliar a realidade externa e separá-la de seus aspectos subjetivos. Também se refere à capacidade de autoavaliar dificuldades e qualidades pessoais. O insight pode ser um preditor de sucesso no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), de modo que indivíduos com insight insuficiente tendem a se tornar refratários ao tratamento. O objetivo deste estudo é investigar os fatores associados ao insight pobre em indivíduos com TOC. Método: Este estudo transversal exploratório utilizou a Brown Belief Assessment Scale como parâmetro para a criação dos grupos de comparação: indivíduos que obtiveram pontuação nula (zero) compuseram o grupo com insight preservado ou bom (n = 148), e aqueles com pontuações acima do percentil 75% compuseram o grupo com insight ruim (n = 124); aqueles com pontuação intermediária foram excluídos. Características sociodemográficas e aspectos clínicos e psicopatológicos, intrínsecos e extrínsecos aos sintomas típicos do TOC, foram comparados em uma análise univariada. Uma regressão logística foi usada para determinar quais fatores associados ao julgamento crítico permaneceram significativos. Resultados: Os indivíduos do grupo de insight pobre diferiram daqueles com bom insight em relação a: uso mais prevalente de neurolépticos (p = 0,05); maior intervalo de tempo não tratado (p <0,001); maior pontuação total na Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale (YBOCS) e os fatores Obsessões e Compulsões (todos os fatores com p <0,001); maiores escores na escala dimensional de Yale Brown Obsessive Compulsive Scale (DY-BOCS) (p de 0,04 a 0,001); maior prevalência das dimensões de sintomas de contaminação / limpeza (p = 0,006) e acúmulo (p <0,001); fenômenos sensoriais mais prevalentes (p = 0,023); níveis mais elevados de depressão (p = 0,007); e comorbidade mais prevalente com transtorno afetivo bipolar (p = 0,05) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) (p = 0,04). Depois de analisar a regressão logística, concluímos que os fatores mais importantes associados ao insight insuficiente são: a presença de algum fenômeno sensorial (OR: 2,24), uso de neurolépticos (OR: 1,66) e sintomas de acumulação (OR: 1,15). Conclusão: A variabilidade do insight em pacientes com TOC parece ser uma característica psicopatológica importante na diferenciação de possíveis subtipos de TOC, uma vez que o insight pobre está associado a fenômenos sensoriais e maior uso de neurolépticos, o que permite conjeturar o papel dos neurocircuitos dopaminérgicos na neurobiologia desta doença. Além disso, também há associação com os sintomas de acúmulo de conteúdo, reconhecidamente um dos conteúdos sintomáticos com menor resposta aos tratamentos convencionais do TOC. Estudos baseados em aspectos neurobiológicos, como neuroimagem e neuropsicologia, podem ajudar a elucidar de forma mais consistente o papel do insight em pacientes com TOC e as repercussões sobre os tratamentos disponíveis.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Insight, Crenças, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Fenômenos Sensoriais, Psicopatologia, [en] Culture, [en] Obsessive-Compulsive Disorder, [en] Psychopathology
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