Avaliação audiológica em crianças com gagueira pré e pós terapia fonoaudiológica
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Data
2021
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Editora
Editor Literário
Resumo
Introdução: Gagueira é um distúrbio caracterizado por uma disruptura
involuntária no fluxo e ritmo de fala, que pode estar associada a fatores
neuroaudiológicos ligados ao processamento auditivo central (PAC). Os
potenciais evocados auditivos de longa latência e os testes comportamentais
que avaliam as habilidades do processamento auditivo central são utilizados
como instrumento para avaliar o PAC em diversas populações com queixas
fonoaudiológicas, assim como para investigar os possíveis efeitos da terapia
fonoaudiológica. Objetivos: Descrever e analisar as respostas obtidas na
avaliação eletrofisiológica e comportamental das habilidades do processamento
auditivo central em crianças com gagueira pré e pós terapia fonoaudiológica.
Além disso, verificar possíveis associações entre os achados audiológicos,
severidade da gagueira e escala Scale of Auditory Behaviors (SAB). Material e
Métodos: Participaram do estudo 18 crianças de 7 a 11 anos, de ambos os
sexos, com gagueira desenvolvimental persistente de leve a grave (grupo
pesquisa), e 18 crianças sem alterações de fala ou linguagem (grupo controle),
pareados por sexo, idade e preferência manual. Foram realizadas avaliações
das habilidades auditivas em dois momentos distintos, pré e pós intervenção,
através de audiometria tonal e vocal, medidas de imitância acústica, potencial
evocado auditivo de tronco encefálico, potencial evocado auditivo de longa
latência (pesquisa da onda P2 e P3) e avaliação comportamental do
processamento auditivo central. Também foi aplicada a escala SAB, a fim de
obter informações qualitativas relacionadas ao PAC. As crianças com gagueira
foram submetidas a terapia fonoaudiológica de PAC semanalmente, durante 6
meses e 12 crianças retornaram para reavaliação. Resultados: Na amostra
estudada, as crianças com gagueira apresentaram maiores valores de latência
das ondas P2 e P3 e menores valores de amplitude de P3 em comparação aos
seus pares fluentes. Além disso, apresentaram pior desempenho nos testes
comportamentais do PAC. Houve associação entre severidade da gagueira e
aumento da latência das ondas P2 e P3, bem como associação entre
pontuação no SAB e latência das ondas P2 e P3. Após terapia fonoaudiológica,
as crianças com gagueira apresentaram diminuição de latência e aumento de
amplitude da onda P3, assim como melhor desempenho nos testes
comportamentais do PAC. Conclusão: Crianças com gagueira apresentam
pior desempenho nas avaliações eletrofisiológicas e comportamentais do
processamento auditivo central quando comparadas a crianças fluentes,
indicando dificuldade nas habilidades atenção auditiva, detecção e
discriminação de um estímulo acústico, memória auditiva, resolução temporal,
de figura-fundo, separação binaural, discriminação de duração, ordenação
temporal, reconhecimento de sons verbais em escuta monótica e dicótica.
Essas habilidades podem ser melhoradas com a terapia fonoaudiológica e a
evolução do processo terapêutico pode ser monitorada por meio dos potenciais
evocados auditivos de longa latência.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Patologia, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Gagueira, Potencial Evocado P300, Audição, Criança, Potenciais evocados, [en] Stuttering, [en] Event-Related Potentials, P300, [en] Hearing, [en] Child, [en] Evoked Potentials