A influência do aporte calórico na recuperação funcional de pacientes criticamente doentes
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Data
2017
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Editor Literário
Resumo
Introdução: A doença crítica está associada a um estado de estresse catabólico em que os pacientes normalmente apresentam uma resposta inflamatória sistêmica. Isto está associado com aumento do risco de infecção, disfunção orgânica, hospitalização prolongada e mortalidade. O suporte nutricional nos doentes críticos tem o objetivo de preservar a massa muscular, manter a função imune e evitar as complicações metabólicas. Sendo assim, é recomendado o início precoce da terapia nutricional nos pacientes criticamente doentes, devendo ser iniciada nas primeiras 24-48 horas após a admissão e com o objetivo de atingir o suporte total em 48-72 horas. A imobilidade, que ocorre frequentemente nos pacientes com doença crítica, leva ao catabolismo e à atrofia muscular. Dessa forma, a imobilidade e o déficit nutricional podem prejudicar a capacidade funcional dos pacientes críticos. Objetivo: Verificar a associação entre o aporte calórico e a recuperação funcional de pacientes que estiveram internados na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI). Método: Coorte prospectiva, onde foram coletados dados referentes a 3 meses antes da internação hospitalar: questões sócio demográficas, informações sobre saúde e hábitos de vida, e grau de independência funcional. Na alta da UTI foram avaliados: força muscular através do Medical Research Council, independência funcional através do índice de Barthel; e aplicada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. No prontuário eletrônico foram coletados dados referentes à internação na UTI e a dieta prescrita e recebida diariamente durante todo o período de internação na UTI. Após 3 meses da alta da UTI foi aplicado novamente o índice de Barthel através do acompanhamento telefônico. Resultados: Foram avaliados 171 pacientes, sendo que 5,85% pacientes receberam < 50% da dieta prescrita, 65,5% pacientes receberam ≥ 50% e < 80% da dieta e 28,65% pacientes receberam ≥ 80% da dieta prescrita. Para fins de análise os pacientes foram separados em dois grupos de adequação nutricional: 28,7% pacientes receberam ≥ 80% do aporte nutricional e 71,3% pacientes receberam < 80% do aporte nutricional calculado e prescrito. Nos 3 meses após a alta, a média do índice de Barthel decaiu para 66,3. Comparando o escore referente a 3 meses antes da internação na UTI com o de 3 meses após a alta da UTI, mostra que 57% apresentaram alguma perda de funcionalidade, porém não houve diferença significativa entre os grupos de adequação nutricional. Conclusão: Há uma grande perda da capacidade funcional dos pacientes que internaram na UTI ao longo de 3 meses, quando comparados previamente à internação. Porém, ao comparar o grupo de pacientes que receberam aporte nutricional adequado (≥ 80%) com o grupo de pacientes que receberam aporte nutricional moderado a baixo (< 80%) não foi demonstrada associação significativa. Nossos dados sugerem que receber < 80% do aporte nutricional parece ser suficiente para a maioria dos pacientes quanto a desfechos em longo prazo. Receber ≥ 80% do aporte nutricional não afetou mortalidade, tempo de internação ou capacidade funcional.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Nutrição, Desnutrição, Reabilitação, Desempenho Funcional, Função Física, Terapia Intensiva, Qualidade de Vida, [en] Nutrition, Public Health, [en] Malnutrition, [en] Rehabilitation, [en] Physical Functional Performance, [en] Critical Care, [en] Quality of Life