Epidemiologia molecular e expressão de genes de virulência de Enterococcus spp. isolados de amostras clínicas no sul do Brasil

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2018
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Resumo
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium são patógenos oportunistas, capazes de causar diferentes tipos de infecções, desde infecções comuns do trato urinário até infecções relacionadas à assistência à saúde. Tal capacidade está diretamente associada à sua habilidade para formar biofilme e à presença de diversos fatores de virulência e genes de resistência, que lhes conferem vantagens seletivas sob condições adversas. Os Enterococos Resistentes à Vancomicina (VRE, do inglês Vancomycin-Resistant Enterococci) têm se tornado cada vez mais comuns em diversas partes do mundo, e sua identificação rápida e precisa, assim como a compreensão de sua disseminação clonal, podem contribuir para o tratamento e controle das infecções causadas por este agente. Neste estudo, avaliamos o desempenho de um meio cromogênico seletivo (ágar chromID™ VRE) na identificação de 184 isolados clínicos de Enterococcus spp. (suscetíveis e resistentes à vancomicina) e cepas de referência. Em segundo lugar, caracterizamos o perfil de suscetibilidade e as relações clonais de 94 VREs, recuperados de pacientes internados em hospitais gerais de Porto Alegre, Brasil. Em terceiro lugar, avaliamos a capacidade de formação de biofilme de 123 isolados clínicos de E. faecalis na presença e ausência de 1% D-(+)-glicose e a expressão de quatro genes relacionados ao biofilme (ebpA, efaA, ace e gelE) em onze isolados clínicos de E. faecalis e cepa ATCC E. faecalis ATCC 29212 por qPCR. Por fim, avaliamos a capacidade de formação de biofilme do isolado E. faecalis V583 na ausência e presença de soro humano (1%, 5%, 25% e 50%) e a expressão de cinco genes de virulência (ebpA, efaA, ace, gelE e asa) em células planctônicas e sésseis por qPCR. Embora o ágar ChromID™ VRE tenha uma alta sensibilidade (95,52%), apresentou também uma baixa especificidade (30%). Todos os VREs foram identificados como Enterococcus faecium e exibiram resistência a altos níveis de vancomicina, resistência à teicoplanina, ampicilina, ciprofloxacina e 13,8% apresentaram resistência a altos níveis gentamicina. Todos os VREs apresentaram o gene vanA, 85,1% o gene esp e 94,7% o gene acm. A tipagem molecular revelou um perfil policlonal, com 79 isolados distribuídos dentro de 23 tipos clonais, enquanto 15 isolados exibiram padrões únicos. Considerando a habilidade para a formação de biofilme, a suplementação com 1% de glicose aumentou significativamente a formação de biofilme entre os isolados de E. faecalis. No entanto, a expressão gênica variou entre eles, mostrando que os padrões de expressão dos genes de virulência podem ser parcialmente dependentes do background genético bacteriano, ao invés de condições exclusivamente ambientais. Por outro lado, foi observada uma inibição da adesão na presença de 5% de soro humano em relação ao grupo controle. As células planctônicas de E. faecalis V583 exibiram aumento da expressão do gene asa em 5%, 25% e 50% de soro humano, enquanto nas células sésseis, os genes efaA, gelE, ace e asa foram significativamente superexpressos em altas concentrações de soro humano (25 % e 50%). Uma melhor compreensão desse processo, bem como a aplicação desses achados in vivo, pode auxiliar na busca de estratégias para o controle da formação do biofilme por esses micro-organismos.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, Resistência a Vancomicina, Fatores de Virulência, Biofilmes, [en] Vancomycin Resistance, [en] Virulence Factors, [en] Biofilms
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