Conexões sensíveis: narrativas de famílias ouvintes com filhos(as) surdos(as) e os desafios no ensino e na saúde
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Data
2024-08-05
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Editor Literário
Resumo
O IBGE registra grande crescimento da comunidade surda, que hoje representa aproximadamente cinco por cento da população brasileira (mais de dez milhões de pessoas). Muitas dessas famílias não conhecem a língua brasileira de sinais nem a identificam como a língua materna do surdo, gerando barreiras comunicacionais, linguísticas e culturais nas relações familiares e no acesso à saúde. As práticas em saúde para surdos pautadas exclusivamente no modelo biológico podem negligenciar aspectos identitários, culturais e linguísticos essenciais para uma abordagem inclusiva. Por isso, este estudo objetiva compreender a comunicação na vida cotidiana entre famílias ouvintes com o(a) filho(a) surdo(a) e a interdependência com a abordagem terapêutica e o envolvimento família-escola, experienciada nos serviços de saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva. Foram entrevistados dez adultos ouvintes responsáveis de crianças surdas (oito famílias), em idade escolar, a respeito de como ocorre e como é construída a comunicação no cotidiano dessas famílias, assim como a interdependência da abordagem terapêutica nos serviços de saúde. Além das entrevistas, os responsáveis preencheram ao checklist da rotina compartilhada família-escola e a ficha de dados sociodemográficos. As entrevistas foram transcritas e analisadas sob a perspectiva da análise de conteúdo de Bardin, que geraram cinco categorias: 1) Descoberta ou conhecimento sobre a surdez do(a) filho(a), 2) Experiência de ter um(a) filho(a) surdo(a), 3) Construção da comunicação entre família ouvinte e filho(a) surdo(a), 4) Motivação para aprender Libras e a escola bilíngue para surdos e 5) Comunicação e interdependência nos espaços de saúde. O aprendizado da Libras pelas famílias para se comunicarem com os sujeitos surdos contribuiu para criar um ambiente linguístico inclusivo e
enriquecedor em casa. Os filhos surdos desenvolvem proficiência na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e na língua portuguesa escrita, além de utilizar tecnologias digitais e comunicação alternativa para melhorar a interação comunicativa. O estudo ressalta a promoção do aprendizado da língua de sinais e destaca o protagonismo da família durante o processo de aquisição linguística. A respeito da análise do checklist, identificou-se que as famílias ouvintes apresentam uma participação restrita nos eventos socioculturais escolares, revelando falta de familiaridade com a instituição, ausência de acompanhamento do desenvolvimento da língua de sinais e enfrentando desafios na comunicação. Em face a tais resultados, construiu-se como produto educativo um objeto de aprendizagem no formato de e-book a ser distribuído de forma digital, para auxiliar na comunicação e aprendizagem da língua de sinais, inserindo as dificuldades identificadas neste estudo, especialmente sobre a interdependência da pessoa surda nos ambientes de saúde e possibilidade de acesso às informações através de Centros de Interpretação da Língua de Sinais existentes em alguns municípios.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Comunicação, Surdez, Saúde, Ensino, LIBRAS, [en] Communication, [en] Deafness, [en] Teaching, [en] Health