Práticas alimentares parentais e dificuldades alimentares na infância e suas implicações no risco nutricional de pacientes pediátricos hospitalizados: um estudo transversal
Data
2022-12-20
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Editora
Editor Literário
Resumo
A família é o principal modelo no desenvolvimento de hábitos e preferências alimentares do
indivíduo. Tal influência pode ser observada desde os primeiros 1000 dias, onde da
concepção à introdução da alimentação complementar, preferências e práticas alimentares
parentais estão presentes, moldando o comportamento alimentar para o longo da vida. No
entanto, estima-se que entre 25% e 40% dos lactentes e crianças pequenas saudáveis
apresentam algum sintoma de dificuldade alimentar sem etiologia médica conhecida. Já entre
as crianças com doenças orgânicas ligadas a desconfortos gastrointestinais e problemas de
desenvolvimento, como prematuridade e baixo peso ao nascer, 33% a 80% apresentam
alguma dificuldade alimentar. Estudos envolvendo crianças não hospitalizadas mostraram que
tanto as práticas alimentares parentais quanto as dificuldades alimentares da própria criança
estão associadas ao seu estado nutricional. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo
verificar a associação entre as práticas alimentares parentais e as dificuldades alimentares na
infância com o risco nutricional em pacientes pediátricos de um hospital de Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo transversal realizado com pacientes pediátricos
hospitalizados, de ambos os sexos, com idades entre 2 e 9 anos. O questionário
Comprehensive Feeding Practices Questionnaire (CFPQ) foi utilizado para avaliação das
práticas alimentares parentais e a Escala Brasileira de Alimentação Infantil (EBAI) para
avaliação das dificuldades alimentares na infância, ambos preenchidos pelo cuidador
principal da criança. A avaliação do risco nutricional foi realizada através da aplicação da
ferramenta de triagem de risco nutricional StrongKids. Noventa e seis pacientes com mediana
de idade de 73,5 meses, sendo 61,5% meninos, participaram do estudo. As especialidades
médicas mais prevalentes foram oncologia (27,1%) e gastroenterologia (21,9%). Vinte e um
(21,9%) pacientes foram classificados com alto risco nutricional, 61 (63,5%) com médio
risco e 14 (14,6%) com baixo risco; e 20 (35,1%) apresentaram algum grau de dificuldade
alimentar. Somente a presença de dificuldades alimentares na infância esteve associada com
o risco nutricional: os pacientes em alto risco nutricional apresentaram escores mais elevados
no EBAI, mesmo controlando a análise pela condição clínica no momento da internação e
pelo escore-z do índice de massa corporal/idade (IMC/I). Ainda, o escore de dificuldades
alimentares foi maior naquelas crianças com redução do consumo alimentar nos dias
anteriores à internação. As práticas alimentares parentais estiveram relacionadas com
questões específicas da StrongKids: o escore de orientação para uma alimentação saudável
foi maior naqueles pacientes que relataram recomendação de intervenção nutricional
preexistente e perda ou pouco ganho de peso, e o escore de pressão para comer foi menor nas
crianças que apresentaram diarréia e/ou vômitos excessivos nos dias anteriores à internação.
Nossos resultados mostraram que o risco nutricional no momento da internação hospitalar se
mostrou associado às dificuldades alimentares, mas não às práticas alimentares parentais.
Outros estudos podem verificar se há associação entre as práticas alimentares dos pais e o
risco nutricional frente a doenças específicas, e se essas podem sofrer influências conforme
patologia, efeitos colaterais ou características particulares da própria criança.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Palavras-chave
Comportamento Alimentar, Criança, Risco Nutricional, Práticas alimentares parentais, Dificuldades alimentares, [en] Feeding Behavior, [en] Child