Estudo prospectivo de pacientes com queixa de cefaleia atendidos em centros terciários no Brasil através de um registro nacional de cefaleia: estudo piloto
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Data
2022
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Editora
Editor Literário
Resumo
A avaliação e o tratamento das cefaleias primárias e secundárias constituem um
desafio em saúde pública global. Reconhecendo o seu impacto epidemiológico e a
importância de qualificar o atendimento aos pacientes acometidos por cefaleia, um
grupo de pesquisadores vinculados à Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe)
propôs a criação e elaborou o protocolo inicial do Registro Brasileiro de Cefaleia, o
REBRACEF. O objetivo desta tese foi avaliar a viabilidade desse protocolo,
descrevendo a metodologia empregada e os dados preliminares obtidos a partir do
estudo piloto. Trata-se de um estudo prospectivo observacional longitudinal
multicêntrico, realizado entre setembro de 2020 e agosto de 2021. Foram coletados
dados prospectivos em três centros especializados no atendimento de cefaleia, em
estados da região sul e sudeste do Brasil. Pacientes com idade igual ou superior a
18 anos e com diagnóstico de cefaleia primária ou secundária, de acordo com os
critérios diagnósticos da Classificação Internacional das Cefaleias, foram
convidados a participar. Sessenta e seis pacientes foram incluídos no estudo piloto,
43 (35%) do Grande do Sul e 23 (35%) de Minas Gerais. Quatorze pacientes
(21,2%) foram excluídos da análise final devido à perda de seguimento na primeira
(6 participantes) ou segunda (8 participantes) entrevista. Da amostra total, 88,5%
eram do sexo feminino, 57,7% eram casados(as), 75% eram indivíduos com alto
grau de escolaridade (12 ou mais anos de escolaridade), 40,4% estavam
empregados(as) e 34,6% apresentavam rendimento familiar mensal entre U$220 e
U$1100 mensais. A idade média da amostra foi 38,5 + 10 anos e a maioria dos
pacientes (61,6%) apresentava história de cefaleia em familiares de primeiro ou de
segundo grau. A maioria dos pacientes (48,5%) consultou nos centros
especializados através de planos de saúde suplementar, 28,8% através do Sistema
Único de Saúde e 13,6% atendidos em clínica privada. As cefaleias primárias
corresponderam a 82,8% dos diagnósticos realizados. Dentre as cefaleias
secundárias, a cefaleia por uso excessivo de medicamentos foi a mais frequente
(7,7%). A maioria (75%) dos pacientes incluídos no estudo piloto recebeu o
diagnóstico de migrânea em seus diversos subtipos. A cronicidade dos sintomas
migranosos foi significativamente relacionada a menores escores na escala de
qualidade de vida (p=0,003) e com maiores escores nas escalas de depressão
(p=0,03), ansiedade (p=0,008) e insônia (p=0,005). Na análise comparativa entre as
entrevistas inicial e de seguimento (realizada 90 dias após a primeira) dos pacientes
com migrânea, ocorreu uma diminuição significativa na intensidade das crises de
cefaleia. Não ocorreu modificação nas categorias de frequência de crises, uso
excessivo de medicamentos sintomáticos, percepção sobre qualidade de vida e
impacto da cefaleia. Os dados do estudo piloto do Registro Brasileiro de Cefaleia
estão em consonância com achados prévios que relacionam os quadros crônicos de
migrânea com pior qualidade de vida, comorbidades psiquiátricas e distúrbios do
sono. O Registro Brasileiro de Cefaleia será uma fonte valiosa de dados
longitudinais e contribuirá para uma melhor caracterização dos diversos fenótipos
dos pacientes com cefaleias primárias e secundárias, o detalhamento do uso dos
recursos em saúde e a identificação dos fatores preditores de um melhor desfecho
clínico.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Cefaleia, Migrânea, Registro, Epidemiologia, [en] Headache, [en] Migraine Disorders, [en] Records, [en] Epidemiology