Impacto da dieta materna no perfil metabólico e comportamental de fêmeas na vida adulta
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Data
2021
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Editora
Wagner Wessfll
Editor Literário
Resumo
Na gravidez ocorrem modificações fisiológicas no organismo materno, gerando um
aumento na necessidade de nutrientes essenciais, a fim de garantir o adequado crescimento e
desenvolvimetno fetal. Durante a gestação o feto é capaz de reagir a situações nutricionais
adversas para o seu desenvolvimento normal e promover adaptações moleculares, celulares e
bioquímicas. Fatores genéticos e ambientais relacionados com a dieta materna podem predispor
a prole a uma séries de doenças importantes, como alterações metabólicas, endócrinas e
cardiovasculares. Nesse contexto o objetivo desta tese foi analisar o impacto da dieta materna
(restrita e hipercalórica) durante a gestação e a lactação no seu perfil metabólico. Bem como,
avaliar aspectos comportamentais e metabólicos da prole fêmea quando adulta. Após
confirmação de prenhez, as fêmeas de camundongos da linhagem BALB/C (n=30) foram
divididas em 3 grupos (n=10 por grupo); dieta controle (CONT), restrição calórica (RD) e
hipercalórica (HD). A prole fêmea foi desmamada com 21 dias e dividida aleatoriamente em
dois grupos que receberam dieta controle ou restrita formando os seguintes grupos:
CONT/CONT, CONT/RD, RD/CONT, RD/RD, HD/CONT, HD/RD. Os filhotes foram
eutanasiados por volta dos 100 dias de vida, após a realização dos testes comportamentais do
campo aberto (CA), labirinto em cruz elevado (LCE) e reconhecimento de objetos a fim de
avaliar a locomoção e medo inato, ansiedade e memória de curta duração. Foram avaliadas
também as concentrações séricas de leptina, insulina, glicose no sangue. No tecido hepático foi
avaliado a presença de esteatose, infiltrado linfocitário e balonamento hepatocelular, além de,
parâmetros de estresse oxidativo. No tecido adiposo visceral foi mensurado o infiltrado
inlfamatório e o tamanho da área dos adipócitos. Já nas mães, foram avaliado no fígado as
concentrações hepáticas de interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α),
presença de esteatose hepática, infiltrado linfocitário e balonamento hepatocelular, além de,
parâmetros de estresse oxidativo, e no tecido adiposo mensuramos o infiltrado inflamatório. As
mães do grupo HD apresentaram alterações no fígado compatíveis com esteato-hepatite não
alcoólica (EHNA) e aumento nas concentrações séricas de TNF-α quando comparado aos
grupos RD e CONT. Não encontramos alterações na formação de espécies reativas de oxigênio
(EROs) no fígado dos diferentes grupos de mães. No entanto, a formação de malondialdeído
(MDA) e a atividade da catalase (CAT) foram maiores no grupo HD das mães quando
comparadas aos grupos RD e CONT respectivamente. As mães RD apresentaram aumento do
infiltrado inflamatório no tecido adiposo quando comparadas ao grupo CONT, evidenciando
alterações causadas pela dieta restritiva. Já na prole observamos aumento na concentração plasmática de glicose de filhotes de mãe HD. A prole adulta das mães RD mostrou uma
diminuição nas concentrações séricas de insulina e leptina quando comparada aos outros grupos
estudados. A exposição da prole a dieta restrita após o desmame promoveu um menor infiltrado
inflamatório no tecido adiposo nos grupos RD/RD e HD/RD quando comparado aos outros
grupos. Já o grupo HD/CONT apresentou maior nível de infiltração de macrófagos, indicando
que a dieta materna associada a dieta consumida ao longo da vida afeta o metabolismo do tecido
adiposo da prole adulta. Ainda nos filhotes, encontramos um efeito da dieta materna sobre o
estresse oxidativo no tecido hepático, onde a atividade da superóxido dismutase (SOD) está
aumentada no grupo RD/RD quando comparada com o HD/RD. Na avaliação do
comportamento de ansiedade e memória não encontramos diferenças significativas entre os
grupos, no entanto, a prole de mães RD exibiu uma diminuição na locomoção na área lateral no
teste do CA. Concluimos que tanto a dieta materna restritiva quanto a hipercalórica causam
prejuízos na saúde materna durante o período de gestação e lactação, e que ambas as dietas
impactaram em parâmetros bioquímicos, no metabolismo lipídico e no comportamento no CA
da prole na vida adulta, mas parecem não afetar o tecido hepático da prole. Podemos concluir
também, que a dieta restrita oferecida após o desmame aos filhotes foi capaz de reverter alguns
efeitos prejudiciais causados pela dieta materna desequilibrada.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Gestação, Lactação, Dieta Restrita, Dieta Hipercalórica, Restrição Calórica, Metabolismo, Comportamento, Estresse Oxidativo, [en] Pregnancy, [en] Caloric Restriction, [en] Metabolism, [en] Behavior, [en] Oxidative Stress