Perda gestacional: um olhar de cuidado para a interrupção da transição para a maternidade

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Data
2021
Autores
Tavares, Sandi Teresinha Nottar da Silva
Título da Revista
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Editora
Wagner Wessfll
Editor Literário
Resumo
Em virtude de intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, mulheres grávidas podem sofrer uma perda gestacional (PG). A morte do bebê durante a gestação repercute de forma intensa e singular nas mulheres e em seus familiares, mobilizando aspectos emocionais muitas vezes difíceis de lidar. A PG acarreta um processo de luto pela perda do bebê e instaura a interrupção do processo de transição para a maternidade, que estava em curso ao longo da gestação, colocando a mulher diante de um trabalho psíquico permeado pela dor. Por isso, o acolhimento das equipes de saúde é um fator importante nesse momento, contribuindo de forma significativa para um melhor desfecho desses processos. O objetivo desta Dissertação foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres enlutadas em função de uma PG tardia e refletir acerca do cuidado prestado no momento da PG (desde a confirmação da morte do bebê até a alta hospitalar após a realização dos procedimentos médicos necessários). Para atingir esses objetivos, primeiramente organizou-se um estudo teórico, que buscou refletir sobre o impacto do cuidado e assistência da equipe de saúde no contexto da PG. Para mediar essa discussão, foi utilizado o conceito de ética do cuidado de Figueiredo (2009/2011) e conceitos correlatos de outros autores, como Freud, Winnicott e Ferenczi Esse estudo possibilitou constatar que o cuidado satisfatório oferecido às mulheres em contexto de PG tem um impacto significativo nessa vivência. Quando esse cuidado não é satisfatório, a vivência é sentida como uma invasão ou como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Assim, aponta-se a necessidade de oferecer um cuidado não apenas centrado em questões técnicas, mas também englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, além de apoio de diferentes formas (por exemplo, informacional). Já o segundo artigo, de caráter empírico, constitui-se em um estudo de casos múltiplos de cunho transversal, no qual participaram quatro mulheres (32 e 33 anos) que tiveram a perda do filho na primeira gestação e não tinham outros filhos. O objetivo desse estudo foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres que vivenciaram uma PG tardia. Para a coleta de dados, utilizou se os seguintes instrumentos: Ficha de Dados Sociodemográficos e Clínicos, Brief Symptom Inventory, Escala de Luto Perinatal (Perinatal Grief Scale) e a Entrevista sobre a Vivência de PG. A análise dos dados permitiu identificar a interrupção do processo de transição para a maternidade, que já vinha sendo desempenhada ao longo da gestação. Essa interrupção foi sentida como dolorosa e provocou uma crise de identidade nas participantes em relação ao status materno, devido à falta de representação psíquica para definir o processo singular de maternidade vivenciado por elas. Assim, conclui-se que a presente Dissertação contribuiu para ampliar a compreensão da PG, ratificando a complexidade desse fenômeno, e fornecendo subsídios para o cuidado às mulheres diante da interrupção do processo de transição para a maternidade.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Perda Gestacional, Luto Materno, Maternidade, Óbito Fetal, Humanização da Assistência, Aborto Espontâneo, [en] Bereavement, [en] Parenting, [en] Fetal Death, [en] Humanization of Assistance, [en] Abortion, Spontaneous
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