Efeitos comportamentais e GABAérgicos da autoadministração oral de cocaína em ratos machos e fêmeas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade induzido por 6-hidroxidopamina
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Data
2015
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Editor Literário
Resumo
O Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é caracterizado por
hiperatividade, desatenção e impulsividade, resultando de uma possível anormalidade cerebral com prejuízos nos sistemas noradrenérgico e dopaminérgico. Há diferenças entre os sexos nos sintomas de TDAH. Os meninos tendem a ser mais hiperativos e impulsivos enquanto as meninas são mais desatentas. Uma das comorbidades mais prevalentes é o transtorno por uso de substâncias. Indivíduos com TDAH têm risco de dependência a drogas, principalmente cocaína e cerca de um quarto dos dependentes possuem TDAH. Uma das explicações para a
associação são os efeitos paradoxais de psicoestimulantes, que reduzem os sintomas da doença. O modelo de lesão dopaminérgica neonatal por 6-hidroxidopamina (6-OHDA) é utilizado para o estudo do TDAH, causando aumento da atividade locomotora em machos. O efeito paradoxal caracteriza-se por uma
diminuição na locomoção após autoadministração de cocaína. Em humanos e em
animais normais as drogas de abuso afetam os sexos de forma diferente, com os indivíduos do sexo feminino progredindo mais rapidamente para a dependência com maior resposta aos efeitos da administração repetida de cocaína. Estudos sugerem
que as mulheres com TDAH apresentariam um maior risco de abuso de cocaína. A disfunção dopaminérgica e noradrenérgica pode interferir nos sistemas glutamatérgico e GABAérgico. O modelo de lesão dopaminérgica causa alterações na expressão de RNAm de subunidades GABAA no córtex pré-frontal, hipocampo e estriado. A exposição subaguda à cocaína modifica a liberação de GABA na área
tegmental ventral e altera os níveis de GABA extracelular no córtex pré-frontal. Há
escassez de estudos neurobiológicos sobre as diferenças sexuais em relação ao TDAH e ao uso de cocaína e as possíveis implicações do sistema GABAérgico, bem como sobre a comparação de autoadministração de cocaína em machos e fêmeas em modelos animais de TDAH. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da autoadministração oral de cocaína no comportamento de ratos machos e fêmeas com TDAH induzido por lesão com 6-OHDA e a associação correspondente com a expressão de RNAm das subunidades dos receptores GABAA no córtex pré-frontal.
Este estudo demonstra que o TDAH diminui os reforços na autoadministração de cocaína. Também foi possível concluir que os machos com TDAH possuem níveis de reforço menores que as fêmeas ao longo da autoadministração. Não houve alterações significativas nas subunidades 1, 2 e 2 do GABAA . Porém, embora não significativo, os machos com TDAH tendem a apresentar um padrão diferente
dos demais grupos de acordo com a subunidade. Existe correlação entre a
expressão de RNAm das diferentes subunidades nas fêmeas normais e correlação do comportamento de reforço com a subunidade 2 nos machos com TDAH. Nossos resultados fornecem informações importantes quanto aos padrões de reforço de drogas em animais induzidos ao transtorno e a implicação do sexo nesses padrões. Demonstra que o efeito paradoxal da cocaína não acontece quando há um alto consumo desta pelos animais com TDAH. Quanto à expressão das subunidades do
receptor GABAA, nossos resultados indicam que pode haver modificações importantes ocasionadas pelo consumo de cocaína em animais com TDAH. Portanto percebe-se a necessidade de mais estudos que verifiquem o consumo de cocaína em animais machos e fêmeas induzidos ao TDAH e as alterações da expressão de subunidades do GABAA relacionados com adição a psicoestimulantes para elucidar as bases comportamentais e neuroquímicas da coexistência desses dois transtornos.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade, Caracteres Sexuais, Córtex Pré-Frontal, GABAérgicos, Ácido gama-Aminobutírico, [en] Attention Deficit Disorder with Hyperactivity, [en] Sex Characteristics, [en] Prefrontal Cortex, [en] GABA Agents, [en] gamma-Aminobutyric Acid