Navegando por Autor "Maia, Gabriela Nunes"
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Item Saúde mental e luto materno: possíveis repercussões sobre o desenvolvimento do bebê(2021) Maia, Gabriela Nunes ; Levandowski, Daniela Centenaro; Bandeira, Denise RuschelEsta Tese de Doutorado objetivou avaliar o desenvolvimento de bebês de seis a 24 meses de vida, buscando verificar possíveis repercussões de aspectos emocionais maternos, em especial, de vivências de perda prévia de filho e de luto materno, sobre o desenvolvimento emocional. Cabe ressaltar que, nesta Tese, “experiência de perda de filho” foi definida como qualquer perda ocorrida desde a gestação até a primeira infância (6 anos). Foram construídos três artigos para elucidar este objetivo. O primeiro artigo é uma revisão sistemática (PROSPERO no CRD42019135655) que buscou investigar possíveis repercussões do luto materno seguida da morte de um filho, durante a gestação, período perinatal e/ou na primeira infância, no desenvolvimento do bebê nascido subsequentemente à perda. Foram seguidas as recomendações PRISMA para a condução do estudo. Dentre os registros localizados, sete artigos foram selecionados e analisados pelo STROBE. Os resultados mostraram-se inconclusivos, uma vez que tanto se constatou associação entre apego inseguro e desorganizado e dificuldades no desenvolvimento motor do bebê nascido subsequentemente à perda, quanto nenhuma associação entre tipo de apego do bebê e luto materno. No segundo artigo, empírico, de caráter misto, buscou-se compreender o processo de luto de quatro mulheres que possuíam filhos nascidos antes e depois de uma perda gestacional (PG), a fim de investigar o potencial traumático desta perda, considerando as perspectivas de Winnicott e Ferenczi, e analisar as eventuais repercussões deste processo na vivência da maternidade. Além de Questionário Sociodemográfico e Clínico (QSC), do Brief Symptom Inventory (BSI) e do Prolonged Grief Disorder-13 (PG13), as mães foram entrevistadas. Analisou-se pela técnica de síntese de casos cruzados. Verificou-se que as mães tanto sentiram que perderam um filho e vivenciaram processo de luto quanto não sentiram e não referiram ter vivenciado luto em decorrência da PG. Observou-se o potencial traumático na vivência da PG, porque nem todas as mulheres experenciam a PG como perda de filho, embora sofram emocionalmente devido a perda. A imaterialidade da PG propicia uma abertura à vulnerabilidade psíquica, podendo repercutir por meio de modificações emocionais na vivência da maternidade. Destacou-se o papel da espiritualidade e da presença de filhos nascidos anteriormente à perda na vivência da PG. Por fim, no terceiro artigo, também empírico, realizou-se um estudo quantitativo e transversal com o objetivo de avaliar associações entre variáveis maternas (presença de perda de um filho desde a gestação até a primeira infância, presença de luto prolongado e aspectos psicopatológicos) e sintomas psicofuncionais (SP) em bebês de seis a 24 meses nascidos após esta perda. A amostra foi composta por 598 díades mãe-bebê. Destas 23% das mães experienciaram algum tipo de perda de filho. Para a coleta de dados, utilizaram-se QSC, Questionário de Sintomas Somáticos do Bebê, BSI, Escala Revisada de Ajustamento Conjugal, Questionário sobre Situações de Perda e Luto Materno e o PG13. Realizou-se estatística descritiva, teste t de Student e testes qui-quadrado para comparação entre grupos de mães com e sem histórico de perda de filho e, por fim, análises de covariância (ANCOVA) com intuito de verificar quais variáveis poderiam ser preditoras de SP nos bebês. Observou-se que mães que perderam um filho não apresentaram mais sintomas psicopatológicos (BSI) do que aquelas que não perderam. Contudo, elas perceberam maior quantidade de sintomas psicofuncionais nos seus filhos nascidos subsequentemente à perda, quando comparados aos bebês de mães sem essa vivência. Além disso, a percepção da qualidade do ajustamento conjugal para as mães do estudo associou-se com a qualidade da saúde mental materna (menor presença de sintomas psicopatológicos). Dessa forma, verifica-se que a experiência de perda de filho seguida pelo nascimento de um novo bebê pode ser complexa e vivenciada das mais diferentes maneiras pelas mulheres. Além disso, a maternidade após a perda parece estar permeada por maiores preocupação da mulher frente a questões de desenvolvimento precoce do bebê, ao mesmo tempo em que o bebê pode estar sinalizando um descompasso na díade mãe-bebê, através de mais SP. Com base nos três estudos que compuseram a Tese, foi possível concluir que a perda de filho é um tema delicado, complexo e multifacetado. Parece existir repercussão da perda prévia de filho na relação mãe- bebê, contudo ainda existem lacunas a serem exploradas. Novos estudos devem empregar avaliação de outras dimensões do desenvolvimento do bebê, bem como considerar acompanhar algumas variáveis ao longo do tempo para a compreensão do processo de enlutamento materno decorrente de perda de filho, tais como o desenvolvimento infantil e a saúde mental materna. Ainda, a adaptação ou criação de novos instrumentos para a avaliação do enlutamento materno mostram-se necessários.Item Sintomas psicofuncionais em bebês de mães jovens: relação com características maternas e contextuais(2017) Maia, Gabriela Nunes; Levandowski, Daniela CentenaroEsse estudo objetivou avaliar e identificar sintomas psicofuncionais (SP) em bebês (seis a 18 meses) de mães jovens (14 a 24 anos), verificando a ocorrência conforme os tipos, de acordo com o instrumento Symptom CheckList (ROBERT-TISSOT ET AL., 1989). Além disso, buscaram-se examinar possíveis diferenças e, também, o papel preditorde aspectos da saúde mental materna (ansiedade – BAI, depressão – MINI-Plus, BDI-II), percepção de ajustamento conjugal (R-DAS), da qualidade do vínculo parental (PBI, tanto em relação ao pai quanto à mãe), do suporte familiar (IPSF) e dos dados sociodemográficos, considerando-se tanto a presença quanto a ausência de sintomas nos bebês. Assim, realizaram-se dois trabalhos: um com caráter quantitativo e outro qualitativo. No primeiro, abrangeu díades com ou sem SP. Os principais achados foram a correlação entre o EPDS e sintomas de medo e de alergia; episódio depressivo maior (MINI-Plus), fator afetivoconsistente (IPSF) e cuidado pai (PBI pai) e sintomas de comportamento; estado civil materno e sintomas de digestão e de respiração e, por fim, doenças físicas da mãe e episódio depressivo maior (MINI-Plus) e sintomas de alimentação. Além disso, algumas variáveis mostraram-se preditor significativos de sintomas dos bebês, o destaque é o EPDS para sintomas de medos e de alergias. Tais achados refletem a riqueza da configuração da maternidade jovem associada à presença de SP, uma vez que perpassa por aspectos subjetivos da dupla, constituição fisico-biológico, características do ambiente e das condições socioeconômicas. O segundo artigo, realizado com as díades em que o bebê apresentava pelo menos um tipo de SP. Encontraram-se dois eixos de entendimento da maternidade jovem: Apoio Social e Construção da Maternidade. O Apoio Social apareceu na figura do companheiro/pai do bebê, da família e da equipe de saúde. Enquanto que na Construção da Maternidade as ideias principais das falas das mães jovens se dividiram em duas linhas de entendimento: Identidade Materna (tornar-se mãe, mudanças, modelos maternos) e Vivências da Maternidade (satisfação, dificuldades e preocupações). Constatou-se a complexidade da experiência da maternidade jovem (saúde mental materna, relacionamento conjugal e familiar, condições socioeconômicas) que, juntamente com as características únicas do seu bebê, representam um momento de transformação e de uma adaptação constante. O apoio social adequado, não apenas prático, mas também emocional, representa um fator de proteção que impacta diferente para cada mãe no processo de construção da maternidade. Estudos futuros, com variados delineamentos metodológicos, precisam explorar os motivos de surgimento e de permanência de SP em bebê de mães jovens para que intervenções precoces possam ser implementadas a fim de impedir que o crescimento e o desenvolvimento desses bebês sejam prejudicados e/ou abalados.