Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde por Autor "Alves, Lucas Primo de Carvalho"
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Item Associação entre traumas na infância e internação psiquiátrica durante a gestação e sua relação com Transtorno de Estresse Pós-traumático(2025-05-20) Oliveira, Vanessa Görniak de; Ferrão, Ygor Arzeno; Alves, Lucas Primo de Carvalho; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeEste estudo investigou a relação entre traumas na infância e a internação psiquiátrica durante a gestação, além da associação destes traumas com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Utilizando um delineamento de estudo observacional do tipo caso-controle, foram analisados três grupos: gestantes internadas em unidade psiquiátrica, mulheres não gestantes internadas em unidade psiquiátrica por transtornos mentais e puérperas sem histórico de internação psiquiátrica na gestação. O objetivo foi compreender o impacto de experiências adversas na infância sobre a saúde mental materna e a necessidade de hospitalização psiquiátrica durante a gestação. A amostra incluiu 149 mulheres, sendo 42 gestantes internadas, 65 não gestantes internadas e 42 puérperas. Os dados foram coletados por meio de questionários sociodemográficos, da Structured Clinical Interview for DSM-5 Disorders (SCID-5) e do Questionário sobre Traumas na Infância (QUESI). A análise estatística foi realizada utilizando testes de qui-quadrado com um nível de significância de 0,05. Os resultados indicaram maior prevalência de abuso emocional, abuso físico, negligência emocional e negligência física entre as gestantes internadas. O abuso sexual, por outro lado, apresentou alta prevalência em todos os grupos. Quando controlados para todos os tipos de trauma, apenas o abuso emocional aumentou em mais de três vezes a chance de internação psiquiátrica durante a gestação (OR = 3,23; IC95% = 1,24 – 8,4). No entanto, as gestantes internadas apresentaram menos negligência emocional do que nãogestantes internadas (OR = 0,42; IC 95% = 0,18 – 0,98). Houve uma maior associação entre traumas na infância e TEPT no ciclo gravídico-puerperal (gestantes e puérperas), no qual foi encontrada associação com abuso emocional, abuso físico, negligência emocional e física, do que no grupo de não gestantes, em que a associação foi apenas marginal com a negligência física. Além disso, a prevalência de Transtorno por Uso de Substâncias (TUS) foi significativamente maior entre as gestantes internadas. O estudo também identificou que o suporte social influencia a saúde mental materna. As puérperas sem internação tiveram maior tendência a morar com o companheiro, sugerindo um fator protetor. Em contraste, gestantes e não gestantes internadas apresentaram maior probabilidade de residir com familiares ou amigos, o que aumentou em mais de três vezes a chance de internação psiquiátrica. Conclui-se que traumas na infância estão fortemente associados à prejuízos em relação à saúde mental de mulheres, especialmente durante a gestação, aumentando o risco de internação psiquiátrica durante a gestação e desenvolvimento de TEPT no período gravídico-puerperal. A pesquisa destaca a necessidade de políticas públicas e intervenções clínicas voltadas à prevenção e tratamento dos traumas na infância. Estudos futuros devem explorar a viabilidade de avaliação de traumas na infância durante o pré-natal, visando melhores desfechos na saúde mental materna.Item Avaliação dos diferentes domínios de atividades físicas na gestação e sua associação com desfechos perinatais em mulheres com transtornos psiquiátricos(2025-05-19) Oliveira, Rafael Lopes Ataídes de; Ferrão, Ygor Arzeno; Alves, Lucas Primo de Carvalho; Scherer, Juliana Nichterwitz; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeO estudo investigou a realização de atividades físicas em gestantes com transtornos psiquiátricos a partir da avaliação de diferentes domínios desfechos perinatais. Fundamentado em uma revisão da literatura sobre saúde mental perinatal e sobre as implicações dos transtornos psiquiátricos durante a gestação, o trabalho enfatiza a necessidade de compreender como a prática de atividade física pode influenciar tanto a saúde mental quanto os desfechos obstétricos. Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo e analítico, realizado com 64 gestantes atendidas em hospital público referência em atendimentos a mulheres em situação de vulnerabilidade clínica e social. Foram utilizados instrumentos padronizados, incluindo a Structured Clinical Interview for DSM-5 Disorders – Clinical Version (SCID-5-CV) para diagnóstico psiquiátrico e o Pregnancy Physical Activity Questionnaire (PPAQ) para avaliação dos níveis e domínios de atividade física, além de questionários para coleta de dados sociodemográficos e clínicos. A amostra apresentou mediana de idade de 29 anos (18-43 anos), baixa escolaridade (17,2% com ensino fundamental incompleto), predomínio de mulheres solteiras (59,4%) e pertencentes à classe social C (48,4%). Embora 84,6% das participantes tenham atingido a recomendação mínima de atividade física semanal, a prática concentrou-se majoritariamente no domínio doméstico (mediana de 315 minutos/semana), enquanto os domínios de lazer, transporte e trabalho apresentaram medianas de zero minutos. Observou-se associação significativa entre níveis mais elevados de atividade física doméstica e ocorrência de intercorrências obstétricas (p=0,009), além de associação entre prática de atividade física vigorosa no lazer e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (p=0,003). Os resultados reforçam que a prática de atividade física, por si só, não garante proteção para a saúde perinatal, sendo essencial considerar o contexto em que ela ocorre. Atividades realizadas predominantemente no ambiente doméstico, associadas a sobrecarga e obrigação, podem não gerar os mesmos benefícios que práticas de lazer, ligadas à autonomia e prazer. Além disso, a associação observada entre atividade física vigorosa no lazer e o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional sugere uma possível causalidade reversa, em que o diagnóstico clínico pode ter motivado o aumento da prática de exercícios como estratégia terapêutica. O estudo reforça a necessidade de estratégias que incentivem práticas voluntárias e prazerosas, especialmente para uma população triplamente vulnerável — marcada pela presença de transtornos psiquiátricos, baixo nível socioeconômico e pelos desafios próprios da gestação —, a fim de promover cuidados mais equitativos e efetivos no período perinatal.