Submissões Recentes

Item
Avaliação da hiper-hidratação avaliada pelo vetor de impedância bioelétrica durante a internação na UTI e associação com desfechos clínicos: um estudo de coorte prospectivo
(2025-03-21) Carneiro, Juliana Umbelino; Silva, Flávia Moraes; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Introdução: A sobrecarga hídrica está associada ao aumento da morbidade e mortalidade em pacientes críticos, porém o melhor método de avaliação do status de hidratação destes pacientes ainda é incerto. Não está claro se o acúmulo de fluidos avaliado por meio da Análise vetorial de impedância bioelétrica (BIVA, do inglês Bioelectrical impedance vector analysis) possui valor prognóstico nesses pacientes. Objetivo: Avaliar as mudanças no status de hidratação de pacientes adultos internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e o valor prognóstico da hiper-hidratação nos primeiros cinco dias de internação. Métodos: Conduzimos um estudo de coorte com coleta prospectiva de dados de pacientes críticos com idade maior ou igual a 18 anos, admitidos em uma UTI mista e com expectativa de permanência na UTI de pelo menos 72 horas. A bioimpedância elétrica (BIA) foi realizada dentro das primeiras 24 horas (D1), em 72 horas (D3) e em 120 horas (D5) para o BIVA. O software BIVA 2002 foi utilizado para traçar os dados de resistência e reatância normalizados para a altura de cada paciente nas elipses de tolerância de 95% e classificar o status de hidratação de cada paciente em: desidratado, normohidratado ou hiper-hidratado. Dados clínicos, sociodemográficos e nutricionais foram coletados na admissão. Os pacientes foram acompanhados até a alta da UTI para avaliação dos desfechos de interesse que incluíram tempo de permanência na UTI e mortalidade na UTI. Resultados: Um total de 330 pacientes (60,48 ± 14,58 anos, 56,6% homens, SAPS III 51,84 ± 15,31) foram avaliados no início do estudo, 206 no D3 e 141 no D5. A hiperhidratação foi observada em 68,2% dos pacientes no D1, 67,0% no D3 e 69,5% no D5, sem mudanças significativas no status de hidratação entre D1 e D3 (p=0,093) ou entre D1 e D5 (p=0,180). Com base nas elipses de confiança da BIVA, observou-se migração vetorial ao longo do tempo, com a posição em D1 diferindo significativamente tanto de D3 (distância de Mahalanobis = 0,24; p = 0,0264) quanto de D5 (distância de Mahalanobis = 0,39; p = 0,0006). Apenas a hiper-hidratação no D3 foi associada a tempo prolongado de internação na UTI (OR = 2,31; IC 95%: 1,06-5,06) e não foi associada à mortalidade. Comparando as elipses de confiança da BIVA, observamos diferenças vetoriais e migrações entre pacientes com tempo prolongado de internação na UTI versus não prolongado em D1 e D3 e em todos os momentos, ao comparar sobreviventes e não sobreviventes. Conclusões: A hiper-hidratação foi altamente prevalente em nossa amostra e persistiu durante toda a fase aguda. Identificamos uma capacidade preditiva significativa para internação prolongada na UTI com base no estado de hiper-hidratação no D3 e diferenças vetoriais consistentes entre sobreviventes e não sobreviventes e pacientes com internação prolongada versus não prolongada na UTI ao longo dos momentos, indicando piora progressiva do estado de hiper-hidratação.
Item
Padrões dietéticos e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: mapeamento da literatura e associação com desfechos clínicos em pacientes ambulatoriais
(2024-12-06) Ignacio, Carolina Carlotto; Silva, Flávia Moraes; Bernardes, Simone; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição
Introdução e Objetivos: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável por elevada morbimortalidade e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Apesar dos avanços no diagnóstico e manejo da doença, ainda existem lacunas importantes no entendimento de fatores modificáveis, como a alimentação, no desenvolvimento e na progressão da DPOC. Evidências emergentes sugerem que padrões dietéticos saudáveis, como a dieta mediterrânea e o Índice de Alimentação Saudável (HEI), podem desempenhar um papel benéfico na função pulmonar, qualidade de vida e desfechos clínicos em pacientes com DPOC. No entanto, a literatura atual carece de dados robustos e consistentes sobre a associação entre a qualidade da dieta e os desfechos clínicos, incluindo capacidade funcional, gravidade da doença e sintomas. Diante disso, é crucial aprofundar a investigação sobre o impacto da alimentação no manejo da DPOC. Esta dissertação teve por objetivo mapear a literatura acerca da relação entre padrões alimentares (PAs) e a presença de DPOC e de desfechos clínicos em portadores da doença e avaliar a associação entre a qualidade da dieta, mensurada através do Healthy Eating Index-2020 (HEI-2020) e desfechos clínicos em pacientes ambulatoriais com DPOC. Métodos: Foram conduzidos dois estudos para responder aos objetivos da presente dissertação: uma revisão de escopo e um estudo transversal. A revisão de escopo foi conduzida seguindo a metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI), com registro na plataforma Open Science Framework e reportada de acordo com o roteiro de relato PRISMA-ScR. A busca da literatura foi realizada nas bases PubMed, Scopus, Embase e Web of Science, utilizando termos relacionados ao contexto (DPOC) e ao conceito (padrões alimenaes). Não houve restrição de idioma ou data de publicação. Dois revisores independentes analisaram os títulos, resumos e textos completos, com apoio das ferramentas Rayyan® e Endnote®, resolvendo possíveis divergências por meio de um terceiro revisor. Os dados foram extraídos utilizando um formulário padronizado no RedCap®, coletando informações sobre objetivos, métodos, características da amostra, instrumentos de avaliação da dieta e resultados. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela Escala de Newcastle-Ottawa (NOS). A análise incluiu agrupamento dos PAs como saudáveis ou não saudáveis, com dados descritos por frequência relativa e absoluta para variáveis categóricas e médias ou medianas para contínuas. O estudo transversal foi realizado com pacientes com DPOC atendidos consecutivamente em um ambulatório de um hospital no sul do Brasil, entre janeiro de 2019 e julho de 2024, com interrupção durante a pandemia de COVID-19. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (nº 6.690.341 os participantes assinaram o termo de consentimento, sendo elegíveis se idade superior a 18 anos, com diagnóstico confirmado de DPOC por espirometria, sem aconselhamento dietético nos 6 meses anteriores e capazes de preencher o registro alimentar de 3 dias. Foram excluídos pacientes com outras doenças pulmonares e aqueles com ingestão energética fora do intervalo de confiança de 90% da distribuição do consumo de calorias na amostra estudada. Foram coletados dados cínicos, nutricionais e sócio-demográficos para caracterização da amostra. O consumo alimentar foi avaliado por 3 dias de registro alimentar e a qualidade da dieta avaliada pelo HEI-2020, sem o componente “ingestão de sódio”, sendo os pacientes agrupados de acordo com os tercis do escore em “baixo HEI-2020”, “médio HEI2020” e “alto HEI-2020”. Os desfechos de interesse incluíram severidade da DPOC de acordo com os critérios GOLD, teste de caminhada de 6 minutos, qualidade de vida avaliada pelo questionário Saint George, gravidade da dispneia avaliada pela escala MC modificada e prognóstico avaliado pelo índice BODE. A análise estatística foi realizada no software R por meio dos testes ANOVA, Kruskal-Wallis, e regressão logística ajustada para fatores clínicos relevantes. Resultados: Foram incluídos 24 estudos na revisão de escopo, sendo que 83,3% investigaram o papel de PAs na etiologia da DPOC, enquanto 16,7% analisaram os desfechos relacionados à saúde em portadores de DPOC. Questionários de frequência alimentar (75%) foram frequentemente empregados para avaliação do consumo alimentar. 67% estudos avaliaram PAs definidos a priori, com foco na Dieta Mediterrânea (MedDiet) e no HEI, enquanto 33,3% analisaram PAs definidos a posteriori, representados principalmente pelos padrões “Dieta prudente” e “dieta tradicional”. 60% dos estudos demonstraram associações significativas entre PAs e risco/ chances de DPOC. No entanto, os estudos que examinaram PAs e desfechos em pacientes com DPOC apresentarem resultados inconsistentes. Foram incluídos no estudo transversal 99 pacientes elegíveis (63,6% mulheres, 67,2 ± 8.4 anos, 81,8% de etnia auto relatada branca, 86,9% ex-tabagista). Os estágios GOLD mais frequentes foram 3 (34,3%) e 2 (33,3%), e um terço da amostra apresentou o fenótipo de exacerbador (34,4%). A média do escore HEI-2020 foi 56,55 ± 8,43. Não foram observadas diferenças significativas na gravidade da DPOC, intensidade da dispneia, qualidade de vida, capacidade funcional ou frequência do fenótipo de exacerbador entre os tercis de qualidade dietética. No entanto, pacientes com pior prognóstico foram mais frequentes (p = 0,047) no primeiro (51,5%) e no terceiro (48,5%) tercis em comparação com o segundo tercil (30,3%). Essa associação, no entanto, não foi mantida na análise multivariada [OR (segundo tercil) = 2,29; IC 95%: 0,71–7,38; OR terceiro tercil) = 0,54; IC 95%: 0,17–1,69]. Conclusões: O mapeamento da literatura sugere que padrões dietéticos saudáveis estão associados à menor chance de indivíduos apresentarem DPOC, embora a relação entre desfechos clínicos e adesão à padrões dietéticos em portadores de DPOC tenha sido pouco explorada até o momento. Em estudo envolvendo amostra de pacientes com DPOC em acompanhamento ambulatorial, a qualidade da dieta avaliada pelo HEI-2020 não foi associada à severidade do DPOC, qualidade de vida, sispneia, capacidade funcional e prognóstico, possivelmente pelo baixo escore do índice evidenciada entre os participantes do estudo. O conjunto de evidências reforça a necessidade de estudos futuros explorando a relação entre padrões dietéticos e desfechos clínicos nessa população.
Item
Strategies for pricing supplementary health plans in Brazil navigating complexities and enhancing accessibility
(2025-06-11) Silva, Fernanda Beatriz Junges da; Mastella, Mauro; Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Informação e Gestão em Saúde
Introdução: O mercado de planos de saúde suplementar no Brasil é complexo devido a mudanças populacionais, regulamentação e dificuldades fiscais. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) forneça cuidados fundamentais, a crescente demanda por planos de saúde privados reflete lacunas na acessibilidade e na capacidade de pagamento. A sustentabilidade financeira foi uma preocupação fundamental, uma vez que o número de Operadoras de Planos de Saúde diminuiu de 2.037 para 696 entre 2000 e 2022. O cálculo atuarial é central para a gestão do risco de subscrição e da viabilidade a longo prazo. Os avanços na modelagem preditiva apresentam benefícios potenciais em termos de melhoria da política de preços, alcançando um equilíbrio entre sustentabilidade e acessibilidade. Objetivos: Este estudo teve como objetivo analisar a eficácia de uma metodologia de precificação de planos de saúde suplementar e desenvolver um protótipo para sua implementação. Especificamente, buscou (I) identificar metodologias de precificação prevalentes por meio de uma revisão integrativa, (II) avaliar a sensibilidade da metodologia selecionada em múltiplos cenários e (III) desenvolver um protótipo em conformidade com as regulamentações da ANS. Métodos: Uma revisão sistemática da literatura identificou metodologias-chave e variáveis preditivas na previsão de custos de planos de saúde. Com base nesses achados, um protótipo foi desenvolvido integrando análise de dados históricos e regressão linear múltipla. O desempenho do modelo foi validado por meio de um estudo de caso, testando diferentes margens de segurança para avaliar sua eficácia na previsão de taxas de sinistralidade e custos de planos de saúde. Resultados: O protótipo demonstrou fortes capacidades preditivas, particularmente com dados históricos recentes e uma margem de segurança de 99%, melhorando a precisão da precificação para planos corporativos. No entanto, a incorporação de dados mais antigos reduziu a precisão devido à dinâmica do mercado e à inflação médica. O Plano Corporativo Regional apresentou a maior taxa de sucesso preditivo (88% dos cenários atingindo a taxa de sinistralidade alvo), enquanto o Plano Corporativo Nacional exibiu maior variabilidade de custos, exigindo refinamento. Conclusões: O estudo apresenta um modelo de precificação atuarial que aprimora a sustentabilidade financeira em planos de saúde suplementar. Os resultados indicam que uma abordagem atuarial estruturada melhora a previsibilidade de custos, auxiliando as operadoras a manter o equilíbrio financeiro. Pesquisas futuras devem explorar modelos híbridos combinando técnicas estatísticas com aprendizado de máquina e desenvolver ferramentas de apoio à decisão para uma gestão mais eficaz de planos de saúde.
Item
Transformando resíduos de alimentos em moda sustentável: tingimento natural em tecidos com baixo impacto ao meio ambiente e à saúde, inspirando o consumo consciente através do slow fashion
(2024-11-26) Dorneles, Leticia Marinho; Cunha, Ana Cristina Borba da; Amaral, Simone Schneider; Química Medicinal
Os corantes naturais são utilizados há muito tempo para modificar a coloração de diferentes tipos de fibras têxteis, sendo bastante aplicado no século XIX. Entretanto, a utilização de corantes sintéticos destacou-se na indústria têxtil devido às suas boas propriedades de solidez da coloração em comparação aos corantes naturais, que por sua vez caíram em desuso. No cenário atual, tem surgido uma preocupação ambiental por parte dos consumidores em relação à sustentabilidade dos produtos utilizados, pois sabe-se que os corantes sintéticos são fonte poluidora ao meio ambiente. Desta forma, os corantes naturais têm se destacado por serem uma alternativa mais sustentável. Os resíduos orgânicos, como as cascas de cebola e grãos de feijão preto possuem em sua composição química, compostos fenólicos, como os flavonoides, que são responsáveis por conceder-lhes o seu pigmento característico. No presente trabalho, os resíduos de cebola amarela e roxa, feijão preto e açafrão foram utilizados como corantes naturais para a elaboração de tecnologias sustentáveis de tingimento natural de tecidos de algodão, utilizando como mordentes três tipos principais: cloreto de sódio, acetato de ferro e acetato de cobre, o pH do meio reacional é alterado conforme a metodologia utilizada, podendo ser modificado para ácido, neutro ou básico. Com a combinação distinta desses diferentes tipos de corantes, mordentes e alterando o pH do meio reacional, foi possível obter diferentes resultados com uma gama de colorações e tonalidades. A partir destes resultados, foram realizados dois testes de solidez de cor, o primeiro teste com a escala cinza e o outro teste realizado com a exposição solar. Também foram realizados testes para avaliar a influência da temperatura no processo de tingimento natural, a fim de otimizar as variáveis do processo de tingimento. Acredita-se que os resultados obtidos são novas estratégias de inovação e padronização de metodologias sustentáveis de tingimentos naturais, reduzindo os impactos ambientais por serem menos nocivos ao meio ambiente em comparação com os corantes sintéticos, além de promover a economia circular.
Item
Compreendendo a saúde mental de estudantes universitárias: padrões de beleza e a imagem corporal
(2024-10-29) Ihongues, Rafaella Isadora Peres; Diehl, Luisa Amalia; Lima, Ana Amélia Antunes; Enfermagem
Introdução: A beleza feminina é constantemente um alvo de críticas e opiniões da sociedade sobre como devem ser e padrões populares que devem seguir. Padrões os quais ao longo da história sempre foram disseminados pelas mídias, e atualmente, pelas redes sociais que estão presentes diariamente no cotidiano das pessoas. Com isso, a busca por um corpo dentro dos padrões fica ainda mais frequente, levando a preocupações excessivas com a aparência física, emoções negativas e sérias consequências na saúde mental, em especial das mulheres. Objetivo Geral: Descrever, a partir da perspectiva das participantes, como a compreensão do padrão de beleza e a saúde mental, de estudantes universitárias, podem ser influenciadas pelas mídias sociais. Método: Pesquisa qualitativa, de caráter descritivo exploratório. As participantes foram mulheres, maiores de 18 anos, estudantes devidamente matriculadas na UFCSPA, selecionadas a partir de um questionário eletrônico. A coleta de dados ocorreu por meio da técnica de grupo focal e a análise dos dados seguiu as etapas da análise de conteúdo de Bardin. O estudo seguiu as diretrizes de pesquisa com seres humanos previstas pelas Resoluções 466/2012 e 510/2016 e teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA. Resultados: Emergiram três categorias temáticas a fim de dialogar com a literatura: Padrões de beleza e o imediatismo, redes sociais e a insatisfação corporal e Influência familiar na vigilância corporal. As duas primeiras já foram previstas no projeto de pesquisa e a última surgiu inesperadamente durante os diálogos do grupo focal.