Análise molecular de Staphylococcus aureus resistente à meticilina e com reduzida susceptibilidade à vancomicina isolados em Porto Alegre, RS, Brasil

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Data
2017
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Resumo
Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é uma das causas mais frequentes de infecções relacionadas à assistência à saúde e comunitárias, e com seu avanço, à vancomicina tornou-se a principal opção terapêutica. Entretanto, o seu uso indiscriminado favoreceu o surgimento de MRSA tolerante (VT-MRSA) e com reduzida susceptibilidade à vancomicina (hVISA e VISA), comumente associados com falhas no tratamento, bacteremia persistente, hospitalização prolongada e desfechos clínicos adversos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar as características moleculares de isolados clínicos de MRSA com e sem susceptibilidade reduzida à vancomicina. Este estudo observacional transversal foi realizado com 177 MRSA isolados entre 2012 e 2014 de hospitais em Porto Alegre, RS, Brasil. Para todos os isolados foi determinado o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos, a concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima (CBM). A triagem para hVISA foi conduzida em ágar BHI contendo 3 e 6 μg/mL de vancomicina (BHIA-3V e BHIA-6V), e a confirmação do fenótipo foi determinada através da Análise do Perfil Populacional - Área Abaixo da Curva (PAP-AUC). A detecção dos genes de virulência e a tipagem molecular do SCCmec e agr foi realizada por PCR convencional e PCR multiplex, respectivamente. Dos 177 MRSA, 13,6% foram tolerantes e 5,1% heterorresistentes à vancomicina, sendo significativa a presença de hVISA entre os VT-MRSA (p < 0,001). Baixos níveis de resistência foram observados para tetraciclina (22,0%), sulfametoxazol-trimetoprima (27,1%) e rifampicina (31,1%). Porém, em isolados de hVISA estes antimicrobianos demonstraram pior desempenho do que em não-hVISA. Os genes de virulência mais frequentes nos isolados foram hld (90,4%) e hla (87,6%). Entre os VT-MRSA, a presença do SCCmec II foi significativamente maior do que em MRSA (p = 0,025), enquanto o SCCmec III foi predominante entre os MRSA e hVISA. O polimorfismo do agr predominante entre os MRSA, VT-MRSA e hVISA foi do tipo II, sendo significativa a presença deste em VT-MRSA (p = 0,032) e hVISA (p = 0,046). Isolados com agr II e SCCmec II ou III, que são susceptíveis à vancomicina por testes convencionais, poderiam estar associados a falhas no tratamento com vancomicina, talvez porque apresentam reduzida susceptibilidade à vancomicina, não detectada rotineiramente. Nesse contexto, estudos como este são essenciais para a tomada de decisão clínica na escolha do antimicrobiano adequado para o tratamento das infecções causadas por esses microrganismos multirresistentes.
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Palavras-chave
Agr, Genes de Virulência, hVISA, SCCmec, VT-MRSA
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