Padrões dietéticos e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: mapeamento da literatura e associação com desfechos clínicos em pacientes ambulatoriais
dc.contributor.advisor | Silva, Flávia Moraes | pt_BR |
dc.contributor.advisor-co | Bernardes, Simone | pt_BR |
dc.contributor.author | Ignacio, Carolina Carlotto | pt_BR |
dc.contributor.department | Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2025-07-16T18:38:27Z | |
dc.date.available | 2025-07-16T18:38:27Z | |
dc.date.date-insert | 2025-07-16 | |
dc.date.issued | 2024-12-06 | |
dc.description | Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. | pt_BR |
dc.description.abstract | Introdução e Objetivos: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável por elevada morbimortalidade e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Apesar dos avanços no diagnóstico e manejo da doença, ainda existem lacunas importantes no entendimento de fatores modificáveis, como a alimentação, no desenvolvimento e na progressão da DPOC. Evidências emergentes sugerem que padrões dietéticos saudáveis, como a dieta mediterrânea e o Índice de Alimentação Saudável (HEI), podem desempenhar um papel benéfico na função pulmonar, qualidade de vida e desfechos clínicos em pacientes com DPOC. No entanto, a literatura atual carece de dados robustos e consistentes sobre a associação entre a qualidade da dieta e os desfechos clínicos, incluindo capacidade funcional, gravidade da doença e sintomas. Diante disso, é crucial aprofundar a investigação sobre o impacto da alimentação no manejo da DPOC. Esta dissertação teve por objetivo mapear a literatura acerca da relação entre padrões alimentares (PAs) e a presença de DPOC e de desfechos clínicos em portadores da doença e avaliar a associação entre a qualidade da dieta, mensurada através do Healthy Eating Index-2020 (HEI-2020) e desfechos clínicos em pacientes ambulatoriais com DPOC. Métodos: Foram conduzidos dois estudos para responder aos objetivos da presente dissertação: uma revisão de escopo e um estudo transversal. A revisão de escopo foi conduzida seguindo a metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI), com registro na plataforma Open Science Framework e reportada de acordo com o roteiro de relato PRISMA-ScR. A busca da literatura foi realizada nas bases PubMed, Scopus, Embase e Web of Science, utilizando termos relacionados ao contexto (DPOC) e ao conceito (padrões alimenaes). Não houve restrição de idioma ou data de publicação. Dois revisores independentes analisaram os títulos, resumos e textos completos, com apoio das ferramentas Rayyan® e Endnote®, resolvendo possíveis divergências por meio de um terceiro revisor. Os dados foram extraídos utilizando um formulário padronizado no RedCap®, coletando informações sobre objetivos, métodos, características da amostra, instrumentos de avaliação da dieta e resultados. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela Escala de Newcastle-Ottawa (NOS). A análise incluiu agrupamento dos PAs como saudáveis ou não saudáveis, com dados descritos por frequência relativa e absoluta para variáveis categóricas e médias ou medianas para contínuas. O estudo transversal foi realizado com pacientes com DPOC atendidos consecutivamente em um ambulatório de um hospital no sul do Brasil, entre janeiro de 2019 e julho de 2024, com interrupção durante a pandemia de COVID-19. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (nº 6.690.341 os participantes assinaram o termo de consentimento, sendo elegíveis se idade superior a 18 anos, com diagnóstico confirmado de DPOC por espirometria, sem aconselhamento dietético nos 6 meses anteriores e capazes de preencher o registro alimentar de 3 dias. Foram excluídos pacientes com outras doenças pulmonares e aqueles com ingestão energética fora do intervalo de confiança de 90% da distribuição do consumo de calorias na amostra estudada. Foram coletados dados cínicos, nutricionais e sócio-demográficos para caracterização da amostra. O consumo alimentar foi avaliado por 3 dias de registro alimentar e a qualidade da dieta avaliada pelo HEI-2020, sem o componente “ingestão de sódio”, sendo os pacientes agrupados de acordo com os tercis do escore em “baixo HEI-2020”, “médio HEI2020” e “alto HEI-2020”. Os desfechos de interesse incluíram severidade da DPOC de acordo com os critérios GOLD, teste de caminhada de 6 minutos, qualidade de vida avaliada pelo questionário Saint George, gravidade da dispneia avaliada pela escala MC modificada e prognóstico avaliado pelo índice BODE. A análise estatística foi realizada no software R por meio dos testes ANOVA, Kruskal-Wallis, e regressão logística ajustada para fatores clínicos relevantes. Resultados: Foram incluídos 24 estudos na revisão de escopo, sendo que 83,3% investigaram o papel de PAs na etiologia da DPOC, enquanto 16,7% analisaram os desfechos relacionados à saúde em portadores de DPOC. Questionários de frequência alimentar (75%) foram frequentemente empregados para avaliação do consumo alimentar. 67% estudos avaliaram PAs definidos a priori, com foco na Dieta Mediterrânea (MedDiet) e no HEI, enquanto 33,3% analisaram PAs definidos a posteriori, representados principalmente pelos padrões “Dieta prudente” e “dieta tradicional”. 60% dos estudos demonstraram associações significativas entre PAs e risco/ chances de DPOC. No entanto, os estudos que examinaram PAs e desfechos em pacientes com DPOC apresentarem resultados inconsistentes. Foram incluídos no estudo transversal 99 pacientes elegíveis (63,6% mulheres, 67,2 ± 8.4 anos, 81,8% de etnia auto relatada branca, 86,9% ex-tabagista). Os estágios GOLD mais frequentes foram 3 (34,3%) e 2 (33,3%), e um terço da amostra apresentou o fenótipo de exacerbador (34,4%). A média do escore HEI-2020 foi 56,55 ± 8,43. Não foram observadas diferenças significativas na gravidade da DPOC, intensidade da dispneia, qualidade de vida, capacidade funcional ou frequência do fenótipo de exacerbador entre os tercis de qualidade dietética. No entanto, pacientes com pior prognóstico foram mais frequentes (p = 0,047) no primeiro (51,5%) e no terceiro (48,5%) tercis em comparação com o segundo tercil (30,3%). Essa associação, no entanto, não foi mantida na análise multivariada [OR (segundo tercil) = 2,29; IC 95%: 0,71–7,38; OR terceiro tercil) = 0,54; IC 95%: 0,17–1,69]. Conclusões: O mapeamento da literatura sugere que padrões dietéticos saudáveis estão associados à menor chance de indivíduos apresentarem DPOC, embora a relação entre desfechos clínicos e adesão à padrões dietéticos em portadores de DPOC tenha sido pouco explorada até o momento. Em estudo envolvendo amostra de pacientes com DPOC em acompanhamento ambulatorial, a qualidade da dieta avaliada pelo HEI-2020 não foi associada à severidade do DPOC, qualidade de vida, sispneia, capacidade funcional e prognóstico, possivelmente pelo baixo escore do índice evidenciada entre os participantes do estudo. O conjunto de evidências reforça a necessidade de estudos futuros explorando a relação entre padrões dietéticos e desfechos clínicos nessa população. | pt_BR |
dc.description.abstract-en | Rationale and Objectives: Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) is a chronic respiratory condition that affects millions of people worldwide, leading to high morbidity and mortality rates and significantly impacting patients' quality of life. Despite advances in the diagnosis and management of the disease, important gaps remain in understanding modifiable factors, such as diet, in the development and progression of COPD. Emerging evidence suggests that healthy dietary patterns, such as the Mediterranean Diet and the Healthy Eating Index (HEI), may play a beneficial role in pulmonary function, quality of life, and clinical outcomes in COPD patients. However, the current literature lacks robust and consistent data on the association between diet quality and clinical outcomes, including functional capacity, disease severity, and symptoms. Therefore, it is crucial to investigate the impact of diet on COPD management. This dissertation aimed to map the literature regarding the relationship between dietary patterns (DP) and the presence of COPD, as well as clinical outcomes in COPD patients, and to evaluate the association between diet quality, measured by the Healthy Eating Index-2020 (HEI-2020), and clinical outcomes in outpatient COPD patients. Methods: Two studies were conducted to address the objectives of this dissertation: a scoping review and a cross-sectional study. The scoping review was conducted following the Joanna Briggs Institute (JBI) methodology, with registration on the Open Science Framework platform and reporting according to the PRISMA-ScR guidelines. The literature search was performed in the PubMed, Scopus, Embase, and Web of Science databases using terms related to the context (COPD) and the concept (dietary patterns). No restrictions were applied regarding language or publication date. Two independent reviewers analyzed the titles, abstracts, and full texts, with support from Rayyan® and Endnote® tools, resolving discrepancies through a third reviewer. Data were extracted using a standardized form in RedCap®, collecting information on objectives, methods, sample characteristics, diet assessment instruments, and outcomes. The methodological quality of the studies was assessed using the Newcastle-Ottawa Scale (NOS). The analysis included the classification of dietary patterns as healthy or unhealthy, with data described by relative and absolute frequencies for categorical variables and means or medians for continuous variables. The cross-sectional study was conducted with COPD patients consecutively attending an outpatient clinic at a hospital in southern Brazil between January 2019 and July 2024, with a break during the COVID-19 pandemic. The project was approved by the Ethics Committee (No. 6.690.341), and participants signed the consent form. Patients were eligible if they were older than 18 years, had a confirmed diagnosis of COPD by spirometry, had not received dietary counseling in the previous 6 months, and were able to complete a 3-day food diary. Patients with other pulmonary diseases and those with energy intake outside the 90% confidence interval of the calorie distribution in the sample were excluded. Clinical, nutritional, and socio-demographic data were collected for sample characterization. Dietary intake was assessed using a 3-day food record, and diet quality was evaluated using the HEI-2020, excluding the "sodium intake" component. Patients were grouped according to tertiles of the HEI-2020 score as "low HEI-2020," "medium HEI-2020," and "high HEI-2020." The outcomes of interest included COPD severity according to GOLD criteria, 6-minute walk test, quality of life assessed by the Saint George Questionnaire, dyspnea severity assessed by the modified MC scale, and prognosis evaluated by the BODE index. Statistical analysis was performed using R software with ANOVA, Kruskal-Wallis tests, and logistic regression adjusted for relevant clinical factors. Results: 24 studies were included in the scoping review, with 83.3% investigating the role of dietary patterns in the etiology of COPD, while 16.7% examined health-related outcomes in COPD patients. Food frequency questionnaires (75%) were frequently used for dietary assessment. Sixty-seven percent of the studies evaluated a priori-defined dietary patterns, focusing on the Mediterranean Diet (MedDiet) and the HEI, while 33.3% analyzed a posterioridefined dietary patterns, primarily represented by the "Prudent Diet" and "Traditional Diet" patterns. Sixty percent of the studies showed significant associations between dietary patterns and COPD risk/odds. However, studies examining dietary patterns and outcomes in COPD patients showed inconsistent results. In the cross-sectional study, 99 eligible patients were included (63.6% women, 67.2 ± 8.4 years, 81.8% self-reported white ethnicity, 86.9% exsmokers). The most frequent GOLD stages were 3 (34.3%) and 2 (33.3%), and one-third of the sample exhibited the exacerbator phenotype (34.4%). The mean HEI-2020 score was 56.55 ± 8.43. No significant differences in COPD severity, dyspnea intensity, quality of life, functional capacity, or exacerbator phenotype frequency were observed across tertiles of diet quality. However, patients with a worse prognosis were more frequent (p = 0.047) in the first (51.5%) and third (48.5%) tertiles compared to the second tertile (30.3%). This association, however, was not retained in multivariate analysis [OR (second tertile) = 2.29; 95% CI: 0.71–7.38; OR (third tertile) = 0.54; 95% CI: 0.17–1.69]. Conclusions: The literature mapping suggests that healthy dietary patterns are associated with a lower likelihood of individuals developing COPD, although the relationship between clinical outcomes and adherence to dietary patterns in COPD patients has been understudied. In a study involving a sample of outpatients with COPD, diet quality assessed by the HEI-2020 was not associated with COPD severity, quality of life, dyspnea, functional capacity, or prognosis, possibly due to the low HEI score observed among study participants. The body of evidence reinforces the need for future studies exploring the relationship between dietary patterns and clinical outcomes in this population. | en |
dc.identifier.uri | https://repositorio.ufcspa.edu.br/handle/123456789/3342 | |
dc.language.iso | pt_BR | pt_BR |
dc.relation.requires | TEXTO - Adobe Reader | pt_BR |
dc.rights | Acesso Aberto Imediato | pt_BR |
dc.rights.uri | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/ | |
dc.subject | Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica | pt_BR |
dc.subject | Alimentos, Dieta e Nutrição | pt_BR |
dc.subject | Qualidade da Dieta | pt_BR |
dc.subject | Comportamento Alimentar | pt_BR |
dc.subject | [en] Pulmonary Disease, Chronic Obstructive | en |
dc.subject | [en] Diet, Food, and Nutrition | en |
dc.subject | [en] Diet Quality | en |
dc.subject | [en] Feeding Behavior | en |
dc.title | Padrões dietéticos e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: mapeamento da literatura e associação com desfechos clínicos em pacientes ambulatoriais | pt_BR |
dc.type | Dissertação | pt_BR |
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