Satisfação no Trabalho e Percepção de Suporte Organizacional em Motoristas de Transporte Particular por Aplicativo no Rio Grande do Sul
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Data
2023-12-07
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Editor Literário
Resumo
Fenômenos como a globalização da economia e o avanço tecnológico pautada em
uma agenda neoliberal têm uma nova organização mundial do trabalho. A chamada economia
de plataforma designa um modelo de negócio no qual demandas de trabalho e prestações de
serviços são geridas através de plataformas ou aplicativos. Esta relação de trabalho se
caracteriza pela falta de vínculo empregatício e, consequentemente, regulamentação
trabalhista. Entre os serviços oferecidos pelas empresas de plataforma estão, principalmente,
transporte particular de passageiros e entregas de mercadorias. Com mais de 5 milhões de
motoristas cadastrados em 2020, a Uber é a maior empresa de transporte particular por
aplicativo do mundo. Devido ao sucesso da empresa, o termo uberização tem sido utilizado
para designar este tipo de vínculo de trabalho. No Brasil, segundo relatório do IPEA, a
população de motoristas de aplicativo era de 1.1 milhões em outubro de 2021, um aumento
de 37% em relação ao primeiro trimestre de 2016. Este rápido avanço da economia de
plataforma tem provocado amplas discussões no mundo do trabalho, principalmente sobre os
prejuízos deste modelo de negócio para a saúde dos trabalhadores. Entre as principais
discussões estão as grandes jornadas de trabalho, a baixa remuneração, a falta de suporte
fornecido pela plataforma aos trabalhadores e a ausência de direitos trabalhistas. Tendo em
vista o papel central do trabalho na saúde do trabalhador, este estudo teve como objetivo
avaliar a satisfação com o trabalho e a percepção de suporte organizacional em motoristas de
aplicativo. Foi realizado um estudo de caráter exploratório, descritivo e transversal, de
abordagem quantitativa com 19 motoristas de aplicativo, utilizando como instrumentos um
questionário sociodemográfico, um questionário baseado na literatura, para conhecer aspectos
específicos da relação de trabalho com a empresa-aplicativo, e as escalas de Satisfação no
Trabalho e de Suporte Laboral. Como critérios de inclusão, os participantes deveriam ser
devidamente cadastrados e trabalhar regularmente como motoristas de alguma
empresa-aplicativo de transporte particular de passageiros no Estado do Rio Grande do Sul.
Para análise dos dados levantados através dos instrumentos foram utilizadas análises
estatísticas descritivas e inferenciais adequadas aos objetivos do estudo. Observou-se que
73,7% apresentaram insatisfação com o trabalho e 84,2% percebem baixos níveis de suporte
organizacional oferecido pelas plataformas. Em relação às dimensões da Escala de Satisfação
no Trabalho (EST), a satisfação com o salário e a satisfação com as promoções obtiveram os
menores escores médios, enquanto a satisfação com os colegas obteve a maior média entre os
respondentes. Em relação à Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO), a grande
maioria dos participantes (84,2%) teve escores que indicam percepção de baixo suporte
organizacional oferecido pelas plataformas; 10,5% tem dúvidas a respeito e apenas um
respondente (5,3%) considera que as empresas oferecem suporte organizacional. Também
identificou-se que exposição a riscos, excesso de horas trabalhadas e falta de suporte laboral
foram temas centrais dos dados qualitativos analisados. Devido às suas características
recentes e voláteis carecem de meios adaptados para a investigação sobre o fenômeno, o que
reafirma a importância da realização de mais estudos sobre o tema.
Descrição
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)-Psicologia, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Uberização, Precarização do trabalho, Satisfação no trabalho, Suporte Organizacional, [en] Job Satisfaction, [en] Labor Support, [en] Uberization