Associação entre estimulação transcraniana por corrente contínua e órtese elétrica funcional na reabilitação do paciente com sequela de acidente vascular cerebral
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Data
2020
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Editor
Wagner Wessfll
Resumo
O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade
de longo prazo em adultos em todo o mundo. Após um AVC, ocorre um
desequilíbrio inter-hemisférico que afeta negativamente a recuperação
funcional. A queda do pé é uma deficiência comum após o AVC, a qual está
relacionada a altos graus de deficiência motora, fraqueza ou falta de controle
voluntário dos músculos dorsiflexores do tornozelo e/ou aumento da
espasticidade dos músculos flexores plantares. Essas deficiências motoras
geram adaptações biomecânicas da marcha que podem resultar em diminuição
da velocidade da caminhada, da mobilidade funcional e da qualidade de vida.
Dessa forma, a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) tem
sido utilizada como uma alternativa terapêutica que pode ajudar a reestabelecer
o equilíbrio inter-hemisférico, induzir plasticidade e auxiliar na recuperação do
desempenho motor. Há evidências de sua utilização na melhora da mobilidade
funcional e da força muscular do membro inferior parético. A estimulação elétrica
funcional (FES) no nervo fibular através do dispositivo estimulador de queda do
pé (Foot Drop Stimulator - FDS) tem sido utilizada como alternativa para corrigir
o movimento do pé e tornozelo após o AVC. Os indivíduos crônicos pós-AVC
normalmente obtêm resultados modestos com os métodos tradicionais de
reabilitação. Acredita-se que a combinação da estimulação central e periférica
poderia maximizar os ganhos na reabilitação dessa condição. Desse modo, o
objetivo geral desta tese foi avaliar o efeito da tDCS e FES aplicada sobre o
nervo fibular comum (FES convencional ou FDS) na reabilitação do membro
inferior de indivíduos com hemiparesia crônica após AVC. Para isso, uma
revisão sistemática com meta-análise (artigo 1), estudo quase experimental
(artigo 2) e um ensaio clínico randomizado (artigos 3, 4 e 5) foram realizados.
Os resultados encontrados no artigo 1 mostram uma baixa qualidade de
evidência para efeitos positivos da FES no fibular comum na velocidade da
marcha quando combinada com fisioterapia. A FES pode melhorar a dorsiflexão
ativa de tornozelo, o equilíbrio e a mobilidade funcional. O artigo 2 mostra que o
treinamento com FDS melhora o movimento ativo de dorsiflexão do tornozelo
durante o ciclo da marcha, bem como a distância percorrida ao longo das
sessões de treino. O artigo 3, 4 e 5 revelam que a tDCS parece não adicionar efeitos ao treinamento com FDS na melhora da mobilidade funcional,
espasticidade, qualidade de vida e performance da marcha. Além disso, a tDCS
não induz efeito adicional na melhora da plasticidade e do comprometimento
motor do membro inferior de indivíduos com hemiparesia crônica após AVC.
Consideramos esses achados relevantes, pois podem subsidiar a
decisão clínica de usar ou não a tDCS nesta população. Considerando que não
encontramos efeitos no modo de estimulação bi-hemisférico, mais ensaios
clínicos, com diferentes montagens e protocolos de aplicação, são necessários
para verificar se o tDCS é eficaz na reabilitação de membros inferiores após
AVC em fase crônica. De modo geral, a FES no nervo fibular comum pode ser
usada como uma terapia complementar para reabilitação de indivíduos com
hemiparesia crônica após AVC.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Acidente Vascular Cerebral, Reabilitação no AVC, Extremidade Inferior, Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua, Estimulação Elétrica, Neuromodulação, Estimulação Elétrica Funcional, [en] Stroke, [en] Lower Extremity, [en] Transcranial Direct Current Stimulation, [en] Electric Stimulation