Aplicabilidade da ultrassonografia e da impedância bioelétrica na avaliação nutricional de pacientes críticos: síntese da evidência científica

dc.contributor.advisorSilva, Flávia Moraespt_BR
dc.contributor.advisor-coGonzalez, Maria Cristina pt_BR
dc.contributor.authorLima, Júliapt_BR
dc.date.accessioned2023-03-07T18:15:37Z
dc.date.accessioned2023-10-09T13:36:03Z
dc.date.available2023-03-07T18:15:37Z
dc.date.available2023-10-09T13:36:03Z
dc.date.date-insert2023-03-07
dc.date.issued2023
dc.descriptionDissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.pt_BR
dc.description.abstractIntrodução: A depleção de massa muscular (MM) e a presença de hiper-hidratação são condições prevalentes em pacientes críticos e associadas com piores desfechos clínicos. Entretanto, os métodos disponíveis na prática clínica para avaliar essas condições são limitados. O uso de ultrassom (US) para avaliação de depleção de MM ao longo da internação na UTI parece ser promissor. Contudo, a ausência de um consenso sobre o protocolo ideal resulta em estudos com metodologia diversa o que dificulta a comparação dos resultados. A aplicabilidade de parâmetros brutos oriundos da impedância bioelétrica (BIA), como o ângulo de fase (AF) e o vetor da impedância bioelétrica (BIVA) também parece ser promissora. O AF é considerado um marcador substituto de MM e o BIVA um indicador de hiper-hidratação, condição comum em pacientes críticos e de difícil avaliação. O valor prognóstico do AF e do BIVA foi investigado em diversos estudos primários, mas os resultados não foram analisados conjuntamente para que se possa definir a magnitude da associação e certeza da evidência para que recomendações específicas quanto a sua incorporação em protocolos de avaliação nutricional na UTI possam ser feitas. Objetivo: A presente dissertação teve como objetivos: 1) identificar, explorar e mapear os objetivos, aspectos metodológicos e resultados dos estudos que utilizaram o US para avaliação de MM em pacientes críticos; 2) avaliar se o AF reduzido e a hiper-hidratação definida pelo BIVA estão associados com piores desfechos clínicos em pacientes críticos. Método: A fim de responder aos objetivos acima descritos foram desenvolvidos dois estudos. O estudo 1 foi uma revisão de escopo (OSF https://doi.org/10.17605/OSF.IO/UTN2S) de acordo com a metodologia proposta pelo instituto Joanna Briggs. Foram incluídos estudos primários quantitativos, independente do delineamento, que avaliaram MM utilizando o US em pacientes críticos. A busca na literatura foi conduzida no PubMed, Embase, Scopus e Web of Science até dezembro de 2022. Dois revisores independentes selecionaram os estudos, e seis duplas de revisores extraíram os dados a partir de uma ficha padronizada e foram calculadas estatísticas descritivas das características gerais dos estudos, objetivos, detalhes do protocolo de US utilizado, e os resultados. O estudo 2 foi uma revisão sistemática (protocolo no CRD42021274271) de estudoa observacionais (coorte e transversal) que avaliaram a associação entre o AF e BIVA com desfechos clínicos em pacientes críticos. A busca na literatura foi conduzida no PubMed, Embase, Scopus e Web of Science até abril de 2022. Dois revisores independentes selecionaram os estudos e extraíram os dados. O risco de viés dos estudos primários foi avaliado com a ferramenta Newcastle-Ottawa, e a certeza da evidência foi avaliada pelos critérios do GRADE. O desfecho primário foi óbito, e os desfechos secundários incluíram tempo de internação na UTI, tempo de internação hospitalar, duração da ventilação mecânica, risco nutricional e desnutrição. A meta-análise foi conduzida para combinar os dados utilizando o modelo de efeito randômico no software R versão 3.6.2. Resultados: Na revisão de escopo sobre o US para avaliação de MM, foram incluídos 107 estudos, sendo a maioria coortes prospectivas (59.8%), realizadas na Austrália (11.2%), em UTI geral (49.5%). O objetivo mais frequente dos estudos foi avaliar a depleção de MM durante a internação na UTI (21.5%), seguido de avaliar o seu valor prognóstico (18.6%). A maioria dos estudos realizou avaliações seriadas durante a internação na UTI (76.6%). A área de secção transversa do reto femoral foi avaliada na maioria dos estudos (66.1%), seguida da espessura do reto femoral (49.2%), e da espessura do quadríceps (47.6%). Os estudos demonstraram viabilidade e reprodutibilidade satisfatória do US para avaliação de MM, a acurácia do US para mensurar MM foi divergente entre os estudos, o valor prognóstico de medidas isoladas de MM foi confirmado na maioria deles (92.3%). A maioria dos estudos demonstrou depleção significativa de MM durante a internação (70.3%) e o valor prognóstico da depleção foi confirmado em 62.9% dos estudos. Os pontos de corte adotados dos parâmetros de MM do ultrassom foram heterogêneos entre os estudos. Foram incluídos 27 estudos (4,872 participantes) na revisão sistemática que avaliou o valor prognóstico do AF e do BIVA. A análise agrupada demonstrou que pacientes com AF reduzido apresentaram maior risco de óbito [14 estudos; risco relativo (RR) = 1.82, 95%CI 1.46 - 2.26, I2 = 42%] e permaneceram mais dias internados na UTI [6 estudos; diferença médica (DM) = 1.79, 95% CI 0.33 - 3.24, I2 = 69%] em comparação aos pacientes com AF normal. A análise agrupada também demonstrou maiores valores de AF nos pacientes sobreviventes comparado aos não-sobreviventes (12 estudos; DM = 0.75o, 95% CI 0.60o - 0.91o, I2 = 31%). Hiperhidratação, definida pelo BIVA, não foi preditor de óbito (4 estudos; RR = 1.01, 95% CI 0.70 - 1.46, I2 = 0%). Mais de 40% dos estudos foram classificados com alto risco de viés, e a certeza da evidência variou de baixa a muito baixa. Conclusão: A literatura acerca do US em terapia intensiva sugere que o método apresenta viabilidade, reprodutibilidade e valor prognóstico satisfatório. Pacientes com AF reduzido apresentam maior risco de óbito e maior tempo de internação na UTI em comparação àqueles com AF normal, enquanto que o BIVA não parece estar associado à óbito em pacientes críticos. A heterogeneidade nos protocolos de avaliação de MM por US na UTI e a baixa certeza da evidência acerca do valor prognóstico dos parâmetros brutos da BIA apontam para a necessidade de novos estudos avaliando US e BIA em pacientes críticos.pt_BR
dc.description.abstract-enBackground: Muscle mass (MM) depletion and the presence of hyperhydration are conditions prevalent in critically ill patients and associated with worse clinical outcomes. However, the methods available in clinical practice to assess these conditions are limited. The use of ultrasound (US) to assess MM depletion throughout the ICU stay appears to be promising. However, the absence of a consensus on the ideal protocol results in studies with different methodologies, which makes it difficult to compare results. The applicability of raw parameters from BIA, such as phase angle (PA) and electrical impedance vector analysis (BIVA), also seems to be promising. PA is considered a surrogate marker for MM, and BIVA is an indicator of hyperhydration, a common condition in critically ill patients that is difficult to assess. The prognostic value of PA and BIVA was investigated in several primary studies, but the results were not analyzed together so that the magnitude of the association could be defined and the certainty of the evidence could be assessed so that specific recommendations regarding their incorporation in nutritional assessment protocols in the ICU could be made. Aims: This dissertation aimed to: 1) identify, explore, and map the objectives, methodological aspects, and results of studies that used US to assess MM in critically ill patients; 2) investigate whether PhA, SPhA, and overhydration as defined by BIVA are associated with clinical outcomes in the ICU setting. Methods: In order to respond to the objectives described above, two studies were developed. Study 1 was a scope review (OSF https://doi.org/10.17605/OSF.IO/UTN2S) according to the methodology proposed by the Joanna Briggs Institute. Were included quantitative primary studies, regardless of design, that evaluated MM using US in critically ill patients. The literature search was conducted in PubMed, Embase, Scopus, and Web of Science until December 2022. Two independent reviewers selected the studies, and six pairs of reviewers extracted data from a standardized form and calculated descriptive statistics of the general characteristics of the studies, objectives, details of the US protocol adopted, and the results. Study 2 was a systematic review (protocol no CRD42021274271) of observational studies (cohort and cross-sectional) that evaluated the association between PA and BIVA with clinical outcomes in critically ill patients. A literature search was conducted in PubMed, Embase, Scopus, and Web of Science through April 2022. Two independent reviewers selected studies and extracted data. The risk of bias in the primary studies was assessed using the Newcastle-Ottawa tool, and the certainty of the evidence was assessed using the GRADE criteria. The primary outcome was death, and secondary outcomes included length of stay in the ICU, length of hospital stay, duration of mechanical ventilation, nutritional risk, and malnutrition. A meta-analysis was conducted to combine the data using the random effect model in R software version 3.6.2. Results: A total of 107 studies were included in the scope review of using the US for MM evaluation, the majority of which were prospective cohorts (59.8%), conducted in Australia (11.2%), and in general ICUs (49.5%). The most frequent objective of the studies was to evaluate MM depletion during ICU hospitalization (21.5%), followed by evaluating its prognostic value (18.6%). The majority of studies (76.6%) performed serial evaluations during ICU hospitalization. The rectus femoris cross-sectional area (RF-CSA) was evaluated in most studies (66.1%), followed by the rectus femoris thickness (RF-TH) (49.2%) and quadriceps thickness (47.6%). The studies demonstrated US feasibility and reproducibility for MM evaluation; US accuracy to measure MM varied across studies, and the prognostic value of MM isolated measures was confirmed in the majority of them (92.3%). Most studies showed significant MM depletion during hospitalization (70.3%), and the prognostic value of MM depletion was confirmed in 85% of the studies. The cut-off points adopted for defining low MM using the US parameter were heterogeneous between studies. Twenty-seven studies were included in the systematic review (4,872 participants). Pooled analysis revealed that patients with low PhA had a higher risk of death (14 studies; RR = 1.82, 95%CI 1.46 - 2.26) and spent more days in ICU (6 studies; MD = 1.79, 95% CI 0.33 - 3.24, I2 = 69%) in comparison to patients with normal PhA. The pooled analysis also showed higher PhA values in survivors compared to non-survivor patients (12 studies; DM = 0.75o, 95% CI 0.60o - 0.91o, I2 = 31%). Overhydration defined by BIVA was not a predictor of mortality (4 studies; RR = 1.01, 95% CI 0.70 - 1.46, I2 = 0%). More than 40% of primary studies were classified with a high risk of bias, and the quality of evidence ranged from low to very low. Conclusion: The literature on US in intensive care suggests that the method presents feasibility, reproducibility, and satisfactory prognostic value. Patients with low PA have a higher risk of death and a longer ICU stay compared to those with normal PA, while BIVA does not seem to be associated with mortality in critically ill patients. The heterogeneity in the evaluation protocols of MM by US in the ICU and the low certainty of the evidence about the prognostic value of the raw parameters of the BIA and point to the need for further studies evaluating the US and BIA in critically ill patients.pt_BR
dc.identifier.urihttps://repositorio.ufcspa.edu.br/handle/123456789/2054
dc.language.isopt_BRpt_BR
dc.relation.requiresTEXTO - Adobe Readerpt_BR
dc.rightsAcesso Aberto Após Período de Embargopt_BR
dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/*
dc.subjectUnidades de Terapia Intensivapt_BR
dc.subjectUltrassompt_BR
dc.subjectImpedância Elétricapt_BR
dc.subjectMúsculo Esqueléticopt_BR
dc.subjectHiperidrataçãopt_BR
dc.subject[en] Intensive Care Unitsen
dc.subject[en] Ultrasonicsen
dc.subject[en] Electric Impedanceen
dc.subject[en] Muscle, Skeletalen
dc.subject[en] Organism Hydration Statusen
dc.titleAplicabilidade da ultrassonografia e da impedância bioelétrica na avaliação nutricional de pacientes críticos: síntese da evidência científicapt_BR
dc.typeDissertaçãopt_BR
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