Ângulo de fase como marcador prognóstico de pacientes com cirrose: um follow-up de 15 anos
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Data
2023-11-23
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Editor Literário
Resumo
Introdução: A cirrose hepática é doença crônica progressiva, caracterizada por fibrose
difusa, que contribui para a desnutrição e pior qualidade de vida, acomete milhões de
pessoas mundialmente, é responsável por 2,4% dos óbitos globais e demanda altos
custos com hospitalizações e tratamentos especializados. Por estas razões é essencial
determinar o prognóstico destes pacientes, o que contribui para melhor manejo clínico e
tomada de decisões terapêuticas. O Ângulo de Fase da Bioimpedância Elétrica consiste
numa medida que avalia a integridade celular e tem se mostrado um bom instrumento
para avaliar o prognóstico de algumas doenças crônicas, como câncer e insuficiência
cardíaca, e a sua redução está associada a um pior prognóstico. Objetivo: Avaliar o
papel prognóstico do Ângulo de Fase na evolução dos indivíduos com cirrose, em 15
anos de seguimento Metodologia: Estudo de coorte retrospectiva de 129 indivíduos com
cirrose de diferentes etiologias, atendidos em 2007 no Ambulatório de Hepatologia do
Hospital Santa Clara do Complexo Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Foi
realizado o rastreio dos pacientes através do banco de dados do ambulatório e coletadas
as ocorrências de eventos clinicamente relevantes (Varizes de esôfago, ascite, peritonite
bacteriana espontânea, encefalopatia, sangramento de varizes de esôfago e óbito),
número de internações, tempo de internação, exames bioquímicos e o Ângulo de Fase
da Bioimpedância coletado através da bioimpedância Biodynamics p450. Os pacientes
foram classificados conforme o seu Ângulo de Fase, utilizando a classificação de
Fernandes et al (2012) e Mattiello e colaboradores (2022). Os dados foram tabulados em
Excel 2013 para análise estatística. Foram considerados estatisticamente significativos
valores de p < 0,05 e a análise dos dados realizada no programa SPSS versão 26.0. Foi
estabelecida a curva de Kaplan Mayer para a análise de sobrevida. Resultados: Os
pacientes foram estratificados em dois grupos, um com base no Ângulo de Fase de 5,4
graus (AF > 5,4°, n = 40; AF ≤ 5,4°, n = 89) e outro conforme o percentil do Ângulo de
Fase (< P50, n = 56; ≥ P50, n = 73). A avaliação por meio do percentil foi mais precisa
na identificação de óbitos no longo prazo do que o ponto de corte de AF 5,4º. Os
pacientes com percentil < P50 apresentaram maior número de eventos clinicamente
relevantes como ascite, PBE, encefalopatia hepática e CHC. O Ângulo de Fase está
fortemente correlacionado com a albumina sérica (P <0,001), Razão Normalizada
Internacional (P = 0,01), bilirrubina total (P = 0,02) e bilirrubina direta (P = 0,003). O
Ângulo de Fase está associado com o tempo de sobrevivência (P < 0,001) e tempo de
internação (P = 0,02). A análise de regressão logística mostra que o aumento de 1° no
Ângulo de Fase aumenta em 17,7% a chance de sobrevivência do paciente cirrótico.
Conclusão: O ângulo de fase foi um bom preditor prognóstico em indivíduos com cirrose.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hepatologia, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Cirrose Hepática, Avaliação Nutricional, Prognóstico, Bioimpedância Elétrica, Seguimentos, [en] Liver Cirrhosis, [en] Nutrition Assessment, [en] Prognosis, [en] Electric Impedance, [en] Follow-Up Studies