Aspectos moleculares e clínicos do sistema Rh em doadores de sangue e na Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido
Carregando...
Data
2024
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editora
Editor Literário
Resumo
Introdução: O sistema Rh é um dos mais importantes sistemas de grupos
sanguíneos, pois é considerado altamente imunogênico e polimórfico. Dois genes
codificam os antígenos do sistema Rh, RHD e RHCE, sendo os mais importantes
os antígenos D, C, c, E, e. O desenvolvimento de anticorpos contra antígenos do
sistema Rh está associado a reações transfusionais hemolíticas imediatas e tardias
e a Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido (DHFN). No âmbito da
imunohematologia, as técnicas de sequenciamento de DNA podem ser muito úteis
para elucidar casos de discrepâncias entre genotipagem e fenotipagem e para
identificação de novas variantes de grupos sanguíneos.
Objetivos: Compreender as discrepâncias entre os resultados de genotipagem e
fenotipagem para os antígenos C/c, E/e em amostras de doadores de sangue do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre utilizando o sequenciamento das regiões
codificantes e adjacentes dos genes RHD e RHCE com discrepância, avaliando a
presença de possíveis variantes que expliquem a discrepância. Devido à grande
importância dos antígenos do sistema Rh no desenvolvimento da DHFN, a tese
também tem como objetivo realizar uma busca sistemática na literatura sobre o
tema DHFN e a frequência de anticorpos antieritrocitários em gestantes
descrevendo mais prevalentes.
Método: O presente estudo avaliou 395 amostras fenotipadas e genotipadas para
os antígenos C/c e E/E de doadores de sangue do Hospital de Clínicas, dentre
estas foram avaliadas quais amostras apresentaram discrepâncias entre genótipo
e fenótipo para os alelos RHCE*e/*E (rs609320) e RHCE*c/*C (rs676785). A
fenotipagem foi realizada utilizando a metodologia de tubo com antissoros
monoclonais e a genotipagem através da técnica de PCR em tempo real utilizando
sistema TaqMan®. As amostras discrepantes para os dois alelos foram
sequenciadas utilizando 20 pares de primers para abranger as regiões codificantes
e adjacentes dos éxons dos genes RHD e RHCE. As reações de sequenciamento
foram realizadas pelo método Sanger. Também foi realizada uma busca sistemática
na literatura sobre o desenvolvimento de DHFN e a presença aloimunização em
gestantes. O estudo foi conduzido sob aprovação do CEP da UFCSPA (nº
2.753.780).
Resultados: Dentre as 395 amostras avaliadas para as metodologias de
genotipagem e fenotipagem, 15 apresentaram discrepância entre genótipo e
fenótipo para os dois alelos investigados concomitantemente, em duas amostras a
análise do sequenciamento confirmou o resultado obtido na genotipagem para o
alelo RHCE*E/*e. Foram identificadas variantes, que possivelmente possam
explicar as discrepâncias nestas amostras. Dentre as variantes encontradas, duas
ainda não estão descritas. Utilizando ferramentas de análise in silico foi possível
observar que as variantes podem apresentar potencial de causar alterações na
expressão da proteína RhCE e, consequentemente, na expressão dos alelos. A
variante encontrada no éxon 6 do gene RHCE foi classificada como “provável dano”
utilizando o software PolyPhen-2 com score de 0,999 (sensibilidade = 0,99) e
classificada como “tolerada” pelo software SIFT. A segunda nova variante descrita,
localizada no final do íntron 7 do gene RHCE, utilizando o software RegulomeDB
foi obtido um score de 1,0 o que significa que a nova variante pode alterar a ligação
e à expressão gênica. A partir da busca sistemática sobre DHFN e aloimunização,
revisamos 75 artigos publicados, ao total 13.966 gestantes apresentavam
aloimunização. Os anticorpos mais prevalentes neste estudo de revisão do sistema
foram, anti-D (35,01%), anti-K (14,69%), anti-E (11,21%), anti-c (5,48%), anti-C
(4,93%) e anti-M (2,35%).
Conclusão: Embora o genótipo seja preditor do fenótipo, há algumas situações em
que expressão gênica é alterada, como por exemplo, no sistema Rh a presença de
antígenos fracos e parciais. Nosso estudo contribui com a identificação de novas
variantes que possivelmente podem ter influência na expressão da proteína RhCE.
Em relação a DHFN, embora o anti-D ainda seja o anticorpo mais frequente
associado a DHFN, podemos observar que outros anticorpos contra antígenos dos
sistemas Rh, Kell e MNS apresentam grande prevalência, principalmente, o anti-K
e anti-E. Sendo assim, há a necessidade de atentar para a DHFN com o
entendimento de que outros anticorpos contra antígenos de grupos sanguíneos
estão associados ao desencadeamento da doença implicando em anemia com
implicação leve a grave e inclusive no óbito do feto ou recém-nascido e de que é
necessário identificar e acompanhar a gestantes com risco de incompatibilidade
materno fetal.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Biociências, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Sistema do Grupo Sanguíneo Rh-Hr, Doença Hemolítica do Feto e do Recém-nascido, Rh variantes, Discrepâncias entre genotipagem e fenotipagem, [en] Rh-Hr Blood-Group System, [en] Hemolytic disease of the fetus and newborn, [en] Rh genetic variants,, [en] Genotype and phenotype discrepancies.