Desnutrição em pacientes críticos adultos e idosos: prevalência e validade concorrente e preditiva de ferramentas integrativas
dc.contributor.advisor | Silva, Flávia Moraes | pt_BR |
dc.contributor.author | Stello, Bruna Barbosa | pt_BR |
dc.contributor.department | Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2025-08-19T18:06:48Z | |
dc.date.available | 2025-08-19T18:06:48Z | |
dc.date.date-insert | 2025-08-19 | |
dc.date.issued | 2025-03-20 | |
dc.description | Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. | pt_BR |
dc.description.abstract | Introdução: A doença crítica desencadeia alterações metabólicas e fisiológicas que impactam o estado nutricional dos pacientes. A desnutrição é comum em pacientes críticos e está associada a desfechos clínicos desfavoráveis. A prevalência varia, em parte devido às diferenças nos métodos diagnósticos, dentre os quais o consenso proposto pela Academia de Nutrição e Dietética e pela Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (AND-ASPEN), cuja validade nas unidades de terapia intensiva (UTIs) requer confirmação. Objetivos: Revisar sistematicamente a prevalência de desnutrição diagnosticada por diferentes ferramentas integrativas, a validade concorrente e o valor prognóstico da desnutrição em pacientes críticos e investigar a factibilidade do Consenso da AND-ASPEN e sua validade de critério em pacientes admitidos nas UTIs de um complexo hospitalar do sul do Brasil. Métodos: Foram realizados dois estudos independentes. A revisão sistemática com meta-análise foi realizada de acordo com as recomendações da Colaboração Cochrane, com protocolo registrado no PROSPERO (CRD42023431480). A busca da literatura foi conduzida no PubMed, Embase, Scopus e Web of Science, até setembro de 2024, sem restrições, utilizando termos relacionados à desnutrição e pacientes críticos. Após remoção das duplicatas, títulos e resumos foram checados quanto à elegibilidade (Rayyan®), sendo confirmada pela leitura do texto completo, cujos dados foram extraídos através de um formulário no Redcap®. Todo o processo foi realizado por dois revisores independentes e as discordâncias resolvidas por terceiro revisor. Os desfechos analisados foram mortalidade, tempo de internação na UTI e hospitalar. O risco de viés foi avaliado pelas ferramentas Newcastle-Ottawa e QUADAS-2. A meta-análise foi realizada utilizando o modelo de efeito randômico, com análises de subgrupo estratificadas. O risco de viés de publicação foi avaliado pelo gráfico de funil e o teste de Egger, e a certeza da evidência a partir dos domínios GRADE. Também conduzimos uma análise secundária de um estudo de coorte com coleta de dados prospectiva envolvendo 450 pacientes admitidos em seis UTIs de um complexo hospitalar brasileiro. A avaliação nutricional ocorreu nas primeiras 48 horas de admissão, utilizando a Avaliação Subjetiva Global (ASG) e o consenso proposto pela AND-ASPEN para o diagnóstico de desnutrição. Foram aplicadas diferentes abordagens da AND-ASPEN (Ia, Ib, IIa, IIb) considerando contexto da doença e acúmulo de fluidos. A validade concorrente foi comparada à ASG e a validade preditiva avaliada considerando a mortalidade hospitalar e na UTI, o tempo de internação na UTI e hospitalar. Resultados: Foram incluídos 66 estudos na revisão sistemática (66,7% coortes prospectivas, 83,3% unicêntricos, 24,2% brasileiros, 65% com pacientes >60 anos e 85,9% com pelo menos 50% de homens). A prevalência de desnutrição (n = 64 estudos; 19718 pacientes) foi 45% (IC95% 41-50%, I2 = 97,4%), diferindo entre os estudos que aplicaram diferentes ferramentas (ASG, 48% x GLIM, 48%, AND-ASPEN, 34% x, MAN, 38% x ESPEN, 14%), foram conduzidos em diferentes UTIs (trauma, 23% x cirúrgica, 54%). Viés de publicação foi identificado na metanálise de prevalência de desnutrição. A especificidade e sensibilidade dos critérios GLIM (n = 5 estudos, 803 pacientes) foram iguais a 81,22% (IC95% 74,10-86,13%) e 86,74% (IC95% 80,07-90,94%), respectivamente; enquanto que a especificidade e sensibilidade do Consenso da AND-ASPEN (n = 3 estudos, 636 pacientes) foram 84,20% (IC95% 78,43-87,58%) e 84,77% (IC95% 79,42-88,24%). Desnutrição foi associada a maior risco de morte (n = 23 estudos, 11167 pacientes; RR = 2,00; IC95% 1,68-2,39; I2 = 72,8%) e a maior tempo de internação na UTI (n=10 estudos, 7188 pacientes; diferença média = 1,6; IC95% 0,54-2,67; I2=96,6%) e no hospital (n = 8, 7010 pacientes; diferença média = 4,04 dias; IC95% 0,60-7,47; I2 = 97,2%), sem viés de publicação. A certeza da evidência foi considerada muito baixa para todos os desfechos analisados. No estudo original, dentre os 450 pacientes incluídos [64 (54–71) anos, 53,1% homens, escore APACHE II: 18 (11–23)], 46,3% foram classificados como desnutridos pela ASG, enquanto a prevalência de desnutrição baseada nas abordagens da AND-ASPEN (Ia, Ib, IIa, IIb) variou de 70,9% a 75,5%. As quatro abordagens da AND-ASPEN demonstraram uma sensibilidade moderada para diagnosticar desnutrição (75,1% a 78,9%), mas a especificidade (28,6% a 32,4%) e a acurácia (AUC-ROC: 0.534-0.537) foram baixas, com uma concordância fraca com a ASG (coeficiente κ: 0.066–0.073). O diagnóstico de desnutrição pela AND-ASPEN, independentemente da abordagem utilizada, não foi associado com desfechos clínicos. Conclusão: A prevalência de desnutrição identificada na metanálise foi de 45%, sendo a sensibilidade e especificidade dos critérios GLIM e do consenso da AND-ASPEN satisfatórios em comparação à ASG, com evidência relacionada a este último mais escassa. A desnutrição foi associada a um risco aumentado de morte e tempo de internação na UTI e no hospital prolongados, independentemente da ferramenta aplicada. Porém, como a maioria dos estudos apresentou um alto risco de viés e certeza de evidência muito baixa, os resultados da revisão sistemática devem ser interpretados com cautela. Em estudo primário envolvendo pacientes críticos predominantemente idosos e polimórbidos, com diagnóstico frequente de câncer, o consenso proposto pela AND-ASPEN identificou uma prevalência de desnutrição acima de 70%, a qual não foi influenciada pelo contexto da doença ou pelo acúmulo de fluido. No entanto, nesta amostra, o consenso proposto pela AND-ASPEN não demonstrou validade concorrente ou preditiva satisfatórias para o diagnóstico de desnutrição. | pt_BR |
dc.description.abstract-en | Introduction: Critical illness triggers metabolic and physiological changes that impact patients' nutritional status. Malnutrition is common among critically ill patients and is associated with unfavorable clinical outcomes. Its prevalence varies, partly due to differences in diagnostic methods, including the consensus proposed by the Academy of Nutrition and Dietetics and the American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (AND-ASPEN), whose validity in intensive care units (ICUs) requires confirmation. Objectives: To systematically review the prevalence of malnutrition diagnosed using different integrative tools, its concurrent validity and prognostic value in critically ill patients, and to investigate the feasibility of the AND-ASPEN Consensus and its criterion validity in patients admitted to the ICUs of a hospital complex in southern Brazil. Methods: Two independent studies were conducted. The systematic review with meta-analysis followed the recommendations of the Cochrane Collaboration, with a protocol registered in PROSPERO (CRD42023431480). Literature searches were conducted in PubMed, Embase, Scopus, and Web of Science up to September 2024, without restrictions, using terms related to malnutrition and critically ill patients. After removing duplicates, titles and abstracts were screened for eligibility (Rayyan®) and confirmed through full-text review, with data extraction performed using a Redcap® form. All steps were conducted by two independent reviewers, with discrepancies resolved by a third reviewer. The analyzed outcomes included mortality, ICU length of stay (LOS), and hospital (LOS). Risk of bias was assessed using the Newcastle-Ottawa and QUADAS-2 tools. The meta-analysis was performed using a random-effects model, with stratified subgroup analyses. Publication bias was evaluated using a funnel plot and Egger’s test, and the certainty of evidence was assessed using GRADE domains. Additionally, we conducted a secondary analysis of a prospective cohort study involving 450 patients admitted to six ICUs of a Brazilian hospital complex. Nutritional assessment was performed within the first 48 hours of admission using the Subjective Global Assessment (SGA) and the AND-ASPEN consensus for diagnosing malnutrition. Different AND-ASPEN approaches (Ia, Ib, IIa, IIb) were applied, considering disease context and fluid accumulation. Concurrent validity was compared with SGA, and predictive validity was assessed by considering hospital and ICU mortality, as well as ICU and hospital LOS. Results: A total of 66 studies were included in the systematic review (66.7% prospective cohorts, 83.3% single-center, 24.2% Brazilian, 65% with patients >60 years old, and 85.9% with at least 50% male participants). The prevalence of malnutrition (n= 64 studies; 19,718 patients) was 45% (95% CI 41–50%, I² = 97.4%), varying among studies that applied different tools (SGA, 48% vs. GLIM, 48% vs. AND-ASPEN, 34% vs. MUST, 38% vs. ESPEN, 14%) and those conducted in different ICUs (trauma, 23% vs. surgical, 54%). Publication bias was identified in the meta-analysis of malnutrition prevalence. The specificity and sensitivity of the GLIM criteria (n = 5 studies, 803 patients) were 81.22% (95% CI 74.10–86.13%) and 86.74% (95% CI 80.07–90.94%), respectively, whereas the specificity and sensitivity of the AND-ASPEN Consensus (n = 3 studies, 636 patients) were 84.20% (95% CI 78.43–87.58%) and 84.77% (95% CI 79.42–88.24%). Malnutrition was associated with a higher risk of death (n = 23 studies, 11,167 patients; RR = 2.00; 95% CI 1.68–2.39; I² = 72.8%) and longer ICU (n = 10 studies, 7,188 patients; mean difference = 1.6 days; 95% CI 0.54–2.67; I² = 96.6%) and hospital stays (n = 8 studies, 7,010 patients; mean difference = 4.04 days; 95% CI 0.60–7.47; I² = 97.2%), with no publication bias detected. The certainty of evidence was rated very low for all analyzed outcomes. In the original study, among the 450 included patients [64 (54–71) years, 53.1% male, APACHE II score: 18 (11–23)], 46.3% were classified as malnourished by SGA, whereas malnutrition prevalence based on the different AND-ASPEN approaches (Ia, Ib, IIa, IIb) ranged from 70.9% to 75.5%. The four AND-ASPEN approaches demonstrated moderate sensitivity for diagnosing malnutrition (75.1%–78.9%), but specificity (28.6%–32.4%) and accuracy (AUC-ROC: 0.534–0.537) were low, with weak agreement with SGA (κ coefficient: 0.066–0.073). Malnutrition diagnosed using AND-ASPEN, regardless of the approach applied, was not associated with clinical outcomes. Conclusion: The prevalence of malnutrition identified in the meta-analysis was 45%, with satisfactory sensitivity and specificity for both the GLIM criteria and the AND-ASPEN consensus compared to SGA, though evidence related to the latter was more limited. Malnutrition was associated with an increased risk of death and prolonged ICU and hospital stays, regardless of the assessment tool used. However, as most studies had a high risk of bias and very low certainty of evidence, the systematic review findings should be interpreted with caution. In a primary study involving predominantly elderly and multimorbid critically ill patients, with a high frequency of cancer diagnoses, the AND-ASPEN consensus identified a malnutrition prevalence exceeding 70%, which was not influenced by disease context or fluid accumulation. However, in this sample, the AND-ASPEN consensus did not demonstrate satisfactory concurrent or predictive validity for diagnosing malnutrition. | en |
dc.identifier.uri | https://repositorio.ufcspa.edu.br/handle/123456789/3379 | |
dc.language.iso | pt_BR | pt_BR |
dc.relation.requires | TEXTO - Adobe Reader | pt_BR |
dc.rights | Acesso Embargado | pt_BR |
dc.rights.uri | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/ | |
dc.subject | Desnutrição | pt_BR |
dc.subject | Pacientes | pt_BR |
dc.subject | Unidades de Terapia Intensiva | pt_BR |
dc.subject | Avaliação Subjetiva Global | pt_BR |
dc.subject | Avaliação Nutricional | pt_BR |
dc.subject | [en] Malnutrition | en |
dc.subject | [en] Patients | en |
dc.subject | [en] Intensive Care Units | en |
dc.subject | [en] Subjective Global Assessment | en |
dc.subject | [en] Nutrition Assessment | en |
dc.subject | [en] Global Leadership Initiative on Malnutrition | en |
dc.title | Desnutrição em pacientes críticos adultos e idosos: prevalência e validade concorrente e preditiva de ferramentas integrativas | pt_BR |
dc.type | Dissertação | pt_BR |
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