Impacto do Tratamento da Hepatite C Crônica com Sofosbuvir na Função Renal em Pacientes Coinfectados pelo HIV Usando Tenofovir Disoproxil Fumarato com ou sem Atazanavir

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2023-09-29
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Resumo
Introdução: Tanto a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) quanto pelo vírus da hepatite C (HCV) podem ser causa de doença renal crônica, seja em decorrência do efeito viral sobre o hospedeiro seja devido aos efeitos dos medicamentos utilizados no seu tratamento, os quais podem afetar a função renal. Este estudo avaliou a nefrotoxicidade em pacientes coinfectados por HIV/HCV em uso de tenofovir disoproxil fumarato (TDF) e sofosbuvir (SOF). Objetivos: Avaliar a incidência de nefrotoxicidade com TDF e SOF na coinfecção HIV/HCV. Métodos: Realizamos uma análise retrospectiva dos prontuários de um centro terciário no Brasil. Acompanhamos pacientes coinfectados por HIV/HCV com idade ≥18 anos por pelo menos 12 semanas após o término do tratamento para HCV. Dois grupos foram formados: um composto por pacientes expostos ao TDF (E-TDF) e outro pelos não expostos ao TDF (NE-TDF). O grupo E-TDF foi organizado de acordo com o tratamento do HCV: SOF+ daclatasvir (DCV); SOF+ ledipasvir (LDV); SOF+DCV+ ribavirina (RBV); SOF+RBV; e SOF+ velpatasvir (VEL); e subdivididos de acordo com o tratamento do HIV: pacientes expostos à combinação de TDF e atazanavir (ATV) ou não expostos a essas associações (N-TDF/ATV). O estágio de disfunção renal foi estabelecido pelo cálculo do índice de proteína/creatinina urinária (IPC) e taxa de filtração glomerular (TFG). O valor de IPC <0.2 g/dl indicava função normal e IPC ≥0.2 g/dl determinava alterações tubulares. A classificação adotada para a TFG foi a estabelecida pela Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO). Resultados: A maioria dos pacientes recebeu SOF+DCV+RBV (71.2%). Os dados socioeconômicos, clínicos e virológicos evidenciaram prevalência de etnia branca (79.5%), genótipo 1 (59%), presença de cirrose (20.5%) e fibrose avançada (31.5%). A maioria dos pacientes apresentou IPC pré-tratamento normal (66%) e TFG prétratamento estágios 1 e 2 (67% e 27%, respectivamente). Apenas 5% (4 pacientes) possuíam TFG pré-tratamento estágio 3. O grupo SOF+DCV+RBV apresentou redução do IPC no pós-tratamento (p>0.0001), e o grupo SOF+LDV apresentou diferença estatística entre o período pré-tratamento e pós-tratamento em relação a TFG (p=0.0108). Não foi observada correlação significativa entre a variação do IPC e o tempo de exposição ao TDF/ATV e ATV. No entanto, foi observada uma fraca correlação negativa na interpretação do IPC e o tempo de exposição ao TDF (r= - 0.3174; p=0.0193; n=54). Conclusão: Mesmo pacientes com função renal normal podem apresentar piora da função renal quando expostos à terapia antirretroviral. Nosso estudo detectou uma variação no IPC, com melhora do IPC ao longo do tempo na exposição ao TDF. No entanto, não foram encontrados achados estatisticamente significativos na análise correlacionada ao tempo de exposição ao TDF com ou sem a associação do ATV. Devido ao pequeno número de participantes e ao desenho retrospectivo, este estudo apresenta limitações que permitam conclusões definitivas, entretanto, não foram encontradas evidências de que o uso de SOF cause piora na função renal de pacientes com HIV em tratamento antirretroviral com TDF e/ou ATV. Ademais, os autores sugerem que a função renal deve ser monitorada de perto, especialmente durante o período inicial da terapia para o HCV.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hepatologia, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Sofosbuvir, Tenofovir, Vírus da imunodeficiência humana, Hepatite C, Lesão renal, [en] Sofosbuvir, [en] Tenofovir, [en] Human Immunodeficiency Virus, [en] Hepatitis C, [en] Acute Kidney
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