Caracterização fenotípica e genotípica de Staphylococcus aureus com hetero-resistência à vancomicina (hVISA) em isolados de Santa Catarina
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Data
2014
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Editora
Editor Literário
Resumo
Staphylococcus aureus é um dos principais agentes de infecções comunitárias
e infecções relacionadas à assistência em saúde (IRAS). Em estudo
multicêntrico SENTRY, conduzido em hospitais brasileiros entre os anos de
2005 a 2008, S. aureus aparece como principal agente de infecção da corrente
sanguínea (20,2 %), principal agente das infecções de pele e tecidos moles
(28,1 %) e segundo agente mais comum de pneumonia em pacientes
hospitalizados (24,9 %). Destes, aproximadamente 30 % eram resistentes à
meticilina (MRSA). O objetivo deste estudo foi avaliar a epidemiologia
molecular dos MRSA isolados em Santa Catarina, assim como detectar a
prevalência de S. aureus com hetero-resistência à vancomicina (hVISA). Foram
utilizados 124 isolados clínicos de MRSA, obtidos de vários sítios anatômicos,
de pacientes atendidos em três hospitais em Florianópolis e um hospital em
Blumenau, todos localizados no estado de Santa Catarina, região sul do Brasil.
As amostras foram colhidas entre novembro de 2009 e outubro de 2012.
Apenas um isolado por paciente foi considerado. O perfil de susceptibilidade
aos antimicrobianos foi avaliado pela técnica de disco difusão e determinação
da concentração inibitória mínima (CIM) por Etest. Também foram utilizadas
quatro metodologias de triagem para hVISA (pré-difusão, ágar screening com 4
µg/mL de vancomicina, macro Etest e Etest GRD). A confirmação do fenótipo
hVISA foi realizada através da análise de perfil de populações-área sob a curva
(PAP-AUC). O perfil epidemiológico foi obtido através da caracterização dos
tipos de cassette cromossômico estafilocócico (SCCmec) e da análise da
similaridade genética por eletroforese de campo pulsado (PFGE). Os agentes
antimicrobianos que demonstraram menores taxas de resistência foram a
tetraciclina (20,02 %), sulfazotrim (20,02 %) e cloranfenicol (12,9 %). Não foi
detectada resistência à vancomicina, teicoplanina, daptomicina, linezolida e
tigeciclina. O SCCmec predominante foi do tipo III (54 %), seguido pelo tipo II
(21,8 %). Vinte e seis complexos clonais foram encontrados, mas sem
evidência de disseminação clonal. Dos 124 MRSA testados, doze foram
confirmados como hVISA por PAP-AUC, com uma prevalência de 9,7 %. Entre
as metodologias testadas para triagem, a que apresentou melhor sensibilidade
foi o ágar screening com BHI (90,9 %) e o Etest GRD demonstrou a melhor
especificidade (97,3%). Trata-se da primeira descrição confirmada de hVISA no
Brasil. Apesar da baixa prevalência de MRSA no estado de Santa Catarina, os
isolados mostraram uma semelhança com outros estudos brasileiros, com uma
predominância de SCCmec do tipo III (associado ao ambiente hospitalar) e
taxas de resistência similares aos perfis epidemiológicos. Os complexos clonais
detectados apresentaram uma grande diversidade de tipos de SCCmec.
Veirificou-se que não há predomínio de um único clone. Como as cidades de
Florianópolis e Blumenau estão separadas por 120 quilômetros e os isolados
foram colhidos por um período de três anos, não foram encontrados
significativa relação epidemiológica entre os complexos clonais. Com relação
ao fenótipo hVISA, concluímos que sua detecção é um desafio para o
laboratório de microbiologia clínica e a prevalência deve estar subestimada. É
fundamental para a escolha correta do antimicrobiano e a mudança da
vancomicina por outro fármaco, como a linezolida ou daptomicina.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Staphylococcus aureus, Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina, Resistência a Vancomicina, [en] Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus, [en] Vancomycin Resistance