Risco ergonômico e indicadores de saúde biopsicossocial em trabalhadores de escritório

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Data
2017
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Resumo
Introdução: O trabalho faz parte da constituição ontológica dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo, tem sido causa de adoecimento físico e psíquico. No contexto laboral, diferentes fatores de natureza física, cognitiva, organizacional e psicossocial, interagem constantemente e exercem impactos na saúde e no bem-estar ocupacional. Objetivo: Descrever prevalência de dor musculoesquelética (DME) em trabalhadores de escritório e investigar sua associação com risco ergonômico, qualidade de vida (QV), satisfação no trabalho e estresse no trabalho. Metodologia: Estudo transversal, com amostra selecionada por critério de conveniência, de trabalhadores de escritório de uma empresa localizada na cidade de Porto Alegre, RS. Foram coletados dados de caracterização sociodemografica, informações relacionadas ao trabalho e dados antropométricos. Para avaliação das demais variáveis foram utilizados os seguintes instrumentos, validados e traduzidos para o português: Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (Nordic musculoskeletal questionnaire) para avaliar dor musculoesquelética; método RULA (Rapid Upper Limb Assessment) e questionário Job Factors Questionare (JFQ), ambos para avaliar risco ergonômico; questionário WHOQOL-bref para a QV; questionário Job Satisfaction Survey para a satisfação no trabalho; e o instrumento Job Stress Scale para avaliação do estresse. Resultados: Constituíram a amostra 131 trabalhadores com idade média de 32,39 ± 7,71 anos, sendo 50,4% (n=66) homens, com maiores ocorrências de DME em pescoço (47,5%) e lombar (43,7%). Verificamos trabalhadores com alta demanda psicológica no trabalho (47,3%), baixo controle sobre o trabalho (56,5%) e baixo apoio social (55%), além de trabalhadores indiferentes em relação à satisfação no trabalho (28,2%), e a maioria com QV regular, em três dos quatro domínios do instrumento. Na relação entre DME e risco ergonômico, houve divergência entre a RULA e o JFQ total, com diferença estatística para dor em punhos/mãos (U=774; p=0,021; r=-0,22) e pescoço (U=1440; p=0,019; r=0,211), respectivamente, com pequeno tamanho do efeito. Já na análise das questões do JFQ, aquelas referidas as posturas corporais no trabalho, as demandas de trabalho e as pausas, se relacionaram significativamente com dor em pescoço, lombar e punhos/mãos, na percepção do trabalhador. Ausência de DME esteve associada com melhor classificação da QV, no domínio físico, diferente do psicológico, em que a presença de dor indicou piores classificações. Ainda, as variáveis satisfação no trabalho e apoio social se manifestaram como fatores de proteção para DME, de modo que trabalhadores satisfeitos, apresentaram maiores chances de não ter dor em 2,8 vezes, 3,1 vezes e 2,5 vezes em ombros (X²=6,566; p=0,010), punhos/mãos (X²=6,985; p=0,008) e lombar (X²=5,322; p=0,021), respectivamente, e aqueles com alto apoio social (X²=8,876; p=0,003) apresentaram 4,2 vezes mais chance de não ter dor em punhos/mãos. Conclusão: Com base nos achados desse estudo, é possível concluir que fatores psicossociais do ambiente de trabalho repercutem na saúde dos trabalhadores, relacionando-se a DME e estresse no trabalho. Medidas centradas no indivíduo são uma alternativa na construção de ambientes laborais mais saudáveis, embora, devam ser acompanhadas de intervenções ergonômicas.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Palavras-chave
Dor Musculoesquelética, Fatores Psicossociais, Ergonomia, Saúde Ocupacional, [en] Musculoskeletal Pain, [en] Ergonomics, [en] Occupational Health
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