Prevalência e fatores associados à automutilação não suicida entre adolescentes da rede pública municipal de Montenegro/RS
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Data
2019
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Editora
Editor Literário
Resumo
O surgimento e a crescente prevalência conhecida da automutilação não suicida, seja
em contextos clínicos ou não clínicos - é, em parte, um fenômeno de desenvolvimento.
Aspectos do comportamento (por exemplo, redução imediata do estresse), o indivíduo
(por exemplo , dificuldades que regulam a emoção e o enfrentamento do estresse) e o
ambiente (por exemplo, reforço social) durante esse período de desenvolvimento
resultaram em sua disseminação. Vários estudos constataram a co-ocorrência entre
lesões de automutilação e outras variáveis de interesse, como abusos na infância,
relacionamento familiar não satisfatório, estratégias de coping mal-adaptativas e
estresse interpessoal. A automutilação não suicida tem atingido altas prevalências em
diversos países do mundo, associadas a diversos fatores psicossociais, tornando-a um
tema de importância para a saúde pública em âmbito mundial. Esta dissertação aborda
o tema mediante dois estudos: (1) busca sistemática da literatura internacional que
apresenta uma visão ampla sobre prevalências e fatores associados à automutilação
não suicida entre adolescentes de amostras comunitárias, conduzida no mês de abril de
2019, na Web of Science, PsycInfo, Academic Research Complete, Medline Complete
e Pubmed, utilizando-se a combinação “nonsuicidal self-injury and adolescents”. Artigos
em inglês publicados entre março de 2009 e março de 2019 foram analisados com base
em critérios de inclusão/exclusão definidos a priori. Foram selecionados 20 estudos
transversais (prevalências de 6,13 a 31,3%) e 20 estudos longitudinais (prevalências de
5,16 a 41,6%, em T1; e, de 5,13 a 46,6%, em T final), sendo os fatores associados
classificados em sociodemográficos, individuais e de manejo de problemas e de
emoções, psicossociais relacionais e, disposicionais. E, (2) pesquisa empírica, de base
escolar, no município de Montenegro, RS, que investigou prevalência de automutilação
não suicida e a contribuição de variáveis sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor,
escolaridade dos pais, religião, prática da religião e classificação econômica); variáveis
individuais e de manejo emoções e de problemas (estratégias de coping e de regulação
emocional; variáveis psicossociais relacionais (comunicação com pessoas de
referência, estresse interpessoal, maus-tratos e habilidades sociais interpessoais); e
variáveis disposicionais (Transtornos mentais comuns e afetos positivos e negativos).
A pesquisa foi realizada com adolescentes escolares do quinto ao nono ano do ensino
fundamental, matriculados na rede pública municipal (n=878). Foram utilizados:
Inquérito sociodemográfico; Critério de Classificação Econômica Brasil; Escala de
automutilação não suicida; Questões sobre ideação, planejamento e tentativa de
suicídio; General Health Questionnaire – 12 itens; Escala Brasileira de Coping para
Adolescentes (versão revisada); Escala de Afetos Positivos e Negativos; Trait meta-
mood scale-24; Facilidade de comunicação com as pessoas; Escala de estresse
interpessoal; Questionário sobre Traumas na Infância ; e, Escala de habilidades sociais
interpessoais. A análise de regressão logística hierárquica demonstrou que apresentam
mais chances de automutilação não suicida adolescentes de 13 a 17 anos, de
classificação econômica A e B, com ausência de prática religiosa, pouca clareza e pouca
reparação emocional, com maior dificuldade na comunicação com pessoas de
referência, maior estresse interpessoal, presença de Transtornos mentais comuns e
maior experiência de afetos negativos. O estudo visa a subsidiar futuras ações de
prevenção e promoção da saúde nessa população.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Automutilação não suicida, Adolescente, Fatores associados, [en] Self Mutilation, [en] Adolescent