Estimulação elétrica neuromuscular pós-transplante de pulmão: ensaio clínico randomizado

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Data
2024-12-19
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Editor Literário
Resumo
Introdução: O transplante pulmonar (TXP) aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida dos portadores de doença pulmonar avançada. Entretanto, o paciente submetido ao TXP pode cursar com complicações musculoesqueléticas, além de trazer repercussões à função pulmonar. O exercício físico é essencial na reabilitação pulmonar (RP), porém, devido ao quadro funcional imposto pela doença e cirurgia se torna inviável tal prática no pós-operatório imediato. Portanto, a Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) pode ser uma alternativa adicional ao exercício físico. Objetivo: Avaliar os efeitos da EENM em pacientes submetidos ao TXP. Métodos: Ensaio clínico randomizado (ECR) com 20 pacientes alocados em dois grupos: grupo EENM e grupo controle (GC). O desfecho primário do estudo foi a espessura e qualidade muscular avaliada pela ecografia; e os secundários foram: força muscular periférica avaliada pela escala Medical Research Council (MRC), teste de sentar e levantar (TSL) e força de preensão palmar através da dinamometria; capacidade funcional pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6m); mobilidade através da escala PERME; função pulmonar pela espirometria e tempo de ventilação mecânica invasiva (VMI), tempo de internação na unidade de terapia intensiva (UTI), tempo de internação hospitalar e mortalidade em até 1 ano, através dos prontuários eletrônicos. O treinamento com EENM foi aplicado uma vez ao dia (30 minutos de aplicação por sessão com acréscimo de um minuto a cada dois dias e redução no tempo OFF), até a alta da unidade de terapia intensiva (UTI) e posteriormente nas unidades de internação. Resultados: A amostra foi composta por 13 pacientes no grupo controle (65%) e 7 pacientes no grupo EENM (35%). Na avaliação da espessura muscular, encontramos redução na espessura do reto femoral esquerdo (RFE) e vasto lateral direito (VLD) (p=0,005 e p=0,011, respectivamente) no grupo controle e no músculo vasto medial direito (VMD) observamos aumento significativo da UTI para a alta hospitalar (p=0,002). Para a área de secção transversa (AST), houve aumento significativo das medidas ao longo do tempo somente no músculo RFE do grupo EENM, (p=0,049) e o RFE aumentou significativamente mais os valores da enfermaria para a alta hospitalar (p=0,027) e da UTI para a alta hospitalar (p=0,034) do que o grupo controle. Observamos melhora na força muscular avaliada pela escala MRC no grupo EENM ao longo do tempo e também quando comparado ao grupo controle na alta hospitalar (p<0,001). A força muscular também melhorou no TSL, o grupo EENM reduziu o tempo de execução no teste (p=0,047), porém sem diferença entre os grupos. O grupo EENM melhorou a força de preensão palmar ao longo do tempo (p<0,001) e também quando comparado ao grupo controle (p<0,008). A capacidade funcional não demonstrou efeito significativo nas avaliações (p>0,05). Em relação a mobilidade, avaliada pela escala PERME houve melhora significativa em ambos grupos (p<0,05), sem diferença entre os grupos. Quanto a função pulmonar, o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) (litros e percentual do predito) melhorou em ambos os grupos (p<0,001), no entanto, apesar do grupo EENM apresentar valores mais baixos do que o controle na avaliação pré-TXP, a melhora foi mais acentuada no grupo EENM quando comparado ao controle (p<0,001). Nos resultados de capacidade vital forçada (CVF) (litros e em percentual do predito) houve melhora significativa em ambos os grupos (p<0,05), sem diferença entre os grupos (p>0,10). Quanto a razão VEF1/CVF (predito e % do predito), apresentou melhora no grupo EENM ao longo do tempo (p<0,001). Entre os grupos, houve diferença estatisticamente significativa na avaliação pré-TXP e na mudança ao longo do tempo, sendo mais acentuada no grupo EENM (p<0,001). Quanto ao tempo de VMI, tempo de internação na UTI, tempo de internação hospitalar e mortalidade não observamos diferenças entre os grupos. Conclusão: A EENM pode ser realizada durante a estadia do paciente na UTI, com facilidade, baixo custo, boa adesão e de forma segura. Observamos resultados positivos na espessura e qualidade muscular, força muscular avaliada pelo MRC e dinamometria e função pulmonar dos pacientes transplantados de pulmão com o uso da EENM.
Descrição
Tese (Doutorado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Transplante pulmonar, Estimulação elétrica neuromuscular, Função pulmonar, [en] Lung transplant, [en] Neuromuscular electrical stimulation, [en] Muscle strength
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