Variantes em genes relacionados aos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico versus padrão de ingestão alimentar e parâmetros de adiposidade em crianças
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Data
2015
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Editora
Editor Literário
Resumo
A obesidade infantil é considerada um problema de saúde pública, principalmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento. O aumento do consumo de alimentos ricos em gordura e açúcares, associado à redução da
atividade física, causam um desbalanço energético que leva ao acumulo excessivo
de gordura e, consequentemente, à obesidade. Esses alimentos ricos em gordura e
carboidratos são altamente palatáveis, e estimulam uma fome hedônica, ou seja,
uma fome relacionada ao prazer de comer, e não relacionada às necessidades calóricas. Os sistemas dopaminérgico e serotoninérgico estão diretamente relacionados ao prazer, apetite e motivação para comer. Entretanto, os indivíduos podem apresentar diferente níveis de sensação de recompensa, através da ingestão alimentar, o que pode conferir diferenças no padrão da ingesta. Portanto, a
variabilidade genética dos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico, pode estar
relacionada às diferentes respostas frente aos alimentos entre indivíduos expostos
aos mesmos fatores ambientais. O objetivo do estudo é investigar a associação de
variantes nos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico com parâmetros de
adiposidade e padrão de ingestão alimentar em crianças. O presente estudo é uma
coorte prospectiva de 427 crianças que participaram de um estudo randomizado
iniciado ao nascimento, na cidade de Porto Alegre. O estado nutricional das crianças, mensurado por dados antropométricos e dietéticos, foi coletado aos 12 meses e aos 2-3 anos de idade. O DNA (Ácido Desoxirribonucleico) extraído de células da mucosa bucal foi analisado para os seguintes polimorfismos através de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real, utilizando sondas de hidrólise (Sistema TaqMan): rs4680 (COMT); rs1800497 (DRD2); rs1048953 (SLC6A3); rs2071877, rs2312054 e rs12391221 (SLC6A14); e rs3813928 (HTR2C).
O polimorfismo 5-HTTLPR (SLC6A4) foi analisado por PCR convencional seguido de
eletroforese em gel de agarose. O genótipo A1/A1 do gene DRD2/ANKK1 foi associado com maior espessura de dobras cutâneas subescapular em Z-score aos 12 meses (p=0,022) e em 2-3 anos (p=0,020) e maior IMC Z-score em 2-3 anos (p=0,009), quando comparados aos portadores do alelo A2. Aos 12 meses, as meninas homozigotas G/G do polimorfismo rs3813928 (5-HTR2C) apresentaram
maior ingesta diária média de energia (p=0,007), de carboidratos (p=0,019), e de
lipídios (p=0,005); e maior espessura da dobra cutânea tricipital em Z-score
(p=0,034) do que portadores do alelo A. Portanto, pressupõe-se que crianças
homozigotas para o alelo A1 (DRD2/ANKK1) e meninas homozigotas G/G (5- HTR2C), apresentam menor densidade de receptores de dopamina e de serotonina, respectivamente, o que estimula a ingesta de alimentos palatáveis para prolongar a sensação de recompensa. Os demais polimorfismos não foram associados com padrões de ingestão alimentar e parâmetros de adiposidade na amostra estudada. No entanto, o acompanhamento desse estudo continua, e pode elucidar a contribuição genética para a obesidade ao longo dos anos.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Obesidade Pediátrica, Dopamina, Serotonina, Polimorfismo Genético, [en] Pediatric Obesity, [en] Dopamine, [en] Serotonin, [en] Polymorphism, Genetic