Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde por Assunto "[en] Bereavement"
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Item Luto materno decorrente de perda gestacional e as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à perda(2019) Teodózio, Andressa Milczarck; Levandowski, Daniela CentenaroO processo de luto decorrente de uma perda gestacional (PG) tem sido descrito na literatura como uma vivência específica, complexa e pouco reconhecida socialmente, que pode influenciar na saúde mental materna e repercutir em outros momentos da vida, como na gestação e maternidade subsequentes. Essa dissertação está composta por dois estudos empíricos qualitativos, com o objetivo de investigar as repercussões e particularidades do processo de luto decorrente de PG (Estudo 1) e identificar e compreender as percepções e sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à PG (Estudo 2). Participaram dos dois estudos quatro mulheres (18 a 29 anos) com história de pelo menos uma PG nos últimos cinco anos e que tiveram um bebê após a perda. Foram aplicados o Questionário de Dados SócioDemográficos e Clínicos, o Questionário sobre Vivências de Perdas, o Prolonged Grief Disorder, o Brief Symptom Inventory e a Entrevista sobre Vivência de Luto Materno e Experiência da Maternidade Atual. No Estudo 1, cujo delineamento foi de estudo de casos múltiplos, os casos foram analisados por meio da estratégia de proposições teóricas, com base na perspectiva psicanalítica, e, posteriormente, de síntese de casos cruzados (Yin, 2005), para identificar semelhanças e particularidades entre os casos. Foi possível constatar que as repercussões físicas da PG contribuíram para a inscrição e a elaboração psíquica dessa vivência. Como particularidades do processo de luto, verificou-se que, para essas participantes, este foi permeado por elementos de ordem narcísica, devido aos efeitos físicos da perda em consonância ao investimento psíquico direcionado ao bebê idealizado na gestação; melancólica, pelo caráter narcísico e indiferenciado que a PG assumiu; e traumática, devido à sobrecarga não nomeada que ultrapassou a capacidade psíquica de representação e elaboração no primeiro momento após a perda. Já no Estudo 2, de caráter exploratório-descritivo e transversal, cujos resultados foram submetido à análise temática (Braun & Clarke, 2006; Braun, Clarke, Hayfield, & Terry, 2019), verificou-se repercussões da PG nos sentimentos maternos sobre a gestação subsequente, tendo sido identificados medo de outra PG, ambivalência frente à gestação e angústia frente ao parto e nascimento. Também foram identificadas repercussões da PG nas percepções e sentimentos maternos sobre o bebê subsequente após o seu nascimento, evidenciando-se a idealização de suas características e da relação mãe-bebê, assim como medos e preocupações com o bebê, que geraram comportamentos de superproteção e hipervigilância. Também se observou o posicionamento do novo bebê como substituto do bebê falecido, por exemplo, na escolha do mesmo nome para ambos. Esses aspectos apontam para a importância de ações de cuidado e prevenção em relação à saúde mental materna e do binômio mãe-bebê subsequente à PG, indicando a necessidade de atenção dos profissionais de saúde para o contexto e os sentimentos que as mulheres vivenciam após uma PG, no intuito de auxiliar na vinculação pré e pós-natal, o que, por sua vez, pode impactar positivamente no desenvolvimento emocional do bebê.Item Perda gestacional: Implicações para as famílias e experiência nos serviços de saúde(2018) Vescovi, Gabriela; Levandowski, Daniela CentenaroA perda de um bebê durante a gestação apresenta características peculiares, como o não reconhecimento social, e se constitui em uma vivência emocionalmente complexa para todos os envolvidos. Esta dissertação tem como objetivo investigar a vivência de perda gestacional nas famílias. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre os impactos da perda gestacional na saúde mental, na conjugalidade e na parentalidade subsequente. Após, procedeu-se a um estudo empírico qualitativo que investigou a percepção e sentimentos de doze casais de diferentes estados brasileiros sobre os serviços de saúde acessados em função de perda gestacional. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada submetida à Análise Temática (BRAUN; CLARKE, 2012). Os resultados da revisão da literatura indicaram uma associação entre histórico de perda gestacional e presença de sintomatologia psiquiátrica em mulheres, porém, o mesmo não foi observado entre este histórico e dificuldade de vinculação materna ao bebê subsequente. A revisão realizada apontou ainda para a necessidade de pesquisas que incluam metodologias qualitativas e considerem os aspectos socioculturais e a participação de outros membros da família. Já o estudo empírico encontrou predominância de percepções negativas dos casais em relação ao atendimento recebido nos serviços de saúde, destacando-se dificuldades na comunicação sobre a perda, ausência de cuidados em saúde mental, falta de suporte para o contato com o bebê falecido, bem como a negação do direito ao acompanhante. Estes aspectos sugerem que o não reconhecimento social da perda gestacional possa estar institucionalizado nos serviços de saúde, apontando para a necessidade de qualificação profissional e de reorganização dos serviços. Em conjunto, os estudos apontam para a relevância de dar maior visibilidade social a esse tema.Item Perda gestacional: um olhar de cuidado para a interrupção da transição para a maternidade(Wagner Wessfll, 2021) Tavares, Sandi Teresinha Nottar da Silva; Levandowski, Daniela CentenaroEm virtude de intercorrências no ciclo gravídico-puerperal, mulheres grávidas podem sofrer uma perda gestacional (PG). A morte do bebê durante a gestação repercute de forma intensa e singular nas mulheres e em seus familiares, mobilizando aspectos emocionais muitas vezes difíceis de lidar. A PG acarreta um processo de luto pela perda do bebê e instaura a interrupção do processo de transição para a maternidade, que estava em curso ao longo da gestação, colocando a mulher diante de um trabalho psíquico permeado pela dor. Por isso, o acolhimento das equipes de saúde é um fator importante nesse momento, contribuindo de forma significativa para um melhor desfecho desses processos. O objetivo desta Dissertação foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres enlutadas em função de uma PG tardia e refletir acerca do cuidado prestado no momento da PG (desde a confirmação da morte do bebê até a alta hospitalar após a realização dos procedimentos médicos necessários). Para atingir esses objetivos, primeiramente organizou-se um estudo teórico, que buscou refletir sobre o impacto do cuidado e assistência da equipe de saúde no contexto da PG. Para mediar essa discussão, foi utilizado o conceito de ética do cuidado de Figueiredo (2009/2011) e conceitos correlatos de outros autores, como Freud, Winnicott e Ferenczi Esse estudo possibilitou constatar que o cuidado satisfatório oferecido às mulheres em contexto de PG tem um impacto significativo nessa vivência. Quando esse cuidado não é satisfatório, a vivência é sentida como uma invasão ou como negligência, ambas configurando uma experiência de descuido. Assim, aponta-se a necessidade de oferecer um cuidado não apenas centrado em questões técnicas, mas também englobando outras esferas, como o olhar humanizado, a empatia e o acolhimento emocional dos envolvidos, além de apoio de diferentes formas (por exemplo, informacional). Já o segundo artigo, de caráter empírico, constitui-se em um estudo de casos múltiplos de cunho transversal, no qual participaram quatro mulheres (32 e 33 anos) que tiveram a perda do filho na primeira gestação e não tinham outros filhos. O objetivo desse estudo foi compreender a experiência de interrupção da transição para a maternidade de mulheres que vivenciaram uma PG tardia. Para a coleta de dados, utilizou se os seguintes instrumentos: Ficha de Dados Sociodemográficos e Clínicos, Brief Symptom Inventory, Escala de Luto Perinatal (Perinatal Grief Scale) e a Entrevista sobre a Vivência de PG. A análise dos dados permitiu identificar a interrupção do processo de transição para a maternidade, que já vinha sendo desempenhada ao longo da gestação. Essa interrupção foi sentida como dolorosa e provocou uma crise de identidade nas participantes em relação ao status materno, devido à falta de representação psíquica para definir o processo singular de maternidade vivenciado por elas. Assim, conclui-se que a presente Dissertação contribuiu para ampliar a compreensão da PG, ratificando a complexidade desse fenômeno, e fornecendo subsídios para o cuidado às mulheres diante da interrupção do processo de transição para a maternidade.
