Navegando por Autor "Freese, Luana"
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Item Abuso de Drogas, Saúde Mental e Isolamento Social durante e após a Pandemia de Covid-19 no Brasil(2024) Heidrich, Nubia; Barros, Helena Maria Tannhauser; Freese, Luana; Nin, Maurício Schüler; Programa de Pós-Graduação em Ciências da SaúdeA pandemia de COVID-19 provocou mudanças profundas na sociedade, com medidas como confinamento e distanciamento social resultando em sentimentos de solidão e isolamento, especialmente no seu início. Essas ações também alteraram significativamente a economia e os padrões de trabalho, gerando efeitos de longo prazo. Como resultado, o estresse e os problemas psicológicos, como o esgotamento, aumentaram globalmente. Estudos sobre saúde mental, incluindo o uso de substâncias, tiveram um aumento expressivo durante esse período. Apesar da melhoria nas condições sociais e econômicas com a implementação de programas de vacinação e a flexibilização das restrições, os desafios de saúde mental persistiram por mais de três anos após o término da emergência de saúde pública causada pela pandemia. Deste modo, pensando em avaliar consequências sobre a população acerca de seu uso de drogas e saúde mental, concebeu-se uma pesquisa online, formulada por meio de inquérito populacional, construído com a plataforma RedCap, e divulgado por meio de redes sociais (Instagram® e Facebook®), aplicativo de mensagens e emails, para averiguar se o distanciamento social seria um fator importante na alteração de uso de drogas (coletado por meio do Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST), e se isto estaria ligado a sintomas de depressão, ansiedade e estresse (averiguados por meio da Depression, Anxiety and Stress Scale, ou DASS-21), bem como fatores sociodemográficos. A pesquisa também teve o objetivo de fazer estudo longitudinal, acompanhando os indivíduos em três momentos diferentes (no começo da pandemia, no ano de 2020; seis meses depois; e ao final da pandemia, após a situação de saúde pública ter sido declarada como concluída pelo Ministério da Saúde). Em síntese, os resultados observados pela primeira fase da pesquisa (C1), demonstraram, pelo auto-relato de uso de drogas, coletado com uso do instrumento validado para o português ASSIST, que, da amostra de 2435 respondentes, algumas mudanças importantes no uso de várias drogas em relação ao distanciamento social. Participantes que relataram maior distanciamento reduziram o uso de álcool, tabaco, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Os que relataram menor distanciamento, por sua vez, aumentaram o uso de álcool, maconha, anfetaminas, inalantes e cocaína. Dos sintomas psicológicos coletados com o instrumento DASS-21, apenas a ansiedade obteve relação com o menor distanciamento social e apenas a depressão mostrou-se associada ao risco de uso de álcool, tabaco, maconha e cocaína. Os fatores sociodemográficos que mostraram aumento de risco de uso foram o gênero masculino, menor nível de educação, menor nível de renda e menor distanciamento social, para álcool, tabaco, maconha e cocaína. A análise do segundo estudo demonstrou que o escore ASSIST diminuiu, quando comparados os três momentos da pandemia, para álcool, maconha, alucinógenos e cocaína apenas no C2. Os fatores sociodemográficos que mostraram relação com o uso de drogas foram a idade mais jovem, gênero masculino, não viver em união com um companheiro, menor renda e menor educação. Os sintomas relatados com o DASS-21 reduziram em todos os tempos, para os três sintomas. Os fatores sociodemográficos associados ao estado emocional foram menor educação, menor renda, gênero feminino (para ansiedade e estresse), menor distanciamento e menor idade. Houve baixa correlação, ainda que significativa, entre o uso de drogas e os sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Assim, é possível ver que a pandemia teve seu impacto no uso de drogas e sintomas psicológicos, principalmente no começo da pandemia, mas que após dois anos, esse efeito foi se dissipando.Item Avaliação exploratória dos efeitos de compostos químicos indólicos em ratos machos e fêmeas(Wagner Wessfll, 2020) Heidrich, Nubia; Barros, Helena Maria Tannhauser; Freese, LuanaUma das condições de saúde ainda não bem elucidadas é o transtorno de uso de substâncias (TUS). Nem todos os indivíduos que usam drogas adquirem um transtorno de uso, o que indica que o TUS é caracterizado pela complexa interação de múltiplos fatores. Um potente psicoestimulante com grande potencial de gerar TUS é a cocaína. Existem evidências do envolvimento do sistema serotoninérgico na modulação de comportamentos relacionados com o uso de drogas. O aumento crônico de serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT), uma indolalquilamina, pode facilitar comportamentos relacionados com recompensa associada a drogas pelas interações entre serotonina e dopamina (DA). Alguns exemplos de moléculas semelhantes à 5-HT que modulam a DA são agonistas e antagonistas de receptores 5-HT usados na clínica, que mostraram efeitos sobre comportamentos relacionados ao uso e consumo de drogas, e novas substâncias psicoativas que possuem o sistema serotoninérgico como alvo, e que são bastante usadas concomitantemente com outros estimulantes, como a cocaína. Outra questão bastante intrigante é a susceptibilidade de fêmeas aos efeitos de drogas de abuso, principalmente por cocaína, devido a influências dos hormônios sexuais. Considerando as consequências danosas que o uso destas novas substâncias e de cocaína implicam no ser humano, o estudo de moléculas com estrutura semelhante à da serotonina se torna relevante, afim de avaliar potencial de abuso ou antiaditivo das mesmas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a potencial ação sobre o sistema nervoso central (SNC), de moléculas com núcleos indólicos que atuem sobre receptores 5-HT, sobre os efeitos da cocaína em ratos machos e fêmeas. Para tanto, foram usados ratos Wistar albinos machos e fêmeas mantidos em ambiente padrão (PD, n= 3 por caixa). Foram subdivididos em três grupos de tratamento: 1) veículo (VEI, ou solução fisiológica); 2) Molécula serotoninérgica SM7; 3) Molécula serotoninérgica SM12. A partir do dia 35 foi feita lavagem vaginal das fêmeas para identificar o ciclo estral. Após 50 dias, foi iniciado o protocolo de Condicionamento de Preferência de Lugar (CPL). O tratamento com moléculas SS7 ou SS12 ou VEI foi administrado no dia de teste do CPL e no último dia do protocolo, no qual foi realizado teste comportamental em campo aberto. Nenhuma das duas moléculas mostrou efeitos na locomoção e defecação, mas frequências de levantar nos machos expostos à COC do grupo SM7 foi significativamente maior quando comparado ao grupo não-exposto à cocaína. Nenhuma das moléculas mostrou potencializar ou reduzir as propriedades reforçadoras da cocaína, ainda que o número de entradas tenha sido mais elevado para as fêmeas que receberam SM12 comparadas às que receberam veículo. O perfil de citotoxicidade revelou menor viabilidade das células em concentrações mais altas de SM12. Estes resultados indicam poucos efeitos negativos da SM7 e da SM12 sobre SNC, porém, parece haver uma influência na emocionalidade considerando o comportamento de levantar no campo aberto promovido pela administração da molécula SM7 nos machos expostos à cocaína, o que poderia indicar efeito cumulativo desta molécula nos machos. A SM12, em fêmeas, aumentou o número de entradas no CPL, o que é similar a outros resultados, mostrando que a modulação do sistema serotoninérgico pode mudar parâmetros de locomoção em fêmeas. Em geral, SM12 mostrou maior citotoxicidade e efeitos comportamentais. Mais estudos devem ser realizados para avaliar se esta molécula poderia influenciar outros aspectos do comportamento in vivo.Item Efeitos da cafeína na toxicidade e na autoadministração de álcool em ratos(2019) Fernandes, Paulo Ricardo; Barros, Helena Maria Tannhauser; Freese, LuanaA cafeína e o álcool são algumas das substâncias psicoativas mais utilizadas no mundo, que são conhecidas por serem usadas em conjunto extensivamente. Sabe-se que o álcool altera a comunicação entre neurônios do sistema excitatório e inibitório do cérebro, sua principal ação é mediada pelos neurotransmissores glutamato, ácido gama-aminobutírico (GABA) e também dopamina. Além disso, o álcool pode promover a sinalização da adenosina, aumentando sua síntese e inibindo seu transportador. A cafeína, por sua vez, é um estimulante, com seu principal alvo de ação no sistema adenosinérgico, com ação antagonista não seletiva de receptores de adenosina. Não é incomum o uso de álcool com bebidas cafeínadas. No entanto, pouco se sabe sobre o grau em que eles podem potencializar mutuamente o consumo um do outro e o resultado dessa coexposição a longo prazo. Também o álcool é capaz de lesionar constituintes celulares essenciais, aumentando o dano ao DNA no cérebro. Aqui, nosso objetivo é investigar o comportamento de autoadministração mista de álcool e cafeína. Além disso, o do índice de danos no DNA resultante da neurotoxicidade do álcool no córtex pré-frontal (CPF).Item A influência do ambiente enriquecido e da escolha no consumo e na busca pelo efeito da cocaína(2016) Freese, Luana; Barros, Helena Maria Tannhauser; Gomez, RosaneA exposição repetida à cocaína causa neurotoxicidade e pode resultar no desenvolvimento de dependência. O desenvolvimento da dependência, por sua vez, implica numa convergência de fatores, que podem ser tanto ambientais como individuais. Do porto de vista ambiental, a criação de ratos em um ambiente enriquecido (AE) tem revelado um papel neuroprotetor, o que poderia diminuir o risco de adição. Possibilitar a animais de laboraório realizar uma escolha entre uma injeção de cocaína ou beber uma solução doce tem sido estudada para entender o papel das influências individuais na escolha pelo efeito da droga. O objetivo geral deste estudo é verificar se 1) o AE e a presença de sacarina alteram o comportamento de condicionamento à cocaína em ratos submetidos a um protocolo adaptado de condicionamento de preferência de lugar (CPP) e, ainda, determinar o papel neuroprotetor do AE no hipocampo e no córtex pré-frontal dos animais após exposição à cocaína. 2) Testar se existe mudanças na predição dos ratos por sacarina ou cocaína, após injeções passivas de cocaína em modelo de autoadministração e escolha. Para responder aos objetivos, foram realizados dois experimentos: 1) Cinqüenta ratos Wistar machos foram divididos em grupos padrão (ST) ou AE do dia 21 pós-natal (PND) aos 50 PND. Os animais foram então testados em um protocolo de condicionamento de preferência de lugar (CPP) padrão e outro adaptado para medir a preferência por cocaína (15 mg/kg; i.p.) ou sacarina [0,2%]. Após, os animais foram decaptados e o hipocampo e córtex pré-frontal foram dissecados para posterior análise de neurotoxicidade. No experimento 2) foram realizadas cirurgias para implantação de cânula na veia jugular de ratos Wistar machos (n=14) para posterior autoadministração endovenosa de cocaína. Foi conduzida então uma série de experimentos: autoadministração prolongada à cocaína (0,25 mg por injeção durante 4,2s); seguido de um esquema de escolha entre obter uma injeção de cocaína ou poder beber uma solução de sacarina [0.2%] e;, por fim; um regime de escolha na autoadminitração, intercalado por injeções passivas de cocaína (0,75 mg) para testar a preferência do animal estando sob efeito da droga. Os resultados obtidos nos experimentos 1) foram que os animais do grupo AE apresentaram menor interesse pelo compartimento pareado com a cocaína no CPP. Ainda, todos os animais, para os quais foi dada a opção de escolha, foram menos propensos a mostrar preferência pelo lado pareado com cocaína. Nas análises de neurotoxicidade, o AE diminuiu o estresse oxidativo e o dano ao DNA induzido por cocaína no hipocampo e córtex pré-frontal dos animais. Importantemente, demonstramos que os efeitos da cocaína, tanto comportamentais quanto de neurotoxicidade, podem ser diferentes, dependendo dos fatores ambientais envolvidos. No estudo 2) encontramos evidências que apoiam nossa hipótese de que estar sob efeito de cocaína leva a optar por continuar intoxicado. No entanto, houve também uma variação individual interessante, onde mesmo sob efeito da cocaína, alguns animais foram capazes de aumentar ainda mais sua preferência por sacarina. Analisados em conjunto, os nossos resultados demonstram que tanto o ambiente enriquecido como a presença de solução adocicada podem favorecer escolhas outras que não o uso de uma droga altamente “viciante”como a cocaína, mas que isso pode depender de fatores individuais. De maneira geral, confiando nos modelos animais de dependência como fundamentais para o avanço do conhecimento acerca dos efeitos comportamentais e neuroquímicos das drogas de abuso sobre os indivíduos, entendemos que pesquisas futuras devem ser dedicadas a melhor explorar modelos que considerem cada vez mais a mulfatoriedade envolvida na dependência química.