Relação entre o consumo de vancomicina e a concentração inibitória mínima de isolados de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina de um hospital de Porto Alegre

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Data
2017
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Resumo
O Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA) é um importante patógeno humano e a bacteremia causada por este agente é uma condição comum que apresenta elevada mortalidade. A vancomicina tem sido a droga de escolha para tratamento dessas infecções nos últimos 50 anos. Apesar disso a resistência a este antimicrobianos não é comum. O aparecimento de isolados com elevada concentração inibitória mínima (CIM) para vancomicina (CIM ≥ 1,5 mg/L) tem sido relatado em diferentes centros médico no mundo, este é um fato preocupante pois pode colocar em falha o tratamento destas infecções – este fenômeno tem sido chamado de “vancomycin MIC creep”. O objetivo deste trabalho é determinar a existência de “MIC creep” para vancomicina, bem como sua correlação com o consumo de vancomicina, em isolados de hemoculturas de pacientes internados no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, RS. O período do estudo foi de junho de 2012 a fevereiro de 2016. Foram mensurados o consumo de vancomicina, em dose diária definida (DDD), a ocupação hospitalar por 100 pacientes-dia e a CIM de vancomicina dos isolados. Foram realizados comparação das proporções, análise de variância (ANOVA) e de correlação (coeficiente de Pearson). A caracterização dos isolados de MRSA foi através da identificação do gene mecA, testes de susceptibilidade a antimicrobianos, determinação da presença do gene lukS-lukF e tipagem do elemento SCCmec. A verificação de clonalidade foi feita por eletroforese em campo pulsado (PFGE). Os resultados evidenciaram aumento estatisticamente significativo da moda, de 1,0 a 2,0 mg/L (p=0,003) e da média geométrica, variando de 0,791 até 1,966 mg/L (p=0,0003), da CIM para vancomicina nos isolados. Também foi evidenciado o aumento da proporção de isolados de MRSA com CIM para vancomicina > 1,0 mg/L, de 6,5% para 100% (p=0,001). Estes dados sugerem a existência do fenômeno de “MIC creep” para vancomicina nos isolados de MRSA, não havendo correlação com o consumo de vancomicina (r=0,524; p=0,128). Esse fato sugere que esta condição não foi influenciada pela emergência de resistência pelo consumo do antimicrobiano. Perfis de resistência a mais de um antimicrobiano foram observados em dos 51,8% dos isolados. Não foi observada resistência para linezolida, ceftarolina e vancomicina – apesar de muitos isolados apresentarem CIM ≥ 1,5 mg/L para vancomicina. Através da caracterização dos isolados foi V possível identificar o SCCmec tipo IV como o mais frequente (77,7%), estando presentes os subtipos IVa e IVc. Também evidenciada elevada presença do gene lukS-lukF entre isolados (62,9%). O estudo por PFGE pode evidenciar a presença de cinco complexos clonais entre os isolados bacterianos. Também pode-se avaliar a ausência do Brazilian endemic clone (BEC), uma linhagem antes circulante, mas não mais evidenciada. Estes achados não podem confirmar a existência de disseminação clonal de MRSA no HNSC e uma possível associação com o “MIC creep” para vancomicina, no entanto sugerem a existência de novas linhagens de MRSA que as previamente descritas em Porto Alegre.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina, MRSA, Vancomicina, Resistência Antimicrobiana, PFGE, [en] MIC creep, [en] Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus, [en] Vancomycin, [en] Anti-Infective Agents
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