O papel da suplementação de zinco em ratos obesos: impactos sobre a microbiota intestinal, perfil de ácidos graxos e marcadores neurofuncionais
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Data
2022
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Editora
Editor Literário
Resumo
A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública mundial. É
caracterizada por um estado inflamatório crônico e, mais recentemente, tem sido
relacionada com alterações da microbiota intestinal que, por sua vez, podem
intensificar a resposta pró-inflamatória. Esse quadro afeta múltiplos órgãos e tecidos
do organismo, incluindo o sistema nervoso central (SNC). O zinco (Zn) é um
micronutriente amplamente distribuído em todo o corpo humano, e desempenha um
papel importante na regulação da inflamação. Desse modo, o presente estudo teve
como objetivo avaliar o efeito da suplementação de Zn sobre a microbiota intestinal,
perfil de ácidos graxos, integridade das barreiras intestinal e hematoencefálica
(BHE) e marcadores de plasticidade sináptica em ratos machos Wistar obesos. Para
isso, foi oferecido uma dieta padrão (CT) e a dieta de cafeteria (CAF) durante 20
semanas. O modelo animal de CAF consiste na oferta de alimentos industrializados,
altamente palatáveis e com alta densidade energética. A partir da 16a semana, os
animais iniciaram a suplementação de Zn por gavagem (10 mg/kg/dia) até o final da
20a semana do estudo. Após a eutanásia, foram coletadas as amostras de fezes e
tecidos intestinal e encefálico. A partir das amostras de fezes foi realizado o
sequenciamento da microbiota intestinal 16S rRNA. As amostras de tecido intestinal
foram utilizadas para avaliar a morfologia, a expressão proteica dos constituintes da
barreira intestinal e para as dosagens dos ácidos graxos. O tecido encefálico foi
dissecado em córtex cerebral e hipocampo que, posteriormente, foram utilizados
para avaliar a integridade da barreira hematoencefálica (BHE) e marcadores
sinápticos. Nossos resultados demonstram que o consumo crônico de CAF causa
disbiose da microbiota intestinal, alteração morfológica e diminuição dos níveis de
ácido graxo de cadeia curta (AGCC) no cólon, juntamente com aumento de ácidos
graxos saturados. A BHE também pode estar comprometida em animais
alimentados com CAF, uma vez que a expressão de claudina-5 é reduzida no córtex
cerebral. Além disso, a sinaptofisina diminuiu no hipocampo, o que pode afetar a
função sináptica. Dessa forma, o consumo de alimentos ultraprocessados,
conforme previsto pela CAF, é um modelo robusto para indução de obesidade e
complicações de saúde. Nesta condição, a suplementação de Zn não foi capaz de proteger os animais obesos que receberam CAF da disbiose intestinal. No entanto,
foi observado um aumento nos níveis de acetato, o que sugere um efeito benéfico
parcial do Zn. Ademais, não foi observado um papel neuroprotetor do Zn no SNC.
Com base nesses resultados, embora seja amplamente demonstrado na literatura
que suplementação de Zn apresenta efeitos benéficos sobre a saúde, a sua
suplementação pode não ser suficiente para proteger das disfunções relacionadas
à obesidade.
Descrição
Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Biociências, Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Palavras-chave
Obesidade, Dieta de Cafeteria, Inflamação, Microbiota Intestinal, Zinco, [en] Obesity, [en] Inflammation, [en] Gastrointestinal Microbiome, [en] Zinc