Navegando por Autor "Balbinot, Fernanda"
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Item Investigação da associação entre a atividade física regular e função pulmonar em crianças e adolescentes(2023) Balbinot, Fernanda; Gerbase, Margaret WeidenbachDurante a infância e adolescência, o estilo de vida tem o potencial de influenciar o pleno desenvolvimento da função pulmonar, gerando efeitos que podem se estender à vida adulta. A prática de atividade física é um dos fatores associados à melhor função pulmonar em crianças e adolescentes com doenças respiratórias como asma e fibrose cística. Porém, a influência da atividade física no desenvolvimento da função pulmonar em crianças de adolescentes da população geral ainda é controversa. Além disso, não está claro se a obesidade tem papel modificador ou mediador na potencial relação entre atividade física e função pulmonar. Objetivos: O objetivo geral desta tese foi investigar a associação entre a prática regular de atividade física e a função pulmonar em crianças e adolescentes em idade escolar. Os objetivos específicos foram: (1) revisar sistematicamente a literatura para investigar o efeito de intervenções com programas de exercício regular sobre os parâmetros espirométricos em crianças e adolescentes saudáveis; (2) aferir e avaliar os desfechos espirométricos de crianças e adolescentes em idade escolar em uma cidade do sul do Brasil; (3) investigar se há associação entre a prática regular de atividade física e os desfechos espirométricos nessa população; (4) investigar se a potencial associação entre atividade física e desfechos espirométricos difere de acordo com o status de peso dos participantes; e (5) investigar se a redução do índice de massa corporal medeia a associação entre atividade física e índices espirométricos. Métodos: Dois estudos foram realizados. O primeiro estudo foi uma revisão sistemática e metanálise de estudos de intervenção que investigou se intervenções com exercício físico melhoravam os resultados espirométricos de crianças e adolescentes saudáveis. Os critérios de inclusão foram: (a) os participantes eram crianças e adolescentes saudáveis com idade ≤ 18 anos; (b) a intervenção (exercício) estava suficientemente bem descrita, de maneira que pudesse ser replicada; (c) o desfecho era a função pulmonar aferida por espirometria, antes e depois o fim da intervenção. Os desfechos de interesse foram a capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e o pico de fluxo expiratório (PFE). Após análise narrativa, foram realizadas metanálises intra- e entre-grupos utilizando o software R. Análise de subgrupo conforme a idade dos participantes e duração das intervenções também foi realizada. O segundo objeto desta tese foi um estudo transversal que investigou (1) se a atividade física estava associada a função pulmonar de crianças e adolescentes da população-geral; (2) se esta associação era modificada pelo status de peso dos participantes; e (3) se esta associação era mediada pelo índice de massa corporal. Neste estudo, foram incluídos 460 escolares, de 7 a 17 anos, selecionados aleatoriamente dentre as escolas públicas de uma cidade do sul do Brasil. Foram coletados dados sobre medidas antropométricas, atividade física, tempo de tela e dados de espirometria. A análise dos dados foi realizada utilizando-se análises de regressão linear e análise de variância (ANOVA) de duas vias. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (parecer nº 2.343.173). O protocolo do estudo foi aprovado pelas Secretarias de Educação e de Saúde de Estância Velha, bem como pelos diretores das escolas. Resultados: No estudo de revisão sistemática e metanálise, foram rastreados 7942 estudos; destes, 8 foram incluídos na revisão sistemática e metanálise. Dentre os 8 estudos incluídos, 4 possuíam um grupo controle inativo. Na metanálise intragrupo, que avaliou a diferença nos parâmetros espirométricos pré- e pós-exercício, foi observado aumento significativo na capacidade vital forçada (CVF) [diferença média: 0.17L, 95%IC: 0.07 – 0.26, p = 0.0008] e ao volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) [diferença média: 0.14L, 0.06 – 0.22, p = 0.001]. Não houve diferença significativa de resultados nos subgrupos por idade e por duração da intervenção. Na metanálise entre-grupos, que avaliou a diferença entre os valores espirométricos entre o início e o fim do estudo no grupo exercício em comparação com o grupo controle, a CVF, o VEF1 e o PEF foram maiores no grupo que fez exercício comparado ao grupo controle, porém as diferenças não foram estatisticamente significativas. Quanto ao estudo transversal, os participantes incluídos eram em sua maioria inativos (57.8%) e passavam um alto tempo em frente à telas como computador e celular (56.5%). Cerca de 69% dos participantes tinham um peso considerado normal, enquanto 31% tinham excesso de peso na análise estatística, e houve associação positiva entre a prática de atividade física e a CVF [β = 3.897, p = 0.001], e o VEF1 [β = 2.931, p = 0.021]. O status de peso não modificou significativamente estas associações [pinteração = 0.296 e 0.057 para CVF e VEF1, respectivamente], e o IMC não mediou as associações significativamente [p > 0.05]. Conclusão: No estudo de revisão sistemática e metanálise, os resultados indicam que a atividade física tem o potencial de beneficiar a função pulmonar de crianças e adolescentes saudáveis, embora o pequeno número de estudos e suas limitações metodológicas chamem atenção para a necessidade de novos estudos mais bem delineados sobre este tema. De maneira similar, no estudo transversal, a prática de atividade física foi associada à maior CVF e maior VEF1 nas crianças e adolescentes da população geral, reforçando a importância da atividade física nesta faixa etária. Além disso, as associações observadas não foram modificadas pelo status de peso nem mediadas pelo IMC.